Autor Tópico: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado  (Lida 20887 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #75 Online: 19 de Maio de 2011, 09:37:11 »
Citar
No Rio, estudantes querem aprender a forma culta da língua

“Prefiro ser corrigida na aula a sair por aí falando errado”, diz aluna. Professores reclamam de livro que aceita fala popular

Maria Erlaine Mendes da Silva fala “nós pega”, mas sabe que está em desacordo com a norma culta da língua portuguesa. Aprendeu na escola, onde cursa o 7º ano do Ensino Fundamental, em curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA). A aluna não gostou de saber, pela reportagem do iG, que o livro adotado na escola onde estuda, Por uma Vida Melhor, da coleção “Viver, Aprender” aceita que não seja necessariamente usada a regra na fala. Na escola, professores também reclamam. Mas a Secretaria Estadual de Educação informou que, por enquanto, não vai se pronunciar sobre o assunto.

Erlaine tem 22 anos e ficou oito deles sem estudar. Parou aos 16 quando deixou o Ceará em direção ao Rio de Janeiro, em busca de emprego. Trabalhou todo esse tempo como doméstica e agora tenta completar os estudos na esperança de conseguir um emprego melhor. “Tinha de dormir no emprego. Cheguei a pensar que abandonaria os estudos de vez”, conta a doméstica. “Meus patrões atuais incentivaram. Dizem que não posso ser doméstica a vida inteira”, conta.

Assim como outros colegas, Erlaine diz que prefere ser corrigida na sala de aula a sair por aí “falando errado”. “Não tenho vergonha de ser corrigida. É obrigação do professor ensinar o certo”. Sobre a aceitação, proposta pelo livro, da forma popular na sala de aula, a estudante foi categórica: “Já fui corrigida pelos meus patrões quando falei errado. Fiquei com vergonha. Estou na escola para não precisar passar por isso outra vez”, afirmou.

Cleonice Vieira da Silva tem 56 anos e acredita que a idade não lhe permite buscar um emprego melhor. É empregada doméstica há mais de três décadas. “Estudo porque é um objetivo de vida. A pessoa que sabe das coisas se sente mais segura”, contou. Ouvinte assídua de rádio, ela soube da polêmica em um dos programas que acompanha. Mas diz que não tinha conhecimento de que o livro em questão era o que carregava na mochila. “A gente ainda não estudou o capítulo. Mas não quero aprender errado, não. Já levei bronca por anotar recados errados. Quero fazer tudo certinho”.

Professor do curso de EJA na rede estadual do Rio que recebeu o livro para ministrar em sala de aula disse que ficou revoltado quando tomou conhecimento da polêmica. “Os alunos falam dessa forma. A maioria. Isso é um fato, e chega a ser lógico. Falam assim porque aprenderam assim. Mas eu tenho a obrigação de sinalizá-los sobre a norma culta”, diz o docente. “Não adianta a escola fazer concessão se o mercado de trabalho, se a vida, não faz”.

Secretaria de Educação diz que escolas têm autonomia para escolher livros
A Secretaria de Educação do Rio de Janeiro informou, por e-mail, que as escolas da rede que oferecem cursos supletivos têm autonomia para escolher os livros que o Ministério da Educação disponibiliza para o EJA. A secretaria também afirmou que faz um levantamento sobre os livros adotados – trabalho que ainda não foi concluído –, para que possa comentar o assunto. Por isso informa que por enquanto não tem como abordar a questão.

O iG confirmou que escolas estaduais das zonas norte a sul da cidade receberam o exemplar. É o caso, por exemplo, da Escola Estadual de Ensino Supletivo Berlin, em Olaria, no subúrbio carioca, e da Escola Estadual Marília de Dirceu, em Ipanema, um dos endereços mais nobres da cidade. O iG não conseguiu identificar nessas unidades de ensino as pessoas responsáveis pela adoção do livro.

“Sou zoado, mas prefiro falar como os outros que sabem”
Severino Ramos Gomes da Silva, de 15 anos, está no 6º ano do Ensino Fundamental. No curso supletivo. Ele precisou interromper os estudos depois que a mãe, viúva, abandonou a Paraíba para tentar a sorte no Rio de Janeiro. Na capital carioca deixou no nome de batismo de lado. Prefere ser chamado de “Diego”. Trabalhou um tempo em lanchonete, mas agora está desempregado. “Sei que o salário mínimo é de R$ 545. Mas eu quero receber R$ 1 mil. Preciso estudar”, falou. “Para fazer qualquer coisa nessa vida tem que ter o segundo grau”, disse, em referência à conclusão do Ensino Médio.

