Num debate sobre o "sentido do universo" com o Dawkins, o Craig argumenta que (resumo meu) o universo tem um sentido, porque existe uma moral absoluta, que por sua vez, só pode ter sido estabelecida por um criador, pois se concluímos que existe maldade no mundo é porque concordamos que existe uma forma correta, pela qual as coisas deveriam ser, o que reforça o argumento de uma moral absoluta, que por sua vez, reforça o argumento de um criaddor.
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Eu "atacaria" a parte negritada. A falha está em associar um "sentido" (uma razão para existir) com uma moral absoluta. É preciso 1o delimitar as definições da alegação dele de criador. Depois mostrar-lhe a petição de princípio, associar a moral absoluta a um criador. E por último perguntar ao cidadão que relação há entre uma razão de existir e a moral absoluta?
Uma vez que a moral só existe em seres conscientes, como atribuir uma razão de existir a uma galáxia inteira que em nada interfere na vida de tais seres conscientes?
Então, deixa eu me expressar melhor. A coisa é mais bem elaborada do que isso. A pergunta do debate, é se o universo tem um propósito, na verdade, então Craig, começa por "Se Deus não existe, o Universo não tem um propósito", mas "Se existe, então o Universo tem um propósito".
Mais a frente, apresenta o "problema do mal", definindo o mal como "um devio no modo de ser das coisas" e então argumenta mais ou menos o que eu resumi, mas abordando os pontos que você apontou, acho.
O vídeo está aqui, se quiser ver. É curto até. Em torno de seis minutos para cada um.
Achei que eu tivesse comentado esse post, acho que deve ter ido embora numa manutenção, ou eu me confundi e não postei...
Eu vi esse vídeo, e me surpreendi com quão tosco esse argumento é... nunca tinha visto nada antes dele, se esse for o padrão, é então espantoso como é possível "ganhar" debates com argumentos tão toscos assim. Parece até desonestidade intelectual mesmo, será que uma pessoa adulta, que se dedica a debates, nunca ouviu falar de "petição de princípio"? A única coisa que ele acertou é em dizer que se o universo não foi criado, não tem um propósito (desconsiderando-se as pessoas poderem "dar um propósito", o que talvez nem venha ao caso, seja já "outra coisa"), o resto foi tudo um monte de falácias bem toscas mesmo, chegam até a ser irritantes, de tão grotescas. Dá mesmo a impressão de um uso deliberado de falácias, em vez de uma busca por tentar evitá-las ao máximo para construir melhores argumentos.
Não sei, acho que na maior parte do tempo talvez diferença mais relevante seja só uma seriedade que a hipótese de um super-cara tem por tradição, em comparação a outras hipóteses estapafúrdias. Qualquer outra coisa ou entidade mágica que se inventar, que se imaginar/definir ter o poder para realizar aquilo que está em questão, é tão boa quanto um super-cara primordial (ou criado por outro super-cara, filho de um casal de super-pessoas, o que for).
Ok, mas e se você provar que o universo foi criado por fadas, duendes ou cangurus-cyborg? Isso ainda é relevante, sua visão de mundo não se alteraria radicalmente se descobrisse que fomos criados por uma raça de cangurus-cyborg? O que você provavelmente deseja demonstrar é que se o universo tem uma primeira causa, essa causa é não-inteligente; mas o debatedor teísta sabe que você quer explorar essa fraqueza, é por isso que no argumento da contingência o Craig tenta nos persuadir que a causa imaterial e atemporal do universo teria que ser uma mente e é para estabelecer definitivamente que o criador no universo é uma entidade inteligente e não qualquer ramo de alfafa que existe o argumento teleológico.
Bem, eu estava me referindo especificamente ao argumento "a moral só pode vir de Deus", onde acho que ainda é igualmente válido dizer que "só pode vir de fezes transcendentais", o que pode incluir fezes atemporais não-defecadas, ou defecadas por um deus, ou um monte deles.
Ainda não vi nada dele quanto a necessidade de uma "causa inteligente". Realmente não adianta muito trocar por duendes ou fadas, que são antropomórficos demais, mas talvez se poderia dizer que não é necessária inteligência, apenas instinto. O universo é a teia de uma deusa-aranha, ou a colméia de deusas-abelhas, ou o formigueiro de deusas-formigas. Teia é especialmente bom porque o universo parece uma teia. Se você quer ir além do "espantalho", pode continuar isso. Por que instinto? Instinto é apenas um comportamento regular. Não é muito diferente de "leis da física", que, não requer nenhum sistema nervoso, e de vez em quando é fraseada em termos animistas, inclusive.
Mas ainda assim, acho que essa comparação vai gerar uma rejeição emocional, ser vista então apenas como insulto bobo, mesmo sendo logicamente válida.