Autor Tópico: Comissão da Verdade  (Lida 23770 vezes)

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Offline JohnnyRivers

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #275 Online: 23 de Outubro de 2012, 21:05:25 »
O negrito nós já comentamos aqui por dezenas de vêzes antes.

O FDP em questão só queria ter influência aqui ao botar no poder um grupo que ele podia manipular.

Simples assim.

Pensar que ia dar merda nos meados dos anos 60 de qualquer jeito é difícil....Mas, tem seu sentido.
Talvez só a atitude proteccionista por parte dos militares em 1964 seja a mais coerente de todas as atitudes. Mas tudo o que se seguiu com a ditadura, não.
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Offline _Juca_

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #276 Online: 23 de Outubro de 2012, 21:14:40 »
A URSS fez isso em vários países, deu o golpe, colocou fantoches e tentava controlar o mundo. Porque no caso do Brasil seria diferente.
Fez isto em vários países vizinhos.
Nada diferente do EUA durante a guerra fria.

Deixa ver se entendi o que esta sendo apresentado aqui:

Fidel tinha planos malignos de dominar as Américas, pra isso treinou combatentes em seus países, dentre eles Brasileiros. Depois ficou coordenando toda a tentativa de golpe aqui, mas deu com os burros na água porque fomos salvos pela super Junta Militar. Graças a estes heróis honrados, o Brasil não foi para o buraco. E vivemos 21 anos saudáveis e prósperos.

Antes de eu criar qualquer argumentação, eu estou entendendo errado?

Eu vejo mais da seguinte forma: os militares deram um golpe de Estado e estabeleceram uma ditadura. Alguns pintam estes militares como heróis defensores do povo brasileiro contra o comunismo, mas na verdade eles foram é bem FDP em estabelecer uma ditadura e ficar no poder por anos a fio reprimindo a oposição e a imprensa, torturando e matando pessoas mesmo quando já estavam presas e indefesas.

Contra os militares se estabeleram vários grupos armados de esquerda. Alguns pintam estes grupos como defensores da liberdade e da democracia, mas na verdade eram grupos comunistas tão FDP quanto os militares, que apenas queriam substituir a ditadura existente por outra de esquerda, e com este objetivo assaltaram, sequestraram e mataram pessoas muitas vezes inocentes.

Observando isto estavam URSS e EUA, cada um interessado em manter suas áreas de influência. Se os grupos de esquerda conseguissem tomar o poder, é bastante provável que a URSS tentasse influenciar fortemente o governo no Brasil, como fez em Cuba. Como isso não aconteceu, ficamos mais sob a influência americana, o que a meu ver foi o menor dos males.

Fabrício, quem lutou pela democracia posteriormente ao golpe?

Offline Fabrício

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #277 Online: 23 de Outubro de 2012, 22:16:19 »
Juca, talvez- e ressalto o talvez - alguns políticos - inclusive (ou principalmente) de esquerda, alguns artistas, alguns jornalistas, alguns estudantes, alguns sindicatos... digo "talvez" e "alguns" porque é difícil separar o que era luta pela democracia e o que era luta  para ter seu quinhão de poder.

Agora, eu sei quem NÃO lutava pela democracia - os grupos armados de esquerda. Eles lutavam contra a ditadura, mas tinham sua própria agenda, nada democrática.

Na verdade seria até esperar demais que eles lutassem por ideais democráticos, eles eram frutos do seu tempo, suas referências eram URSS e Cuba, que não eram (e até hoje não são) países nada democráticos. Principalmente Cuba.
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Offline Geotecton

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #278 Online: 23 de Outubro de 2012, 22:22:44 »
[...]
Na verdade seria até esperar demais que eles lutassem por ideais democráticos, eles eram frutos do seu tempo, suas referências eram URSS e Cuba, que não eram (e até hoje não são) países nada democráticos. Principalmente Cuba.

Mesmo porque a URSS não existe mais desde 1991.
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Offline Fabrício

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #279 Online: 23 de Outubro de 2012, 22:36:23 »
[...]
Na verdade seria até esperar demais que eles lutassem por ideais democráticos, eles eram frutos do seu tempo, suas referências eram URSS e Cuba, que não eram (e até hoje não são) países nada democráticos. Principalmente Cuba.

Mesmo porque a URSS não existe mais desde 1991.

Bem lembrado... Mas mesmo a Rússia ainda hoje não é nenhum exemplo de democracia...
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Offline JohnnyRivers

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #280 Online: 23 de Outubro de 2012, 22:56:20 »
[...]
Na verdade seria até esperar demais que eles lutassem por ideais democráticos, eles eram frutos do seu tempo, suas referências eram URSS e Cuba, que não eram (e até hoje não são) países nada democráticos. Principalmente Cuba.

