E aqui alguns comentários sobre a bolsa da Venezuela, é um post um pouco antigo de 2012 ( o Chaves nem havia morrido) :
Enquanto investidores fogem de bolsas de valores ao redor do mundo, alguns estão ancorando num porto inusitado: a Venezuela.
Títulos de dívida emitidos pelo país dispararam este ano em valor, reduzindo os juros. O índice de ações venezuelano já dobrou este ano, fazendo da bolsa de valores local de longe a de melhor desempenho no mundo, segundo a corretora nova-iorquina Auerbach Grayson, que monitora mais de 120 mercados de ações.
Os títulos de dívida do país estão entre os de melhor performance nos mercados emergentes neste ano, sendo que um índice do J.P. Morgan para os títulos em dólar da Venezuela subiu 9,5% desde dezembro, mais de duas vezes o retorno de 3,67% de um índice de títulos mais amplo de mercados emergentes do banco.
Investidores têm abraçado a Venezuela apesar de crescentes incertezas quanto ao futuro da liderança nacional. O presidente Hugo Chávez está se tratando de um câncer e, pela primeira vez em seus 13 anos no poder, há uma chance razoável de que não seja reeleito em outubro, dizem analistas.
Russell Dallen, sócio-gerente da Caracas Capital Markets, na capital venezuelana, diz que já recebeu dezenas de perguntas de investidores estrangeiros sobre como investir no mercado acionário do país.
“Investidores internacionais estão vendo que poderiam ter dobrado seu dinheiro”, diz Dallen. A Venezuela tem “ótimas companhias, mesmo que estejam numa vizinhança ruim.”
Claro que o valor de mercado da Bolsa de Caracas é relativamente pequeno: US$ 2,5 bilhões, comparado com US$ 1,1 trilhão da bolsa brasileira.
Ainda assim, a Venezuela contrasta acentuadamente com a maneira como muitos investidores estão vendo o resto do mundo. A Europa está em crise, e as economias da China e dos EUA estão dando sinais de desaceleração. Como resultado, investidores estão fugindo das bolsas em geral, e de mercados emergentes em particular.
Investidores globais já tiraram US$ 7,8 bilhões de fundos de ações voltados para mercados emergentes desde o início de abril, segundo a firma de monitoramento de dados EPFR Global. O mês passado teve a quarta maior saída líquida do ano.
E mesmo vizinhos da Venezuela estão em declínio. A bolsa brasileira já caiu quase 6% este ano, e a da Argentina, mais de 10%.
A crise na Europa mostrou como países – tais como a Grécia, que reestruturou bilhões de uma dívida que antes era uma aposta preferida por investidores – podem cair em desgraça rapidamente. Alguns investidores dizem que, no caso da Venezuela, o inverso também pode ser verdadeiro. Qualquer melhora no panorama econômico do país poderia elevar o valor de ativos, que têm sofrido sob o rígido controle de Chávez.
“O mercado vê uma mudança de governo muito favoravelmente”, disse Francisco Ghersi, um sócio da firma de administração de recursos Knossos Asset Management, de Caracas, que administra US$ 25 milhões investidos em ativos venezuelanos em dólares.
Atraída por rendimentos altos, a Knossos tem aumentado a sua carteira de títulos de dívida emitidos pela petrolífera estatal PDVSA (Petróleos de Venezuela SA), que são vistos essencialmente como dívida do governo.
A Venezuela terá uma eleição presidencial em 7 de outubro. O principal oponente de Chávez é Henrique Capriles Radonski, governador do Estado de Miranda.
Muitos investidores acreditam que o vencedor, quem quer que ele seja, será pressionado a desvalorizar a moeda para ajudar a reforçar a economia. A taxa de câmbio oficial é de 4,30 e 5,30 bolívares – o país tem um sistema de taxa dupla – para cada dólar. Alguns investidores dizem que a taxa precisa ficar mais perto dos 8,50 que agora prevalecem no mercado negro.
Uma moeda mais fraca poderia ajudar exportadores de petróleo, que negociam em dólares, e possivelmente ajudar a economia. O lado ruim é que uma desvalorização provavelmente também aumentaria as pressões inflacionárias, à medida que o custo de bens importados aumentar.
Apesar da alta das ações e da dívida, alguns investidores temem que uma transição desordenada para um novo governo poderia provocar uma reação na base de suporte do governo entre militares, e entre os milhões de venezuelanos pobres que dependem de programas sociais. Além disso, há receios de que um novo regime poderia questionar direitos de propriedade, um ponto sensível entre investidores estrangeiros na Venezuela.
“Nós somos vendedores na alta venezuelana”, disse Bryan Carter, um vice-presidente da Acadian Asset Management em Boston, que administra um fundo de US$ 65 milhões que investe em mercados emergentes. “Capriles simplesmente não terá o apoio popular para tomar decisões difíceis, como deixar a taxa de câmbio flutuar.”
A dívida do país com credores estrangeiros já quase dobrou nos últimos três anos, para US$ 96,7 bilhões no fim de 2011, incluindo US$ 74 bilhões em títulos de dívida. A dívida total como porcentagem da produção econômica disparou de 15,6% em 2008 para 31% no ano passado.
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