Autor Tópico: A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico  (Lida 33271 vezes)

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Offline Fabi

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A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Online: 01 de Janeiro de 2013, 20:43:14 »
A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
A parábola do taxista e a intolerância. Reflexão a partir de uma conversa no trânsito de São Paulo. A expansão da fé evangélica está mudando “o homem cordial”?


O diálogo aconteceu entre uma jornalista e um taxista na última sexta-feira. Ela entrou no táxi do ponto do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, por volta das 19h30. Como estava escuro demais para ler o jornal, como ela sempre faz, puxou conversa com o motorista de táxi, como ela nunca faz. Falaram do trânsito (inevitável em São Paulo) que, naquela sexta-feira chuvosa e às vésperas de um feriadão, contra todos os prognósticos, estava bom. Depois, outro taxista emparelhou o carro na Pedroso de Moraes para pedir um “Bom Ar” emprestado ao colega, porque tinha carregado um passageiro “com cheiro de jaula”. Continuaram, e ela comentou que trabalharia no feriado. Ele perguntou o que ela fazia. “Sou jornalista”, ela disse. E ele: “Eu quero muito melhorar o meu português. Estudei, mas escrevo tudo errado”. Ele era jovem, menos de 30 anos. “O melhor jeito de melhorar o português é lendo”, ela sugeriu. “Eu estou lendo mais agora, já li quatro livros neste ano. Para quem não lia nada...”, ele contou. “O importante é ler o que você gosta”, ela estimulou. “O que eu quero agora é ler a Bíblia”. Foi neste ponto que o diálogo conquistou o direito a seguir com travessões.
 - Você é evangélico? – ela perguntou.
 - Sou! – ele respondeu, animado.
 - De que igreja?
 - Tenho ido na Novidade de Vida. Mas já fui na Bola de Neve.
- Da Novidade de Vida eu nunca tinha ouvido falar, mas já li matérias sobre a Bola de Neve. É bacana a Novidade de Vida?
- Tou gostando muito. A Bola de Neve também é bem legal. De vez em quando eu vou lá.
- Legal.
- De que religião você é?
- Eu não tenho religião. Sou ateia.
- Deus me livre! Vai lá na Bola de Neve.
- Não, eu não sou religiosa. Sou ateia.
- Deus me livre!
- Engraçado isso. Eu respeito a sua escolha, mas você não respeita a minha.
- (riso nervoso).
- Eu sou uma pessoa decente, honesta, trato as pessoas com respeito, trabalho duro e tento fazer a minha parte para o mundo ser um lugar melhor. Por que eu seria pior por não ter uma fé?
- Por que as boas ações não salvam.
- Não?
- Só Jesus salva. Se você não aceitar Jesus, não será salva.
- Mas eu não quero ser salva.
- Deus me livre!
- Eu não acredito em salvação. Acredito em viver cada dia da melhor forma possível.
- Acho que você é espírita.
- Não, já disse a você. Sou ateia.
- É que Jesus não te pegou ainda. Mas ele vai pegar.
- Olha, sinceramente, acho difícil que Jesus vá me pegar. Mas sabe o que eu acho curioso? Que eu não queira tirar a sua fé, mas você queira tirar a minha não fé. Eu não acho que você seja pior do que eu por ser evangélico, mas você parece achar que é melhor do que eu porque é evangélico. Não era Jesus que pregava a tolerância?
- É, talvez seja melhor a gente mudar de assunto...
O taxista estava confuso. A passageira era ateia, mas parecia do bem. Era tranquila, doce e divertida. Mas ele fora doutrinado para acreditar que um ateu é uma espécie de Satanás. Como resolver esse impasse? (Talvez ele tenha lembrado, naquele momento, que o pastor avisara que o diabo assumia formas muito sedutoras para roubar a alma dos crentes. Mas, como não dá para ler pensamentos, só é possível afirmar que o taxista parecia viver um embate interno: ele não conseguia se convencer de que a mulher que agora falava sobre o cartão do banco que tinha perdido era a personificação do mal.)
Chegaram ao destino depois de mais algumas conversas corriqueiras. Ao se despedir, ela agradeceu a corrida e desejou a ele um bom fim de semana e uma boa noite. Ele retribuiu. E então, não conseguiu conter-se:
- Veja se aparece lá na igreja! – gritou, quando ela abria a porta.
- Veja se vira ateu! – ela retribuiu, bem humorada, antes de fechá-la.
Ainda deu tempo de ouvir uma risada nervosa.

A parábola do taxista me faz pensar em como a vida dos ateus poderá ser dura num Brasil cada vez mais evangélico – ou cada vez mais neopentecostal, já que é esta a característica das igrejas evangélicas que mais crescem. O catolicismo – no mundo contemporâneo, bem sublinhado – mantém uma relação de tolerância com o ateísmo. Por várias razões. Entre elas, a de que é possível ser católico – e não praticante. O fato de você não frequentar a igreja nem pagar o dízimo não chama maior atenção no Brasil católico nem condena ninguém ao inferno. Outra razão importante é que o catolicismo está disseminado na cultura, entrelaçado a uma forma de ver o mundo que influencia inclusive os ateus. Ser ateu num país de maioria católica nunca ameaçou a convivência entre os vizinhos. Ou entre taxistas e passageiros.

