O meu problema quanto à pena de morte é que eu considero a vida como um fim último. Tirar uma vida é o maior dos maus, a conduta mais reprovável, é por si o mal a ser combatido, é uma postura em que se considera a vida um valor próximo ao "sagrado". Essa valoração da vida como única só foi obtida mediante grande evolução moral, pois, pelo contrário, o natural é a fúria, a retaliação, o olho por olho, onde o banal é a morte. e por isso mesmo acredito que deve haver sempre um reforço desses valores. O problema é justamente esse, em vez de reforçar o valor da vida, na pena de morte o Estado abraça a solução que deseja combater, no fim, regressando à barbarie natural
A liberdade é o dos bem mais valioso do ser humano, privá-lo desse bem é o maior dos maus e totalmente contra os preceitos da democracia, que prega justamente a liberdade. O problema com a prisão perpétua é justamente esse, em vez de reforçar o valor da liberdade, na prisão perpétua o Estado (que seja democrático) abraça a solução que deseja combater.
Viu? Funciona comigo também.
isso está mais pra um chiste do que pra um argumento válido. Liberdade não me parece ser o fim último da democracia. A democracia possibilita a liberdade, mas ela é muito mais instrumento para resolver o problema do poder. Já a liberdade é na verdade um conjunto amplo de conceitos sobre realizações humanas(ir e vir, expressar-se, opção sexual, credo, posse), que em certo sentido nunca são plenas (porque ocorrem conflitos). E liberdade plena não é uma ânsia de todas os simpatizantes da democracia, do tipo,
queremos cada vez mais e mais, mais e mais, democracias democráticas. Nem todo o ocidente é minarquista/anarquista (é sempre bom lembrar)
Depois, qualquer outro valor a ser cultivado tem por background a valorização da vida, sem o reconhecimento dessa última a coisa toda ficaria sem sentido
E essa questão é que dentre tantos direitos promovidos pelo Estado (vida, liberdade, propriedade, etc), há o problema prático de serem criadas sanções para criminosos,
algo tem que ser feito. houve uma evolução histórica para que a moeda de troca fosse a liberdade, já foram castigos corporais, ou a própria vida, mas por alguma razão essas penas receberam a alcunha de
desumanas. Lol, Estou até achando engraçado de certa forma eu ter que explicar porque tirar a vida é mais desumano que tirar a liberdade, é que pra mim é algo tão auto-evidente que não se tem sentido questionar.
Mas você tocou num ponto interessante. a prisão perpétua é algo sem volta, também. De certa forma também me oponho a ela, no sentido que acho adequado que as penas possam ser revistas, conforme o comportamento e avaliações psicológicas. Então, pra mim, dentre as coisas mais perfeitas da nossa constituição(e acho que tem um bocado de coisas erradas nela), estão esses dois institutos.
enfim, não acho que valorização da vida e valorização da liberdade são conceitos equivalentes. vida seria o bem inestimável, binária, frágil, que é qualitativa por si só, já a liberdade uma abstração, impossível de ser alcançada.
esse post eu viajei demais, posso estar falando alguma merda aí no meio, relevemObviamente sinto forte empatia pelas vítimas(muito mais que pelos bandidos, ainda que gostem de acusar o contrário ), ou aos que agem no calor do momento retaliando na mesma moeda, mas execuções à frio não me parecem o caminho certo, ainda mais quando são colocadas como soluções, em detrimento de outras alternativas (30 anos de prisão, sem grandes atenuantes, me parecem razoável para coibir quaisquer tipos de crimes, inclusive sendo preferível a alguns a morte que isto)
A minha visão de pena de morte, é o que o nome já diz, uma pena/punição. Não vejo a pena de morte como vingança (olho por olho), não vejo como um redutor da criminalidade, porque realmente não é.
Eu vejo como além da punição pela maneira com que reivindicam a pena de morte quando ocorrem crimes hediondos. A coisa passa da pena ao
deleite. Acredite, você não vai ver ninguém com essa fissura em relação à privação de liberdade.
Como o DDV falou antes, esse sentimento, de se regozijar com o sofrimento do "inimigo", é algo humano, latente em todos nós. Eu não vejo porque isso tem que ser transferido ao Estado na resolução de conflitos.