Autor Tópico: O fim do casamento entre capitalismo e democracia  (Lida 11627 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Camarada do Povo

  • Nível 01
  • *
  • Mensagens: 18
O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Online: 30 de Março de 2012, 16:47:56 »
Zizek: o casamento entre democracia e capitalismo acabou


O filósofo e escritor esloveno Slavoj Zizek visitou a acampamento do movimento Ocupar Wall Street, no parque Zuccotti, em Nova York e falou aos manifestantes. “Estamos testemunhando como o sistema está se autodestruindo. "Quando criticarem o capitalismo, não se deixem chantagear pelos que vos acusam de ser contra a democracia. O casamento entre a democracia e o capitalismo acabou". Leia a íntegra do pronunciamento de Zizek.
Slavoj Zizek


Durante o crash financeiro de 2008, foi destruída mais propriedade privada, ganha com dificuldades, do que se todos nós aqui estivéssemos a destruí-la dia e noite durante semanas. Dizem que somos sonhadores, mas os verdadeiros sonhadores são aqueles que pensam que as coisas podem continuar indefinidamente da mesma forma.

Não somos sonhadores. Somos o despertar de um sonho que está se transformando num pesadelo. Não estamos destruindo coisa alguma. Estamos apenas testemunhando como o sistema está se autodestruindo.

Todos conhecemos a cena clássica do desenho animado: o coiote chega à beira do precipício, e continua a andar, ignorando o fato de que não há nada por baixo dele. Somente quando olha para baixo e toma consciência de que não há nada, cai. É isto que estamos fazendo aqui.

Estamos a dizer aos rapazes de Wall Street: “hey, olhem para baixo!”

Em abril de 2011, o governo chinês proibiu, na TV, nos filmes e em romances, todas as histórias que falassem em realidade alternativa ou viagens no tempo. É um bom sinal para a China. Significa que as pessoas ainda sonham com alternativas, e por isso é preciso proibir este sonho. Aqui, não pensamos em proibições. Porque o sistema dominante tem oprimido até a nossa capacidade de sonhar.

Vejam os filmes a que assistimos o tempo todo. É fácil imaginar o fim do mundo, um asteróide destruir toda a vida e assim por diante. Mas não se pode imaginar o fim do capitalismo. O que estamos, então, a fazer aqui?

Deixem-me contar uma piada maravilhosa dos velhos tempos comunistas. Um fulano da Alemanha Oriental foi mandado para trabalhar na Sibéria. Ele sabia que o seu correio seria lido pelos censores, por isso disse aos amigos: “Vamos estabelecer um código. Se receberem uma carta minha escrita em tinta azul, será verdade o que estiver escrito; se estiver escrita em tinta vermelha, será falso”. Passado um mês, os amigos recebem uma primeira carta toda escrita em tinta azul. Dizia: “Tudo é maravilhoso aqui, as lojas estão cheias de boa comida, os cinemas exibem bons filmes do ocidente, os apartamentos são grandes e luxuosos, a única coisa que não se consegue comprar é tinta vermelha.”

É assim que vivemos – temos todas as liberdades que queremos, mas falta-nos a tinta vermelha, a linguagem para articular a nossa ausência de liberdade. A forma como nos ensinam a falar sobre a guerra, a liberdade, o terrorismo e assim por diante, falsifica a liberdade. E é isso que estamos a fazer aqui: dando tinta vermelha a todos nós.

Existe um perigo. Não nos apaixonemos por nós mesmos. É bom estar aqui, mas lembrem-se, os carnavais são baratos. O que importa é o dia seguinte, quando voltamos à vida normal. Haverá então novas oportunidades? Não quero que se lembrem destes dias assim: “Meu deus, como éramos jovens e foi lindo”.

Lembrem-se que a nossa mensagem principal é: temos de pensar em alternativas. A regra quebrou-se. Não vivemos no melhor mundo possível, mas há um longo caminho pela frente – estamos confrontados com questões realmente difíceis. Sabemos o que não queremos. Mas o que queremos? Que organização social pode substituir o capitalismo? Que tipo de novos líderes queremos?

Lembrem-se, o problema não é a corrupção ou a ganância, o problema é o sistema. Tenham cuidado, não só com os inimigos, mas também com os falsos amigos que já estão trabalhando para diluir este processo, do mesmo modo que quando se toma café sem cafeína, cerveja sem álcool, sorvete sem gordura.

