Autor Tópico: Imposto sobre riqueza  (Lida 12898 vezes)

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Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #25 Online: 06 de Janeiro de 2013, 15:57:27 »
Arcanjo, eu não estou defendendo as estatais. Não quero socializar os meios de produção, então falar da ineficiência das empresas públicas está fora do escopo da discussão.

E por que o governo deixou as empresas fazerem essas estripulias? Exatamente porque o governo está nas mãos dos ricos, que é quem financiam as campanhas desde o vereador até o presidente da república, vivemos numa plutocracia de facto.

Sei que vc não está defendendo mas o caso aqui é este mesmo, quem dá prejuízo e faz péssimos investimentos é o setor público.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #26 Online: 06 de Janeiro de 2013, 16:00:18 »
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E por que o governo deixou as empresas fazerem essas estripulias? Exatamente porque o governo está nas mãos dos ricos, que é quem financiam as campanhas desde o vereador até o presidente da república

Então que se proibam doações de campanha, engraçado que até os esquerdistas inimigos das zelith aceitaram doações de banqueiros...

Offline uiliníli

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #27 Online: 06 de Janeiro de 2013, 16:06:48 »
Arcanjo, eu não estou defendendo as estatais. Não quero socializar os meios de produção, então falar da ineficiência das empresas públicas está fora do escopo da discussão.

E por que o governo deixou as empresas fazerem essas estripulias? Exatamente porque o governo está nas mãos dos ricos, que é quem financiam as campanhas desde o vereador até o presidente da república, vivemos numa plutocracia de facto.

Sei que vc não está defendendo mas o caso aqui é este mesmo, quem dá prejuízo e faz péssimos investimentos é o setor público.

O setor privado também dá prejuízo e faz péssimos investimentos. A diferença é que temos apenas um governo e milhares de empresas, então a seleção natural nos dá vários exemplos de empresas que sobreviveram e retroativamente é muito fácil dizer que elas fizeram todas as boas escolhas para sobreviver.

O meu ponto de vista é que setor público e setor privado se complementam. As experiências de economias planificadas foram um fracasso retumbante, mas a economia laissez-faire também fracassa em vários pontos, e um desses pontos é justamente a superconcentração de renda que desequilibra muito as relações de poder entre as classes.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #28 Online: 06 de Janeiro de 2013, 16:11:16 »
Só que um péssimo investimento no setor privado é punido com falência, no setor público brasileiro péssimo investimento e prejuízo constante é regra.

E quem paga a conta somos todos nós que não tivemos nada com isso.

Offline uiliníli

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #29 Online: 06 de Janeiro de 2013, 16:14:52 »
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E por que o governo deixou as empresas fazerem essas estripulias? Exatamente porque o governo está nas mãos dos ricos, que é quem financiam as campanhas desde o vereador até o presidente da república

Então que se proibam doações de campanha, engraçado que até os esquerdistas inimigos das zelith aceitaram doações de banqueiros...

O financiamento público de campanha já seria um avanço realmente enorme. Mas há outras formas como as grandes desigualdades de renda erodem o equilíbrio de forças na democracia, como compra de votos, manipulação da imprensa, etc. Manter as desigualdades sociais em um nível controlado deveria ser um dos papéis do estado, e isso não tem nada a ver com comunismo, já que economia capitalistas bem desenvolvidas como a Suécia, a Holanda e a própria França também têm um nível alto de bem-estar social.

Mas o que você queria? Aos banqueiros interessa que o ganhador das eleições esteja nas mãos dele, seja de esquerda ou de direita. Ao esquerdista que diz que contrário à zelite interessa fazer uma campanha que possa concorrer em condições de igualdade com a do direitista que é à favor da zelite. O esquerdista que é contra mesmo não consegue fazer uma boa propaganda, não consegue viajar e não tem espaço na mídia.