Já com os evangélicos neopentecostais, caso das inúmeras igrejas que se multiplicam com nomes cada vez mais imaginativos pelas esquinas das grandes e das pequenas cidades, pelos sertões e pela floresta amazônica, o caso é diferente. E não faço aqui nenhum juízo de valor sobre a fé católica ou a dos neopentecostais. Cada um tem o direito de professar a fé que quiser – assim como a sua não fé. Meu interesse é tentar compreender como essa porção cada vez mais numerosa do país está mudando o modo de ver o mundo e o modo de se relacionar com a cultura. Está mudando a forma de ser brasileiro.

Por que os ateus são uma ameaça às novas denominações evangélicas? Porque as neopentecostais – e não falo aqui nenhuma novidade – são constituídas no modo capitalista. Regidas, portanto, pelas leis de mercado. Por isso, nessas novas igrejas, não há como ser um evangélico não praticante. É possível, como o taxista exemplifica muito bem, pular de uma para outra, como um consumidor diante de vitrines que tentam seduzi-lo a entrar na loja pelo brilho de suas ofertas. Essa dificuldade de “fidelizar um fiel”, ao gerir a igreja como um modelo de negócio, obriga as neopentecostais a uma disputa de mercado cada vez mais agressiva e também a buscar fatias ainda inexploradas. É preciso que os fiéis estejam dentro das igrejas – e elas estão sempre de portas abertas – para consumir um dos muitos produtos milagrosos ou para serem consumidos por doações em dinheiro ou em espécie. O templo é um shopping da fé, com as vantagens e as desvantagens que isso implica.

É também por essa razão que a Igreja Católica, que em períodos de sua longa história atraiu fiéis com ossos de santos e passes para o céu, vive hoje o dilema de ser ameaçada pela vulgaridade das relações capitalistas numa fé de mercado. Dilema que procura resolver de uma maneira bastante inteligente, ao manter a salvo a tradição que tem lhe garantido poder e influência há dois mil anos, mas ao mesmo tempo estimular sua versão de mercado, encarnada pelos carismáticos. Como uma espécie de vanguarda, que contém o avanço das tropas “inimigas” lá na frente sem comprometer a integridade do exército que se mantém mais atrás, padres pop star como Marcelo Rossi e movimentos como a Canção Nova têm sido estratégicos para reduzir a sangria de fiéis para as neopentecostais. Não fosse esse tipo de abordagem mais agressiva e possivelmente já existiria uma porção ainda maior de evangélicos no país.

Tudo indica que a parábola do taxista se tornará cada vez mais frequente nas ruas do Brasil – em novas e ferozes versões. Afinal, não há nada mais ameaçador para o mercado do que quem está fora do mercado por convicção. E quem está fora do mercado da fé? Os ateus. É possível convencer um católico, um espírita ou um umbandista a mudar de religião. Mas é bem mais difícil – quando não impossível – converter um ateu. Para quem não acredita na existência de Deus, qualquer produto religioso, seja ele material, como um travesseiro que cura doenças, ou subjetivo, como o conforto da vida eterna, não tem qualquer apelo. Seria como vender gelo para um esquimó.

Tenho muitos amigos ateus. E eles me contam que têm evitado se apresentar dessa maneira porque a reação é cada vez mais hostil. Por enquanto, a reação é como a do taxista: “Deus me livre!”. Mas percebem que o cerco se aperta e, a qualquer momento, temem que alguém possa empunhar um punhado de dentes de alho diante deles ou iniciar um exorcismo ali mesmo, no sinal fechado ou na padaria da esquina. Acuados, têm preferido declarar-se “agnósticos”. Com sorte, parte dos crentes pode ficar em dúvida e pensar que é alguma igreja nova.

Já conhecia a “Bola de Neve” (ou “Bola de Neve Church, para os íntimos”, como diz o seu site), mas nunca tinha ouvido falar da “Novidade de Vida”. Busquei o site da igreja na internet. Na página de abertura, me deparei com uma preleção intitulada: “O perigo da tolerância”. O texto fala sobre as famílias, afirma que Deus não é tolerante e incita os fiéis a não tolerar o que não venha de Deus. Tolerar “coisas erradas” é o mesmo que “criar demônios de estimação”. Entre as muitas frases exemplares, uma se destaca: “Hoje em dia, o mal da sociedade tem sido a Tolerância (em negrito e em maiúscula)”. Deus me livre!, um ateu talvez tenha vontade de dizer. Mas nem esse conforto lhe resta.

Ainda que o crescimento evangélico no Brasil venha sendo investigado tanto pela academia como pelo jornalismo, é pouco para a profundidade das mudanças que tem trazido à vida cotidiana do país. As transformações no modo de ser brasileiro talvez sejam maiores do que possa parecer à primeira vista. Talvez estejam alterando o “homem cordial” – não no sentido estrito conferido por Sérgio Buarque de Holanda, mas no sentido atribuído pelo senso comum.