Mesmo porque a URSS não existe mais desde 1991.

Bem lembrado... Mas mesmo a Rússia ainda hoje não é nenhum exemplo de democracia...

Duvido que atinjam o padrão em democracia comparado ao restante do mundo algum dia...
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Offline Dr. Manhattan

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #281 Online: 23 de Outubro de 2012, 23:27:07 »
A URSS fez isso em vários países, deu o golpe, colocou fantoches e tentava controlar o mundo. Porque no caso do Brasil seria diferente.
Fez isto em vários países vizinhos.
Nada diferente do EUA durante a guerra fria.

Deixa ver se entendi o que esta sendo apresentado aqui:

Fidel tinha planos malignos de dominar as Américas, pra isso treinou combatentes em seus países, dentre eles Brasileiros. Depois ficou coordenando toda a tentativa de golpe aqui, mas deu com os burros na água porque fomos salvos pela super Junta Militar. Graças a estes heróis honrados, o Brasil não foi para o buraco. E vivemos 21 anos saudáveis e prósperos.

Antes de eu criar qualquer argumentação, eu estou entendendo errado?

Eu vejo mais da seguinte forma: os militares deram um golpe de Estado e estabeleceram uma ditadura. Alguns pintam estes militares como heróis defensores do povo brasileiro contra o comunismo, mas na verdade eles foram é bem FDP em estabelecer uma ditadura e ficar no poder por anos a fio reprimindo a oposição e a imprensa, torturando e matando pessoas mesmo quando já estavam presas e indefesas.

Contra os militares se estabeleram vários grupos armados de esquerda. Alguns pintam estes grupos como defensores da liberdade e da democracia, mas na verdade eram grupos comunistas tão FDP quanto os militares, que apenas queriam substituir a ditadura existente por outra de esquerda, e com este objetivo assaltaram, sequestraram e mataram pessoas muitas vezes inocentes.

Observando isto estavam URSS e EUA, cada um interessado em manter suas áreas de influência. Se os grupos de esquerda conseguissem tomar o poder, é bastante provável que a URSS tentasse influenciar fortemente o governo no Brasil, como fez em Cuba. Como isso não aconteceu, ficamos mais sob a influência americana, o que a meu ver foi o menor dos males.

Fabrício, quem lutou pela democracia posteriormente ao golpe?

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #282 Online: 23 de Outubro de 2012, 23:29:53 »
A URSS fez isso em vários países, deu o golpe, colocou fantoches e tentava controlar o mundo. Porque no caso do Brasil seria diferente.
Fez isto em vários países vizinhos.
Nada diferente do EUA durante a guerra fria.

Não, foi totalmente diferente dos EUA. Principalmente por causa do governo autorítário, centralizado e imperialista da URSS.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline _Juca_

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #283 Online: 24 de Outubro de 2012, 11:50:12 »

Lá vamos nós outra vez... Sessão flashback.

E Fabrício: é isso aí.

Na verdade ele respondeu, foi a esquerda.

Offline Osler

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #284 Online: 24 de Outubro de 2012, 13:56:56 »
A URSS fez isso em vários países, deu o golpe, colocou fantoches e tentava controlar o mundo. Porque no caso do Brasil seria diferente.
Fez isto em vários países vizinhos.
Nada diferente do EUA durante a guerra fria.

Não, foi totalmente diferente dos EUA. Principalmente por causa do governo autorítário, centralizado e imperialista da URSS.
OS EUA também eram (e são) imperialistas e durante a Guerra Fria atuaram com um modus operandi bem semelhante ao da antiga URSS no intuito de ampliar sua área de influência.
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Osler

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #285 Online: 24 de Outubro de 2012, 14:22:07 »

Lá vamos nós outra vez... Sessão flashback.

E Fabrício: é isso aí.

Na verdade ele respondeu, foi a esquerda.
Vários segmentos da sociedade lutaram a favor da democracia, inclusive alguns setores da esquerda mas não só elas
Outros setores da esquerda, por ideologia, não acreditavam na democracia pois a enxergavam como a ditadura da burguesia, a qual queriam substituir pela ditadura do proletariado.
Alguns desses setores preconizavam a luta armada como a via para se alcançar esse objetivo.
Dentro desses alguns partiram para a ação, formando as organizações da luta armada.
Dentro dessas organizações somente uma parcela realmente pegou em armas, a maior parte dos quadros se dividia em logística, apoio e atividades não-armadas.

Desconheço qualquer grupo dessa esquerda armada que NA ÉPOCA defendesse o movimento como "pela democracia".

