Sobre a sensação de nojo, a meu ver ela é a expressão do preconceito, ela é a materialização do preconceito.
Mesmo o nojo relativo a alimentos e hábitos de higiene. Mesmo esses.
Não se trata de uma resposta natural do organismo, mas uma construção psicológica aprendida ao longo da vida.
Em muitos lugares no mundo, principalmente na Ásia, a população possui o hábito de comer insetos, aracnídeos, cães e gatos. As pessoas por lá não apresentam sensação de nojo ao se deliciar com tais "iguarias" culinárias.
Bebês não apresentam nojo a nada que lhes seja colocado na boca. Podem, sim, apresentar rejeição por ser aquilo que lhe é oferecido ser algo azedo ou desagradável, mas não sentem nojo, na sua específica definição. Fazer caretas e recusar o alimento não é nojo, apenas representa recusa a algo desagradável.
Nojo é diferente. É repulsa por algo considerado repugnante. Você pode colocar uma barata melada com leite condensado na boca de um bebê e ele vai comer sem demonstrar nojo.
Portanto, nojo é um sentimento construído ao longo da história de vida da pessoa, que reflete os valores de determinada sociedade e representa a expressão exata do preconceito. Podemos medir nosso preconceito pelo tamanho do nojo que sentimos sobre determinado assunto, seja ele de cunho sexual, comportamental (contato com cadáveres, banhos em lama ou excrementos, por exemplo) ou ligado à alimentação.
Não sou especialista, psicólogo ou estudioso do assunto. É uma conclusão pessoal decorrente de observação e, claro, posso estar errado.
E sobre ser ou não ser preconceituoso, é de conhecimento de todos que estudam psicologia que ninguém (ou uma minoria) vai se declarar preconceituoso. Ninguém se enxerga assim, muito menos em ambiente público. Colocará todo tipo de argumento para justificar esse ou aquele comportamento, mas jamais se reconhecerá preconceituoso, mesmo que o seja.