Autor Tópico: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado  (Lida 20886 vezes)

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Offline Contini

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #50 Online: 17 de Maio de 2011, 20:16:11 »
[...]
Mas as universidades americanas reúnem a "elite científica", ao contrário do Brasil. Logo, há maior importância em investir nas universidades americanas do que nas brasileiras.

Então onde está a "elite científica" no Brasil?
Lá fora?
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Offline Liddell Heart

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #51 Online: 17 de Maio de 2011, 20:47:44 »
[...]
Mas as universidades americanas reúnem a "elite científica", ao contrário do Brasil. Logo, há maior importância em investir nas universidades americanas do que nas brasileiras.

Então onde está a "elite científica" no Brasil?

A "elite científica" não está no Brasil.
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Offline Geotecton

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #52 Online: 17 de Maio de 2011, 20:52:34 »
[...]
Mas as universidades americanas reúnem a "elite científica", ao contrário do Brasil. Logo, há maior importância em investir nas universidades americanas do que nas brasileiras.

Então onde está a "elite científica" no Brasil?

A "elite científica" não está no Brasil.

Eu havia entendido que as universidades estadunidenses reuniam a "elite científica" do EUA e, deste modo, o mesmo ocorreria no Brasil. Mas o que voce quis dizer era sobre a "elite científica mundial". Neste caso eu concordo com voce.
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Offline TMAG

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #53 Online: 18 de Maio de 2011, 00:49:41 »
A elite científica brasileira faz bem em morar nos EUA e na Europa por motivos bem simples, são eles:

1.A extrema feiúra e fedor do povo brasileiro.

2.A superioridade intelectual dos norte-americanos, devida sobretudo a baixa miscigenação racial existente nessa nação.

3.O contato com pessoas de estirpe inferior pode ''infectar'' as mentes puras e brilhantes dos cientistas de modo análogo a propagação de um meme, exemplos de ''cultura'' inferior são coisas como pagode, samba, jeitinho brasileiro e propensão a mistura étnica.

4.O clima temperado dos EUA e da Europa fornece um ambiente propício ao bom pensar e a sofisticação.Ao contrário do bárbaro e revolto clima tropical, que favorece apenas a indolencia, lassidão, apatia e devassidão.
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Offline Geotecton

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #54 Online: 18 de Maio de 2011, 01:00:33 »
A elite científica brasileira faz bem em morar nos EUA e na Europa por motivos bem simples, são eles:

1.A extrema feiúra e fedor do povo brasileiro.

2.A superioridade intelectual dos norte-americanos, devida sobretudo a baixa miscigenação racial existente nessa nação.

3.O contato com pessoas de estirpe inferior pode ''infectar'' as mentes puras e brilhantes dos cientistas de modo análogo a propagação de um meme, exemplos de ''cultura'' inferior são coisas como pagode, samba, jeitinho brasileiro e propensão a mistura étnica.

4.O clima temperado dos EUA e da Europa fornece um ambiente propício ao bom pensar e a sofisticação.Ao contrário do bárbaro e revolto clima tropical, que favorece apenas a indolencia, lassidão, apatia e devassidão.

Eu acho que faltaram os smileys para demonstrar a crítica irônica que é o seu texto. :)
« Última modificação: 18 de Maio de 2011, 01:30:04 por Geotecton »
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Offline Unknown

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #55 Online: 18 de Maio de 2011, 11:46:47 »
A elite científica brasileira faz bem em morar nos EUA e na Europa por motivos bem simples, são eles:

1.A extrema feiúra e fedor do povo brasileiro.

2.A superioridade intelectual dos norte-americanos, devida sobretudo a baixa miscigenação racial existente nessa nação.

3.O contato com pessoas de estirpe inferior pode ''infectar'' as mentes puras e brilhantes dos cientistas de modo análogo a propagação de um meme, exemplos de ''cultura'' inferior são coisas como pagode, samba, jeitinho brasileiro e propensão a mistura étnica.

4.O clima temperado dos EUA e da Europa fornece um ambiente propício ao bom pensar e a sofisticação.Ao contrário do bárbaro e revolto clima tropical, que favorece apenas a indolencia, lassidão, apatia e devassidão.
Isso é uma brincadeira ou você está falando sério?

