Autor Tópico: A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.  (Lida 18340 vezes)

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Offline Donatello

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #175 Online: 03 de Julho de 2014, 21:26:41 »
Se você diz que é quase um elogio eu quase acredito.  :P  Mas se te conforta, eu também, só que no meu caso não é nem preguiça,  mas dificuldade de abordar e relacionar todas as variáveis que me ocorrem, muitas das quais especulativas, deixando isso claro, numa síntese lógica.  :sleepy: 
Por aí mesmo huhuhu :P e só pra deixar claro, não tinha nenhuma sarcasmo resposta supra. É que realmente muito pontos do que você postou eu tô tipo "colocando na fila" pra responder e acabam passando, mas prefiro assim :)

Offline AlienígenA

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #176 Online: 03 de Julho de 2014, 21:42:14 »
Por ideologia ou conformidade com a realidade? Embora talvez não pareça eu concordo mais do que discordo de você, mas parece que a realidade teima em confrontar minhas convicções. Às vezes me questiono se não defendo que o debate de ideias é o melhor caminho e que a liberdade de expressão é imprescindível para isso, por ideologia. Porque na prática, não sei sua idade, mas seria algo impensável até bem pouco tempo, se bem me lembro da época da minha adolescência, viver o bastante para assumir o ateísmo publicamente, ver um negro assumir a presidência dos EUA, uma mulher assumir a presidência do Brasil ou dois homens andando de mãos dadas com a maior naturalidade, por exemplo. Não que isso seja bom ou ruim, não é o que estou querendo evidenciar. E sim o que foi que mudou isso em tão pouco tempo? Confesso que não sei. A evolução tecnológica talvez? A era de Aquários?  :hihi:  Ações afirmativas?
A evolução tecnológica (midiática) é uma boa hipótese. Aceito a hipótese da era de Aquarious. Mas ação afirmativa é o que não foi, já que, exceto pelo Obama (que entrou em Harvard pelo sistema de cotas estadunidense), nenhuma das conquistas descritas por você dependeu em nível algum de ações afirmativas: quanto aos gays, por exemplo: sequer existem leis diferenciais que os privilegiem no Brasil, por exemplo (o que não impediu a sociedade de evoluir sua visão sobre o direito de pessoas fazerem sexo e beijarem e alisarem quem entederem, o que desmonta seu ponto, ao meu ver). É claro, existe um PL em estudo que se aprovado resultará na criminalização de um sacerdote religioso que afirme que seu livro sagrado trata o homossexualismo como pecado, mas, ainda não foi aprovada... e não faz muita falta...

Aliás, eu acho que isto chega a ser um ponto: quando a sociedade por meio de seus representantes eleitos chega ao ponto de apoiar leis que desigualem o jogo em favor de determinado grupo é quase um contrasenso defender que este mesmo grupo seja vítima de preconceitos generalizados por  esta mesma sociedade: pra mim é como se fosse um outro paradoxo da igualdade.
E ainda tenho mais esse problema, ao escrever ações afirmativas, na verdade, eu pensava em todo o caminho para se chegar a elas, movimentos, pressões sociais, midiáticas e tudo mais, sobretudo, o famigerado politicamente-corretismo. Essa desgraça é invenção do demônio. Não tem como fugir. Se você escapa de um lado, cai do outro. Ou você concorda ou discorda inteiramente, não tem meio termo, mas de qualquer forma está sempre errado.

Offline Sergiomgbr

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #177 Online: 03 de Julho de 2014, 21:58:48 »
politicamente-corretismo. Essa desgraça é invenção do demônio. Não tem como fugir. Se você escapa de um lado, cai do outro. Ou você concorda ou discorda inteiramente, não tem meio termo, mas de qualquer forma está sempre errado.
É legal o politicamente correto. É a grande contribuição dos tempos modernos onde qualquer simples consideração butecal ganha contornos épicos.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline AlienígenA

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #178 Online: 03 de Julho de 2014, 22:24:55 »
É invenção do demônio.