Vão tentar transformar isso num protesto moral sem coração, um processo descafeinado. Mas o motivo de estarmos aqui é que já estamos fartos de um mundo onde se reciclam latas de coca-cola ou se toma um cappuccino italiano no Starbucks, para depois dar 1% às crianças que passam fome e fazer-nos sentir bem com isso. Depois de fazer outsourcing ao trabalho e à tortura, depois de as agências matrimoniais fazerem outsourcing da nossa vida amorosa, permitimos que até o nosso envolvimento político seja alvo de outsourcing. Queremos ele de volta.

Não somos comunistas, se o comunismo significa o sistema que entrou em colapso em 1990. Lembrem-se que hoje os comunistas são os capitalistas mais eficientes e implacáveis. Na China de hoje, temos um capitalismo que é ainda mais dinâmico do que o vosso capitalismo americano. Mas ele não precisa de democracia. O que significa que, quando criticarem o capitalismo, não se deixem chantagear pelos que vos acusam de ser contra a democracia. O casamento entre a democracia e o capitalismo acabou.

A mudança é possível. O que é que consideramos possível hoje? Basta seguir os meios de comunicação. Por um lado, na tecnologia e na sexualidade tudo parece ser possível. É possível viajar para a lua, tornar-se imortal através da biogenética. Pode-se ter sexo com animais ou qualquer outra coisa. Mas olhem para os terrenos da sociedade e da economia. Nestes, quase tudo é considerado impossível. Querem aumentar um pouco os impostos aos ricos? Eles dizem que é impossível. Perdemos competitividade. Querem mais dinheiro para a saúde? Eles dizem que é impossível, isso significaria um Estado totalitário. Algo tem de estar errado num mundo onde vos prometem ser imortais, mas em que não se pode gastar um pouco mais com cuidados de saúde.

Talvez devêssemos definir as nossas prioridades nesta questão. Não queremos um padrão de vida mais alto – queremos um melhor padrão de vida. O único sentido em que somos comunistas é que nos preocupamos com os bens comuns. Os bens comuns da natureza, os bens comuns do que é privatizado pela propriedade intelectual, os bens comuns da biogenética. Por isto e só por isto devemos lutar.

O comunismo falhou totalmente, mas o problema dos bens comuns permanece. Eles dizem-nos que não somos americanos, mas temos de lembrar uma coisa aos fundamentalistas conservadores, que afirmam que eles é que são realmente americanos. O que é o cristianismo? É o Espírito Santo. O que é o Espírito Santo? É uma comunidade igualitária de crentes que estão ligados pelo amor um pelo outro, e que só têm a sua própria liberdade e responsabilidade para este amor. Neste sentido, o Espírito Santo está aqui, agora, e lá em Wall Street estão os pagãos que adoram ídolos blasfemos.

Por isso, do que precisamos é de paciência. A única coisa que eu temo é que algum dia vamos todos voltar para casa, e vamos voltar a encontrar-nos uma vez por ano, para beber cerveja e recordar nostalgicamente como foi bom o tempo que passámos aqui. Prometam que não vai ser assim. Sabem que muitas vezes as pessoas desejam uma coisa, mas realmente não a querem. Não tenham medo de realmente querer o que desejam. Muito obrigado
"As revoluções são as festas dos oprimidos e explorados" - Lenin

Offline Gaúcho

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.288
  • Sexo: Masculino
  • República Rio-Grandense
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #1 Online: 30 de Março de 2012, 16:54:52 »
Quanta choradeira. Falou um monte e não falou absolutamente nada.

"O sistema é feio e bobo!"
"Certo. Então, o que faremos?"
"Não sei. O importante é que é tudo culpa do sistema."
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Sergiomgbr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.712
  • Sexo: Masculino
  • uê?!
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #2 Online: 30 de Março de 2012, 16:56:57 »
Zizek: o casamento entre democracia e capitalismo acabou


O filósofo e escritor esloveno Slavoj Zizek visitou a acampamento do movimento Ocupar Wall Street, no parque Zuccotti, em Nova York e falou aos manifestantes. “Estamos testemunhando como o sistema está se autodestruindo. "Quando criticarem o capitalismo, não se deixem chantagear pelos que vos acusam de ser contra a democracia. O casamento entre a democracia e o capitalismo acabou". Leia a íntegra do pronunciamento de Zizek.
Slavoj Zizek


Durante o crash financeiro de 2008, foi destruída mais propriedade privada, ganha com dificuldades, do que se todos nós aqui estivéssemos a destruí-la dia e noite durante semanas. Dizem que somos sonhadores, mas os verdadeiros sonhadores são aqueles que pensam que as coisas podem continuar indefinidamente da mesma forma.

Não somos sonhadores. Somos o despertar de um sonho que está se transformando num pesadelo. Não estamos destruindo coisa alguma. Estamos apenas testemunhando como o sistema está se autodestruindo.

