O IntérpreteNão sei o quanto, desconheço as críticas, mas tem gente dividindo a mente em
módulos de processamento de informação. O
autor cujo livro estou de posse concorda. Ele é um dos precursores nos estudos em pessoas que tiveram seus
cérebros divididos . A ideia a cirurgia, à época, era aliviar a epilepsia. Contudo, as descobertas e conclusões foram além.
Um destes módulos é o
Interprete, situado no Hemisfério Esquerdo do Cérebro e cuja função é contar pra gente o que ocorre, por que ocorre e, quando de informações incompletas, confabula, inventa: mente sem sabermos que mente, pois a ideia é justificar, fazer com que os eventos façam sentido. Descoberto inicialmente em pacientes com o cérebro dividido, atualmente aceita-se que ele é mais um módulo e não um efeito da cirurgia.
Um exemplo retirado do livro:
Sujeito caminha pelo mato, junto a um amigo, numa região onde sabe existir cascavéis. De repente, ruído na grama próxima, valente que é, ele grita, pula e pede socorro. O amigo, condoído e cheio de dó, pergunta: “Qualé Filó?” No que ele responde: “Vi uma cobra” ou “Pensei ter visto uma cobra”. Pobre Filó, mente sem saber que mente – ou engana-se, pois se falta intenção é engano
. Em duas páginas o autor explica que, na verdade, ao escutar o ruído, a informação dos ouvidos espalha-se por regiões de interesse do cérebro e é capturada, também, pela
Amígdala, estrutura de pronta reação. A tal, rápida e automática, não identifica se é cobra ou não, ela apenas identifica um padrão de ameaça: ruído próximo em direção à Filó. No nosso cérebro, as estruturas destinadas a reconhecer cobras, se bem li, são o córtex e companhia, mecanismos lentos, demorados. Nessas, Filó teria recebido uma picadura. Ou seja, a resposta dada é mera confabulação.