Offline Sergiomgbr

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #179 Online: 03 de Julho de 2014, 22:49:35 »
É invenção do demônio.
Demônio, do grego daimon = divindade, gênio. Como o ser humano é pândego, não?
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Offline Skeptikós

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #180 Online: 05 de Julho de 2014, 18:31:10 »
Cinco em cada 30 casos registrados são de mau uso da Lei Maria da Penha, a informação é noticiada no portal Folha vitória do site R7. Segundo especialista a Lei Maria da Penha privilegia as mulheres enquanto prejudica os homens, visto que as ações protetivas são imediatas (e aplicáveis explicitamente somente as mulheres) mesmo não existindo evidências a favor das acusações (que se não o testemunho da mulher acusadora). Não obstante boa parte das acusações são falsas e utilizadas apenas como estratégia para obter vantagens em processos judiciais e/ou (simplesmente) para humilhar o parceiro, que tem muitas vezes sua vida social e psicológica destruída pelas constantes falsas acusações da parceira.
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Skeptikós

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #181 Online: 05 de Julho de 2014, 18:57:05 »
Americana ativista familiar Erin Pizzey (ex-feminista, expulsa do movimento por ter atentado para o fato de que homens também são vitimas de violência doméstica praticada por suas parceiras) contesta lei protetiva semelhante (A lei maria da penha) nos EUA:

<a href="https://www.youtube.com/v/U2qL9MYDUvk" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/U2qL9MYDUvk</a>
« Última modificação: 05 de Julho de 2014, 19:05:59 por Skeptikós »
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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #182 Online: 05 de Julho de 2014, 19:00:49 »
Exemplo real de falsa acusação de (tentativa de) estupro nos EUA, e suas possíveis consequências para a vitima (o acusado) e a impunidade e vantagens obtida pelos criminosos (as acusadoras):

<a href="https://www.youtube.com/v/PXD2jyC2wT8" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/PXD2jyC2wT8</a>
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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #183 Online: 18 de Setembro de 2014, 14:23:56 »
Mais exemplos de danos provocados por falsas acusações de estupros:

Um caso que teve início no Facebook:

# Mulher admite falsa acusação de estupro contra desconhecidos do Facebook

# Acusados e familiares deles tiveram sua vida social, econômica e psicológica extremamente prejudicadas em decorrência das falsas acusações, já a falsa acusadora recebeu por tal ato criminoso, apenas uma pequena punição de somente 50 horas de serviços a comunidade.

O caso do francês Dominique Strauss-Kahn, ex diretor-gerente do FMI:

# Acusadora de Strauss-Kahn (de estupro) prestou falso testemunho, dizem procuradores - Segundo policiais, arrumadeira do HOTEL Sofitel de Manhattan havia falado sobre possíveis benefícios de fazer acusações contra o ex-diretor-gerente do FMI.

# Segundo fontes, Strauss-Kahn teria tido um prejuízo de 1 milhão de dolares devido a falsa acusação de estupro feito contra ele, envolvendo danos a sua carreira e ao seu status político-social, além dos danos morais e psicológicos

# Falsa acusadora não sofreu qualquer prejuízo ou punição.
« Última modificação: 18 de Setembro de 2014, 14:26:55 por Skeptikós »
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #184 Online: 18 de Setembro de 2014, 14:27:26 »
Por que mulheres falsamente acusam, se é que isso é tão comum, homens de estupro?

Que ganham com isso? Por que não se fala de acusações falsas de violência não-sexual sem ser em interações homem-mulher?

Offline Buckaroo Banzai

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #185 Online: 18 de Setembro de 2014, 14:31:36 »
  • Legalização do aborto como um direito exclusivo da mulher.
:biglol: Aqui podemos usar a lógica do argumento da "não-discriminação" que o DDV usou no caso de casamento homossexual*: claro que homens podem abortar; basta engravidarem antes!


* "basta se casarem com uma pessoa do sexo oposto".[/list]

Offline Skeptikós

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #186 Online: 18 de Setembro de 2014, 14:41:51 »
Existem muitas vantagens que uma mulher pode considerar possíveis de se obter com uma falsa acusação de estupro, caso você tenha lido alguma das noticias postadas ou posts anteriores sobre o mesmo assunto, teria percebido a citação de vantagens processuais do tipo financeira, guarda-unilateral dos filhos, vingança, tentativa de nova aproximação amorosa (como no caso supra da falsa acusação de estupro que teve início no facebbook) entre muitas outras. Além do mais, o fato da estrutura estatal (bem como o legislativo, executivo e judiciário) e a interpretação social geral diante de uma acusação de estupro quase sempre favorecer a acusadora em detrimento do acusado, a exemplo de estes últimos terem tido sua vida destruída, mesmo depois de provado sua inocência, enquanto as primeiras, não só tiveram facilidade em levar a falsa acusação a frente (em forma de punições contra os acusados e vantagens à elas), como depois de provado de fato ser uma falsa acusação, nada de uma punição consistente, sofreram.