Todos conhecemos a cena clássica do desenho animado: o coiote chega à beira do precipício, e continua a andar, ignorando o fato de que não há nada por baixo dele. Somente quando olha para baixo e toma consciência de que não há nada, cai. É isto que estamos fazendo aqui.

Estamos a dizer aos rapazes de Wall Street: “hey, olhem para baixo!”

Em abril de 2011, o governo chinês proibiu, na TV, nos filmes e em romances, todas as histórias que falassem em realidade alternativa ou viagens no tempo. É um bom sinal para a China. Significa que as pessoas ainda sonham com alternativas, e por isso é preciso proibir este sonho. Aqui, não pensamos em proibições. Porque o sistema dominante tem oprimido até a nossa capacidade de sonhar.

Vejam os filmes a que assistimos o tempo todo. É fácil imaginar o fim do mundo, um asteróide destruir toda a vida e assim por diante. Mas não se pode imaginar o fim do capitalismo. O que estamos, então, a fazer aqui?

Deixem-me contar uma piada maravilhosa dos velhos tempos comunistas. Um fulano da Alemanha Oriental foi mandado para trabalhar na Sibéria. Ele sabia que o seu correio seria lido pelos censores, por isso disse aos amigos: “Vamos estabelecer um código. Se receberem uma carta minha escrita em tinta azul, será verdade o que estiver escrito; se estiver escrita em tinta vermelha, será falso”. Passado um mês, os amigos recebem uma primeira carta toda escrita em tinta azul. Dizia: “Tudo é maravilhoso aqui, as lojas estão cheias de boa comida, os cinemas exibem bons filmes do ocidente, os apartamentos são grandes e luxuosos, a única coisa que não se consegue comprar é tinta vermelha.”

É assim que vivemos – temos todas as liberdades que queremos, mas falta-nos a tinta vermelha, a linguagem para articular a nossa ausência de liberdade. A forma como nos ensinam a falar sobre a guerra, a liberdade, o terrorismo e assim por diante, falsifica a liberdade. E é isso que estamos a fazer aqui: dando tinta vermelha a todos nós.

Existe um perigo. Não nos apaixonemos por nós mesmos. É bom estar aqui, mas lembrem-se, os carnavais são baratos. O que importa é o dia seguinte, quando voltamos à vida normal. Haverá então novas oportunidades? Não quero que se lembrem destes dias assim: “Meu deus, como éramos jovens e foi lindo”.

Lembrem-se que a nossa mensagem principal é: temos de pensar em alternativas. A regra quebrou-se. Não vivemos no melhor mundo possível, mas há um longo caminho pela frente – estamos confrontados com questões realmente difíceis. Sabemos o que não queremos. Mas o que queremos? Que organização social pode substituir o capitalismo? Que tipo de novos líderes queremos?

Lembrem-se, o problema não é a corrupção ou a ganância, o problema é o sistema. Tenham cuidado, não só com os inimigos, mas também com os falsos amigos que já estão trabalhando para diluir este processo, do mesmo modo que quando se toma café sem cafeína, cerveja sem álcool, sorvete sem gordura.

Vão tentar transformar isso num protesto moral sem coração, um processo descafeinado. Mas o motivo de estarmos aqui é que já estamos fartos de um mundo onde se reciclam latas de coca-cola ou se toma um cappuccino italiano no Starbucks, para depois dar 1% às crianças que passam fome e fazer-nos sentir bem com isso. Depois de fazer outsourcing ao trabalho e à tortura, depois de as agências matrimoniais fazerem outsourcing da nossa vida amorosa, permitimos que até o nosso envolvimento político seja alvo de outsourcing. Queremos ele de volta.

Não somos comunistas, se o comunismo significa o sistema que entrou em colapso em 1990. Lembrem-se que hoje os comunistas são os capitalistas mais eficientes e implacáveis. Na China de hoje, temos um capitalismo que é ainda mais dinâmico do que o vosso capitalismo americano. Mas ele não precisa de democracia. O que significa que, quando criticarem o capitalismo, não se deixem chantagear pelos que vos acusam de ser contra a democracia. O casamento entre a democracia e o capitalismo acabou.

A mudança é possível. O que é que consideramos possível hoje? Basta seguir os meios de comunicação. Por um lado, na tecnologia e na sexualidade tudo parece ser possível. É possível viajar para a lua, tornar-se imortal através da biogenética. Pode-se ter sexo com animais ou qualquer outra coisa. Mas olhem para os terrenos da sociedade e da economia. Nestes, quase tudo é considerado impossível. Querem aumentar um pouco os impostos aos ricos? Eles dizem que é impossível. Perdemos competitividade. Querem mais dinheiro para a saúde? Eles dizem que é impossível, isso significaria um Estado totalitário. Algo tem de estar errado num mundo onde vos prometem ser imortais, mas em que não se pode gastar um pouco mais com cuidados de saúde.