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Offline Gaúcho

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #56 Online: 18 de Maio de 2011, 12:29:03 »
Minha mãe diz que eu sou muito bonito, tá?
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Offline Cumpadi

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #57 Online: 18 de Maio de 2011, 12:30:34 »
Também acho que deve ser brincadeira, mas nunca confio em pessoas cujo nick é alguma coisa em relação à ciência (olha o caso do cientista).
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline gilberto

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #58 Online: 18 de Maio de 2011, 12:41:46 »
Antigamente textos como esse eram levado a sério, parece que o Monteiro Lobato pensava um pouco assim.

Offline Lua

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #59 Online: 18 de Maio de 2011, 15:30:02 »
Descobri de onde vem os analfabetos virtuais que escrevem 'eskecem', 'intendem', 'ezoneram'... Não bastasse a internet virar justificativa para gente que afirma 'escrever errado aqui para poupar tempo mas que falam corretamente', os próprios livros didáticos ensinam o sujeito a escrever errado.

O problema é depois, quando vão prestar concurso e descobrem que aprenderam tuuuudo errado (quando descobrem). Aí vão fundamentar recurso na coleção "Viver e aprender"? Isso sem contar a tortura mental que é ler um texto todo escrito errado...

Citar
A elite científica brasileira faz bem em morar nos EUA e na Europa por motivos bem simples, são eles:

1.A extrema feiúra e fedor do povo brasileiro.

Descobrimos o perfil fake do Ed Motta...  :lol:
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Offline Dbohr

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #60 Online: 18 de Maio de 2011, 15:41:39 »
O melhor argumento que vi até agora foi algo assim:

"O objetivo das aulas de Português na escola é ensinar a Norma Culta da língua. Os regionalismos, coloquialismos e internetês o aluno aprende sozinho sem precisar da escola. Além disso estimular o aprendizado e uso da Norma Culta é como ensinar ao aluno que não se deve ir numa entrevista de emprego com camiseta regata e sandálias havaianas, nem ir à praia de terno e gravata. Cada situação social e intelectual tem a sua linguagem apropriada".

Se o tal livro trouxer isso como ressalva, se não perder mais que dois parágrafos dizendo que não está errado usar coloquialismos e se deixar claro que o conteúdo cobrado pela escola será a Norma Culta, não me esquento nem por um segundo.

Offline Osler

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #61 Online: 18 de Maio de 2011, 15:46:36 »
Então onde está a "elite científica" no Brasil?

Forum do Clube Cético?  :hihi:
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Donatello

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #62 Online: 18 de Maio de 2011, 21:20:48 »
O melhor argumento que vi até agora foi algo assim:

"O objetivo das aulas de Português na escola é ensinar a Norma Culta da língua. Os regionalismos, coloquialismos e internetês o aluno aprende sozinho sem precisar da escola. Além disso estimular o aprendizado e uso da Norma Culta é como ensinar ao aluno que não se deve ir numa entrevista de emprego com camiseta regata e sandálias havaianas, nem ir à praia de terno e gravata. Cada situação social e intelectual tem a sua linguagem apropriada".

Se o tal livro trouxer isso como ressalva, se não perder mais que dois parágrafos dizendo que não está errado usar coloquialismos e se deixar claro que o conteúdo cobrado pela escola será a Norma Culta, não me esquento nem por um segundo.

Para isso alguém teria que ter tido o livro em si nas mãos, o que acho que ninguém aqui teve: eu tinha um livro no Ensino Médio (Cereja + sei lá quem) que dizia o mesmo tipo de coisa, que em determinadas situações a norma coloquial era a correta, e da forma que você mencionou. Era um ótimo livro, e a menção à possibilidade do uso de outras normas que não a padrão não causou nenhum rebuliço.

Concordo que se realmente a única justificativa dada para se preferir a norma culta em determinadas situações foi "o preconceito linguístico" então realmente foi uma puta infelicidade, se ele foi elencado junto a outras razões então está certo. E que a polêmica está me cheirando mais a debate político-partidário que linguístico-pedagógico, isto tá.

Offline Moro

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #63 Online: 18 de Maio de 2011, 21:55:08 »
Acho que o cara tá brincando
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Unknown

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #64 Online: 18 de Maio de 2011, 22:07:45 »
"Por uma vida melhor": por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”

A polêmica que se criou em torno do livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo MEC, é inútil e representa um retrocesso para a Educação.