“Diego” também fala “nós vai” e “a gente sabemos”. Justifica a oralidade alegando ser filho de analfabeta e de família humilde. Morador da favela da Rocinha, o aluno contou que já foi corrigido dentro de sala de aula e que ficou constrangido. Mas ressaltou que o “mico” não o fez querer falar diferente das “pessoas que sabem das coisas”. “Fui corrigido algumas vezes e todo mundo na sala riu. Sou zoado, mas prefiro falar como os outros que sabem”.

Aos 33 anos, o marceneiro Antônio Ribeiro dos Santos chega pontualmente ao curso supletivo, às 19h, a fim de concluir o Ensino Fundamental. Está no 7º ano. Perguntando pelo iG se deveria falar “nós pega o peixe” ou “nós pegamos o peixe”, pediu um tempo para pensar. Em menos de um minuto, ele respondeu. “Nós pegamos o peixe, não é?”.

Por ser um profissional autônomo “já encaminhado”, Antônio não pensa em fazer faculdade. “Sem estudo fica muito mais difícil. Já tive de assinar contrato em que não entendia um monte de coisa e precisei pedir que me explicassem. Não quero mais isso”, falou. “Fiz curso de radialista comunitário, porque gosto dessa profissão. Tenho de falar corretamente quando ligam o microfone, não é?”, perguntou, antes de seguir para a aula.

Uma coordenadora de curso supletivo na rede estadual ouvida pelo iG manifestou descontentamento com a publicação. “O professor de português me chamou a atenção para o assunto. A sensação que tenho é a de que querem sempre nivelar o aluno da escola pública por baixo”. A professora, que trabalha na rede pública há 27 anos, reconhece que mesmo formado os alunos permanecem fiéis à forma popular, mas afirma que isso não é motivo para que um livro didático aceite novas regras. “Se desfazer de um vício de linguagem é muito difícil, porque quando saem da escola eles voltam a conviver no meio onde aprendem a falar ‘errado’. Porém, considero isso mais um motivo para que a escola sirva de parâmetro sobre o que aceita a norma culta”, conclui.

http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/no+rio+estudantes+querem+aprender+a+forma+culta+da+lingua/n1596963940756.html
Citar
"Não somos irresponsáveis", diz autora de livro com "nós pega"

Educadora afirma que intenção da obra é deixar o aluno acostumado com linguagem popular à vontade e não "ensinar errado"

Uma das autoras do livro didático de língua portuguesa Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo Ministério da Educação (MEC) para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), nega que a obra ensine o aluno a usar a norma popular da língua. Nota da coluna Poder Online publicada na manhã desta quinta-feira mostra que o livro ensina aos alunos que é válido usar expressões, como “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”.

Para a autora Heloisa Ramos, apesar de ter um capítulo dedicado ao uso da norma popular, o livro não está promovendo o ensino dessa maneira de falar e escrever. “Esse capítulo é mais de introdução do que de ensino. Para que ensinar o que todo mundo já sabe?”.

Segundo Heloisa, que é professora aposentada da rede pública de São Paulo e dá cursos de formação para professores, a proposta da obra é que se aceite dentro da sala de aula todo tipo de linguagem, ao invés de reprimir aqueles que usam a linguagem popular.

“Não queremos ensinar errado, mas deixar claro que cada linguagem é adequada para uma situação. Por exemplo, na hora de estar com os colegas, o estudante fala como prefere, mas quando vai fazer uma apresentação, ele precisa falar com mais formalidade. Só que esse domínio não se dá do dia para a noite, então a escola tem que ter currículo que ensine de forma gradual”, diz.

De acordo com a professora, o livro didático adotado pelo MEC para turmas do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) foi elaborado por ela e por outros especialistas em língua portuguesa com base nas experiências que tiveram em sala de aula após décadas de ensino. “Nossa coleção é seria, temos formação sólida e não estamos brincando. Não há irresponsabilidade da nossa parte”, afirma.

Ela acredita que, ao deixar claro que é tolerada todo tipo de linguagem, a escola contribui para a socialização e melhor aprendizado do estudante. “Quem está fora da escola há muito tempo, é quieto, calado e tem medo de falar errado. Então colocamos essa passagem para que ele possa sair da escola com competência ampliada”, diz.

Em nota enviada ao iG, o MEC defendeu o sudo do livro e afirmou que o papel da escola não só o de ensinar a forma culta da língua, mas também o de combater o preconceito contra os alunos que falam linguagem popular.

Apesar de defender que o livro continue sendo adotado, a autora admite que é preciso que o professores entendam a proposta para não desvirtuar o que ele propõe. O material vai acompanhado de um livro guia ao professor e os parâmetros curriculares do MEC explicam a abordagem variada da língua, mas como os livros são distribuídos para escolas de todo o país, é difícil ter esse controle.

Linguagem popular divide especialistas

A doutora em linguística e professora da Universidade de Brasília (UnB), Viviane Ramalho, vai além da opinião da autora do livro e defende que a linguagem popular seja ensinada abertamente nas escolas. “O ideal seria aprender todas as possibilidades diferentes até mesmo para respeitar o interlocutor que usa outra variedade linguística”, diz.