Offline uiliníli

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #30 Online: 06 de Janeiro de 2013, 16:23:11 »
Só que um péssimo investimento no setor privado é punido com falência, no setor público brasileiro péssimo investimento e prejuízo constante é regra.

E quem paga a conta somos todos nós que não tivemos nada com isso.

Em 2009 os americanos pagaram 700 bilhões de dólares em impostos para "punir" o setor privado pelos seus maus investimentos, então calma aí.

Acontece que o setor público não pode falir porque até mesmo o setor privado depende dele de quando em quando e ele é importante para regular o mercado e implementar políticas de bem-estar social. (A não ser que você seja um daqueles diabólicos anarco-capitalistas...)

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #31 Online: 06 de Janeiro de 2013, 16:23:27 »
Compra de votos tb se faz com "programas sociais" e o que não falta  por aqui são exemplos de como nossos ilustres representantes usam a imprensa a seu favor, sejam de direita ou esquerda.

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Manter as desigualdades sociais em um nível controlado deveria ser um dos papéis do estado,

Mostre um único setor público bem administrado.

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Ao esquerdista que diz que contrário à zelite interessa fazer uma campanha que possa concorrer em condições de igualdade com a do direitista que é à favor da zelite. O esquerdista que é contra mesmo não consegue fazer uma boa propaganda, não consegue viajar e não tem espaço na mídia.

Não é o discurso que todos eles usavam quando eram oposição?




Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #32 Online: 06 de Janeiro de 2013, 16:25:30 »
Só que um péssimo investimento no setor privado é punido com falência, no setor público brasileiro péssimo investimento e prejuízo constante é regra.

E quem paga a conta somos todos nós que não tivemos nada com isso.

Em 2009 os americanos pagaram 700 bilhões de dólares em impostos para "punir" o setor privado pelos seus maus investimentos, então calma aí.

Acontece que o setor público não pode falir porque até mesmo o setor privado depende dele de quando em quando e ele é importante para regular o mercado e implementar políticas de bem-estar social. (A não ser que você seja um daqueles diabólicos anarco-capitalistas...)

E quem permitiu que a situação chegasse a tal ponto? Não foi o governo americano que obrigava os bancos a darem crédito com pouca ou nenhuma garantia só para fazer populismo?

Então...

Offline uiliníli

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #33 Online: 06 de Janeiro de 2013, 16:35:28 »
Compra de votos tb se faz com "programas sociais" e o que não falta  por aqui são exemplos de como nossos ilustres representantes usam a imprensa a seu favor, sejam de direita ou esquerda.

Se não houvessem desigualdades sociais tão absurdas, esses programas de transferência de renda não existiriam ou alcançariam uma parcela bem menor do eleitorado. Mas eu concordo que haja uso político oportunista disso, tanto na esquerda quanto na direita.

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Mostre um único setor público bem administrado.

No Brasil é complicado... pode ser na Suécia?

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Não é o discurso que todos eles usavam quando eram oposição?

E só viraram governo quando mudaram o discurso, não por coincidência. Mas a classe política no Brasil é terrível, não sou eu quem vou questionar isso.

E quem permitiu que a situação chegasse a tal ponto? Não foi o governo americano que obrigava os bancos a darem crédito com pouca ou nenhuma garantia só para fazer populismo?

Então...

E não teve nada a ver com as imobiliárias que dissumulavam os riscos quando contratavam as seguradoras? Nem relação nenhuma com as seguradoras que percebiam isso e repassavam o risco dissimulado para as seguradoras maiores? Nem com as seguradoras maiores que sabiam que podiam aceitar os riscos porque eram "grandes demais para quebrar" e iam receber socorro do governo depois?
« Última modificação: 06 de Janeiro de 2013, 16:37:29 por uiliníli »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #34 Online: 06 de Janeiro de 2013, 16:50:44 »
A França fez isso, o resultado foi a fuga de ricos para os países vizinhos.

Teve apenas esse resultado? Quais outras variáveis foram "medidas"?