DEPOIS da derrocada da esquerda armada a maioria dos quadros assumiu a luta pela redemocratização como bandeira, apesar de um parte considerável assumi-la não por convicção ideológica mas sim como a postura tática mais indicada.

Como já foi postado aqui no CC já existiam grupos  ANTES do golpe de 64 que defendiam a tomada armada do poder, alguns deles já com contatos com países ditos comunistas (principalmente Cuba, mas também China).
Porém nem todos os grupos foram treinados e/ou financiados por potências estrangeiras, apesar de sua identificação ideológica.

Por mais paradoxal que pareça a presença da luta armada serviu como uma das justificativas para que os setores chamados de "linha-dura" conitnuassem a propagar mais e mais medidas de excessão contra o "perigo comunista", superdimensionando-o.  A luz da história esses movimentos insurgentes nunca tiveram tanto poder como foram convenientemente inputados à época pelo aparelho repressor, não encontrando eco na população como um todo.

A mão pesada do Estado recaiu sobre toda e qualquer dissidência (em variados graus), independente se de esquerda ou não, mas obviamente pela divergência ideológica mais a esquerda.
Assim muitos participantes ou não da luta armada foram violados na sua integridade física e moral (e alguns silenciados em definitivo)
Abriu-se a Caixa de Pandora e o aparelho repressor se hipertrofia e se imiscuiu em toda a sociedade, do General 4 estrelas ao guarda da esquina o poder e a força bruta causaram grandes estragos a sociedade brasileira.
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Fabrício

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #286 Online: 24 de Outubro de 2012, 15:06:00 »

Lá vamos nós outra vez... Sessão flashback.

E Fabrício: é isso aí.

Na verdade ele respondeu, foi a esquerda.
Vários segmentos da sociedade lutaram a favor da democracia, inclusive alguns setores da esquerda mas não só elas
Outros setores da esquerda, por ideologia, não acreditavam na democracia pois a enxergavam como a ditadura da burguesia, a qual queriam substituir pela ditadura do proletariado.
Alguns desses setores preconizavam a luta armada como a via para se alcançar esse objetivo.
Dentro desses alguns partiram para a ação, formando as organizações da luta armada.
Dentro dessas organizações somente uma parcela realmente pegou em armas, a maior parte dos quadros se dividia em logística, apoio e atividades não-armadas.

Desconheço qualquer grupo dessa esquerda armada que NA ÉPOCA defendesse o movimento como "pela democracia".

DEPOIS da derrocada da esquerda armada a maioria dos quadros assumiu a luta pela redemocratização como bandeira, apesar de um parte considerável assumi-la não por convicção ideológica mas sim como a postura tática mais indicada.

Como já foi postado aqui no CC já existiam grupos  ANTES do golpe de 64 que defendiam a tomada armada do poder, alguns deles já com contatos com países ditos comunistas (principalmente Cuba, mas também China).
Porém nem todos os grupos foram treinados e/ou financiados por potências estrangeiras, apesar de sua identificação ideológica.

Por mais paradoxal que pareça a presença da luta armada serviu como uma das justificativas para que os setores chamados de "linha-dura" conitnuassem a propagar mais e mais medidas de excessão contra o "perigo comunista", superdimensionando-o.  A luz da história esses movimentos insurgentes nunca tiveram tanto poder como foram convenientemente inputados à época pelo aparelho repressor, não encontrando eco na população como um todo.

A mão pesada do Estado recaiu sobre toda e qualquer dissidência (em variados graus), independente se de esquerda ou não, mas obviamente pela divergência ideológica mais a esquerda.
Assim muitos participantes ou não da luta armada foram violados na sua integridade física e moral (e alguns silenciados em definitivo)
Abriu-se a Caixa de Pandora e o aparelho repressor se hipertrofia e se imiscuiu em toda a sociedade, do General 4 estrelas ao guarda da esquina o poder e a força bruta causaram grandes estragos a sociedade brasileira.

 :ok:

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #287 Online: 25 de Outubro de 2012, 09:48:43 »
A URSS fez isso em vários países, deu o golpe, colocou fantoches e tentava controlar o mundo. Porque no caso do Brasil seria diferente.
Fez isto em vários países vizinhos.
Nada diferente do EUA durante a guerra fria.

Não, foi totalmente diferente dos EUA. Principalmente por causa do governo autorítário, centralizado e imperialista da URSS.
OS EUA também eram (e são) imperialistas e durante a Guerra Fria atuaram com um modus operandi bem semelhante ao da antiga URSS no intuito de ampliar sua área de influência.
Invadindo territórios e destruindo a estrutura socio-cultural da área dominada e massacrando o povo?
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Offline JohnnyRivers

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #288 Online: 25 de Outubro de 2012, 09:50:15 »
A URSS fez isso em vários países, deu o golpe, colocou fantoches e tentava controlar o mundo. Porque no caso do Brasil seria diferente.
Fez isto em vários países vizinhos.
Nada diferente do EUA durante a guerra fria.