Talvez devêssemos definir as nossas prioridades nesta questão. Não queremos um padrão de vida mais alto – queremos um melhor padrão de vida. O único sentido em que somos comunistas é que nos preocupamos com os bens comuns. Os bens comuns da natureza, os bens comuns do que é privatizado pela propriedade intelectual, os bens comuns da biogenética. Por isto e só por isto devemos lutar.

O comunismo falhou totalmente, mas o problema dos bens comuns permanece. Eles dizem-nos que não somos americanos, mas temos de lembrar uma coisa aos fundamentalistas conservadores, que afirmam que eles é que são realmente americanos. O que é o cristianismo? É o Espírito Santo. O que é o Espírito Santo? É uma comunidade igualitária de crentes que estão ligados pelo amor um pelo outro, e que só têm a sua própria liberdade e responsabilidade para este amor. Neste sentido, o Espírito Santo está aqui, agora, e lá em Wall Street estão os pagãos que adoram ídolos blasfemos.

Por isso, do que precisamos é de paciência. A única coisa que eu temo é que algum dia vamos todos voltar para casa, e vamos voltar a encontrar-nos uma vez por ano, para beber cerveja e recordar nostalgicamente como foi bom o tempo que passámos aqui. Prometam que não vai ser assim. Sabem que muitas vezes as pessoas desejam uma coisa, mas realmente não a querem. Não tenham medo de realmente querer o que desejam. Muito obrigado
Caro Camarada do Povo, antes de mais nada seja muito bem vindo. Aproveitando o ensejo, seria muito proveitoso para a credibilidade de seus posts postar suas fontes neste forum, aliás é uma boa via, se que proceda assim.
« Última modificação: 30 de Março de 2012, 16:59:41 por sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Camarada do Povo

  • Nível 01
  • *
  • Mensagens: 18
"As revoluções são as festas dos oprimidos e explorados" - Lenin

Offline Daniel_1993

  • Nível 12
  • *
  • Mensagens: 247
  • Sexo: Masculino
  • Sou ex-socialista
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #4 Online: 30 de Março de 2012, 18:57:19 »
Será que o comunismo foi um fracasso como falam?


Vamos ver algumas imagens da " ditadura comunista na URSS " ?


Concerto sinfônico numa usina operária na URSS durante a pausa para o almoço.
http://oi44.tinypic.com/i6h4w7.jpg

A primeira aula de alfabetização numa aldeia do Kazakstão:
http://oi40.tinypic.com/rbw1ur.jpg

Na imagem seguinte aparece um coletivo de operários tratando de importantes resoluções de suas fábricas. Pela imagem se pode perceber a participação dos operários na política, não é essa FARSA que se chama de democracia aqui:
http://oi42.tinypic.com/zmdvld.jpg


Operários prestam homenagens ao recém falecido Stálin com 5 minutos de silêncio. Engraçado, né ... Os trabalhadores prestando homenagem a um " ditador sanguinário ":
http://oi44.tinypic.com/125otg3.jpg

A imagem seguinte mostra a farsa do " genocídio de fome causado pelos comunistas na Ucrânia", como dizem os reacionários. A imagem do link data do período de 1921-22, durante o qual ocorreu a Guerra Civil Russa (1918 - 1921 ) com a consequente fome que flagelou o povo russo devido a esta guerra causada pelos contra-revolucionários para deter o governo bolchevique e que depois essa imagem foi usada pelos anti-comunistas ocidentais para dizer que tal acontecimento ocorreu na Ucrânia em 1933.
http://oi40.tinypic.com/xm8nlw.jpg

Soldados do Exército Vermelho cantam a Internacional na Praça Vermelha à frente de painéis escritos " Proletários de todo o mundo, uni-vos ".
http://oi44.tinypic.com/2ai25h1.jpg

Stálin numa festa de Kalkhosianos cultivadores de beterraba:
http://oi43.tinypic.com/24xoy2p.jpg

Karl Marx: “Os capitalistas, ao longo da história, alimentarão ofensas sem fundamentos aos revolucionários comunistas. Mas quando a verdade vier, eles arderão em raiva e ódio dizendo: a verdade foi revelada.”




