Achei que eu tivesse comentado esse post, acho que deve ter ido embora numa manutenção, ou eu me confundi e não postei...
Eu vi esse vídeo, e me surpreendi com quão tosco esse argumento é... nunca tinha visto nada antes dele, se esse for o padrão, é então espantoso como é possível "ganhar" debates com argumentos tão toscos assim. Parece até desonestidade intelectual mesmo, será que uma pessoa adulta, que se dedica a debates, nunca ouviu falar de "petição de princípio"? A única coisa que ele acertou é em dizer que se o universo não foi criado, não tem um propósito (desconsiderando-se as pessoas poderem "dar um propósito", o que talvez nem venha ao caso, seja já "outra coisa"), o resto foi tudo um monte de falácias bem toscas mesmo, chegam até a ser irritantes, de tão grotescas. Dá mesmo a impressão de um uso deliberado de falácias, em vez de uma busca por tentar evitá-las ao máximo para construir melhores argumentos.
O argumento pode ser tosco, eu discordo, mas da forma como foi exposto, achei muito perspicaz, no sentido de desafiar o oponente. O Dawkins, acredito, só não aceitou o desafio, porque tem experiência em debates. Eu que não tenho, por exemplo, teria caído na armadilha. E, certamente, passaria vergonha. Tanto que após assistir ao vídeo, tentei improvisar uma resposta simples e objetiva e não consegui, me enrolei, gaguejei, esqueci as palavras, mesmo sem ninguém para testemunhar, o que também pode ser explicado por minha falta de habilidade.
Aliás, assistindo aos vídeos, cheguei à conclusão que o sucesso do Craig se deve à sua performance ou, melhor dizendo, que o insucesso dos oponentes se deve à performance destes. E me parece que devido ao ceticismo.
Perdemos um pouco da habilidade de sedução, pois somos induzidos a focar friamente apenas na lógica dos argumentos, o que com frequência nos faz parecer arrogantes, exibicionistas e debochados, além claro, da pouca importância que demonstramos, com isso, dar as questões das quais discordamos. E com essa impressão de desrespeito que, acredito, sem querer/perceber, na maior parte das vezes, passamos, perdemos o respeito do oponente e/ou platéia. O que parece acontecer com frequência, mesmo quando debatemos entre nós. Veja, por exemplo, os debates sobre política. A conquista pelo convencimento é uma tarefa árdua e, geralmente, inglória, requer esforço, paciência e concentração, é cansativa e, comumente, se torna redundante, quase uma declaração de menosprezo à inteligência alheia. Em vez de travar um diálogo, de igual para igual, adotamos um tom meio didático. O convencimento pela conquista é mais eficiente, mas não nos atrai, pois nos sentimos desconfortáveis de apelar a qualquer outra coisa que não à razão, parece desonesto, embora, sem perceber, às vezes, também fazemos isso. Enfim, parece que tendemos a ser meio esquisitões.
Ou talvez, provavelmente, eu esteja só viajando.