Olhem isso aqui:

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There is no state in the union where someone working a minimum-wage job for 40 hours a week, or $15,080 a year, can afford a two-bedroom apartment at fair market value.

At the opposite end of the financial spectrum, Mitt Romney made $15,080 every 6 hours in 2010, when he grossed over $21 million in income. It would take a minimum-wage worker 1,436 years and 10 months to make what Mitt Romney made in 2010.

If that hasn't sunk in yet, I'll say it differently. To make as much as Mitt Romney made in one year, a minimum-wage worker working 40 hours a week for $7.25 an hour would have to start work during the Liang Dynasty and work all the way to the present day. Assuming an average life expectancy of 65 years, since minimum-wage workers can't get the same nutrition and health care that everyone else can, that's 22 entire lifetimes of nonstop minimum-wage work, from infancy to death, just to make what one man made in one year.

Guys as rich as Mitt Romney make money for having money. He doesn't simply work for a living, but rather acquires wealth from investments already made with previously accumulated wealth. While a minimum-wage worker pays a third of their income in sales, property, payroll and excise taxes, Mitt Romney pays just a 13.9% tax rate on more than half of his income, because it comes from capital gains, instead of good old-fashioned hard work.

http://readersupportednews.org/opinion2/274-41/12415-time-for-a-maximum-wage

Acho que a comparação com salário mínimo é meio "espantalho"/enganosa.

A menos que você ache que o salário mínimo deva ser suficiente já para dar uma vida confortável de classe média. Um garoto ou garota de 15-16 anos, começa a trabalhar no McDonald, e então já pode pagar aluguel num bom apartamento e ser independente dos pais, vivendo com os mesmos níveis de conforto. Você acredita que algo assim é possível de ser criado na base da canetada?


E mesmo assim ainda ficaria bem atrás de riquezas acumuladas com anos de ganhos maiores e heranças... então talvez o salário mínimo talvez já devesse ser algo mais do que suficiente para criar uma "classe média confortável", algo como "novos-ricos"? Ou, tudo se trata não de fazer aqueles que estão embaixo ganharem mais, mas de impedir que os de cima tenham tanto? 

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #35 Online: 06 de Janeiro de 2013, 16:56:16 »
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Se não houvessem desigualdades sociais tão absurdas, esses programas de transferência de renda não existiriam ou alcançariam uma parcela bem menor do eleitorado. Mas eu concordo que haja uso político oportunista disso, tanto na esquerda quanto na direita.

Que só servem apenas para comprar eleitores dependentes, o que foi feito até agora para tirar esse pessoal de tal situação de modo definitivo? Nada.

Aliás, mudaram o modo como aparecem nas estaísticas e quem recebe passou a ser "classe média".

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No Brasil é complicado... pode ser na Suécia?

Cite um exemplo daqui, afinal não moramos na Suécia. Moramos em um país onde aluno de sexta série não sabe escrever o próprio nome.

Citar
E só viraram governo quando mudaram o discurso, não por coincidência. Mas a classe política no Brasil é terrível, não sou eu quem vou questionar isso.

Então, tanto um como outro só se interessa mesmo por manter a situação atual.

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E não teve nada a ver com as imobiliárias que dissumulavam os riscos quando contratavam as seguradoras? Nem relação nenhuma com as seguradoras que percebiam isso e repassavam o risco dissimulado para as seguradoras maiores? Nem com as seguradoras maiores que sabiam que podiam aceitar os riscos porque eram "grandes demais para quebrar" e iam receber socorro do governo depois?

E não teve nada a ver com quem regulava o mercado? Ou será que ninguém percebeu isso porque não interessava perceber?

E então? De quem é a maior culpa? De quem se aproveita da situação ou de quem faz uso político dela?




Offline uiliníli

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #36 Online: 06 de Janeiro de 2013, 17:10:29 »
Acho que a comparação com salário mínimo é meio "espantalho"/enganosa.

