Gente, não tem nada a ver com cor da pele ou aparência e sim com respeito ao espaço pessoal.
Se eu estou num vagão de trem vazio no meio da madrugada e alguém -- qualquer um -- escolhe sentar ao meu lado me parece claro que a pessoa quer alguma coisa de mim. Nem que seja só conversar; num emprego anterior eu lidei com pessoas com transtornos psicológicos o suficiente para saber que às vezes é só isso mesmo.
Só que eu moro numa metrópole e, como tal, tem inúmeros casos de violência que chegam a nós todos os dias. Então, se qualquer um escolhe sentar ao meu lado numa situação como essa - pode ser branco, negro, mulher bonita, mulher feia, o que for - pode contar que eu vou ficar apreensivo. Vou observar os sinais que a outra pessoa vai passar; o tempo todo avaliando se aquela pessoa está armada, se quer me roubar, ou o quê.
Isso não vai me fazer desconfiar de negros, como de fato não aconteceu depois que fui assaltado por negros.
Isso não vai me fazer desconfiar de brancos, como de fato não aconteceu depois que fui assaltado por brancos.
Isso não vai me fazer desconfiar de mulheres feias ou bonitas, como de fato não aconteceu depois que atendi gente perturbada.
O que eu percebi com o affair Watson-Dawkins é que muitos de nós (e isso inclui mulheres, vejam só!) não compreendem que uma cantada inocente pode não ser bem recebida pelo outro lado, especialmente numa situação-limite. Pior, Watson jamais em momento algum despreza os homens ou rotula todos de estupradores em potencial; ela pede apenas um pouco mais de bom-senso.
De novo: ignorar cantada de pedreiro ou de um amigo chato é fácil. Lidar com uma cantada (ainda por cima de mau gosto) num lugar isolado é bem mais complicado pelo fator de risco potencial envolvido.