Pablito, como alguém que deseja chegar ao poder na marra pode ter legitimidade?
O "chegar na marra" já não é o suficiente? O acompanhamento de violência ou outro artifício, só altera a gravidade e a característica das ações necessárias ao pós-conquista.
Pois é Johnny, o “chegar na marra”, pra mim já basta pra tirar a legitimidade.
O formalismo da escolha pela maioria, da escolha democrática, não é um
mero formalismo, ele é essencial para a legitimidade e para a tranquilidade social, justamente pela razão que você citou – quem chega na marra acaba tendo de se manter na marra.
Como se eleição baseadas em bolsa voto, mentiras e promessas vazias correspondesse até mesmo à vontade da maioria.
Isso é perigoso. Qualquer grupo pode alegar que o vencedor é mentiroso e faz promessas vazias, mas isso não passa do
eu acho e tô fazendo beicinho.
Como lembrou o Fabrício,
a democracia, por bem ou por mal, funciona assim. O governante é eleito pela maioria dos eleitores, e ganha o direito de governar. Não faz sentido ficar com estas hipóteses de aliciamento, mesmo porque o argumento valeria pros dois lados e teríamos um golpe depois do outro.
O perdedor de hoje deve aceitar as regras do jogo, até porque ele será o vencedor de amanhã e precisará da aceitação do futuro perdedor. Por isso a situação na Venezuela só piora. Os bolivarianos não são os maiores respeitadores da democracia, mas as eleições lá têm cumprido os formalismos democráticos – como já disse, várias grandes cidades e Estados são governados pela oposição, a deputada mais votada é da oposição, observadores internacionais consideram as eleições limpas, assim, de nada adianta a oposição alegar falta de legitimidade do governo por
achar que os eleitores foram manipulados. Essa atitude acaba tirando legitimidade da oposição que, se chegar ao poder “na marra”, acabará por deixar espaço para ser tirada “na marra”. E se os bolivarianos tentarem se manter “na marra”, acabarão justificando uma saída “na marra” – num círculo vicioso sem fim.