Como lingüista e professora de português defendo ardorosamente a utilização do livro. Vou explicar, mas antes faço alguns esclarecimentos:

1. A escola é o lugar por excelência da norma culta, é lá que devemos aprender a utilizá-la, isso ninguém discute, é fato.

2. O livro NÃO está propondo que o aluno escreva “nós pega” – como estão divulgando por aí - ele está apenas constatando a existência da expressão no registro “popular”. Do ponto de vista cotidiano, a expressão é válida porque dá conta de comunicar o que se propõe. E ela é mais que comum e, sejamos sinceros, é a linguagem que o leitor dessa obra usa e entende. Será que é intenção da escola se comunicar com ele de verdade? Se for, ela tem que usar um livro que consiga fazer isso. Uma gramática cheia de exemplos eruditos e termos que o aluno não consegue nem memorizar, com certeza, não vai conseguir.

3. O que o livro está propondo é trocar as noções de “certo” e “errado” por “adequado” e “inadequado”. E isso é mais que certo. Vou explicar a seguir.

4. A questão é: como ensinar a norma culta num país de tradição oral, e no qual existe um abismo entre a língua oral e a língua escrita? Como fazer isso com jovens adultos – que já apresentam um histórico de “fracasso” em seu processo formal de educação e, muito provavelmente, na aquisição dos termos da gramática e seus significados. Se esse jovem não assimilou até o momento em que procurou o EJA (Educação de Jovens e Adultos) a “concordância de número”, como o professor vai fazê-lo usar a crase? Isso para mencionar apenas um dos tópicos mais fáceis da gramática e que a maioria das pessoas, inclusive as “mais cultas e graduadas”, algumas até mesmo com doutorado, ainda não sabem explicar quando ela é necessária.

Por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?

Vou mencionar apenas 3 razões, para não cansar demais o leitor, mas existem muitas outras, quem se interessar pode perguntar que eu passo a bibliografia.

1. Primeiro, por uma questão de honestidade com o aluno. A língua é viva, assim como a cultura, e não pode ser dirigida, por mais que tentem. Por isso, não existe nem “certo” nem “errado”: as regras são convenções e são alteradas de tempos em tempos por um acordo entre países falantes de uma mesma língua. O que era “errado” há alguns anos, hoje pode ser “certo”. Agora é correto escrever lingüística sem trema - o que discordo - e ideia sem acento. Assim, o que existe é o “adequado à norma culta” e o “inadequado à norma culta”. E essa norma é uma convenção, não uma lei natural e imutável. Além disso, por mais que a escola seja representante da norma culta, isto não significa que ela deva ficar “surda” diante dos demais níveis de fala. A língua portuguesa – ou qualquer língua – não pode ser reduzida à sua variante padrão. Tão pouco as aulas de português devem ficar. Afinal, se numa narrativa aparece um personagem, por exemplo, pescador e analfabeto, como o aluno deverá escrever uma fala (verossímil) para ele? Escrever de forma inverossímil é certo? Aliás, o que seria dos poetas e escritores se não fosse o registro popular da língua? Acho que Guimarães Rosa nem existiria.

Com certeza a crítica ao livro parte de setores conservadores e normativos. Eu, como lingüista e professora, não apoio a retirada dos livros porque não acho justo falar para o aluno que o jeito que ele fala é errado, até porque não é, só não está de acordo com a norma culta, o que é muito diferente. Depois que você explica isso para o aluno é que ele entende o que está fazendo naquela aula. Essa troca faz toda a diferença.

2. Segundo, porque quando você diz para um aluno sucessivas vezes que o que ele fez está “errado” você passa por cima da subjetividade dele e acaba com toda a naturalidade dessa pessoa. Daí, ela não fala “certo” e também não sabe quando fala “errado”. Assim, quando na presença de pessoas que ela julga mais letradas que ela própria, não tenha dúvida, vai ficar muda. A formação da identidade do sujeito passa obrigatoriamente pela aquisição da linguagem, viver apontando os erros é desconsiderar a experiência de vida daquela pessoa, é diminuí-la porque ela não teve estudo. E não se engane: ela pode se tornar até uma profissional mais desejada pelo mercado por usar melhor a norma culta, mas não necessariamente vai se tornar uma pessoa melhor.

