Bom como hoje ainda é ontem a noite, to no prazo.
Concordo. Tá cheio de estudos que associam algo no cérebro à percepção subjetiva que temos. Mas para afirmar que esses sentimentos são meramente isso, vc tem que, obrigatoriamente, negar os qualia.
Até o momento não vi um que tenha feito isso de forma satisfatória.
Eu não considero (ou seja nego) o conceito de qualia, pois nunca vi uma explicação, descrição ou proposta satisfatória. O pessoal propõe esses conceitos filosóficos com um jogo de palavras tipo "como é que é ser vermelho?", "como é a noção subjetiva X?", etc.
Bom vamos abordar o assunto.
A literatura e grande parte da discussão desse tipo de assunto sempre foi fomentada por filósofos. No meu entender os filósofos fizeram um grande trabalho em descrever bem os conceitos que podemos entender com a ferramenta que eles e a maioria de nós temos que é a analise linguística, os encadeamentos lógicos derivados, etc. Só que esse tipo de análise é limitado, pois temos que saber como os conceitos são formados fisicamente, ou seja como um sistema físico como o cérebro pode processar os conceitos. E nisso os filósofos não tem demonstrado muita habilidade para tratar. (disse isso para não ser injusto em dizer que o trabalho dos filósofos não tem utilidade, que seria um exagero)
Ao contrário, os cientistas naturais, neurologistas, engenheiros, matemáticos, etc, vem continuamente estabelecendo a base física (fisiológica) do funcionamento do cérebro e também da mente.
Mas a divulgação do assunto na mídia de uma forma geral ainda está muito influenciada pela tradição filosófica de tratar o assunto. E como os filósofos chegaram a impasses eles criaram esses conceitos que eles não sabem nem fundamentar direito, como o qualia (minha opinião). Pra mim, é uma questão de comparar as duas abordagens que temos do assunto da mente humana, a filosófica que já se demonstrou limitada e esgotada, pois não vem sendo produtiva (minha opinião), ou a abordagem neurológica e computacional que vem produzindo novos conhecimentos todo dia.
Estou te escrevendo isso pois você parece estar meio confuso no meio da divulgação sobre filosofia da mente, que é confusa mesmo. Mas o ponto de vista materialista (neuro-computacional) não há muita confusão, há toda a dificuldade de se tratar sistemas complexos como a cognição. Mas não é difícil propor explicações para qualquer característica mental humana.
Por exemplo o qualia, o "como é que é ser vermelho?". Simplificadamente é ter todas as reações neuro-fisiológicas de se detectar a cor (comprimento de onda de uma radiação eletromagnética) vermelha. Sabemos até que bem como as células do olho são ativadas, sabemos que uma cascata de neuronios são ativados, e temos boas descrições e modelos neuro-computacionais que reproduzem as reações a detecção do vermelho de forma equivalente ao ser humano, como focar atenção (que pode ser uma prioridade ou uma maior probabilidade neuro-computacional), que é similar a ser atraente, que vai acionar toda um monte de reações fisiológicas como salivação se estiver associado a um doce ou fruta, a excitação sexual se estiver associado a sensualidade, etc.
Eu vejo que com essa abordagem temos procedimentos bem estabelecidos para entendermos cada vez mais o funcionamento da mente. Não vejo nas abordagens filosóficas um procedimento que vem demonstrando isso.