Eles [comunistas] não tinham poder nenhum,
Eles tinham o presidente, embora não tinham maioria no congresso. Com o presidente do lado, poderiam se infiltrar paulatinamente nas engrenagens da política e das forças armadas, minando-as por dentro. Ao final poderiam dar o golpe definitivo contando com militares fiéis (que não eram poucos), "profissionais" (a grande maioria, que obedece quem está efetivamente no comando) e, na pior das hipóteses, dissidentes de baixa patente (como sargentos).
foi o golpe de estado mais pacífico que eu ja vi, sem nenhuma resistência, sem nenhum conflito, sem nada,
A modorra burocrática, a inação do governo, a fraqueza do "dispositivo" militar e a burrice de Jango impediram uma pronta resposta às ameaças, deflagradas (prematuramente) por 2 generais mineiros. Jango não poderia mais contar com a bandeira da "legalidade", pois ele mesmo a tinha violado quando apoiou a quebra da hierarquia militar. Só lhe restava uma ação de força contra os revoltosos, mas ele hesitou em fazer. Essa hesitação deu tempo para o outro lado arregimentar mais adeptos. Os militares "profissionais" (os que apóiam o lado que parece estar efetivamente no comando) viram que os ventos* sopravam mais para a direita do que para a esquerda, e aderiram paulatinamente à revolução.
*A "árvore" da democracia inevitavelmente iria cair, cabendo-se apenas escolher o lado.
nem uma limpeza as FFAA precisaram fazer.
Foi feita sim. Não foi a maioria, mas foi um número significativo. Muitos expurgos foram injustos e mesmo cruéis (como o do General Assis Brasil, cujo único "crime" foi ter escoltado Jango para a fuga ao Uruguai, o que era a sua obrigação oficial, não atrapalhou e na verdade até ajudou o golpe).
O AI 1 foi basicamente expurgos de políticos e militares.
O que aconteceu, os revoltosos mudaram de lado ou eram tão poucos que a retirada deles nem fez alvoroço?
Eles perderam a batalha política ao não conseguirem o apoio de parte significativa das FFAA, e foram "emparedados".
Tanto os direitistas quanto os esquerdistas pró-ditadura eram minoria, mas as ações desses últimos enquanto no governo Jango fizeram tanto alarme que moveu a grande massa "apolítica" para o lado contrário, e os esquerdistas ainda foram inábeis em manobrar as alianças dentro do governo, das FFAA e dos grupos sociais de modo a obterem a maioria ou ao menos o apoio dos grupos com mais "poder de fogo" político.. Falharam posteriormente em fornecer uma pronta resposta à ameaça de levante, com ações de força, acreditando que a bandeira da "legalidade" ainda lhes serviria e seria suficiente.