Não, foi totalmente diferente dos EUA. Principalmente por causa do governo autorítário, centralizado e imperialista da URSS.
OS EUA também eram (e são) imperialistas e durante a Guerra Fria atuaram com um modus operandi bem semelhante ao da antiga URSS no intuito de ampliar sua área de influência.
Invadindo territórios e destruindo a estrutura socio-cultural da área dominada e massacrando o povo?

Só lembro do Vietnã agora....
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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #289 Online: 25 de Outubro de 2012, 10:02:20 »
A URSS fez isso em vários países, deu o golpe, colocou fantoches e tentava controlar o mundo. Porque no caso do Brasil seria diferente.
Fez isto em vários países vizinhos.
Nada diferente do EUA durante a guerra fria.

Não, foi totalmente diferente dos EUA. Principalmente por causa do governo autorítário, centralizado e imperialista da URSS.
OS EUA também eram (e são) imperialistas e durante a Guerra Fria atuaram com um modus operandi bem semelhante ao da antiga URSS no intuito de ampliar sua área de influência.
Invadindo territórios e destruindo a estrutura socio-cultural da área dominada e massacrando o povo?

Só lembro do Vietnã agora....

Os EUA provocaram uma guerra com a Espanha em 1896 (acho), quando "libertaram" Cuba e tomaram as Filipinas. Décadas mais tarde, os grandes campeões da liberdade esmagaram violentamente um movimento armado de independência filipino. Durante a Guerra Fria os EUA quase sempre exerciam seu imperialismo através de intermediários locais. Foi o caso do golpe na Guatemala, do golpe do Pinochet no Chile e do apoio aos Contras na Nicarágua. Só raramente os americanos agiam diretamente, como na invasão de Granada e do Panamá nos anos 80. No caso do Brasil em 1964, os americanos apenas deram seu apoio tácito, que eu saiba. Em resumo, foram imperialistas sim senhor.
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Alan Watts

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #290 Online: 25 de Outubro de 2012, 10:27:44 »
Justiça acata ação contra Ustra por sequestro em 1971

O titular da 9.ª Vara Criminal da Justiça Federal, juiz Hélio Egydio de Matos Nogueira, acatou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, pelo crime de sequestro qualificado do desaparecido político Edgard de Aquino Duarte.

De acordo com a denúncia, Duarte foi sequestrado em 1971, no período da ditadura militar, e levado para a sede do Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi), de São Paulo. Aquela instituição, vinculada ao 2.º Exército, era comandada na época pelo coronel Ustra.

Na mesma ação também passaram à condição de réus os delegados Alcides Singillo, aposentado, e Carlos Alberto Augusto. Os dois, ligados à Polícia Civil de São Paulo, teriam participado do sequestro de Duarte, ex-marinheiro que participou de ações contra o regime.

Esta é a segunda denúncia aceita na área criminal contra agentes de Estado por atos praticados na ditadura. Em agosto, a Justiça Federal de Marabá acatou pedido contra os militares Sebastião Curió Rodrigues Moura, mais conhecido como Major Curió, e Lício Augusto Maciel, também acusados por sequestro. Os dois atuaram no combate à Guerrilha do Araguaia, na década de 1970.

O advogado de defesa de Ustra, Paulo Alves Esteves, alega que o militar foi beneficiado pela Lei de Anistia de 1979. "É uma lei especial, que se sobrepõe às leis comuns", afirma.

O Ministério Público Federal defende que, uma vez que os corpos não foram localizados, o crime de sequestro permanece e não pode, portanto, ser anistiado.

O texto com o despacho da Justiça, divulgado na terça-feira, lembra decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos, segundo as quais o desaparecimento forçado constitui "grave violação múltipla e continuada dos direitos humanos de caráter permanente".

Para o procurador Sérgio Gardenghi Suiama, um dos autores da denúncia, a decisão judicial "é mais um passo no sentido da responsabilização dos agentes de Estado que cometeram crimes contra a humanidade".

http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/justi%C3%A7a-acata-a%C3%A7%C3%A3o-contra-ustra-por-sequestro-em-1971

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Offline Zóio de Vidro

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #291 Online: 25 de Outubro de 2012, 10:40:54 »
"Que é isso pessoal, os EUA são bonzinhos, os maus são todos aqueles que lutam contra a opressão, já me falaram que comem criancinhas, é melhor ser miserável e ter liberdade, já dizia meu velho avô.
Olha como os EUA são os mocinhos, já eram assim por Hollywood nos massacres aos "selvagens" que insistiam em ficar na sua própria terra. É coisa de cinema mesmo. Imagino que dessas "experiências" venham certas opiniões a respeito que o Golpe Militar foi dado pelos mocinhos e todo o resto da população os bandidos." :wink:  Digo EUA e não Militares por certa interpretação, vide texto abaixo.