"O antistalinismo é talvez a principal arma teórica, ideológica e prática com que conta hoje o poder dominante capitalista no mundo. Seja no âmbito científico, acadêmico ou não, seja no âmbito do noticiário cotidiano da mídia impressa ou eletrônica, o antistalinismo passou a ser absorvido, em quase todo o mundo, como uma espécie de verdade indiscutível, do tipo de verdades absolutas ou oriundas de produtos exclusivos da fé.

Mas esse ódio a Stalin não teve geração espontânea. Foi construído passo a passo, desde os anos 30, por uma conjunção entre a propaganda nazista e a cadeia de jornais norte-americanos de Hearst, de notórias simpatias pelo nazismo, que o mundo inteiro conheceu no personagem "Cidadão Kane", de Orson Welles. Depois da II Guerra Mundial, quando o anticomunismo virou política de Estado na maioria dos países do Ocidente, o esforço para mostrar Stalin numa imagem de vilão retornou com toda força e tornou-se moeda corrente, quase incontestada, após a queda do comunismo soviético no final dos anos 1980.

Sem qualquer debate sério, inclusive sobre questões específicas relacionadas diretamente a Stalin ("o testamento de Lenin", as "coletivizações", os expurgos ou depurações, as diferentes formas de "burocratismo" ou "desvios do poder socialista" etc.), essa campanha do capitalismo internacional, recorrendo às armas mais simples e às mais sofisticadas da técnica de propaganda, associou-se às ações do que os comunistas chamam de "revisionismo" (coexistência pacífica de Krushev no âmbito da Guerra Fria, extinção do princípio revolucionário de "partido comunista do proletariado" e sua substituição pelo conceito de "partido de todo o povo", ou seja, inclusive da burguesia; introdução de reformas que prejudicam a idéia de planejamento econômico centralizado do país, princípio básico da doutrina marxista etc.). "Revisionismo" que, no interior dos partidos comunistas de todo o mundo, construiu e reconstruiu, elaborou e reelaborou o antistalinismo hoje em voga, impondo-o aos quatro cantos do planeta, como uma espécie de cortina ou véu sobreposto à realidade das contradições de ontem e de hoje entre o capitalismo e o socialismo e no interior desses dois sistemas."

Pedro Castro e Pedro Castilho, tradutores do livro " Stálin um novo olhar ".
“You will never be happy if you continue to search for what happiness consists of. You will never live if you are looking for the meaning of life.”
― Albert Camus

“The way to love anything is to realize that it may be lost.”
― G.K. Chesterton

“The first duty of a man is to think for himself”
― José Martí

Não sou mais um marxista-stalinista: ../forum/topic=30157.0.html

Offline Daniel_1993

  • Nível 12
  • *
  • Mensagens: 247
  • Sexo: Masculino
  • Sou ex-socialista
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #5 Online: 30 de Março de 2012, 18:59:21 »
Como disse Stálin em " Sobre os fundamentos do Leninismo " : " a democracia, no regime capitalista, é uma democracia capitalista, é a democracia da minoria exploradora, baseada na limitação dos direitos da maioria explorada e voltada contra esta maioria "
“You will never be happy if you continue to search for what happiness consists of. You will never live if you are looking for the meaning of life.”
― Albert Camus

“The way to love anything is to realize that it may be lost.”
― G.K. Chesterton

“The first duty of a man is to think for himself”
― José Martí

Não sou mais um marxista-stalinista: ../forum/topic=30157.0.html

Offline Camarada do Povo

  • Nível 01
  • *
  • Mensagens: 18
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #6 Online: 30 de Março de 2012, 19:02:09 »
Ótimos textos Daniel.
"As revoluções são as festas dos oprimidos e explorados" - Lenin

Offline _tiago

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.343
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #7 Online: 30 de Março de 2012, 19:12:19 »
 :baby:

Offline Fabi

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.801
  • Sexo: Feminino
  • que foi?
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #8 Online: 30 de Março de 2012, 20:29:25 »
Citar
Deixem-me contar uma piada maravilhosa dos velhos tempos comunistas. Um fulano da Alemanha Oriental foi mandado para trabalhar na Sibéria. Ele sabia que o seu correio seria lido pelos censores, por isso disse aos amigos: “Vamos estabelecer um código. Se receberem uma carta minha escrita em tinta azul, será verdade o que estiver escrito; se estiver escrita em tinta vermelha, será falso”. Passado um mês, os amigos recebem uma primeira carta toda escrita em tinta azul. Dizia: “Tudo é maravilhoso aqui, as lojas estão cheias de boa comida, os cinemas exibem bons filmes do ocidente, os apartamentos são grandes e luxuosos, a única coisa que não se consegue comprar é tinta vermelha.”