Para ela, essa seria uma forma da escola se aproximar da realidade dos estudantes. “Há uma exigência da própria sociedade de que o individuo saiba usar a as diversas variedades da língua”.

A linguista Juliana Dias acredita que a escola deva ensinar exclusivamente a norma culta e usar a linguagem popular apenas como exemplo durante as explicações. “O popular não cabe para o ensino. Cabe somente para reflexão, discussão, e até para o combate ao preconceito com as formas mais simples de se falar”.

Veja reprodução de trecho do livro "Por uma vida melhor":



http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/nao+somos+irresponsaveis+diz+autora+de+livro+com+nos+pega/n1596948804100.html
Citar
ABL critica livro e diz "estranhar certas posições teóricas"

Associação Brasileira de Letras diz que professor de Língua Portuguesa tem que encontrar respaldo em obras didáticas

A Academia Brasileira de Letras divulgou nota em que critíca o livro Viver, Aprender que admite erros de plural como "nós pega" na fala da língua popular. O iG revelou na semana passada que a obra foi distribuída pelo Ministério da Educação para ser usado nas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Veja íntegra da nota:

O Cultivo da Língua Portuguesa é preocupação central e histórica da Academia Brasileira de Letras e é com esta motivação que a Casa de Machado de Assis vem estranhar certas posições teóricas dos autores de livros que chegam às mãos de alunos dos cursos Fundamental e Médio com a chancela do Ministério da Educação, órgão que se vem empenhando em melhorar o nível do ensino escolar no Brasil.

Todas as feições sociais do nosso idioma constituem objeto de disciplinas científicas, mas bem diferente é a tarefa do professor de Língua Portuguesa, que espera encontrar no livro didático o respaldo dos usos da língua padrão que ministra a seus discípulos, variedade que eles deverão conhece e praticar no exercício da efetiva ascensão social que a escola lhes proporciona. A posição teórica dos autores do livro didático que vem merecendo a justa crítica de professores e de todos os interessados no cultivo da língua padrão segue caminho diferente do que se aprender nos bons cursos de Teoria da Linguagem. O nosso primeiro e grande linguista brasileiro, Mattoso Càmara Jr., nos orienta para o bom caminho nesta lição já de tantos anos, mas ainda oportuna, a respeito da qual devem refletir os autores de obras didáticas sobre a língua materna: "Assim, a gramática normativa tem o seu lugar no ensino, e não se anula diante da gramática descritiva. Mas é um lugar à parte, imposto por injunções de ordem prática dentro da sociedade. É um erro profundamente perturbador misturar as duas disciplinas e, pior ainda, fazer linguística sincrônica com preocupações normativas" (Estrutura da Língua Portuguesa, 5). O manual que o Ministério levou às nossas escolas não o ajudará no empenho pela melhoria a que o Ministro tão justamente aspira.


http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/abl+critica+livro+e+diz+estranhar+certas+posicoes+teoricas/n1596955904739.html

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Dbohr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.179
  • Sexo: Masculino
  • 無門關 - Mumonkan
    • Meu blog: O Telhado de Vidro - Opinião não-solicitada distribuída livremente!
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #76 Online: 19 de Maio de 2011, 10:23:05 »
E que a polêmica está me cheirando mais a debate político-partidário que linguístico-pedagógico, isto tá.

Esta é a minha impressão também, pelo menos até que eu veja o livro em questão.

Offline WTF

  • Contas Excluídas
  • Nível 10
  • *
  • Mensagens: 106
  • Conta excluída por solicitação do usuário.
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #77 Online: 19 de Maio de 2011, 11:03:23 »
É, eu também não vi o livro ainda, e concordo que existam variantes populares onde não seja usada a concordância. Mas acho que o conteúdo ficou muito restrito, existem vários outros fatores que influenciam estas variantes. No caso dessa em questão, seria uma variante relativa à um grupo social. Será que ela fala das variantes regionais? Ou variantes relacionadas à época?

Acho que ela se inspirou no Lulês, e se empolgou, esquecendo das outras variantes, e dando motivos pra oposição cair de pau... O livro não está errado, mas está mal explicado, o que certamente induz ao erro.

Conta excluída por solicitação do usuário.

Offline Dbohr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.179
  • Sexo: Masculino
  • 無門關 - Mumonkan
    • Meu blog: O Telhado de Vidro - Opinião não-solicitada distribuída livremente!
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #78 Online: 19 de Maio de 2011, 11:12:23 »
Este é o ponto: eu não sei se o livro está mal explicado, já que tudo o que vi até agora foram comentários sobre o livro e não o próprio livro. E os comentários têm um certo cheiro ideológico...