Mas antigamente podíamos isolar fatos históricos, hoje não. Se fizermos isso estamos ignorando a realidade da globalização. Globalização meio louca, pois um país que finge ser comunista "domina" economicamente usando táticas capitalistas países que fingem ser capitalistas, principalmente os chamados emergentes, há uma pitada de socialismo no viés capitalista, pois isto está dando votos e lucros. Essa fusão transita nos meios dinheiráticos, mas estão longe de se adaptar nos segmentos religiosos.
Onde a razão sucumbe ao sobrenatural, é mais fácil creditar as ações aos ensinamentos do além, não há homem responsável, embora o homem é o único que realmente está à frente da batalha. Morte aos infiéis.
Os conservadores americanos estão doidos prá ganharem mais dinheiro com a guerra aos "inimigos" do barril de pólvora, nele a Síria tenta espalhar seus tentáculos, o Líbano já sente na pele, enquanto isso, a calculadora dos lucros está na frente da humanitária, estratégias tácteis sensíveis premeditadas pelo governo OBAMA, que o diga. Se os republicanos ganharem as eleições americanas, o embate vai ser mais árduo, com aquele velho blá-blá-blá que norteou o governo Bush para enriquecer os que lucram com a guerra.

O Golpes Militares nas Américas obedeceram cronograma da onda da guerra fria, não há como separar os fatos dos comandos EUA x URSS, mas há como mensurar as forças desse confronto. O Brasil não era tão estratégico para ambos os lados, e o Golpe se deu seguindo a Cartilha Americana, comandada pela elite do pais, o qual provocou ondas de choque contrários de pequenos grupos armados que buscaram apoio no lado B da guerra fria. Mas parece que não fomos assunto de maior importância para ambos os lados.
Os crimes cometidos pelos golpistas foram bem caseiros e longe das estratégias americanas, como também para os opositores armados, ambos meio amadores no que faziam. Caiu tanto no esquecimento, e no desprezo por parte dos EUA que resolveram fazer a "abertura", pois a situação se tornara ridícula. Como os que pegaram em armas a mesma coisa aconteceu, melhor então tentar esquecer o confronto idiota da violência e tentar o da diplomacia, isto é, democracia. Ambos os lados aí, pensaram que podiam levar vantagem e dormir com a consciência mais tranquila.



« Última modificação: 25 de Outubro de 2012, 10:55:46 por DEM_ostenes »
No porto, os navios americanos entravam os navios russos.

Offline Price

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #292 Online: 25 de Outubro de 2012, 11:22:50 »
A URSS fez isso em vários países, deu o golpe, colocou fantoches e tentava controlar o mundo. Porque no caso do Brasil seria diferente.
Fez isto em vários países vizinhos.
Nada diferente do EUA durante a guerra fria.

Não, foi totalmente diferente dos EUA. Principalmente por causa do governo autorítário, centralizado e imperialista da URSS.
OS EUA também eram (e são) imperialistas e durante a Guerra Fria atuaram com um modus operandi bem semelhante ao da antiga URSS no intuito de ampliar sua área de influência.
Invadindo territórios e destruindo a estrutura socio-cultural da área dominada e massacrando o povo?

Só lembro do Vietnã agora....

Os EUA provocaram uma guerra com a Espanha em 1896 (acho), quando "libertaram" Cuba e tomaram as Filipinas. Décadas mais tarde, os grandes campeões da liberdade esmagaram violentamente um movimento armado de independência filipino. Durante a Guerra Fria os EUA quase sempre exerciam seu imperialismo através de intermediários locais. Foi o caso do golpe na Guatemala, do golpe do Pinochet no Chile e do apoio aos Contras na Nicarágua. Só raramente os americanos agiam diretamente, como na invasão de Granada e do Panamá nos anos 80. No caso do Brasil em 1964, os americanos apenas deram seu apoio tácito, que eu saiba. Em resumo, foram imperialistas sim senhor.

Não disse que não foram imperialistas, seria um absurdo, foram também violentos e blablabla, ainda mais na Guerra Fria, que é a qual me referi. O que eu disse é que foram totalmente diferentes a política, os objetivos e as justificativas das intervenções dos EUA em suas invasões do que as da URSS.
Especificamente, o meu segundo comentário denota a diferença da abordagem dos EUA dependendo do caso, destaco, por exemplo, a diferença tremenda entre um apoio político a massacres no Vietnã.
Não vejo semelhança tão latente assim.
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Offline Luiz Carlos

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #293 Online: 25 de Outubro de 2012, 13:31:03 »

Lá vamos nós outra vez... Sessão flashback.