É assim que vivemos – temos todas as liberdades que queremos, mas falta-nos a tinta vermelha, a linguagem para articular a nossa ausência de liberdade. A forma como nos ensinam a falar sobre a guerra, a liberdade, o terrorismo e assim por diante, falsifica a liberdade. E é isso que estamos a fazer aqui: dando tinta vermelha a todos nós.
:histeria: Ausencia de liberdade? Esse texto é tipo uma freaking joke?

Nós temos liberdade sim, até podemos reclamar do capitalismo, do governo, podemos dizer pro Lula ir usar o SUS na Folha de São Paulo e até falar mal  da Folha de SP na folha de SP (o que chega a ser bizarro). Esses dias abriram esse tópico: ../forum/topic=26361.0.html e temos o site reclame aqui, o procon...

O que teríamos no comunismo? Poderíamos falar mal do comunismo e do governo sem ir para o paredon, ou mandados para uma gulag? Será que as pessoas da Coréia do Norte podem reclamar da qualidade (e quantidade) da ração que recebem (quando recebem)?
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline G.H.

  • Nível 01
  • *
  • Mensagens: 18
  • Sexo: Feminino
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #9 Online: 30 de Março de 2012, 21:22:06 »
O sistema capitalista não se mostrou "engessado", reinventou-se, adaptando novas formas de se conviver dentro dele.

É um modelo praticamente unânime, tendendo pra globalização hj.

Ocorre que o Brasil está na lista dos países mais capitalistas do globo, ironia sob um governo do PT, mas capitalismo e democracia estão em mãos opostas. Essa intervenção social, quando ocorre, contraria a lei do  "laissez faire, laissez passer" que o capitalismo traz embutido no cerne dele.

Dilemas, rssss

Offline Luiz F.

  • Nível 30
  • *
  • Mensagens: 1.752
  • Sexo: Masculino
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #10 Online: 30 de Março de 2012, 21:34:44 »
Seja bem vindo G.H. Se der, dá uma passadinha no tópico de apresentações na área de papo furado e se apresenta pra galera :ok:
"Você realmente não entende algo se não consegue explicá-lo para sua avó."
Albert Einstein

Offline Fabi

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.801
  • Sexo: Feminino
  • que foi?
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #11 Online: 30 de Março de 2012, 21:45:40 »
"laissez faire, laissez passer" ... Uma coisa dita há 200 anos quando o capitalismo (livre mercado) era diferente de hoje...Quando o que entendiam como capitalismo na verdade era mercantilismo...

Até quando vão ficar presos no passado?  :sleepy:

O sistema capitalista não se mostrou "engessado", reinventou-se, adaptando novas formas de se conviver dentro dele.
Vou te contar um segredo: o universo é um lugar perigoso, explosivo, cheio de mudanças, as leis da natureza são cruéis, ou você se adapta ou o universo te elimina, simples assim. Aceite isso e seja feliz. 

O comunismo é só uma utopia, que quando confrontada com a realidade vira uma coisa pior que qualquer lei cruel da natureza.
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline _Juca_

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 12.923
  • Sexo: Masculino
  • Quem vê cara, não vê coração, fígado, estômago...
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #12 Online: 30 de Março de 2012, 22:16:31 »
Só tenho uma observação, capitalismo não tem nada a ver com democracia e nunca foi inerente a ele, portanto nunca houve um casamento entre os dois. O capitalismo é apenas um sistema sócio-econômico onde pode haver democracia ou não dependendo do quanto é avançada a sociedade na qual se está inserido.


Isso também vale para sistema político e também jurídico e normativo pra ficar em dois exemplos práticos.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #13 Online: 30 de Março de 2012, 23:28:03 »
Citar
Zizek: o casamento entre democracia e capitalismo acabou
[...]

Zizek em um 'momento-profeta'.
Foto USGS

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #14 Online: 30 de Março de 2012, 23:29:51 »
Citar
Será que o comunismo foi um fracasso como falam?
[...]

Voces ainda tem dúvida?  :)
Foto USGS

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #15 Online: 30 de Março de 2012, 23:30:33 »
Só tenho uma observação, capitalismo não tem nada a ver com democracia e nunca foi inerente a ele, portanto nunca houve um casamento entre os dois. O capitalismo é apenas um sistema sócio-econômico onde pode haver democracia ou não dependendo do quanto é avançada a sociedade na qual se está inserido.

Isso também vale para sistema político e também jurídico e normativo pra ficar em dois exemplos práticos.

Não existe nenhum país democrático que não seja capitalista.
Foto USGS

Offline G.H.