A menos que você ache que o salário mínimo deva ser suficiente já para dar uma vida confortável de classe média. Um garoto ou garota de 15-16 anos, começa a trabalhar no McDonald, e então já pode pagar aluguel num bom apartamento e ser independente dos pais, vivendo com os mesmos níveis de conforto. Você acredita que algo assim é possível de ser criado na base da canetada?


E mesmo assim ainda ficaria bem atrás de riquezas acumuladas com anos de ganhos maiores e heranças... então talvez o salário mínimo talvez já devesse ser algo mais do que suficiente para criar uma "classe média confortável", algo como "novos-ricos"? Ou, tudo se trata não de fazer aqueles que estão embaixo ganharem mais, mas de impedir que os de cima tenham tanto? 

Acho que agora quem está fazendo um espantalho é você. Não precisa incluir caviar na cesta básica também. Mas trazendo para o Brasil, se o DIEESE diz que o salário mínimo deveria ser de R$ 2.519,97 a fim de suprir as necessidades básicas de uma família, mas ele é de R$ 678,00; e enquanto isso o 0,1% do topo da piramide sobrevive humildemente com rendimentos centenas de vezes maiores, então eu acho que impostos bem mais altos ou limitações nos rendimentos e políticas ativas para reduzir esse abismo são medidas a serem consideradas sim.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #37 Online: 06 de Janeiro de 2013, 17:15:47 »
Eu não disse nada de "caviar".

Por que o salário mínimo deve ser o suficiente para sustentar uma família? (Família de que tamanho? Com que composição etária?)

Você acha que um garoto de trás do balcão do McDonalds já deveria ganhar 2.519 por mês? :hein:


Imagino que se isso fosse feito o big mac estaria custando uns duzentos reais...



Quais são os problemas com o abismo de diferenças de rendimentos na sociedade? Se tem alguma noção de quanto seria a diferença máxima ideal para que esses problemas não ocorressem? Com base em que?

Offline uiliníli

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #38 Online: 06 de Janeiro de 2013, 17:19:38 »
Que só servem apenas para comprar eleitores dependentes, o que foi feito até agora para tirar esse pessoal de tal situação de modo definitivo? Nada.

Aliás, mudaram o modo como aparecem nas estaísticas e quem recebe passou a ser "classe média".

Estou de acordo, minha intenção neste tópico não é defender o PT.

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Cite um exemplo daqui, afinal não moramos na Suécia. Moramos em um país onde aluno de sexta série não sabe escrever o próprio nome.

O tema do tópico não é a qualidade das políticas públicas brasileiras, mas a tributação sobre a riqueza visando amenizar problemas de desigualdade de renda e produzir políticas de bem-estar social, então exemplos de países que foram bem-sucedidos nisso é que são relevantes.

Citar
Então, tanto um como outro só se interessa mesmo por manter a situação atual.

Sim, o PT é farinha do mesmo saco do PSDB.

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E não teve nada a ver com quem regulava o mercado? Ou será que ninguém percebeu isso porque não interessava perceber?

E então? De quem é a maior culpa? De quem se aproveita da situação ou de quem faz uso político dela?

Teve a ver com ambos. Como eu disse, setor privado e setor público devem se complementar. Para mim um país sem estado é tão distópico quanto um sem iniciativa privada.

Offline uiliníli

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #39 Online: 06 de Janeiro de 2013, 17:31:09 »
Eu não disse nada de "caviar".

Por que o salário mínimo deve ser o suficiente para sustentar uma família?

E por que razão uma pessoa trabalha, se não para sustentar a si e a quem depende dela? Só um escravo trabalharia por menos que o mínimo.

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Você acha que um garoto de trás do balcão do McDonalds já deveria ganhar 2.519 por mês? :hein:

Não sei, eu também não li o relatório do DIEESE. Eles devem saber. Supondo que esses R$ 2500 sejam o valor total, e não o per capita, se o salário mínimo fosse a metade disso, uma família formada por dois adultos em idade economicamente ativa e seus dependentes (assumindo que sejam em número não maior do que a média) teria o suficiente. Mas o salário mínimo não é nem metade disso.