Me arriscaria a dizer que a liberdade de credo – e, portanto, também de não credo – determinada pela Constituição está sendo solapada na prática do dia a dia. Não deixa de ser curioso que, no século XXI, ser ateu volte a ter um conteúdo revolucionário. Mas, depois que Sarah Sheeva, uma das filhas de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, passou a pastorear mulheres virgens – ou com vontade de voltar a ser – em busca de príncipes encantados, na “Igreja Celular Internacional”, nada mais me surpreende.
Se Deus existe, que nos livre de sermos obrigados a acreditar nele.

(Eliane Brum escreve às segundas-feiras)

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2011/11/dura-vida-dos-ateus-em-um-brasil-cada-vez-mais-evangelico.html
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Gigaview

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #1 Online: 02 de Janeiro de 2013, 02:18:47 »
Vou providenciar uma placa com os dizeres "Deus seja louvado" para ser colocada junto com a outra que diz "Cuidado com os cães" no muro da minha casa.

No carro vou colocar o clássico "dirigido por mim, guiado por Deus" ou "Propriedade de Jesus". Ainda não decidi.

Alguém sabe se existe case para Ipad que simula uma Bíblia?
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Gigaview

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #2 Online: 02 de Janeiro de 2013, 02:27:24 »
Achei este case, mas é discreto demais. É preciso deixar mais evidente que sou um abençoado.
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Offline uiliníli

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #3 Online: 02 de Janeiro de 2013, 02:36:41 »
No carro vou colocar o clássico "dirigido por mim, guiado por Deus" ou "Propriedade de Jesus". Ainda não decidi.

Que tal "Foi Deus quem me deu"?



Eu estou mal acostumado com a universidade, então não tenho muito contato com o mundo real. No meu laboratório tem três ateus convictos (um de origem judaica), uma budista, um não-religioso indiano ex-sikh e uma católica. Nos ambientes que frequento, você vai ser olhado como um alienígena é se você for evangélico.

Offline Gigaview

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #4 Online: 02 de Janeiro de 2013, 02:46:23 »
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Eu estou mal acostumado com a universidade, então não tenho muito contato com o mundo real. No meu laboratório tem três ateus convictos (um de origem judaica), uma budista, um não-religioso indiano que costumava ser sikh e uma católica. Nos ambientes que frequento, você vai ser olhado como um alienígena é se você for evangélico.

E o cara da limpeza? O porteiro? A pessoa que faz a comida que você come lá na cantina ou restaurante? O cara que cuida do seu carro?

Não se engane. Estamos cercados e algum dia eles serão capazes de atos extremos como exorcismos voluntários em nome do Senhor que deixarão hematomas em todo o seu corpo, senão a solução final para vencer definitivamente o capeta.
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Offline Gigaview

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #5 Online: 02 de Janeiro de 2013, 02:55:21 »
O Brasil ainda é um paraíso para os ateus.

http://en.wikipedia.org/wiki/Discrimination_against_atheists
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Offline uiliníli

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #6 Online: 02 de Janeiro de 2013, 02:55:41 »
Talvez um efeito involuntário das cotas sociais seja justamente o aumento da proporção de evangélicos nas universidades.
População de baixa renda é maioria entre evangélicos -- Folha de São Paulo

Offline uiliníli

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #7 Online: 02 de Janeiro de 2013, 03:01:30 »
O Brasil ainda é um paraíso para os ateus.

http://en.wikipedia.org/wiki/Discrimination_against_atheists

É que o preconceito no Brasil é discreto. Não só contra os ateus, mas até o racismo e a homofobia. Não há um preconceito oficial, institucionalizado, ele está presente é nas interações sociais, mas costuma ser velado. Porém as igrejas evangélicas são mais deslavadas, condenando explicitamente as fés afro-brasileiras e a homossexualidade, inclusive lutando no congresso contra a criminalização da homofobia a pretexto de defender seu direito à liberdade religiosa. Os ateus ainda são meio invisíveis no Brasil, mas quando aparecermos no radar das igrejas evangélicas a coisa pode piorar realmente.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #8 Online: 02 de Janeiro de 2013, 04:29:11 »
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Eu estou mal acostumado com a universidade, então não tenho muito contato com o mundo real. No meu laboratório tem três ateus convictos (um de origem judaica), uma budista, um não-religioso indiano que costumava ser sikh e uma católica. Nos ambientes que frequento, você vai ser olhado como um alienígena é se você for evangélico.

E o cara da limpeza? O porteiro? A pessoa que faz a comida que você come lá na cantina ou restaurante? O cara que cuida do seu carro?


Recebi por email e achei interessante.

Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da 'invisibilidade pública'.

Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro.

Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.

Plínio Delphino, Diário de São Paulo. [...]

Offline Metatron

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #9 Online: 02 de Janeiro de 2013, 09:26:22 »

Já conhecia a “Bola de Neve” (ou “Bola de Neve Church, para os íntimos”, como diz o seu site), mas nunca tinha ouvido falar da “Novidade de Vida”. Busquei o site da igreja na internet. Na página de abertura, me deparei com uma preleção intitulada: “O perigo da tolerância”. O texto fala sobre as famílias, afirma que Deus não é tolerante e incita os fiéis a não tolerar o que não venha de Deus. Tolerar “coisas erradas” é o mesmo que “criar demônios de estimação”. Entre as muitas frases exemplares, uma se destaca: “Hoje em dia, o mal da sociedade tem sido a Tolerância (em negrito e em maiúscula)”. Deus me livre!, um ateu talvez tenha vontade de dizer. Mas nem esse conforto lhe resta.


