Um dos maiores risco das UPPs é exatamente este. Elas são boas medidas, mas são medidas paliativas. Para serem definitivas, teriam que vir acompanhadas de N outras medidas que dessem sustentação a elas.
O perigo é que no Brasil, as medidas paliativas acabam sendo encaradas como se fossem definitivas e a solução para o problema.
O problema principal é muito trabalhoso, dá uma preguiça pensar nele... Bem melhor, mais rápido e mais rentável eleitoralmente atacar alguns dos sintomas.
Disse tudo, Fabrício.

Não tenho conhecimentos de sociologia, antropologia etc suficientes para explicar (se é que existe alguma explicação satisfatória) que raio de herança é essa que parece vir do início da colonização. Estou falando das
eternas medidas paliativas.

Ainda esses dias no ótimo programa Observatório da Imprensa, em que o tema era a redução da maioridade penal etc, alguém disse que não existem soluções imediatas para todas essas questões. Mas é claro que não! O problema é que os nossos nobres representantes (representam quem?) estão sempre dizendo exatamente isso. E assim vamos empurrando com a barriga, mas logo, logo tem a Copa do Mico, isto é, do Mundo, tem a Olimpíada etc, etc. E como o brasileiro "padrão" tem ainda o "se Deus quiser", "vai como Deus quer", "Deus sabe o que faz" etc, etc, às vezes tenho a impressão que isso aqui não vai mudar nunca!

A pobreza não tem muita relação com isso, exceto para explicar o desleixo dos governantes com esses locais e a facilidade dos traficantes influenciarem a população e recrutarem pessoas (em locais ricos provavelmente viriam recrutas de fora caso a quantidade de filhinhos de papai drogados não seja suficiente para o serviço).
O Estado não entra no morro por desinteresse e omissão, que permitem diretamente a ocorrência do crime em larga escala, e os pobres são os indivíduos que compõem majoritariamente a mão-de-obra das organizações criminosas e você ainda acha que a pobreza "não tem muita relação"? A probreza é fundamental para a ocorrência do crime nestes moldes.
Nesse caso concordo com o Price. Se a quantidade de pobres fosse muito menor, não existissem tantas e imensas favelas, certamente as coisas não teriam chegado a esse ponto. Por tudo isso e muito mais é que as medidas paliativas acabam sendo, lamentavelmente, as únicas!