Offline Fabi

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.801
  • Sexo: Feminino
  • que foi?
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #79 Online: 19 de Maio de 2011, 13:17:53 »
Isso deve se referir a dialetos indígenas não? Ou dialeto tem de ser derivado do português?
O dialeto tem que ser derivado do português (pra ser um dialeto da nossa língua).
O português brasileiro possui vários dialetos onde variam a quantidade de fonemas na oração (como no mineirês), diferenças no uso dos pronomes, orações com negação dupla ou inversão da negação... O próprio português brasileiro é um dialeto do português luso, que, por sinal, é um dialeto do latim.
Mas isso não é considerado dialeto. Você acertou na parte do nosso português ter sido um dialeto do português luso (já foi, mas não é mais, assista o filme desmundo que você vai ver um dialeto do português).

Não é só na Itália que tem dialetos, no Japão também tem. A diferença básica é essa, um dialeto é uma variação da lingua mãe, mas tem que ser uma variação muito grande. O que acontece no Brasil é regionalismos (pequenas variações), e é como eu disse, se você pegar uma pessoa do extremo norte do Brasil e outra do extremo sul e por pra conversar, eles se entendem. É diferente no Japão onde você pode ouvir essa expressão de um japonês "Não entendo o que ele(outro japonês) diz porque ele tá falando um dialeto do norte do Japão" por exemplo.

É claro, se nós relativizarmos a nossa língua portuguesa, que torcia o nariz para gírias e regionalismos (dizendo que tá errado e ponto final), aí teremos dialetos.
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Fabi

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.801
  • Sexo: Feminino
  • que foi?
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #80 Online: 19 de Maio de 2011, 13:25:32 »
Este é o ponto: eu não sei se o livro está mal explicado, já que tudo o que vi até agora foram comentários sobre o livro e não o próprio livro. E os comentários têm um certo cheiro ideológico...
Tem uma página scanneada lá em cima. O livro parece ser politicamente correto(vítima de preconceito linguistico:sleepy: ). É esse "preconceito" que faz nosso país enorme não ter dialetos.

Sabe quando uma coisa tá começando a exagerar? Então, o políticamente correto tá cruzando essa fronteira.
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline WTF

  • Contas Excluídas
  • Nível 10
  • *
  • Mensagens: 106
  • Conta excluída por solicitação do usuário.
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #81 Online: 19 de Maio de 2011, 13:38:45 »
Este é o ponto: eu não sei se o livro está mal explicado, já que tudo o que vi até agora foram comentários sobre o livro e não o próprio livro. E os comentários têm um certo cheiro ideológico...
Tem uma página scanneada lá em cima. O livro parece ser politicamente correto(vítima de preconceito linguistico:sleepy: ). É esse "preconceito" que faz nosso país enorme não ter dialetos.

Sabe quando uma coisa tá começando a exagerar? Então, o políticamente correto tá cruzando essa fronteira.

Pois é, mas só tem uma página, será que em outras páginas ela também fala das variações regionais, de época, ou de situações?
Falar só desse tipo de variação é que dá margem pra críticas.

Eu acho que a autora não está errada, mas que deu muita ênfase nessa variação e se esqueceu das outras.

Acho que a autora é Lulista, e se incomodou tanto com as críticas ao "jeito de falar" do Lula, que resolveu explicar muito bem que o Presidente não falava errado, e sim inadequadamente, e que nós somos os preconceituosos linguísticos.

E acho que muito das críticas tem fatores políticos, justamente por serem oposição aos Lulistas...

Há um certo exagero nas críticas, já que a imensa maioria dos críticos, sequer analisou o livro, e portanto estão se baseando no que está escrito na mídia. Mas isso não faz a autora estar totalmente certa (estou supondo que ela não falou das outras variantes).
Conta excluída por solicitação do usuário.

Offline Dbohr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.179
  • Sexo: Masculino
  • 無門關 - Mumonkan
    • Meu blog: O Telhado de Vidro - Opinião não-solicitada distribuída livremente!
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #82 Online: 19 de Maio de 2011, 13:44:22 »
Fabi, mas aquele trecho ali é o único do livro, ou tem vários outros? Este é o meu ponto. Nada disso é novidade há muitos e muitos anos -- desde pelo menos o Oswald de Andrade...

Offline Fabi

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.801
  • Sexo: Feminino
  • que foi?
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #83 Online: 19 de Maio de 2011, 13:56:23 »
 :? Tem isso também...Se o livro é para o EJA, uma coisa assim até pode estar num livro.