3. Em terceiro, porque é urgente trocar o ponto de vista normativo pelo científico. A lingüística reconhece que a língua tem seu curso e muda conforme o uso e a cultura: já foi muito errado falar (e escrever) "você", por exemplo. A lingüística também reconhece que a língua é instrumento de poder, por isso, nada mais importante do que desmistificar a gramática normativa. Isto não significa deixá-la de lado, mas precisamos exercitar uma visão mais crítica. Esse aluno sente na pele a discriminação social devido ao seu nível de fala, nada mais natural que ele rejeite a norma culta e considere pedante a pessoa que fala segundo a norma padrão. É compreensível, ainda, que ele não entenda grande parte do que se diz em sala de aula. O que não é compreensível é o professor, ou melhor, “a Escola”, não entender a razão de isso acontecer.

Em nenhum momento foi dito que a professora e autora do livro em questão não iria corrigir ou ensinar a norma culta aos alunos, só ficou validado o registro oral. Os alunos precisam entrar em contato com o distanciamento científico. E os lingüistas não saem por aí corrigindo ninguém, eles observam, e você, leitor, bem sabe como funciona a ciência - e um aluno de pelo menos 15 anos já precisa começar a ouvir falar do pensamento científico. Além disso, é muito bom que eles percebam se o nível de fala que usam tem prestígio ou não, e o porquê.

Por que ignorar o estudo da língua oral em sala de aula? Eu fazia um trabalho nesse sentido com os meus alunos e só depois de transcrever entrevistas orais eles conseguiam ouvir a si mesmos e tomar consciência de seu registro lingüístico: “nossa como eu falo gíria! Eu nem percebia!”. Aí sim eles entendem que, com o amigo, com os pais, eles podem dizer "os peixe", mas que na prova é preciso escrever "os peixes", no seminário é preciso dizer “os peixes”, mas ele precisa estar à vontade para fazer isso. A realidade em sala de aula é que os alunos não entendem onde estão errando. Quando você explica o conceito de norma culta eles entendem. Cria-se um parâmetro e não uma tábua de salvação inatingível. É aceitando o registro desse interlocutor e apresentando mais uma possibilidade de uso da língua para ele que vai surgir o esforço para aprender. Se você insistir no “certo” e no “errado” ele vai ficar com raiva e rejeitar o novo. Quer apostar?

Ter uma boa comunicação não é sinônimo de usar bem as regras da gramática. Para ensinar os conceitos de "gramática natural" e "gramática normativa" temos de dar esses exemplos. Os conservadores se arrepiam porque eles partem do princípio que você nunca pode escrever ou falar nada errado na frente do aluno. Para mim isso é hipocrisia: o aluno tem direito de saber que o registro que ele usa em casa é diferente daquele que ele usa na rua, no estádio de futebol, na escola, no trabalho, em frente ao juiz. E tem o direito de saber que o “correto” se define por aquele que tem mais prestígio social. Essas são só as primeiras noções de sociolingüística, para quem quiser abrir a cabeça e saber. Ou será que a língua portuguesa se aprende descolada da realidade? É isso que se está tentando mudar. É tão difícil assim perceber isso?

Quando me perguntam qual é a função do professor de português na escola, eu respondo: oferecer ao aluno um grau cada vez mais elevado de consciência lingüística; oferecer instrumentos para que ele possa transitar conscientemente entre os diversos níveis de linguagem. Só depois de realizada essa operação o aluno vai conseguir escrever conforme as regras da norma culta. E falar a norma padrão com naturalidade. Ou, ainda, escolher falar conforme o ambiente em que cresceu e formou a sua subjetividade (Lula que o diga, comunica-se muito bem, sem camuflar as suas origens). É bom ficar claro que a função do professor não se reduz a "corrigir" o aluno. Isso, o google, até o word, pode fazer. Ajudar o aluno a ter consciência de seu nível de fala é outra história...

O problema não é uma pessoa dizer “nós pega”, o problema é ela não entender que esse uso não é adequado em determinados contextos, o problema é não saber dizer “nós pegamos”. Ou sequer compreender porque não pode falar “nós pega”... É, leitor, tem muito aluno que não entende porque precisa aprender uma lista de nomes difíceis que nada significam para ele e que ele não enxerga a relação direta entre uso da norma culta e como esta vai ajudá-lo a melhorar de vida.