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Imagino que se isso fosse feito o big mac estaria custando uns duzentos reais...

Naturalmente não se aumenta o salário mínimo com uma canetada, a inflação imediatamente iria acabar com seu poder de compra. O aumento do poder de compra só será real se for acompanhado por um aumento da produtividade dos trabalhadores. O caso é que não podemos deixar esse aumento de produtividade ir apenas para os bolsos dos patrões. Eu postei algumas mensagens atrás que o poder de compra da classe-média britânica está estagnado a 20 anos, mas a concentração de riqueza nas mãos dos 0,1% britânicos mais ricos aumentou de 1,3% para 6,5% entre 1979 e 2007. Isso é o tipo de coisa que não queremos que aconteça, o governo tem que zelar para que os trabalhadores também se beneficiem do crescimento econômico, e não apenas os mais ricos.

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Quais são os problemas com o abismo de diferenças de rendimentos na sociedade? Se tem alguma noção de quanto seria a diferença máxima ideal para que esses problemas não ocorressem? Com base em que?

Não faço a menor ideia, eu só sei que (1) os pisos mais baixos da pirâmide recebem muito abaixo do que necessitam enquanto os mais altos recebem o suficiente para nunca mais precisarem trabalhar e viver de renda pelo resto da vida e (2) altas desiguldades de renda estão correlacionadas com muitos problemas sociais, como corrupção e violência.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #40 Online: 06 de Janeiro de 2013, 17:47:03 »
Eu não disse nada de "caviar".

Por que o salário mínimo deve ser o suficiente para sustentar uma família?

E por que razão uma pessoa trabalha, se não para sustentar a si e a quem depende dela? Só um escravo trabalharia por menos que o mínimo.

Você está pressupondo que uma família tem só uma pessoa assalariada, que todos os outros são dependentes, além de todo o pensamento mágico por trás da noção de que as empresas poderiam dar os salários que quisessem se os capitalistas burgueses não fossem inerentemente malévolos.


[continuo mais tarde, ou não]

Offline uiliníli

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #41 Online: 06 de Janeiro de 2013, 17:50:18 »
Você está pressupondo que uma família tem só uma pessoa assalariada, que todos os outros são dependentes, além de todo o pensamento mágico por trás da noção de que as empresas poderiam dar os salários que quisessem se os capitalistas burgueses não fossem inerentemente malévolos.


[continuo mais tarde, ou não]

Não sei, eu também não li o relatório do DIEESE. Eles devem saber. Supondo que esses R$ 2500 sejam o valor total, e não o per capita, se o salário mínimo fosse a metade disso, uma família formada por dois adultos em idade economicamente ativa e seus dependentes (assumindo que sejam em número não maior do que a média) teria o suficiente. Mas o salário mínimo não é nem metade disso.

Naturalmente não se aumenta o salário mínimo com uma canetada, a inflação imediatamente iria acabar com seu poder de compra. O aumento do poder de compra só será real se for acompanhado por um aumento da produtividade dos trabalhadores. O caso é que não podemos deixar esse aumento de produtividade ir apenas para os bolsos dos patrões. Eu postei algumas mensagens atrás que o poder de compra da classe-média britânica está estagnado a 20 anos, mas a concentração de riqueza nas mãos dos 0,1% britânicos mais ricos aumentou de 1,3% para 6,5% entre 1979 e 2007. Isso é o tipo de coisa que não queremos que aconteça, o governo tem que zelar para que os trabalhadores também se beneficiem do crescimento econômico, e não apenas os mais ricos.