Estamos caminhando a passos largos para uma nova "Noite de São Bartolomeu", um episódio sangrento na repressão aos protestantes na França pelos reis franceses, que eram católicos. Esse genocídio aconteceu em 23 e 24 de agosto de 1572, em Paris, no dia de São Bartolomeu...

Desta vez os verdugos serão os evangélicos.



“Quem não quer pensar, é um fanático; quem não pode pensar, é um idiota; quem não ousa pensar, é um covarde”.
(Horace Walpole - Conde de Oxford)

Offline JohnnyRivers

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #10 Online: 02 de Janeiro de 2013, 09:32:37 »
Tenho medo de um país mais evangélico....
"Que homem é um homem que não torna o mundo melhor?"

"What do we need? Where do we go when we get where we don't know?
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Offline uiliníli

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #11 Online: 02 de Janeiro de 2013, 13:56:32 »
Todo mundo sabe que o Brasil é o país mais católico do mundo.
E obviamente é o país mais espírita (se não for o único...)
Mas o Brasil também já é o país mais pentecostal do mundo.

Não apenas estamos nos tornando um país evangélico, como estamos nos caracterizando por uma versão particularmente radical do protestantismo.


Offline Lucks

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #12 Online: 02 de Janeiro de 2013, 14:18:00 »
Sempre digo que a pior coisa para se ser nesse mundo é branco, 30 anos, classe média, ateu e heterosexual.
Não temos prioridade em nada....Entro num ônibus ou trem, nem perco tempo olhando para as cadeiras...vou ter que levantar para alguém mesmo!
Não tenho preferência nas filas...não tenho favorecimento por cotas...não existe uma parada hétero e beijo hétero acho que nem acontece mais na TV...é sério...um casal gay se beija toda hora na novela...mas os casais hétero mal dão um selinho vez ou outra.
O pior é ser Ateu... nem pra minha família falo isso usando essa palavra...é melhor dizer que "não sou nada", ou "não acredito em porcaria nenhuma"....usar a palavra ateu...nem pensar!

Eu não entendo porque posso ir parar na delegacia se chamar alguém de "preto"...mas quando me chamam de alemão ou de playboy...ninguém sequer imagina que isso possa ser considerado preconceito.

Eu não entendo porque sou acusado homofobia quando afasto meus filhos de um "casal" de homens se agarrando na praça de alimentação de um shopping, quando não vejo NUNCA nenhum casal hétero...mesmo de adolescentes protagonizando cenas de mesmo nível. (Leia-se o problema é a cena...não os personagens)

Eu não entendo porque um igreja evangélica pode proferir esses preconceitos (racial, sexual, religioso) sem que NADA aconteça...eu já quase fui preso por entrar na igreja para discutir com o pastor, que proferia que um ateu não é digno de construir família...exatamente no momento que passava pela porta da igreja com um minha filha recém nascida no carrinho.

Porque não posso mover uma ação judicial contra uma igreja que prega que EU sou o Satanás??
Não acredito no satanás, mas isso não deixa de ser constrangedor diante daqueles(maioria) que acredita!

Enfim...porque só "EU" sou o preconceituoso e o "RESTO das minorias" pode TUDO contra mim?
:)

Offline JohnnyRivers

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #13 Online: 02 de Janeiro de 2013, 15:17:24 »
The Lucks, você se esqueceu de mencionar que também não tem nenhum feriado especifico para essas qualidades:

Sempre digo que a pior coisa para se ser nesse mundo é branco, 30 anos, classe média, ateu e heterosexual.
"Que homem é um homem que não torna o mundo melhor?"

"What do we need? Where do we go when we get where we don't know?
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Offline uiliníli

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #14 Online: 02 de Janeiro de 2013, 15:38:02 »
Sempre digo que a pior coisa para se ser nesse mundo é branco, 30 anos, classe média, ateu e heterosexual.
Não temos prioridade em nada....Entro num ônibus ou trem, nem perco tempo olhando para as cadeiras...vou ter que levantar para alguém mesmo!

Não tenho preferência nas filas...não tenho favorecimento por cotas...não existe uma parada hétero e beijo hétero acho que nem acontece mais na TV...é sério...um casal gay se beija toda hora na novela...mas os casais hétero mal dão um selinho vez ou outra.

Faz tempo que eu não vejo novela, mas o pouco a que eu assisto quando estou em um lugar com a tv ligada na Globo me dá impressão de que novela é pornô softcore. A cada cinco minutos tem um casal hétero com as línguas enfiadas uma na garganta do outro. Já o tal do beijo gay até hoje é tabu, isso sim é que quando muito é selinho.

Parece dura a vida de um homem branco, heterossexual de 30 anos, mas pense pelo lado bom: você não corre risco de apanhar ou coisa pior por gostar de mulher, também não vai ser mais parado pela polícia por causa da sua cor e nem vai ser mal recebido num restaurante ou outro estabelecimento.

Sabe por que há passeatas de orgulho gay e de orgulho negro? É porque eles passam a vida inteira ouvindo que eles deviam ter vergonha. Não entenda orgulho como "ó, como eu sou preto, eu sou muito foda", entenda como "eu sou preto sim, e daí?"