Conheço quilos, ou toneladas, de gente formada, pós-graduada, que fala “seje” e não tem consciência de que está falando assim, e ainda critica quem fala “menas”. Ouvir a si mesmo é uma das coisas mais difíceis de fazer. E como ajudar o aluno a fazer isso?

O primeiro passo é, sem dúvida, abolir o “certo” e o “errado”. Enquanto o professor for detentor da caneta vermelha, o aluno vai tremer diante dele e nada do que ele disser vai entrar na cabeça dessa pessoa preocupada em acertar uma coisa que não entende, tem vergonha de dizer que não entende, então não pergunta, faz que entendeu, erra na prova e o resultado é ela se achar cada vez mais burra e desistir de estudar. Ufa... Puxa, ninguém estuda mais psicologia da educação? Isso é básico!

E então, leitor, o que é mais honesto com esse aluno que chega no EJA com a autoestima lá em baixo? Começar falando a língua dele e depois trazê-lo para a norma padrão ou começar de cara a humilhá-lo com uma língua que ele não entende?

É muito sério quando pessoas leigas começam a emitir, levianamente, juízos de valor sobre assuntos que não dominam. Alguns jornalistas, blogueiros e “opineiros” de plantão, por exemplo, sem conhecimento dos conceitos e técnicas de ensino em lingüística, sem a menor noção do que está acontecendo nas salas de aula desse país, começam a querer dizer para os professores o que eles têm de fazer, como eles têm de ensinar! Isto sim, é nivelar por baixo! É detonar, mais ainda, a autoridade do professor, já tão desprezada no país. Ah, e ainda fazem isso sem perceber que freqüentemente cometem erros crassos; eu estou cansada de lê-los em blogs, jornais e revistas, e ouvi-los na televisão. Não que precisem, ou usamos com eles os mesmos critérios que defendem?

E então, qual é mesmo o tipo de educação que o Brasil precisa?

http://somosmulheresdefibra.blogspot.com/2011/05/por-uma-vida-melhor-por-que-abolir-os.html

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Offline Derfel

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #65 Online: 18 de Maio de 2011, 22:26:45 »
Faço minhas as palavras dela. Será também que ninguém notou que é um livro para o EJA? Voltado para jovens e adultos?

Offline Geotecton

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #66 Online: 18 de Maio de 2011, 22:34:24 »
Citação de: Linguista
"Por uma vida melhor": por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”

A polêmica que se criou em torno do livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo MEC, é inútil e representa um retrocesso para a Educação.
[...]
Ah, e ainda fazem isso sem perceber que freqüentemente cometem erros crassos; eu estou cansada de lê-los em blogs, jornais e revistas, e ouvi-los na televisão. Não que precisem, ou usamos com eles os mesmos critérios que defendem?

Que eles sofram as mesmas consequências, oras bolas!!


Citação de: Linguista
E então, qual é mesmo o tipo de educação que o Brasil precisa?
[...]

Uma que não relativize tudo.
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Offline Cumpadi

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #67 Online: 18 de Maio de 2011, 22:56:58 »
Acho a autora muito parcial, não vejo a nescessidade de um livro para entender que existem lugares onde a língua coloquial é mais adequada que outras, muito menos para estudar a linguagem coloquial. Além do mais, não consigo visualizar a situação em que seja preferível usar uma linguagem coloquial. Não vejo problema algum em outras pessoas falando coisas erradas (se eu entender o que ele quer dizer), mas acho que todos devem procurar falar o mais de acordo com a norma culta possível para que possamos nos entender.
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Offline Adriano

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #68 Online: 18 de Maio de 2011, 23:04:23 »
Faço minhas as palavras dela. Será também que ninguém notou que é um livro para o EJA? Voltado para jovens e adultos?
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Offline Fabi

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #69 Online: 18 de Maio de 2011, 23:38:20 »
Acho a autora muito parcial, não vejo a nescessidade de um livro para entender que existem lugares onde a língua coloquial é mais adequada que outras, muito menos para estudar a linguagem coloquial. Além do mais, não consigo visualizar a situação em que seja preferível usar uma linguagem coloquial. Não vejo problema algum em outras pessoas falando coisas erradas (se eu entender o que ele quer dizer), mas acho que todos devem procurar falar o mais de acordo com a norma culta possível para que possamos nos entender.
Sabe qual é o problema?
O Brasil é tão grande e não tem dialetos. Se tivesse, aí talvez iam entender o porque é tão importante norma culta, língua oficial e essas coisas. Mas relativizando isso, daqui uns 50 ou 100 anos, o Brasil terá dialetos diferentes e uma língua muito mais complicada.