Mas num livro para crianças isso não pode acontecer, porque é uma fase importante, é onde a criança/adolescente está aprendendo o certo e o errado. E relativizar nessa fase, é fazer confusão.
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Dbohr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.179
  • Sexo: Masculino
  • 無門關 - Mumonkan
    • Meu blog: O Telhado de Vidro - Opinião não-solicitada distribuída livremente!
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #84 Online: 19 de Maio de 2011, 14:08:35 »
Não acho não, até porque não me parece que seja um livro para crianças. Me disseram isso no meu segundo grau, lá se vão vinte anos, e ninguém aprendeu errado por conta disso.

Mais e mais tá parecendo muito barulho por quase nada.

EDIT: Isso, claro, se a página citada for única no livro. Se toda hora tiver uma observação parecida aí sim temos um problema.

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #85 Online: 19 de Maio de 2011, 14:12:24 »
Isso deve se referir a dialetos indígenas não? Ou dialeto tem de ser derivado do português?
O dialeto tem que ser derivado do português (pra ser um dialeto da nossa língua).
O português brasileiro possui vários dialetos onde variam a quantidade de fonemas na oração (como no mineirês), diferenças no uso dos pronomes, orações com negação dupla ou inversão da negação... O próprio português brasileiro é um dialeto do português luso, que, por sinal, é um dialeto do latim.
Mas isso não é considerado dialeto. Você acertou na parte do nosso português ter sido um dialeto do português luso (já foi, mas não é mais, assista o filme desmundo que você vai ver um dialeto do português).

Não é só na Itália que tem dialetos, no Japão também tem. A diferença básica é essa, um dialeto é uma variação da lingua mãe, mas tem que ser uma variação muito grande. O que acontece no Brasil é regionalismos (pequenas variações), e é como eu disse, se você pegar uma pessoa do extremo norte do Brasil e outra do extremo sul e por pra conversar, eles se entendem. É diferente no Japão onde você pode ouvir essa expressão de um japonês "Não entendo o que ele(outro japonês) diz porque ele tá falando um dialeto do norte do Japão" por exemplo.

É claro, se nós relativizarmos a nossa língua portuguesa, que torcia o nariz para gírias e regionalismos (dizendo que tá errado e ponto final), aí teremos dialetos.

Fabi, acho que você não está entendendo o que seria um dialeto. Se dois italianos, um do norte e outro do sul não se entendem por causa de dialetos diferentes, por que um norueguês conversa com um sueco cada qual usando a própria língua e se entendem perfeitamente?

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #86 Online: 19 de Maio de 2011, 14:13:26 »
Não acho não, até porque não me parece que seja um livro para crianças. Me disseram isso no meu segundo grau, lá se vão vinte anos, e ninguém aprendeu errado por conta disso.

Mais e mais tá parecendo muito barulho por quase nada.

EDIT: Isso, claro, se a página citada for única no livro. Se toda hora tiver uma observação parecida aí sim temos um problema.

É um capítulo apenas.

Offline 4 Ton Mantis

  • Nível 32
  • *
  • Mensagens: 2.330
  • Sexo: Masculino
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #87 Online: 19 de Maio de 2011, 15:06:06 »
A jente precisamos se unirmos na luta contra os preconsseito linguístico, é mais uma asserto do governo diuma!

Vossê tá certu !!! :ok: :ok: :hihi:
\"Deus está morto\"-Nietzsche

\"Nietzsche está morto\"-Deus

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #88 Online: 19 de Maio de 2011, 15:44:44 »
Outra coisa: o livro trata sobre oralidade e não escrita.

Offline Donatello

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 3.864
  • Sexo: Masculino
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #89 Online: 19 de Maio de 2011, 20:52:32 »
Outra coisa: o livro trata sobre oralidade e não escrita.
:ok: Esqueceram da competência em leitura, que, como você bem observou neste post, também merece um olhar especial.

Offline TMAG

  • Nível 20
  • *
  • Mensagens: 646
  • Sexo: Masculino
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #90 Online: 20 de Maio de 2011, 02:39:14 »
A elite científica brasileira faz bem em morar nos EUA e na Europa por motivos bem simples, são eles:

1.A extrema feiúra e fedor do povo brasileiro.

2.A superioridade intelectual dos norte-americanos, devida sobretudo a baixa miscigenação racial existente nessa nação.

3.O contato com pessoas de estirpe inferior pode ''infectar'' as mentes puras e brilhantes dos cientistas de modo análogo a propagação de um meme, exemplos de ''cultura'' inferior são coisas como pagode, samba, jeitinho brasileiro e propensão a mistura étnica.

4.O clima temperado dos EUA e da Europa fornece um ambiente propício ao bom pensar e a sofisticação.Ao contrário do bárbaro e revolto clima tropical, que favorece apenas a indolencia, lassidão, apatia e devassidão.
Isso é uma brincadeira ou você está falando sério?