Não se esqueça de que vivemos num mundo onde todo mundo é igual. Mas alguns são mais iguais do que outros.

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O pior é ser Ateu... nem pra minha família falo isso usando essa palavra...é melhor dizer que "não sou nada", ou "não acredito em porcaria nenhuma"....usar a palavra ateu...nem pensar!

Repare que antes você estava falando em como era difícil ser de uma maioria. Agora a situação mudou, no ateísmo você é a minoria. Imagine que você tivesse a palavra "ateu" tatuada na testa para todo mundo ver. Ou que seu jeito de falar e seus trejeitos denunciassem para todo mundo que você é ateu. É isso que significa ser negro ou ser homossexual na nossa sociedade. Você gostaria de viver assim?

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Eu não entendo porque posso ir parar na delegacia se chamar alguém de "preto"...mas quando me chamam de alemão ou de playboy...ninguém sequer imagina que isso possa ser considerado preconceito.

Você não vai ser mandado pra delegacia por chamar alguém de preto. Preto é o termo técnico que o próprio IBGE usa para categorizar quem não é branco ou pardo ou amarelo ou índio. Preto está ok. O problema é chamar alguém de macaco. Que insulto contra os brancos existe que é tão forte quanto "macaco"? Que insulto desumaniza tanto? Certamente não é alemão ou playboy.

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Eu não entendo porque sou acusado homofobia quando afasto meus filhos de um "casal" de homens se agarrando na praça de alimentação de um shopping, quando não vejo NUNCA nenhum casal hétero...mesmo de adolescentes protagonizando cenas de mesmo nível. (Leia-se o problema é a cena...não os personagens)

Acho que dificilmente você vai ser preso por causa disso.

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Eu não entendo porque um igreja evangélica pode proferir esses preconceitos (racial, sexual, religioso) sem que NADA aconteça...eu já quase fui preso por entrar na igreja para discutir com o pastor, que proferia que um ateu não é digno de construir família...exatamente no momento que passava pela porta da igreja com um minha filha recém nascida no carrinho.

Porque não posso mover uma ação judicial contra uma igreja que prega que EU sou o Satanás??
Não acredito no satanás, mas isso não deixa de ser constrangedor diante daqueles(maioria) que acredita!

Enfim...porque só "EU" sou o preconceituoso e o "RESTO das minorias" pode TUDO contra mim?

Porque os ateus não são politicamente organizados para fazerem valer os seus direitos, como as outras minorias.

Offline Lucks

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #15 Online: 02 de Janeiro de 2013, 16:09:49 »
Faz tempo que eu não vejo novela, mas o pouco a que eu assisto quando estou em um lugar com a tv ligada na Globo me dá impressão de que novela é pornô softcore. A cada cinco minutos tem um casal hétero com as línguas enfiadas uma na garganta do outro. Já o tal do beijo gay até hoje é tabu, isso sim é que quando muito é selinho.
Definitivamente...você vê mais novela do que eu...hehehe...não vou opinar muito a esse respeito...Mas vou dizer que para alguém que praticamente não assiste nada mais do que desenhos animados com meus filhos e documentários do History e Discovery, parece que 90% da programação faz apologia a homossexualismo e a probreza (no sentido pobre de cultura). 

Parece dura a vida de um homem branco, heterossexual de 30 anos, mas pense pelo lado bom: você não corre risco de apanhar ou coisa pior por gostar de mulher, também não vai ser mais parado pela polícia por causa da sua cor e nem vai ser mal recebido num restaurante ou outro estabelecimento.
Esse é o seu ponto de vista meu querido...
Não sou abordado pela polícia...mas quem você acha que o vagabundo aborda pra pedir 1 real? Nem sei quanto tempo faz que eu não fumo 1 maço de cigarro inteiro sem que algum "mano" me peça para descolar um. Pensa que me olham de que maneira quando passo por um bairro da periferia (e estou estou trabalhando). Acha mesmo que não me sinto intimidado?? Posso garantir que tem mais nóia na rua do que polícia...portanto, acredite...passo mais tempo intimidado do que imagina.

Sabe por que há passeatas de orgulho gay e de orgulho negro? É porque eles passam a vida inteira ouvindo que eles deviam ter vergonha. Não entenda orgulho como "ó, como eu sou preto, eu sou muito foda", entenda como "eu sou preto sim, e daí?"

Não se esqueça de que vivemos num mundo onde todo mundo é igual. Mas alguns são mais iguais do que outros.
Não quero expandir muito essa idéia...mas o que aconteceria se eu vestisse uma camiseta escrito "100% branco"? Teria efeito similar a uma suástica...e a recíproca não é verdadeira.(Camisetas 100% negro saíram de moda...mas ainda encontro algumas). Além disso...no caso dos negros, em geral boa parte do preconceito tem origem em outros negros...portanto...realmente orgulho não é o caso.
Quanto a homossexuais...prefiro falar pouco...pois já escreví que eu respeito, mas admito que tenho um preconceito irracional que não consegui dominar até hoje. Mas entendo que enquanto homossexuais se comportam como heterossexuais (no sentido de suas atitudes em público) raramente encontram problemas...a questão volta ao ponto da camiseta "100% negro" - seja homossexual...é problema seu...não precisa esfregar isso na cara de todo mundo! ** Obvio que existem exceções pra tudo...e entendo SIM que homossexuais são as maiores vítimas da violência gratuita.

