Não vou dizer que se trata do caso do pai do Gelado, até porque pode tratar-se de apenas uma interpretação e uma percepção dele, mas sim, as pessoas podem estar limitadas a seu mundo específico que as impedem de possuir uma visão mais ampliada. Ele estaria impedido de vender sua empresa? Claro que sim, já que trata-se de sua própria vida, não conhecendo outra existência que não seja o trabalho na empresa. Mas isso não se limita a um empresário, mas pode acontecer a qualquer classe, profissão ou ideologia. Um comunista revolucionário que não enxerga nada além de sua ideologia possui a mesma limitação, bem como um ultra-religioso conservador: todos limitados por sua visão de mundo estreita e radical.
A livre-iniciativa continua dele, o que o impede de vendê-la é ele mesmo seus ideais e sua visão radical, e não qualquer outra pessoa/entidade.
Não sei se isso seria bem livre-iniciativa (talvez seria algo mais próximo de livre-arbítrio), porém você parece entender que apenas uma entidade/pessoa externa poderia obrigar alguém a fazer algo (ou deixar de fazer), o que não é verdade. A obrigação pode parte do próprio indivíduo, mesmo que ele tenha a vontade de fazer algo diferente. Exemplo extremo são os fóbicos.
Livre-iniciativa é mais ampla que livre-arbitrio, no segundo você escolhe que fazer ou não, na primeira lhe é dito se é permitido ou proibido fazer o que você escolheu. (conceitos de mercado).
Então, como eu disse, se o que faz o indivíduo se manter em uma certa atividade é ele mesmo, ou uma doença, a responsabilidade é toda dele. O Estado não o proíbe de fechar a empresa, essa é a livre-iniciativa.
Aqui devo discordar. É claro que as pessoas podem ser obrigadas a comprar um produto, já que a sociedade onde ela se encontra a obriga a isso. Por exemplo: todo mundo sente a necessidade de possuir um celular, mas essa necessidade é real ou foi algo criado pela sociedade de consumo? Vários outros exemplos podem ser apresentados de necessidades que são criadas pelas empresas, que obrigada o seu consumo (em determinados grupos ou nichos), porque o não possuir pode deixá-lo fora de seu grupo social.
Se a pessoa tem a necessidade de se comunicar via celular, ela compra um e se utiliza do aparelho, senão, utiliza os telefones públicos. Se a pessoa crê que precisa de um carro, que compre-o e não utilize do transporte público. Eu deixei bem clara a diferença entre necessidade e obrigação.
A questão é: TODOS possuem a necessidade de se comunicar via celular ou essa necessidade foi construída a partir do que se apresenta na sociedade? O celular é apenas um exemplo.
Não posso afirmar que todas as pessoas tenham necessidade de se comunicar via celular já que em muitos lugares eles não funcionam. A sociedade motiva muitas coisas, só a lei pode obrigar.
Consumir algo para se tornar parte de um grupo vai muito além do consumismo, basta ver os rituais de inciação e semelhantes para notar que o consumo feito em grupo nada mais é do que uma variação disto.
Porém, trata-se de uma obrigação da sociedade. Se você não usar determinado produto é excluído do grupo, o que o força a usá-lo, então é uma obrigação.
Há uma lei especificando o consumo? Não? Então não há obrigação.
Concordo plenamente que certos grupos exigem que seus membros consumam certos bens para fazer parte dele, porém, não conheço nenhuma situação em que o indivíduo seja claramente obrigado a participar do grupo.
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Já gastei muita grana com um grupo "leet", que você só entra se consumir vodka feita com águas do degelo de neve dos alpes suíços, que tem que utilizar pulseiras banhadas a ouro de marcas famosas e ter um money clip cheio de dinheiro: pura futilidade e busca de status. Quando quis sair, saí e nunca tive nenhum problema.
Isso é recorrente na atualidade, basta ver o grupo dos tatuados, dos rappers, dos emos, dos cult, dos rasta...