  • Nível 01
  • *
  • Mensagens: 18
  • Sexo: Feminino
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #16 Online: 30 de Março de 2012, 23:54:44 »
O sistema vigente continua denominado de sistema econômico capitalista, mais acirrado inclusive em suas formas de manifestação no mercado de trabalho. Os postulados principais do laissez faire, laissez passer são a livre iniciativa e a livre concorrência, e é isso q ele prega como pressuposto de sistema econômico enquanto modelo que se perpetuou na vida urbana moderna.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~


Vou te contar um segredo: o universo é um lugar perigoso, explosivo, cheio de mudanças, as leis da natureza são cruéis, ou você se adapta ou o universo te elimina, simples assim. Aceite isso e seja feliz. 
O comunismo é só uma utopia, que quando confrontada com a realidade vira uma coisa pior que qualquer lei cruel da natureza.
[/quote]

~~~~~~~~~~~~~~
Esse segredo consta nos manuais da sua interpretação particular e na sua visão, em suma, é uma opinião sua, não uma teoria econômica.

Offline G.H.

  • Nível 01
  • *
  • Mensagens: 18
  • Sexo: Feminino
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #17 Online: 31 de Março de 2012, 00:02:17 »
"laissez faire, laissez passer" ... Uma coisa dita há 200 anos quando o capitalismo (livre mercado) era diferente de hoje...
Vou te contar um segredo: o universo é um lugar perigoso, explosivo, cheio de mudanças, as leis da natureza são cruéis, ou você se adapta ou o universo te elimina, simples assim. Aceite isso e seja feliz. 



O sistema vigente continua denominado de sistema econômico capitalista, mais acirrado inclusive em suas formas de manifestação no mercado de trabalho. Os postulados principais do laissez faire, laissez passer são a livre iniciativa e a livre concorrência, e é isso q ele prega como pressuposto de sistema econômico enquanto modelo que se perpetuou na vida urbana moderna.

Sobre o segredo, ele consta nos manuais da sua interpretação particular e na sua visão, em suma, é uma opinião sua, não uma teoria econômica.

Offline G.H.

  • Nível 01
  • *
  • Mensagens: 18
  • Sexo: Feminino
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #18 Online: 31 de Março de 2012, 00:06:31 »
Seja bem vindo G.H. Se der, dá uma passadinha no tópico de apresentações na área de papo furado e se apresenta pra galera :ok:

OK, obrigada pela recepção, passo sim, rs.

Offline Fabi

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.801
  • Sexo: Feminino
  • que foi?
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #19 Online: 31 de Março de 2012, 03:51:23 »
Esse segredo consta nos manuais da sua interpretação particular e na sua visão, em suma, é uma opinião sua, não uma teoria econômica.
Não é uma teoria, é a realidade. Ou o nosso universo era igual há 13 bilhões de anos? E o sol não é um reator nuclear? E não ocorreram extinções em massa? Não existe nem terremotos, e vamos estar aqui pra sempre...? ::)

E o comunismo e seus 100 milhões de mortos, o que dizer? Que dá certo, apenas umas milhões de vidas tem que pagar o preço, é isso?

O sistema vigente continua denominado de sistema econômico capitalista, mais acirrado inclusive em suas formas de manifestação no mercado de trabalho. Os postulados principais do laissez faire, laissez passer são a livre iniciativa e a livre concorrência, e é isso q ele prega como pressuposto de sistema econômico enquanto modelo que se perpetuou na vida urbana moderna.
Claro, o país mais capitalismo, malvado, satânico do mundo (Estados Unidos) não aplica tarifas protecionistas, não dá dinheiro público aos bancos, não adotou o New Deal e seguiu regras Keynisianas, é um capitalista feroz.... ::)

E o que dizer do Brasil? Livre mercado, sem intervenção do governo, sem protecionismo, sem leis que regulam o mercado.... só o capitalismo malvado atuando.

Vocês marxistas só podem viver numa realidade paralela.... :stunned:
« Última modificação: 31 de Março de 2012, 03:53:55 por Fabi »
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #20 Online: 31 de Março de 2012, 08:04:33 »
[...]
Vocês marxistas só podem viver numa realidade paralela.... :stunned:

Eu acho que o forista G.H. não é marxista.
Foto USGS

Offline _tiago

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.343
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #21 Online: 31 de Março de 2012, 09:25:48 »
[...]
Vocês marxistas só podem viver numa realidade paralela.... :stunned:

Eu acho que o forista G.H. não é marxista.
Reparei a mesma coisa. A fúria da Fabi contra comunistas está incontrolável. :)

Offline FZapp

  • Administradores
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.943
  • Sexo: Masculino
  • El Inodoro Pereyra
    • JVMC
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #22 Online: 31 de Março de 2012, 10:35:47 »