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O pior é ser Ateu... nem pra minha família falo isso usando essa palavra...é melhor dizer que "não sou nada", ou "não acredito em porcaria nenhuma"....usar a palavra ateu...nem pensar!

Repare que antes você estava falando em como era difícil ser de uma maioria. Agora a situação mudou, no ateísmo você é a minoria. Imagine que você tivesse a palavra "ateu" tatuada na testa para todo mundo ver. Ou que seu jeito de falar e seus trejeitos denunciassem para todo mundo que você é ateu. É isso que significa ser negro ou ser homossexual na nossa sociedade. Você gostaria de viver assim?
Nem de longe é semelhante...basta procurar qualquer pesquisa sobre o assunto e verá que nada se compara ao preconceito contra o ateu...homossexual é sem-vergonha...ateu é o próprio satã. Não force a barra...a comparação não é válida...

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Eu não entendo porque posso ir parar na delegacia se chamar alguém de "preto"...mas quando me chamam de alemão ou de playboy...ninguém sequer imagina que isso possa ser considerado preconceito.

Você não vai ser mandado pra delegacia por chamar alguém de preto. Preto é o termo técnico que o próprio IBGE usa para categorizar quem não é branco ou pardo ou amarelo ou índio. Preto está ok. O problema é chamar alguém de macaco. Que insulto contra os brancos existe que é tão forte quanto "macaco"? Que insulto desumaniza tanto? Certamente não é alemão ou playboy.

Engano seu...não dá em nada...mas fui buscar meu sogro na delegacia a menos de 3 anos exatamente por isso...e a palavra usada foi "preto".

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Eu não entendo porque sou acusado homofobia quando afasto meus filhos de um "casal" de homens se agarrando na praça de alimentação de um shopping, quando não vejo NUNCA nenhum casal hétero...mesmo de adolescentes protagonizando cenas de mesmo nível. (Leia-se o problema é a cena...não os personagens)

Acho que dificilmente você vai ser preso por causa disso.
Preso não....em casos de preconceito...normalmente a coisa acaba em um acordo.
Mas sim...recebo críticas das pessoas por atitudes como essa... (E quero que se lasquem...decido "eu" qual é o ambiente adequado para minha família!)

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Eu não entendo porque um igreja evangélica pode proferir esses preconceitos (racial, sexual, religioso) sem que NADA aconteça...eu já quase fui preso por entrar na igreja para discutir com o pastor, que proferia que um ateu não é digno de construir família...exatamente no momento que passava pela porta da igreja com um minha filha recém nascida no carrinho.

Porque não posso mover uma ação judicial contra uma igreja que prega que EU sou o Satanás??
Não acredito no satanás, mas isso não deixa de ser constrangedor diante daqueles(maioria) que acredita!

Enfim...porque só "EU" sou o preconceituoso e o "RESTO das minorias" pode TUDO contra mim?

Porque os ateus não são politicamente organizados para fazerem valer os seus direitos, como as outras minorias.

Ao menos nisso concordamos...mas se parar para pensar...ATEUS são pessoas que não tem nada(necessariamente) em comum pare que se identifiquem e se organizem...a única coisa comum é a ausência da crença padrão. É um movimento complicadíssimo de se organizar.

Edit: E porque nem os homossexuais conseguem derrubar essas igrejas por discriminação? Se são organizados e tudo mais?
« Última modificação: 02 de Janeiro de 2013, 16:16:11 por The Lucks »
:)

Offline uiliníli

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #16 Online: 02 de Janeiro de 2013, 17:06:28 »
Definitivamente...você vê mais novela do que eu...hehehe...não vou opinar muito a esse respeito...Mas vou dizer que para alguém que praticamente não assiste nada mais do que desenhos animados com meus filhos e documentários do History e Discovery, parece que 90% da programação faz apologia a homossexualismo e a probreza (no sentido pobre de cultura). 

Nos desenhos animados e documentários do History e do Discovery? Caramba... O_o
Ultimamente eu só assisto Netflix, melhor não opinar sobre a programação televisiva também.

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Esse é o seu ponto de vista meu querido...
Não sou abordado pela polícia...mas quem você acha que o vagabundo aborda pra pedir 1 real? Nem sei quanto tempo faz que eu não fumo 1 maço de cigarro inteiro sem que algum "mano" me peça para descolar um. Pensa que me olham de que maneira quando passo por um bairro da periferia (e estou estou trabalhando). Acha mesmo que não me sinto intimidado?? Posso garantir que tem mais nóia na rua do que polícia...portanto, acredite...passo mais tempo intimidado do que imagina.

Sou abordado por muito "noia" na rua também. Os noias são produto das desigualdades sociais nas grandes cidades e em particular da disseminação do crack, isso é um problema que atinge toda a sociedade. Por exemplo, você falou da intimidação que sente quando passa por bairros da periferia a trabalho e eu entendo plenamente como você se sente, também há lugares na minha cidade por onde eu fico incomodado de passar. Mas sabe o que é pior do que passar por esses bairros da periferia? Viver neles. Imagina se você morasse lá e quisesse criar os seus filhos direito sabendo do que se passa do lado de fora da sua casa? Por isso eu imagino que o seu desconforto de classe-média, embora legítimo, ainda é menor do que o da classe-baixa.