E essas pessoas vão olhar para o passado (nós) e culpar a gente por causa dessa besteira de relativizar a língua portuguesa. Principalmente, quando tiverem que aprender dialetos e a língua for 300X mais complicada (dialeto complica tudo).
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Offline Pellicer

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #70 Online: 18 de Maio de 2011, 23:47:00 »
Sabe qual é o problema?
O Brasil é tão grande e não tem dialetos. Se tivesse, aí talvez iam entender o porque é tão importante norma culta, língua oficial e essas coisas. Mas relativizando isso, daqui uns 50 ou 100 anos, o Brasil terá dialetos diferentes e uma língua muito mais complicada.

E essas pessoas vão olhar para o passado (nós) e culpar a gente por causa dessa besteira de relativizar a língua portuguesa. Principalmente, quando tiverem que aprender dialetos e a língua for 300X mais complicada (dialeto complica tudo).

Acho muito improvável. Se em quase 200 anos desde a independência não dividimos a língua em dialetos não vai ser agora que a comunicação e o transporte é muito mais eficiente e barato.

Offline Fabi

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #71 Online: 19 de Maio de 2011, 00:02:08 »
Sabe qual é o problema?
O Brasil é tão grande e não tem dialetos. Se tivesse, aí talvez iam entender o porque é tão importante norma culta, língua oficial e essas coisas. Mas relativizando isso, daqui uns 50 ou 100 anos, o Brasil terá dialetos diferentes e uma língua muito mais complicada.

E essas pessoas vão olhar para o passado (nós) e culpar a gente por causa dessa besteira de relativizar a língua portuguesa. Principalmente, quando tiverem que aprender dialetos e a língua for 300X mais complicada (dialeto complica tudo).

Acho muito improvável. Se em quase 200 anos desde a independência não dividimos a língua em dialetos não vai ser agora que a comunicação e o transporte é muito mais eficiente e barato.
Será? Você tem que lembrar que a gramática, forma estrutural sempre foi ensinado de um jeito meio rigoroso(como se fosse matemática).... Tipo, isso é isso, e aquilo é aquilo, você tem que saber as regras e as excessões e pronto.

Mudando de assunto, olhei na wikipedia e disse que o Brasil tem dialetos  :olheira: ... Pra quem não sabe, dialetos são essas linguas "vivas" que vão mudando tanto que quando você coloca duas pessoas de um mesmo país, que falam dialetos diferentes, elas não vão se entender. Aí fica os dialetos, e a língua oficial.

Na Itália, por exemplo, pega uma pessoa de uma região e uma de outra região, com dialetos diferentes. E põe pra conversar... elas não vão se entender. Mas no Brasil, se você pegar uma pessoa do nordeste e outra do sul, mesmo com as gírias, regionalismos, elas se entendem, porque a lingua do sul e do nordeste tem a mesma estrutura. Resumindo, o Brasil não tem dialetos (ainda).
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Cumpadi

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #72 Online: 19 de Maio de 2011, 00:08:33 »
Isso deve se referir a dialetos indígenas não? Ou dialeto tem de ser derivado do português?
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Derfel

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #73 Online: 19 de Maio de 2011, 07:10:13 »
O português brasileiro possui vários dialetos onde variam a quantidade de fonemas na oração (como no mineirês), diferenças no uso dos pronomes, orações com negação dupla ou inversão da negação... O próprio português brasileiro é um dialeto do português luso, que, por sinal, é um dialeto do latim. Duas línguas diferentes podem ser completamente inteligíveis, como o sueco e o norueguês, o português e o espanhol, já que a situação de língua é algo político, daí porque a Itália possuir dialetos que não se entendem, mas serem considerados dialetos do italiano padrão, já que isso fez parte do processo de formação de uma unidade nacional.

Offline Geotecton

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Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #74 Online: 19 de Maio de 2011, 08:30:04 »
[...]
Mas as universidades americanas reúnem a "elite científica", ao contrário do Brasil. Logo, há maior importância em investir nas universidades americanas do que nas brasileiras.

Então onde está a "elite científica" no Brasil?
Lá fora?

Alguns deles realmente estão.
Foto USGS

 

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