E Fabrício: é isso aí.

Na verdade ele respondeu, foi a esquerda.
Vários segmentos da sociedade lutaram a favor da democracia, inclusive alguns setores da esquerda mas não só elas
Outros setores da esquerda, por ideologia, não acreditavam na democracia pois a enxergavam como a ditadura da burguesia, a qual queriam substituir pela ditadura do proletariado.
Alguns desses setores preconizavam a luta armada como a via para se alcançar esse objetivo.
Dentro desses alguns partiram para a ação, formando as organizações da luta armada.
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Desconheço qualquer grupo dessa esquerda armada que NA ÉPOCA defendesse o movimento como "pela democracia".

DEPOIS da derrocada da esquerda armada a maioria dos quadros assumiu a luta pela redemocratização como bandeira, apesar de um parte considerável assumi-la não por convicção ideológica mas sim como a postura tática mais indicada.

Como já foi postado aqui no CC já existiam grupos  ANTES do golpe de 64 que defendiam a tomada armada do poder, alguns deles já com contatos com países ditos comunistas (principalmente Cuba, mas também China).
Porém nem todos os grupos foram treinados e/ou financiados por potências estrangeiras, apesar de sua identificação ideológica.

Por mais paradoxal que pareça a presença da luta armada serviu como uma das justificativas para que os setores chamados de "linha-dura" conitnuassem a propagar mais e mais medidas de excessão contra o "perigo comunista", superdimensionando-o.  A luz da história esses movimentos insurgentes nunca tiveram tanto poder como foram convenientemente inputados à época pelo aparelho repressor, não encontrando eco na população como um todo.

A mão pesada do Estado recaiu sobre toda e qualquer dissidência (em variados graus), independente se de esquerda ou não, mas obviamente pela divergência ideológica mais a esquerda.
Assim muitos participantes ou não da luta armada foram violados na sua integridade física e moral (e alguns silenciados em definitivo)
Abriu-se a Caixa de Pandora e o aparelho repressor se hipertrofia e se imiscuiu em toda a sociedade, do General 4 estrelas ao guarda da esquina o poder e a força bruta causaram grandes estragos a sociedade brasileira.

Concordo (quase) integralmente com você, muito bem explicado

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #294 Online: 25 de Outubro de 2012, 15:34:11 »

Lá vamos nós outra vez... Sessão flashback.

E Fabrício: é isso aí.

Na verdade ele respondeu, foi a esquerda.
Vários segmentos da sociedade lutaram a favor da democracia, inclusive alguns setores da esquerda mas não só elas
Outros setores da esquerda, por ideologia, não acreditavam na democracia pois a enxergavam como a ditadura da burguesia, a qual queriam substituir pela ditadura do proletariado.
Alguns desses setores preconizavam a luta armada como a via para se alcançar esse objetivo.
Dentro desses alguns partiram para a ação, formando as organizações da luta armada.
Dentro dessas organizações somente uma parcela realmente pegou em armas, a maior parte dos quadros se dividia em logística, apoio e atividades não-armadas.

Desconheço qualquer grupo dessa esquerda armada que NA ÉPOCA defendesse o movimento como "pela democracia".

DEPOIS da derrocada da esquerda armada a maioria dos quadros assumiu a luta pela redemocratização como bandeira, apesar de um parte considerável assumi-la não por convicção ideológica mas sim como a postura tática mais indicada.

Como já foi postado aqui no CC já existiam grupos  ANTES do golpe de 64 que defendiam a tomada armada do poder, alguns deles já com contatos com países ditos comunistas (principalmente Cuba, mas também China).
Porém nem todos os grupos foram treinados e/ou financiados por potências estrangeiras, apesar de sua identificação ideológica.

Por mais paradoxal que pareça a presença da luta armada serviu como uma das justificativas para que os setores chamados de "linha-dura" conitnuassem a propagar mais e mais medidas de excessão contra o "perigo comunista", superdimensionando-o.  A luz da história esses movimentos insurgentes nunca tiveram tanto poder como foram convenientemente inputados à época pelo aparelho repressor, não encontrando eco na população como um todo.