Obviamente se trata de uma brincadeira, só alguém muito embotado poderia pensar assim hoje em dia.
''O objetivo dos Governos é sempre o mesmo: limitar o indivíduo, domesticá-lo, subordiná-lo, subjugá-lo.'' - Max Stirner

Offline Dbohr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.179
  • Sexo: Masculino
  • 無門關 - Mumonkan
    • Meu blog: O Telhado de Vidro - Opinião não-solicitada distribuída livremente!
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #91 Online: 20 de Maio de 2011, 10:54:47 »
Faria bem então você incluir uns smileys da próxima vez, como o Geotecton observou. Ironia é pra ser usada com a precisão de um bisturi, não como um machado. Pergunte a Lars von Trier e João Pereira Coutinho.

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #92 Online: 20 de Maio de 2011, 11:01:18 »
Obviamente se trata de uma brincadeira, só alguém muito embotado poderia pensar assim hoje em dia.
O problema é que já vi gente com discurso parecido e não era brincadeira. Por isso a dúvida, ainda mais quando não vejo smileys.

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Irracionalista

  • Nível 13
  • *
  • Mensagens: 280
  • Sexo: Masculino
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #93 Online: 20 de Maio de 2011, 11:24:15 »
Citar
Obviamente se trata de uma brincadeira, só alguém muito embotado poderia pensar assim hoje em dia.

Bem, a Stormfront, Valhalla 88 (agora Partido Nacional Socialista Brasileiro), a União Ariana 88 e todos os "n" sites 88 mostram que tal pensamento não é tão raro assim. Also, existe a Lei de Poe.
"Make Money, Not War."

Offline Barata Tenno

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 16.283
  • Sexo: Masculino
  • Dura Lex Sed Lex !
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #94 Online: 20 de Maio de 2011, 11:59:44 »
Citar
Obviamente se trata de uma brincadeira, só alguém muito embotado poderia pensar assim hoje em dia.

Bem, a Stormfront, Valhalla 88 (agora Partido Nacional Socialista Brasileiro), a União Ariana 88 e todos os "n" sites 88 mostram que tal pensamento não é tão raro assim. Also, existe a Lei de Poe.
Partido nazista?Isso é proibido pela legislação brasileira.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Fabi

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.801
  • Sexo: Feminino
  • que foi?
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #95 Online: 20 de Maio de 2011, 13:01:10 »
Fabi, acho que você não está entendendo o que seria um dialeto. Se dois italianos, um do norte e outro do sul não se entendem por causa de dialetos diferentes, por que um norueguês conversa com um sueco cada qual usando a própria língua e se entendem perfeitamente?
Já ouviu falar do Reino da dinamarca e noruega? E da origem da língua norueguesa?

"No século XI o norueguês já constituia um idioma próprio, e já possuia uma grafia própria. Nos séculos seguintes, a língua falada na Noruega sofreu a influência do dinamarquês do baixo alemão e do sueco. Entre 1380 e 1814, devido a anexação da Noruega à coroa da Dinamarca, passou a ser decisiva a influência dinamarquesa.

O dinamarquês ocupou a condição de língua oficial da Noruega a partir de 1397, e inclusive se converteu na norma para a língua escrita no século XVI (... )

No século XIX apareceu uma forma aprimorada de dinamarquês que foi denominado dano-norueguês, dinamarquês em estrutura e léxico, mas com influência norueguesa na pronúncia e em alguns mecanismos gramaticais. (...)

Mais tarde chamada riksmål (literalmente "língua do país"), é a língua oficial da Noruega, na qual se expressaram numerosos autores, como o dramaturgo Henrik Ibsen.

Paralelamente, e como conseqüência do grande sentimento nacionalista, aflorou entre as classes populares o desejo de reconhecer sua língua como sinal de identidade. Em meados do século XIX e em resposta a tais desejos, o lingüista Ivar Aasen inicia a construção de uma nova língua escrita que se configure como norma nacional, o landsmål (língua do campo), baseada nos dialetos noruegueses falados na costa oeste do país e isenta de danicismos. Com este esforço, foi conquistado o apoio popular e esta língua com a evolução posterior se converteu na segunda língua em importância. Houve apoio principalmente da população rural do oeste da Noruega, que sentia que a língua escrita oficial era demasiado diferente dos dialetos que o povo utilizava no dia-a-dia. (...)"


E sobre a língua sueca:

"Antes da Era Viking é difícil estabelecer uma distinção entre a língua falada na atual Suécia e no restante da Escandinávia, mas após o ano 800 as línguas escandinavas orientais começam a se separar, tendo lugar uma acentuada divisão após as invasões dinamarquesas por volta de 1300. (...)"

Se você traçar um paralelo entre essas três línguas, vai ver que elas tiveram praticamente a mesma história.
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #96 Online: 20 de Maio de 2011, 15:23:30 »
Bingo! Era o que vinha tentando dizer. :) Do mesmo modo você pode fazer um paralelo do português com o castelhano, o galego e o catalão.