Se for para ignorar completamente o que eu escrevi e continuar com espantalhos, melhor não continuar mesmo.
« Última modificação: 06 de Janeiro de 2013, 17:54:55 por uiliníli »

Offline Diegojaf

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #42 Online: 06 de Janeiro de 2013, 18:15:48 »
Olha o que acontece quando os executivos das grandes empresas privadas ferram a economia:

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WASHINGTON — The American International Group, which has received more than $170 billion in taxpayer bailout money from the Treasury and Federal Reserve, plans to pay about $165 million in bonuses by Sunday to executives in the same business unit that brought the company to the brink of collapse last year.
http://www.nytimes.com/2009/03/15/business/15AIG.html?_r=0



Na época isso repercutiu tão negativamente que se não me engano, o Obama disse que as empresas que receberam o dinheiro da ajuda não poderiam fazer essa "gracinha" com os CEO's...
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Geotecton

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #43 Online: 06 de Janeiro de 2013, 19:26:07 »
Só que um péssimo investimento no setor privado é punido com falência, no setor público brasileiro péssimo investimento e prejuízo constante é regra.

E quem paga a conta somos todos nós que não tivemos nada com isso.
Em 2009 os americanos pagaram 700 bilhões de dólares em impostos para "punir" o setor privado pelos seus maus investimentos, então calma aí.
[...]

Tudo bem. Mas o principal responsável pela crise foi o Estado.


Acontece que o setor público não pode falir porque até mesmo o setor privado depende dele de quando em quando e ele é importante para regular o mercado e implementar políticas de bem-estar social. (A não ser que você seja um daqueles diabólicos anarco-capitalistas...)

O setor público só não quebra 'por definição' porque conceitualmente vários entes administrativos brasileiros já seriam considerados falidos há muito tempo pelo padrão privado.
« Última modificação: 09 de Junho de 2014, 23:30:36 por Geotecton »
Foto USGS

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #44 Online: 06 de Janeiro de 2013, 19:38:55 »
Você está pressupondo que uma família tem só uma pessoa assalariada, que todos os outros são dependentes, além de todo o pensamento mágico por trás da noção de que as empresas poderiam dar os salários que quisessem se os capitalistas burgueses não fossem inerentemente malévolos.


[continuo mais tarde, ou não]

Não sei, eu também não li o relatório do DIEESE. Eles devem saber. Supondo que esses R$ 2500 sejam o valor total, e não o per capita, se o salário mínimo fosse a metade disso, uma família formada por dois adultos em idade economicamente ativa e seus dependentes (assumindo que sejam em número não maior do que a média) teria o suficiente. Mas o salário mínimo não é nem metade disso.

Ok. Então você entende que não há problema em uma pessoa poder receber menos que o mínimo estimado para sustentar uma família média/ideal.

...e?



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Naturalmente não se aumenta o salário mínimo com uma canetada, a inflação imediatamente iria acabar com seu poder de compra. O aumento do poder de compra só será real se for acompanhado por um aumento da produtividade dos trabalhadores. O caso é que não podemos deixar esse aumento de produtividade ir apenas para os bolsos dos patrões. Eu postei algumas mensagens atrás que o poder de compra da classe-média britânica está estagnado a 20 anos, mas a concentração de riqueza nas mãos dos 0,1% britânicos mais ricos aumentou de 1,3% para 6,5% entre 1979 e 2007. Isso é o tipo de coisa que não queremos que aconteça, o governo tem que zelar para que os trabalhadores também se beneficiem do crescimento econômico, e não apenas os mais ricos.

Se for para ignorar completamente o que eu escrevi e continuar com espantalhos, melhor não continuar mesmo.

Ok, mas então qual é a relevância do salário mínimo e da comparação com essa estimativa do custo para sustentar uma família média? Como isso se relaciona com existirem pessoas que ganham muito mais?

Também não entendo exatamente a questão dos ricos enriquecerem mais rapidamente do que a classe média, e que benefícios se supõe que traria a "correção" disso.

Como é a qualidade de vida do britânico de classe média ao longo desse tempo todo, também estagnada? O dinheiro "a mais" dos ricos nesse período representaria o que, se homogeneamente distribuído à classe média?