A mão pesada do Estado recaiu sobre toda e qualquer dissidência (em variados graus), independente se de esquerda ou não, mas obviamente pela divergência ideológica mais a esquerda.
Assim muitos participantes ou não da luta armada foram violados na sua integridade física e moral (e alguns silenciados em definitivo)
Abriu-se a Caixa de Pandora e o aparelho repressor se hipertrofia e se imiscuiu em toda a sociedade, do General 4 estrelas ao guarda da esquina o poder e a força bruta causaram grandes estragos a sociedade brasileira.

Concordo (quase) integralmente com você, muito bem explicado

Exato. E tudo isso aí já foi explicado detalhadamente ao Juca, por diversos foristas, inúmeras vezes.
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Offline Barata Tenno

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #295 Online: 25 de Outubro de 2012, 20:58:41 »
Porque a Elisa Sacudido, que sumiu esses dias é considerada morta e os desaparecidos do período militar ainda sao considerados desaparecidos? Alguém mais por dentro do assunto me dá uma luz?
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Offline Luiz Carlos

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #296 Online: 26 de Outubro de 2012, 14:17:44 »
Porque a Elisa Sacudido, que sumiu esses dias é considerada morta e os desaparecidos do período militar ainda sao considerados desaparecidos? Alguém mais por dentro do assunto me dá uma luz?

Quem é Elisa Sacudido???

Offline Luiz Carlos

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #297 Online: 26 de Outubro de 2012, 15:03:47 »
Essa reportagem foi publicada hoje, não traz nenhuma novidade (pelo menos para a maioria), só estou postando pelo destacado no final:

De volta ao lugar onde se tornaram cativos
Ex-presos políticos se encontraram ontem no presídio do Ahú, onde foram encarcerados durante a ditadura

Da janela do seu apartamento, Elisabeth Fortes acompanha a demolição do presídio do Ahú. A jornalista de 67 anos vê de perto a derrocada do lugar onde passou um ano e meio presa, no auge da ditadura militar. “Quase voltei para casa para buscar meu alvará de soltura”, disse ela ao entrar na antiga prisão ontem pela manhã, em uma visita com outros ex-presos políticos. Embora não possa mais ser detida, entrar no lugar causa estranhamento. “Acaba trazendo algumas recordações que machucam, mas também revejo pessoas queridas, há muito distantes”, diz.

A primeira vez em que entrou no presídio foi em dezembro de 1968, poucos dias depois da promulgação do AI-5. Elisabeth estava no grupo de 42 estudantes que foram presos na Chácara do Alemão, no bairro Boqueirão, enquanto tentavam organizar um congresso regional da União Nacional dos Estudantes (UNE). Os jovens ainda estavam se organizando quando a polícia do exército chegou. “Comecei a correr e hoje me lembro de um militar jovem que gritava e me mandava parar. Na terceira vez ele falou ‘pare ou eu atiro’. Fui presa”, lembra.

Grades

Na época, Elisabeth tinha 23 anos. Ela e os outros detidos foram levados até o presídio do Ahú. O consultor Dacio Villar, de 68 anos, era um deles. “Colocaram-nos em um camburão e rodaram um dia, sem água nem banheiro. Depois nos trouxeram para cá. Passei por dois portões para entrar. Quando o segundo fechou, vi que era sério”, conta. Ele tinha 22 anos.

O grupo passou por uma triagem e 15 foram julgados e condenados. Entre dezembro de 1968 e julho de 1970, o Ahú foi a casa de vários estudantes. “Nosso julgamento foi uma farsa. Um militar dormia enquanto éramos julgados. Ele não precisava prestar atenção em nada, as cartas já estavam marcadas”, recorda Villar.

No presídio, ficavam separados dos outros presos, porque eram considerados subversivos. Os 13 homens viviam na sala da biblioteca e as duas mulheres ficavam em uma cela. Embora não tivessem liberdade, escaparam da tortura. “Muita gente sabia como e onde estávamos, então não nos tocavam. Mas vimos muitos presos nunca mais voltarem”, lembra Villar.

A vida atrás das grades teve um começo difícil: por cerca de 60 dias, eles mal saíram dos prédios. Depois, graças à pressão de familiares e amigos, foram conquistando algumas regalias: recebiam temperos e tinham um fogareiro elétrico, com o qual repaginavam a comida da prisão, e conseguiam fazer as refeições juntos.

Para se distrair, criaram uma rotina de atividades. Eles estudavam e alternavam momentos de silêncio e reflexão com atividades físicas, graças ao conhecimento em artes marciais de um dos detidos.

Ao sair, o baque. Era difícil retomar os estudos, porque muitas faculdades não os aceitavam. Não conseguiam trabalho, porque haviam sido presos. Mas, mesmo com adversidades, conseguiram refazer a vida antes do fim do regime. “Alguma coisa mudou no mundo e principalmente no Brasil depois disso tudo. Nossa luta não foi em vão”, diz Villar.

