Saques e caos após o apocalipse que aconteceu em Nova Orleans é uma coisa.
Saques e caos generalizado quando a polícia sai das ruas é outra coisa.
Mas também acho que não se pode definir o povo brasileiro como saqueador no geral.
Acredito que o que ocorreu em Pernambuco tem a ver com questões sociais e consequências de lavagem cerebral ideológica.
Vejam, o PT cresceu aos olhos do povo pregando uma ideologia que vende ao cidadão que os ricos, empresários, burgueses, etc., são os que, por concentrarem renda, empobrecem as massas. No momento em que a ordem pública está frágil (greve da PM), aos olhos dos oprimidos e excluídos se apresenta uma oportunidade de reequilibrar as coisas. Nesse momento ele não vê que está cometendo um crime mas sim redistribuindo riqueza.
Passei a pensar nisso quando vi notícias de que muitos saqueadores estavam arrependidos e indo às delegacias devolver o que saquearam.
Pobre povo que se esqueceu que quem defendia a revolta agora está no poder e que agora a regra é outra...
Os saques ocorrem pela quebra da ordem social e do efeito manada.
Uma classe de trabalhadores não ir pra rua não é quebra da ordem social. Quebra da ordem social foi a onda de saques, não a greve.
Existem explicações para os saques:
a) Temos uma cultura de impunidade, no Brasil o crime compensa;
b) Temos, em geral, uma moral torpe, de pensar demais em si mesmo e não na sociedade como um todo, falta solidariedade, sobra liberdade;
c) Nossa educação é ruim, mesmo pessoas diplomadas são bastante ignorantes e pouco cultas;
d) Temos pouco respeito pelo o que é dos outros. Ao invés de admiração por aqueles que conquistam, temos inveja;
e) Não valorizamos o mérito, mas sim passamos a mão na cabeça de quem comete erros e os premiamos;
Basicamente é isso. Muitos países tem problemas semelhantes, mas no Brasil tenho a impressão que passamos do ponto do tolerável.
Minha previsão para o futuro: ou vamos afundar de vez desta maneira ou então, cedo ou tarde, quando a violência descambar totalmente, quando quase ninguém puder ficar tranquilo, mesmo os ricos, vai aparecer um salvador da pátria, com um discurso radical, ultraconservador, religioso, ultranacionalista, e teremos no Brasil, novamente, um governo autoritário e um modelo de Estado Policial, mas claro, sob a bandeira da democracia e todo mundo vai aplaudir e pior, talvez será a nossa única alternativa para voltar aos trilhos num futuro distante.