Offline uiliníli

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #45 Online: 06 de Janeiro de 2013, 19:56:13 »
A questão toda é simplesmente que impostos maiores sobre as classes mais altas para trazer benefícios sociais para as mais baixas são perfeitamente legítimos, uma vez que as classes mais altas têm sido as principais beneficiados (se não únicas) pelo crescimento econômico, pelo menos no caso do Reino Unido e dos Estados Unidos, onde a renda da classe-média está estagnada, mas a do 0,1% do topo da pirâmide social aumenta enormemente.

Não tenho disponíveis os dados para o Brasil, exceto o relativo ao salário mínimo real e ao salário mínimo considerado digno pelo DIEESE, que difere em mais de 300% dele. Por esse motivo as políticas públicas devem ser direcionadas no sentido de fazer com que o crescimento econômico do país se traduza em aumento do poder de compra das classes mais baixas, em vez de uma maior concentração da renda e se esse objetivo puder ser alcançado através de uma tributação proporcionalmente maior para as classes mais altas, que assim seja.



OFF: Amanhã eu viajo para São Carlos e ficarei o dia todo fora, como vou ter trabalho para fazer quando chegar, provavelmente vou demorar a responder as mensagens deste e de outros tópicos de que estou participando.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #46 Online: 06 de Janeiro de 2013, 20:02:58 »
Eu nem questiono isso, só acho que não tem nada a ver contrastar o quanto ganha o Sílvio Santos e um servente do McDonalds para argumentação, nem tem nada a ver com salário mínimo (ou pelo menos não no sentido que se costuma imaginar, salário mínimo como algo bom, contra a desigualdade, apesar de proibir as pessoas de trabalharem por menos, gerando desemprego/informalidade, e mais desigualdade).


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Justiça distributiva

Harry Gensler
John Carroll University, Cleveland, USA

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[...] John Rawls propôs uma influente abordagem não consequencialista à justiça. Como podemos decidir o que é justo? Rawls sugere que a pergunta a fazer é esta: que regras mereceriam o nosso acordo em certas condições hipotéticas (a posição original)? Imagina que somos livres, lúcidos e conhecemos todos os factos relevantes — mas não conhecemos o nosso lugar na sociedade (se somos ricos ou pobres, negros ou brancos, de sexo feminino ou masculino). A limitação do conhecimento tem o objectivo de assegurar a imparcialidade. Por exemplo, se não sabemos qual é a nossa raça, não podemos manipular as regras para favorecer uma raça e prejudicar outras. As regras de justiça são as regras que mereceriam o nosso acordo nestas condições de imparcialidade.

Que regras mereceriam o nosso acordo na posição original? Rawls argumenta que escolheríamos estes dois princípios básicos de justiça (e cuja formulação simplifiquei):

Princípio da liberdade igual: A sociedade deve assegurar a maior liberdade para cada pessoa compatível com uma liberdade igual para todos os outros.
Princípio da diferença: A sociedade deve promover uma distribuição igual de riqueza, excepto se as desigualdades servirem como incentivo para benefício de todos (incluindo os menos favorecidos) e estiverem abertas a todos numa base igual.
O princípio da liberdade igual assegura coisas como liberdade de religião e liberdade de expressão. Rawls diz que tais direitos não podem ser violados a favor da utilidade social. O princípio da diferença é acerca da distribuição de riqueza. Na posição original poderíamos sentir-nos atraídos pela perspectiva igualitária segundo a qual todos deveriam ter exactamente a mesma riqueza. Mas desse modo a sociedade estagnaria, uma vez que as pessoas teriam poucos incentivos para fazerem coisas difíceis (como tornarem-se médicos ou inventores) que acabam por beneficiar todas as pessoas. Por isso, preferiríamos uma regra que permite incentivos.