Offline Fabi

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.801
  • Sexo: Feminino
  • que foi?
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #97 Online: 20 de Maio de 2011, 16:33:06 »
Bingo! Era o que vinha tentando dizer. :) Do mesmo modo você pode fazer um paralelo do português com o castelhano, o galego e o catalão.
E?  Você tá dizendo que regionalismos brasileiros podem ser considerados dialetos? Dialetos são mais complexos que isso, eles são quase como se fossem uma língua separada.

E o que te faz pensar que nossos dialetos serão parecidos? A mesma invasão viking? A mesma dominação da dimanarca? a religião que temos em comum? O mesmo clima? a mesma situação econômica? A mesma decendência?

O Brasil é o país mais misturado do mundo, as nossas regiões/estados são bem diferentes (clima diferente, vegetação diferente, pessoas diferentes). Se nossa língua for diferente(com muitos dialetos), nada impede de um desses dialetos virar uma língua nova. E mais, não tem nem porque essa região com um dialeto quase-língua nova, querer pertencer ao Brasil (principalmente se for um estado rico, com o pensamento que alguns tem sobre o norte e nordeste).

Mas se é isso que as pessoas querem, então talvez o Brasil mereça mesmo ter dialetos (coitado do norte e nordeste :( ).
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #98 Online: 20 de Maio de 2011, 18:55:32 »
Calma Fabi, não se estresse. :)

E?  Você tá dizendo que regionalismos brasileiros podem ser considerados dialetos? Dialetos são mais complexos que isso, eles são quase como se fossem uma língua separada.

Fabi, o seu problema é que está usando o senso comum, um conhecimento do imaginário popular do que seria um dialeto. Regionalismos que você diz são dialetos e eles não são nada mais nada menos que uma variação de uma língua. Definição na Wikipedia:

Citar
Um dialeto (AO 1945: dialecto), do grego διάλεκτος, é a forma como uma língua é realizada numa região específica. Cientificamente este conceito é conhecido por "variação diatópica", "variedade geolinguística" ou "variedade dialetal".
Uma língua divide-se em inúmeras variedades dialetais. Desde as mais abrangentes (e. g. português europeu e português brasileiro) até às sub-variedades mais específicas. Por exemplo:
O grupo dialetal transmontano-alto-minhoto, que se inclui nos dialetos portugueses setentrionais.
O grupo dialetal gaúcho, que se inclui no grupo dialetal do sul do Brasil.
Os critérios que levam a que um conjunto de dialetos seja considerado uma língua autónoma e não uma variedade de outra língua são complexos e frequentemente subvertidos por motivos políticos. A Linguística considera os seguintes critérios para determinar que um conjunto de dialetos fazem parte de uma língua:
Critério da compreensão mútua. Se duas comunidades conseguem facilmente compreender-se ao usarem o seu sistema linguístico, então, elas falam a mesma língua.
Critério da existência de um corpus lingüístico comum. Se entre duas comunidades existe um conjunto de obras literárias que são consideradas património/ patrimônio usado por ambas (sem que haja necessidade de tradução), então elas falam a mesma língua.
Um dialeto, para ser considerado como tal, tem de ser falado por uma comunidade regional. As características da língua que não são específicas de um grupo regional são consideradas socioletos (variedades próprias de diferentes grupos sociais, etários ou profissionais) ou idioletos (variedades próprias de cada indivíduo).
As regiões dialetais são estabelecidas por linhas de fronteira virtuais a que se dá o nome de isoglossas.

Definição na revista Escola da Ed. Abril ( http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/qual-diferenca-lingua-idioma-dialeto-427786.shtml )

Citar
Qual a diferença entre língua, idioma e dialeto?

Ana Angelica Madeira da Silva, Rio de Janeiro, RJ
Editado por Beatriz Vichessi (novaescola@atleitor.com.br)

Língua, tal como o português, o inglês, o espanhol e o basco (falado na região dos Pirineus, incluindo parte da França e da Espanha), é um sistema formado por regras e valores presentes na mente dos falantes de uma comunidade linguística e aprendido graças aos inúmeros atos de fala com que eles têm contato. Por sua vez, idioma é um termo referente à língua usado para identificar uma nação em relação às demais e está relacionado à existência de um estado político. Por isso, espanhol é um idioma, mas o basco, não, e o português é uma língua e um idioma. Ou seja, o idioma sempre está vinculado à língua oficial de um país. Já dialeto é a designação para variedades linguísticas, que podem ser regionais (como o português falado em Recife e o champanhês, falado na região francesa de Champanhe, com seus sotaques e suas expressões particulares) ou sociais (o português falado pelos economistas, com jargões).

Citar
E o que te faz pensar que nossos dialetos serão parecidos? A mesma invasão viking? A mesma dominação da dimanarca? a religião que temos em comum? O mesmo clima? a mesma situação econômica? A mesma decendência?

