Na verdade, profissionalmente, ele ganhar seria melhor para mim (o meu estado é governado pelo DEM e continuará também a ser também na prôxima gestão).
Seria perigoso no sentido de algumas políticas que são desenvolvidas hoje deixarem de ser, além de ser o início de uma cadeia de eventos que pode (ou não) levar ao poder uma ideologia a qual me posiciono contrário.
Poderia desenvolver? Eu realmente gostaria de saber. Não é minha intenção, em princípio, debater, questionar, tentar convencê-lo do contrário, mas só "ouvir". Entender seu ponto de vista.
Como disse, o que coloco tem a ver com o meu ponto de vista sobre as políticas desenvolvidas por esse governo e o que está sinalizando Aécio. As políticas que defendo (e que tenho motivos para isso, mas não vem ao caso nesta questão) podem ser justamente contrárias ao que defendem outros foristas, mas é onde reside a minha opção eleitoral no momento e, em parte, a minha mudança de opinião para 2018. O que vou colocar não são argumentos, mas explicações para a minha colocação acima.
Como disse, algumas políticas que foram iniciadas neste governo, e que acho interessantes, precisam ser consolidadas sob o risco de serem extintas ou alteradas de forma a não terem o mesmo propósito inicial, morrendo por inanição. Na Saúde, uma série de políticas foram deflagradas nos últimos 4 anos que visam a uma melhoria do SUS ainda não foi totalmente implementada ou ainda encontram-se em um processo muito embrionário. O fortalecimento da Atenção Básica é um exemplo. Não importa quantos hospitais ou clínicas de especialidades se construa, sem uma atenção básica que funcione e coordene os outros níveis, sempre haverá um déficit nas vagas hospitalares e na média complexidade. Não vou explicar os motivos, mas isso é ponto pacífico na Saúde Pública, seja aqui, seja no Canadá, RU ou EUA. Nunca antes a Atenção Básica esteve tanto na pauta do governo (ao menos o federal) quanto nestes últimos 4 anos. Neste tempo houve uma nova política da Atenção da Básica, um censo para conhecer a dimensão da infra-estrutura das unidades básicas de saúde, criação de um índice para monitoramento da qualidade dessa atenção, repasses por equipe mediante desempenho, criação dos NASF e universalização, Consultório na Rua, novo sistema de informações da AB, e-SUS AB com a estratégia de prontuário eletrônico, envolvendo informatização das unidades e banda larga, reforma, ampliação e construção de unidades básicas, e o próprio PROVAB e Mais Médicos, não somente com o provimento, mas também no processo de formação e reestruturação dos currículos.
O Aécio já deu mostras que vai em uma direção contrária, já que deu uma entrevista na AMB em que se posicionou contra o Mais Médicos, dizendo que iria respeitar os 3 anos e rever o convênio com a OPAS, ou seja, matar o programa. O problema é que afeta a Atenção Básica como um todo, isso porque mais de 14.000 equipes simplesmente vão deixar de existir de uma hora para outra (além da volta de uma prática que estávamos conseguindo aos poucos reverter). Outra proposta dele é espalhar 500 clínicas de especialistas Brasil afora. O que de início não parece ruim, apresenta alguns problemas: primeiro é algo que já existe: são as AME de São Paulo, mas existem também em vários municípios do País. Natal tem e municípios maiores do estado também tem. Não é uma novidade e esbarra ainda em outro problema: a falta de especialistas. Se não for articulado com a AB não vai funcionar, como não funcionou em Natal, por exemplo (e foi uma fonte de corrupção na época).
Fora a Atenção Básica, estamos reestruturando o modelo para uma ótica de redes regionais e isso está bem no começo, sem uma proteção pode acabar revertendo o processo iniciado. O Contrato Organizativo de Ação Pública em Saúde, que ainda quase ninguém assinou, visa justamente responsabilizar o gestor das 3 esferas pelo estabelecido em seu plano de saúde. Novamente pode haver um retrocesso em algo que já é muito difícil.
Existem outras ações que considero interessantes que não continuarão existir com o governo do Aécio: A Política de Participação Social e a reforma política. No caso desse último, acredito que o PSDB possui até mais cacife para realizar, mas duvido que queira, por outro lado, a proposta de um plebiscito para a instalação de uma Assembleia Constituinte Restrita pode, talvez, conseguir realizar a reforma.
Outro problema mais local é a atenção dada ao nordeste. O Nordeste, de uma maneira geral, sempre foi deixado de lado nas políticas públicas. Nas últimas gestões, contudo, existiu um grande investimento na região, desde duplicação de estradas a instalações de infraestrutura (e a própria transposição do São Francisco). Houve também um enorme investimento nas universidades daqui e na expansão dos institutos federais. Aécio parece estar dando muita atenção ao sudeste na campanha e não apresenta projetos para o nordeste. O medo é que retorne como era antes do governo Lula.
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Agora um pouco de achismo: o PSDB não é um partido de direita e nem possui muitas ideias de direita, porém o que vejo é que tem existido uma polarização muito forte no Brasil, com a direita orbitando o PSDB, porque ele se apresenta como a única alternativa viável para derrotar o PT hoje e possui uma ideologia mais palatável. Se fosse apenas a centro-direita não preocuparia tanto, mas o que vejo é um crescimento de grupos libertários e defensores dessas ideias, em vários setores, e do movimento político evangélico. Meu receio é que em 2 ou 3 eleições eles cheguem ao poder central e acabem com tudo conseguido de 88 para cá (e, para mim, isso seria um retrocesso). E o começo do processo seria justamente a eleição do PSDB agora.
Como disse, acredito que a maioria não vai concordar com os meus pontos e vai me acusar de ser esquerda estúpida latino-americana. Mas foi uma exposição de motivos, sem a ideia de convencimento. É pessoal.