Depoimentos

Um mandado para se formar

João Bonifácio Cabral Junior, 66 anos

Quando foi preso, em 1968, João Bonifácio Cabral Junior era o presidente do diretório acadêmico de Direito da Universidade Católica. Ele tinha 22 anos, foi condenado a 4 anos de reclusão, mas ficou apenas um ano e meio preso. Quando saiu da detenção, voltou para a faculdade e terminou o curso de Direito. “Três dias antes da minha formatura, recebi um telegrama do Ministério da Educação que cassava minha colação”, lembra. Ele repetiu o ano e para se formar, teve de entrar com um mandado para garantir a colação de grau. “Quando volto aqui [no presídio do Ahú], sinto um pouco de orgulho, porque consegui tocar a vida”, diz.


Vivendo na clandestinidade

Dacio Villar, 68 anos

Quando saiu da prisão, em 1970, Dacio Villar não tinha para onde ir. Sua matrícula na faculdade foi recusada, ele foi proibido de voltar a Casa do Estudante Universitário, onde vivia, e não tinha emprego. Villar decidiu voltar para Londrina, no Norte do Paraná, onde vivia sua família, mas não pode ser recebido: os familiares foram ameaçados com prisão caso o aceitassem de volta. “Fui para São Paulo, onde vivi na clandestinidade. Comecei a ser caçado pelos militares e fugi”, lembra. Ele rodou o Brasil por seis meses, passando pela Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde se estabeleceu e formou família. “Não mudei de nome, mas criei outra identidade. Fui mais privilegiado que outros, que não tiveram a mesma sorte de escapar”, diz.


A ordem é jubilar

Elisabeth Fortes, 67 anos

Elisabeth Fortes demorou três anos para conseguir retomar o curso de jornalismo na UFPR depois que saiu da prisão. A matrícula era constantemente negada porque a faculdade alegava que ela ainda era uma liderança do movimento estudantil e não poderia voltar. “No terceiro ano que tentei, fui aceita. Fiquei mais dois anos e uma das professoras me mandou transferir o curso para a Católica porque a ordem era de me jubilar”, diz. Depois de formada, veio a luta para conseguir um emprego. Custou a ser aceita, por causa da prisão. Ela começou a trabalhar no Canal 4, quando ainda era o afiliado da Rede Globo, por intervenção de um professor. “Ele disse eu me conhecia e se responsabilizaria por mim. Achei um ato tão bonito e gentil”, diz.


“Desculpe, foi engano”


Elisabeth Fortes, 67 anos, e Dácio Villar, 68 anos

No período em que ficaram presos, Elisabeth Fortes e Dacio Villar não foram torturados. A violência e agressividade do regime se voltaram contra a irmã de Elisabeth, uma estudante secundarista de 18 anos, que não tinha qualquer ligação com os movimentos contra a ditadura. “Minha irmã foi violentamente torturada. Depois de uma semana a devolveram e pediram desculpa, dizendo que tinham se enganado”, conta.
Dacio, que não tinha família em Curitiba e era próximo de Elisabeth, se emocionou ao lembrar de um relato da amiga, que considera emblemático. “Ela conta que quando tiraram sua roupa e a penduraram pelos punhos a primeira vez ela pensou: desmaio ou morro. Isso foi brutal, mas era a única decisão a ser tomada quando se entrava na tortura”, diz.

“Ela era linda, uma bonequinha”, conta Elisabeth. Sua irmã teve sessões de tortura com pau de arara e choques elétricos. “Eles a colocaram em um helicóptero e levaram para as Cataratas. Ameaçavam jogá-la se ela não falasse, mas ela não tinha nenhum envolvimento. Isso é imperdoável”, afirma.

Fonte:

http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1311653&tit=De-volta-ao-lugar-onde-se-tornaram-cativos

Offline Barata Tenno

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #298 Online: 26 de Outubro de 2012, 15:51:32 »
Porque a Elisa Sacudido, que sumiu esses dias é considerada morta e os desaparecidos do período militar ainda sao considerados desaparecidos? Alguém mais por dentro do assunto me dá uma luz?

Quem é Elisa Sacudido???


Eliza Samudio. Corretor ortográfico do celular é uma merda.
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Offline Luiz Carlos

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Re:Comissão da Verdade
« Resposta #299 Online: 26 de Outubro de 2012, 15:55:32 »
Porque a Elisa Sacudido, que sumiu esses dias é considerada morta e os desaparecidos do período militar ainda sao considerados desaparecidos? Alguém mais por dentro do assunto me dá uma luz?

Quem é Elisa Sacudido???


Eliza Samudio. Corretor ortográfico do celular é uma merda.

 :ok:


 

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