Eu nem ligo, mas já me importei.
E concordo com o Temma. A meu ver, a fronteira entre preconceito enrustido, ainda que inofensivo (visto que o preconceito em si não é perigoso enquanto não praticado), e nojo é bem tênue. Não me seria estranho que quem tem nojo e o afirme tenha, na verdade, preconceito. Daí, pra não se afirmar preconceituoso a pessoa invente essa de "nojo de gays se beijando". Considerando a Dissonância Cognitiva¹, é bem plausível que esse nojo não passe de mera racionalização de alguém que não se aceita preconceituoso, ainda que o seja.
¹ http://pt.wikipedia.org/wiki/Disson%C3%A2ncia_cognitiva
Eu acho a idéia de beijar um homem de língua nojento (para mim, para um homossexual sei que não é, ele também pode achar a idéia de beijar uma mulher nojento). Não sei se isso é realmente "construído", como foi dito aqui. Por exemplo, comer escorpiões me parece uma nojo "construído", crianças muito jovens não tem nojo, mas com tempo aprendem que comer insetos e aracnídeos é nojento. Já o nojo "sexual" me parece bem mais instintivo do que fruto de "aprendizado".
E quando falo em nojo, pelo menos no meu caso, não estou falando em sair correndo horrorizado, dar um piti ou vomitar (mesmo porque isso seria coisa de viado

). É um desconforto, apenas. E isto não vale apenas para homossexualismo, existe desconforto quando vejo alguém comendo ou bebendo algo que para mim é nojento, vestindo roupas que para mim são bizarras, etc.
Sei que estes desconfortos ou nojos são irracionais, mas é impossível controlar à primeira vista. Mas racionalmente eu sei que cada um pode viver como quer, e o fato de dois homens se beijarem não os faz piores do que eu. É uma questão de não deixar sentimentos irracionais e preconceituosos dominarem o lado racional. Por instinto nós tendemos a rejeitar o que é diferente. O que temos que fazer é dominar este instinto irracional.
Eu chutaria que todos, sem exceção, são
instintivamente preconceituosos contra alguém/alguma coisa. O importante é reconhecer este "instinto" como um preconceito irracional e procurar controlá-lo e não ser dominado por ele.