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Não quero expandir muito essa idéia...mas o que aconteceria se eu vestisse uma camiseta escrito "100% branco"? Teria efeito similar a uma suástica...e a recíproca não é verdadeira.(Camisetas 100% negro saíram de moda...mas ainda encontro algumas). Além disso...no caso dos negros, em geral boa parte do preconceito tem origem em outros negros...portanto...realmente orgulho não é o caso.

É verdade o que você falou de que boa parte do racismo vem dos próprios negros e pardos. Tem muitos que têm vergonha de sua cor e usam eufemismos como "moreno de sol" e coisas do gênero. Mas isso é consequência justamente da falta de orgulho - em certos ambientes o negro passa a vida inteira achando que devia ter vergonha de sua cor e o resultado é que muitos realmente assimilam essa vergonha. Por isso a ênfase no orgulho negro, para libertar aqueles que se sentem inferiorizados.

E os brancos? Olha, eu realmente não creio que seja ilegal usar uma camiseta com a inscrição "100% branco". E acho que é muito diferente de usar uma suástica, essa sim é proibida por lei. Mas voltando: os brancos não usam camisetas 100% branco, mas eles reafirmam seu orgulho de outras maneiras, principalmente aqueles com ancestralidade europeia próxima. Ou você nunca viu manifestações de orgulho de descendentes de italianos e de alemães? A diferença é que os brancos celebram uma nacionalidade, os negros perderam a sua. Os negros não sabem se seus bisavôs eram de etnia banto, nagô, malê... isso foi apagado da história, afinal escravo preto era tudo a mesma coisa. O orgulho que restou para eles foi o da cor.

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Quanto a homossexuais...prefiro falar pouco...pois já escreví que eu respeito, mas admito que tenho um preconceito irracional que não consegui dominar até hoje. Mas entendo que enquanto homossexuais se comportam como heterossexuais (no sentido de suas atitudes em público) raramente encontram problemas...a questão volta ao ponto da camiseta "100% negro" - seja homossexual...é problema seu...não precisa esfregar isso na cara de todo mundo! ** Obvio que existem exceções pra tudo...e entendo SIM que homossexuais são as maiores vítimas da violência gratuita.

Eu acho (e reconheço que isso é um palpite) que alguns homossexuais internalizam trejeitos característicos justamente para chamar a atenção. Talvez seja inconsciente, mas há uma lógica nisso: se todos os homossexuais se comportassem exatamente como os heterossexuais se comportam, ninguém saberia quem é homossexual e quem é heterossexual. A consequência disso é que mais homens iriam te abordar na balada, afinal o único jeito de encontrar um parceiro é arriscando. Acho que nem você gostaria de ser abordado por mais gays e nem eles gostariam de arriscas ser agredidos por um rapaz intolerante. Assumindo um comportamento característico eles evitam ambiguidade e sinalizam para outros gays que eles são mais receptivos a esses avanços.

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Nem de longe é semelhante...basta procurar qualquer pesquisa sobre o assunto e verá que nada se compara ao preconceito contra o ateu...homossexual é sem-vergonha...ateu é o próprio satã. Não force a barra...a comparação não é válida...

Pode até haver mais preconceito contra os ateus, mas os ateus não se destacam na multidão. Se uma pessoa que acha que ateus são satanás encarnado passa ao seu lado na rua não vai acontecer absolutamente nada com você. Mas quando uma pessoa que acha que preto é bandido passa ao lado, um negro não tem como disfarçar. Quando um cara que acha que homossexualidade é falta de surra e um casal gay passa de mãos dadas, também não tem como esconder. Então inevitavelmente a discriminação contra negros ou gays é bem mais significativa.

A comparação é validíssima. Se você sente medo de sair na rua com uma camiseta com "ateu" escrito bem grande, tente imaginar como é a vida de um homossexual em certos lugares. Toda semana dá no jornal notícias de homossexuais assassinados ou espancados, ou de lésbicas estupradas para "aprenderem a gostar de homem", ou de negros mortos pela polícia porque foram confundidos com bandido... a mais recente que eu vi foi de um negro que tomou um tiro porque o policial confundiu sua bíblia com uma pistola.

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Engano seu...não dá em nada...mas fui buscar meu sogro na delegacia a menos de 3 anos exatamente por isso...e a palavra usada foi "preto".

Não teve nenhum adjetivo acompanhando o "preto"?

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Preso não....em casos de preconceito...normalmente a coisa acaba em um acordo.
Mas sim...recebo críticas das pessoas por atitudes como essa... (E quero que se lasquem...decido "eu" qual é o ambiente adequado para minha família!)

Eu concordo, você não é obrigado a gostar de negros ou de homossexuais e certamente não pode ser preso por causa disso. Mas as outras pessoas também têm o direito de franzir as sombrancelhas e fazer "tsc, tsc, tsc... :nao3:" pra você.

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Ao menos nisso concordamos...mas se parar para pensar...ATEUS são pessoas que não tem nada(necessariamente) em comum pare que se identifiquem e se organizem...a única coisa comum é a ausência da crença padrão. É um movimento complicadíssimo de se organizar.