O dialeto dinamarquês não é parecido com o dialeto português. O que quis dizer foi que a HISTÓRIA era parecida. Se você notar, as línguas e variações dialetais ibéricas têm origem no dialeto hispânico do latim, que sofreu influências de tribos germânicas (visigodos e suevos) e celtíberas. Com a invasão moura, o antigo reino visigodo ficou restrito às Astúrias e foi a partir desse ponto que com o começo da reconquista a língua foi avançando e se diferenciando, acrescentando as variações moçárabes conforme progrediam. Se observar um mapa linguístico da Ibéria verá que segue um padrão semelhante às fases da reconquista.
Citar
O Brasil é o país mais misturado do mundo, as nossas regiões/estados são bem diferentes (clima diferente, vegetação diferente, pessoas diferentes). Se nossa língua for diferente(com muitos dialetos), nada impede de um desses dialetos virar uma língua nova. E mais, não tem nem porque essa região com um dialeto quase-língua nova, querer pertencer ao Brasil (principalmente se for um estado rico, com o pensamento que alguns tem sobre o norte e nordeste).

Mas você se esquece de duas questões principais para que um dialeto "evolua" para uma nova língua: isolamento geográfico e tempo. No mais é apenas teoria conspiracionista. Existe uma integração nacional e uma língua-padrão oficial (que ninguém usa, por sinal) e, claro, a língua-padrão tem base na variação dialetal que possui maior poder econômico.
Citar
Mas se é isso que as pessoas querem, então talvez o Brasil mereça mesmo ter dialetos (coitado do norte e nordeste :( ).
Espero que sim, porque a presença de variações dialetais é indício que o português continua vivo. :)
« Última modificação: 20 de Maio de 2011, 18:57:48 por Derfel »

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re: Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado
« Resposta #99 Online: 20 de Maio de 2011, 19:01:35 »
Fabi, uma coisa interessante que encontrei na mesma página da Wikipedia que talvez a ajude a compreender o que seria dialeto:

Citar
Mitos sem fundamento científico

É comum circularem algumas ideias sobre dialetologia que são erradas e sem fundamento.
"Um dialeto é uma língua menor"
Um dialeto não é uma língua, é uma variedade de uma língua. Por outro lado, qualquer língua, por menos prestígio que tenha, não deixa de ser língua e não passa a ser dialeto só por isso. Línguas como o tétum (de Timor-Leste) ou o potiguara (do Brasil) não são dialetos do português, mas línguas tão dignas como qualquer outra e que, sendo minoritárias, merecem ser protegidas e estudadas.
"O português de Coimbra é a língua portuguesa e em Minas Gerais fala-se um dialeto ou corruptela"
O dialeto falado em Coimbra é tão correto como o dialeto mineiro e vice-versa, são apenas maneiras diferentes de realizar a mesma língua. Não há nenhum critério científico que valide a superioridade de uma variedade em relação a outra. Assim, qualquer produção linguística de qualquer falante insere-se sempre numa variedade dialetal, não existindo qualquer região em que se possa dizer que, nela, se fala a verdadeira língua e não um dialeto.
"O Crioulo cabo-verdiano é um dialeto do português"
O crioulo cabo-verdiano é uma língua e não um dialeto. Tem base lexical na língua portuguesa, mas é diferente e tem os seus próprios dialetos. O mesmo se aplica a qualquer outro crioulo.
"Um dialeto é um linguajar sem regras"
Não existe nenhum dialeto sem a sua norma. Qualquer dialeto tem as suas regras gramaticais, fonológicas, morfológicas, sintáticas, semânticas e lexicais. Qualquer falante de um dialeto conhece todas as suas regras intuitivamente (Gramática implícita).
"A diferença entre dialeto e sotaque é que nos sotaques os falantes se entendem, enquanto nos dialetos não se entendem"
De acordo com a definição do dicionário Houaiss, um dialeto é qualquer variação regional de um idioma que não chegue a comprometer a inteligibilidade mútua entre o falante da língua principal com o falante do dialeto. As marcas linguísticas dos dialetos podem ser de natureza semântico-lexical, morfossintática ou fonético-morfológica.
Sotaque é um conceito de uso popular, que em termos científicos nem existe, e que costuma designar apenas uma mudança na entonação da palavra, ou a pronúncia imperfeita de alguns fonemas realizada por um estrangeiro. Dessa forma, os dialetos do português falados no Brasil, tal como os falados em Portugal, ou os ingleses nos Estados Unidos ou no Reino Unido, são verdadeiros dialetos, enquanto os chamados dialetos de países como a China são na realidade idiomas distintos, uma vez que nem sempre há inteligibilidade mútua. Apenas carecem de estatuto oficial.

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!