Só tenho uma observação, capitalismo não tem nada a ver com democracia e nunca foi inerente a ele, portanto nunca houve um casamento entre os dois. O capitalismo é apenas um sistema sócio-econômico onde pode haver democracia ou não dependendo do quanto é avançada a sociedade na qual se está inserido.

Isso também vale para sistema político e também jurídico e normativo pra ficar em dois exemplos práticos.

Não existe nenhum país democrático que não seja capitalista.

Hoje, porque até as monarquias são democráticas também. Mas nem sempre foi assim, as atuais democracias monárquicas foram monarquias absolutas no passado, ou pontos intermediários entre absolutismo e participação coletiva.

Para falar a verdade não sei até onde China é comunista. Oficialmente é uma república, o parlamento só aceita um partido, ok. Mas entra no sistema financeiro como mais um país competidor, compete de forma desleal pela força do seu mercado interno e externo e não pelo fato do partido ser comunista ou não. Me pergunto até onde não fariamos o mesmo se tivessemos os números chineses,...

Por outro lado, desprezo até o último fio de cabelo as democracias latino-americanas, por serem uma forma de manter o status-quo das antigas colônias, o que nos leva ao absurdo de um suposto partido de esquerda estar no poder pelo apoio do partido majoritário, corrupto e fisiológico. E posso estar falando tanto do atual PT/PMDB como foi PSDB/PFL.
--
Si hemos de salvar o no,
de esto naides nos responde;
derecho ande el sol se esconde
tierra adentro hay que tirar;
algun día hemos de llegar...
despues sabremos a dónde.

"Why do you necessarily have to be wrong just because a few million people think you are?" Frank Zappa

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #23 Online: 31 de Março de 2012, 10:55:00 »
Para falar a verdade não sei até onde China é comunista.

A China abandonou oficialmente o "socialismo de mercado" em 1997 e se diz economia de mercado plena desde então, embora alguns países contestem isso na OMC.

Mais de 70% do PIB chinês está em mãos privadas, proporção maior do que no Brasil.

 
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re:O fim do casamento entre capitalismo e democracia
« Resposta #24 Online: 31 de Março de 2012, 11:18:19 »
Já foi argumentado aqui por vários comunistas e comunistófilos que o comunismo (a exemplo do "capitalismo") é apenas um sistema econômico, podendo teoricamente coexistir com qualquer tipo de regime político (ditaduras ou democracias). Eremita defende algo nessa linha.




Eu discordo dessa tese por 2 motivos:




1- O comunismo pressupõe a proibição da iniciativa econômica individual em diversos níveis e graus. Por exemplo: um indivíduo não poderia aplicar ou investir livremente o seu dinheiro (caso o tenha, ou seja, caso o estado não fique com quase tudo), seria tributado em mais de 80% de sua renda, não poderia comercializar livremente e determinar livremente os seus preços, não poderia pagar outros indivíduos pra lhe prestarem algum serviço, não poderia comprar ou encomendar um bem de capital (máquinas, tratores, terras, etc) para si, não poderia oferecer livremente algum serviço seu em troca de pagamentos, etc, etc e etc.

Como estas liberdades são consideradas coisas essenciais, privadas, indispensáveis e mesmo íntimas  por mais de 99,99% dos seres humanos, apenas uma ditadura comandada pelos 0,01% dos seres humanos que não pensam assim permitiria a existência prolongada desse sistema. Numa democracia, o sistema não seria aprovado ou cairia na primeira legislatura.



2- A restrição à livre iniciativa e a economia brecada disso resultante inevitavelmente levam à penúria e à miséria. Ao centralizar e burocratizar a economia, criando restrições e barreiras desnecessárias (Ex: um indivíduo tem dinheiro, know-how e encontra gente disposta a trabalhar, mas precisaria da aprovação dos burocratas para iniciar uma atividade ou apenas o estado poderia iniciar atividades do tipo) e substituindo as milhões de iniciativas econômicas individuais espalhadas pelo território por decisões tomadas por alguns burocratas (modelo soviético) ou dependentes da aprovação e interferência dos mesmos (modelo ioguslavo). Ao acabar com a propriedade privada, levando à tragédia dos comuns, etc. Tudo isso conduz a economia a um estado de produtividade baixíssimo, e consequentemente ao desabastecimento, à falta de produtos essenciais (sem contar os "não-essenciais", como chocolate, internet e playstations  :lol:), ao racionamento e muitas vezes à fome.

Em uma democracia, esse sistema não perduraria mais do que um ano, pois nenhum ser humano gosta de miséria e fome (os burocratas não costumam passar por isso). É necessário portanto uma ditadura para manter esse sistema por um tempo longo.   


Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!