Tecnicamente sim. Mas a maioria dos ateus não é só ateu e acabou. Aqui no CC a gente compartilha um monte de ideias em comum: temos uma visão de mundo naturalista; acreditamos que a ciência é a melhor forma de se adquirir informações sobre o mundo; acreditamos que a ética não provem de um ser superior, mas da razão e da experiência; acreditamos que religião e política devem permanecer separadas... enfim, a gente acredita em muita coisa para sermos só ateus. Aliás, acho ateísmo uma palavra extremamente inapropriada, pois ela nos define por aquilo que a gente não é. É tão pobre quanto dizer que somos anoéis, porque não cremos em Papai Noel.

Offline Gigaview

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #17 Online: 02 de Janeiro de 2013, 18:12:09 »
The Lucks, você foi certeiro na sua abordagem e compartilho com você todas as suas indignações. Valeu!!!  :ok: :)
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #18 Online: 02 de Janeiro de 2013, 19:17:30 »
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O pior é ser Ateu... nem pra minha família falo isso usando essa palavra...é melhor dizer que "não sou nada", ou "não acredito em porcaria nenhuma"....usar a palavra ateu...nem pensar!

Repare que antes você estava falando em como era difícil ser de uma maioria. Agora a situação mudou, no ateísmo você é a minoria. Imagine que você tivesse a palavra "ateu" tatuada na testa para todo mundo ver. Ou que seu jeito de falar e seus trejeitos denunciassem para todo mundo que você é ateu. É isso que significa ser negro ou ser homossexual na nossa sociedade. Você gostaria de viver assim?
Nem de longe é semelhante...basta procurar qualquer pesquisa sobre o assunto e verá que nada se compara ao preconceito contra o ateu...homossexual é sem-vergonha...ateu é o próprio satã. Não force a barra...a comparação não é válida...

Enquanto ateus se comportam como cristãos (no sentido de suas atitudes em público) raramente encontram problemas...

Offline Buckaroo Banzai

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #19 Online: 02 de Janeiro de 2013, 19:28:30 »
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Eu não entendo porque posso ir parar na delegacia se chamar alguém de "preto"...mas quando me chamam de alemão ou de playboy...ninguém sequer imagina que isso possa ser considerado preconceito.

Você não vai ser mandado pra delegacia por chamar alguém de preto. Preto é o termo técnico que o próprio IBGE usa para categorizar quem não é branco ou pardo ou amarelo ou índio. Preto está ok. O problema é chamar alguém de macaco. Que insulto contra os brancos existe que é tão forte quanto "macaco"? Que insulto desumaniza tanto? Certamente não é alemão ou playboy.

Bem, o próprio fraseamento "chamar alguém de preto" deixa meio sugerido que "preto" aí intenciona ser um insulto. Você não fala em "chamar" alguém de branco/homem/mulher. Se por isso quer dizer apenas "fazer referência a alguém", então em boa parte do tempo não deve ser mesmo problemático, mas é um terreno meio inseguro. Apesar do IBGE usar "preto", acaba sendo mais seguro "negro", e hiper-seguro "afro-descendente". No entanto se quer mesmo xingar alguém que por acaso se enquadre nessa descrição, o mais seguro é deixar esse aspecto de lado.

[...]
Ao ser informado por Ana Brenda sobre os 17 quilos a mais do que é estipulado como limite para cada passageiro, Petrônio, que também tem a pele escura, questionou a cobrança pelo excesso de forma ofensiva. "Ele disse: ‘por que eu vou pagar se eu já paguei? Por que eu pagaria para você, uma neguinha folgada’. Eu continuei o atendimento e depois chamei a Polícia Federal", relatou a vítima.
[...]



Offline Gigaview

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #20 Online: 02 de Janeiro de 2013, 19:37:53 »
Os ateus que tiveram uma educação religiosa vão levar vantagem. Triste vai ser ver ateus aprendendo a rezar numa versão de "evangélicos novos" dos "cristãos novos" do passado.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #21 Online: 02 de Janeiro de 2013, 20:44:26 »
Eles não precisam rezar, da mesma forma que os homossexuais não precisam andar de mãos dadas com pessoas do sexo oposto por aí. Basta não ficarem querendo se aparecer, fazer "espetáculos", ateus e/ou homossexuais.

Offline Lucks

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #22 Online: 02 de Janeiro de 2013, 21:56:20 »
Eles não precisam rezar, da mesma forma que os homossexuais não precisam andar de mãos dadas com pessoas do sexo oposto por aí. Basta não ficarem querendo se aparecer, fazer "espetáculos", ateus e/ou homossexuais.

Cara...o duro é quando tentam me convencer a ir para a igreja, centro espírita, terreiro....aí fica difícil não se manifestar. No mais...concordo...dá para se manter "ateisticamente" invisível.
:)


Offline Lucks

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Re:A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
« Resposta #24 Online: 02 de Janeiro de 2013, 22:51:34 »
Diga, "eu não acredito que Deus quer que eu vá à igreja/terreiro/centro".
Bem...nesses casos prefiro dizer que sou Ateu...normalmente serve para desestimular o sujeito a insistir em me salvar.
:)

 

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