De uma maneira geral, todos teriam a mesma riqueza numa sociedade rawlsiana — excepto para desigualdades (como pagar mais a médicos) que são justificadas como incentivos que acabam por beneficiar todas as pessoas, e que estão abertas a todos numa base igual. [...]

Robert Nozick é o crítico mais duro do princípio da diferença de Rawls. A perspectiva que propõe é a da titularidade das posses justas. Esta perspectiva diz que tudo o que ganhas honestamente através do teu esforço e de acordos justos é teu. Se alguém ganhou legitimamente o que tem, então a distribuição que daí resulta é justa — independentemente de poder ser desigual. Ainda que outros tenham muito menos, ninguém tem o direito de se apropriar das tuas posses. Esquemas (como taxas diferenciadas de impostos) que forçam a redistribuição de riqueza são errados porque violam o teu direito à propriedade. Roubam o que é teu para dar a outros.

Quanto devem ganhar os médicos? Segundo Nozick, devem ganhar seja o que for que ganhem legitimamente. Numa sociedade podem ganhar praticamente o mesmo que qualquer outra pessoa; noutra, podem ganhar grandes somas de dinheiro. Nos dois casos, são titulares do que ganham — e qualquer esquema que lhes retire os seus ganhos para ajudar outros é injusto.

Que perspectiva devemos preferir, a de Rawls ou a de Nozick? Se apelarmos a intuições morais, ficaremos num impasse; as intuições liberais estão de acordo com Rawls, enquanto as intuições libertárias estão de acordo com Nozick. Contudo, eu afirmaria que a consistência racional favorece algo de parecido com a perspectiva de Rawls. Imagina uma sociedade organizada segundo a concepção de mercado livre de Nozick e na qual, depois de várias gerações, há um grande fosso entre ricos e pobres. Aqueles que nasceram numa família rica são ricos, e aqueles que nasceram numa família pobre sujeitam-se a uma pobreza que não podem vencer. Imagina que tu e a tua família sofrem desta pobreza. Se estiveres nesta situação, poderás desejar que os princípios de Nozick sejam seguidos?

Harry Gensler

Tradução de Faustino Vaz
Extraído de Ethics: A contemporary introduction, de Harry Gensler (Routledge, 1998)

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Offline uiliníli

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #47 Online: 06 de Janeiro de 2013, 20:05:29 »
Se a discussão é sobre o salário máximo, então é relevante saber quanto ganha o Sílvio Santos em comparação ao servente do MacDonalds (na verdade o mais relevante é saber quanto ganha o presidente da rede em comparação ao servente). Se a discussão é impostos sobre a riqueza, então não tem tanta relação. Tecnicamente o tópico é sobre o segundo tema, mas achei que seria interessante discutir o primeiro também.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #48 Online: 06 de Janeiro de 2013, 20:30:03 »

A questão toda é simplesmente que impostos maiores sobre as classes mais altas para trazer benefícios sociais para as mais baixas são perfeitamente legítimos, uma vez que as classes mais altas têm sido as principais beneficiados (se não únicas) pelo crescimento econômico, pelo menos no caso do Reino Unido e dos Estados Unidos..."

No caso do Brasil onde vc sabe perfeitamente que não existe uma única obra pública sem superfaturamento ou orgão público onde não exista desvio de verbas, o que faz vc acreditar que o imposto cobrado a mais chegará onde deve?


Que garantia vc pode dar de que a verba a mais não será usada em mais um projeto populista de compra de eleitores ou que não vá acabar nas contas dos mensaleiros?

Offline Moro

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Re:Imposto sobre riqueza
« Resposta #49 Online: 06 de Janeiro de 2013, 20:31:47 »
Apoio o que for necessário para que a camada mais baixa possa viver bem. Mas não antes de um controle da corrupção e das contas publicas. Porque tenho sempre que pagar pela ineficiência alheia? É justamente bancar Sarneys, Dirceus, uma puta corrupção e agüentar esses mesmos caras dizendo que eu causo a desigualdade?
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

 

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