[Aviso: não li o tópico inteiro, não vou ler, mas vou dar pitaco mesmo assim.]
Ateísmo e agnosticismo são respostas para perguntas diferentes.
"Você acredita em um deus/deuses?"
Se sim, você é teísta; se não, você é ateu.
"Você acha que a gente pode ter certeza se um deus/deuses existe/existem?"
Se sim, você é gnóstico; se não, você é agnóstico.
Isso mostra ser um erro pressupor que o sujeito seja ateu porque é agnóstico; há agnósticos teístas, que crêem em um ou mais deuses mas não acham que tais deuses sejam acessíveis racionalmente. ("Creio porque é absurdo", alguém?)
Agora, tentando apimentar um pouco a coisa... por que se dizem agnósticos quanto a deuses, mas não a centauros ("não sei se centauros existem"), fadas e similares?
Hmmm... não sei se adianta alguma coisa depois desse tempo todo, mas à medida que lia, comecei a pensar que deveria interferir para adicionar alguma precisão às respostas oferecidas. Até que o bom amigo Polaco, acima citado, respondeu no essencial. Mas me permita contribuir um pouco também...
Agnosticismo e ateísmo são completamente diferentes. São duas posturas diversas e que respondem perguntas diversas.
Para começar, agnosticismo não é "dúvida". Agnosticismo é a
convicção de que uma resposta não pode ser alcançada de forma válida. Como diz a etimologia da própria palavra, é a
Ausência de uma
Gnose. E, francamente, não precisa ser sequer uma questão sobre divindades. O termo "gnose" fala a respeito de conhecimento, mas não especifica o
tipo de conhecimento que se persegue. Algém pode perfeitamente ser agnóstico sobre Dragões, alienígenas, sobre a inocência de OJ Simpson, ou sobre as teorias de conspiração de 11/09. Embora usada comumente pára referir-se a discussões sobre Deus, nada intrínseco na palavra a relaciona a esse tópico.
Já o ateísmo é uma opinião assertiva. É a convicção na
Ausência de
Theos (Deus).
Assim, uma pessoa que tem absoluta certeza que Deus não existe, além da dúvida mesmo filosófica, é um "ateu forte". Uma pessoa que é perfeitamente convicta que Deus não existe, mas admite uma possibilidade filosófica de estar errado é um "ateu fraco" (posição mais comum entre os ateus, e que reputo mal-denominada, pois cria a errada impressão de falta de convicção).
Uma pessoa que não se decidiu ainda é, simplesmente, um indeciso, com tendências para um lado ou para o outro. Para ser um agnóstico (sobre deus)
bona fide, você não pode ou deve trabalhar com "incerteza" sobre a coprreção de uma resposta, mas sim, com a
impossibilidade filosófica ou prática de responder a pergunta.
Eu, por exemplo, sou agnóstico quanto a existência de vida em outros planetas (acho provável, mas não há como coletar provas ou oferecer argumentos definitivos), e também sou agnóstico quanto à idéia de que a percepção de cores, no cérebro de cada uma, faz com que todos vejam as mesmas coisas como idênticas. Quem garante que o que você chama de vermelho é a mesma coisa que eu chamo?
Assim, uma pessoa pode,
perfeitamente, ser atéia e agnóstica ao mesmo tempo; reputar que é filosoficamente impossível apresentar prova definitiva de Deus, mas ter a convicção de que os elementos de lógica e retórica são bastantes para considerar a hipótese de tal forma improvável que ela não merece crédito.
Dito isso, eu destaco que esse caso especial do agnosticismo, o tópico "Deus", me parece absolutamente frágil, porque a dúvida é composta apenas com a alteração de padrões de comparação e de prova que seriam
rejeitados em qualquer outra hipótese. Argumentos subjetivos e anedóticos são aceitos na tese constitutiva (Deus existe), mas provas absolutamente rígidas são exigidas do desconstitutivo (Deus não existe). Essa absoluta falta de coerência na composição do parâmetro de prova exigido me leva a concluir que esse caso especial de agnosticismo é injustificado e injustificável.
Att.
FredLC.