Homens acusando falsamente mulheres de terem sido estuprados por elas, eu não tenho noticias, se você tiver alguma, quem sabe não podemos falar dela também.

Abraços!
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #187 Online: 18 de Setembro de 2014, 14:46:52 »
As vantagens então se dão em situações bastante específicas, OK. De vez em quando uns falam sobre essa possibilidade como se fosse algo muito mais comum, como se sempre fosse uma razoável hipótese alternativa em qualquer acusação.

Eu li brevemente a notícia da que tinha supostamente a intençao de voltar com o namorado, mas realmente não entendi a lógica.

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #188 Online: 18 de Setembro de 2014, 15:04:35 »
As vantagens então se dão em situações bastante específicas, OK. De vez em quando uns falam sobre essa possibilidade como se fosse algo muito mais comum, como se sempre fosse uma razoável hipótese alternativa em qualquer acusação.
É uma hipótese possível em qualquer acusação, mesmo que diminuta, deve-se investigar o caso com a premissa de que talvez o acusado seja inocente, mais do que isso, ele deve ser tratado como inocente até que provas irrefutáveis sejam apresentadas a favor da acusação, não é isso que se chama de presunção de inocência, presente no Art. 5º da constituição Federal?

É verdade que em alguns contextos e circunstâncias estas falsas acusações parecem se tornarem mais frequente, no caso que é o assunto deste tópico, as universidades americanas, segundo a autora do texto tópico, o número de falsas acusações chega a 40% das acusações. No Brasil, o número de falsas acusações de violência sexual em contextos que envolvem briga judicial pela guarda dos filhos, estima-se por exemplo que passe dos 80%, o objetivo principal seria o da genitora conseguir afastar o genitor de seu direito de também conviver com o filho (seja por vingança, egoísmo, ciúmes do filho e/ou também pro vantagens financeiras).

Citar
Eu li brevemente a notícia da que tinha supostamente a intençao de voltar com o namorado, mas realmente não entendi a lógica.
Uma pessoa em desespero não faz coisas muito lógicas mesmo, mas me pareceu que ela achou que fazendo parecer que estava atravessando um momento de vulnerabilidade (devido ao "estupro" sofrido), isso mobilizaria a compaixão do ex namorado, que reataria com ela para ajuda-la a atravessa este "difícil" momento de sua vida.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #189 Online: 18 de Setembro de 2014, 15:13:53 »
As vantagens então se dão em situações bastante específicas, OK. De vez em quando uns falam sobre essa possibilidade como se fosse algo muito mais comum, como se sempre fosse uma razoável hipótese alternativa em qualquer acusação.
É uma hipótese possível em qualquer acusação, mesmo que diminuta, deve-se investigar o caso com a premissa de que talvez o acusado seja inocente, mais do que isso, ele deve ser tratado como inocente até que provas irrefutáveis sejam apresentadas a favor da acusação, não é isso que se chama de presunção de inocência, presente no Art. 5º da constituição Federal?

Obviamente, não quis sugerir outra coisa.

O problema é que de ambos os lados desse tipo de debate parece haver uma quase que desconsideração total do outro. Em discursos feministas, os homens são meio como os judeus segundo o nazismo, e as mulheres, nos discursos "masculinistas". Sempre conspirando para oprimir o outro grupo, nesse caso, seja com estupro, ou com falsas acusações disso (dentre diversas outras coisas). Quando a realidade é que ambas as coisas acontecem, e ao mesmo tempo, o segundo é tremendamente mais raro. Essas nuances, seja a existência de falsas acusações, ou a raridade delas, são verdades inconvenientes para ambos os lados.

Offline Skeptikós

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #190 Online: 18 de Setembro de 2014, 16:06:18 »
Sim, no caso de falsas acusações de estupro terem se tornado mais frequentes, de fato o cenário acaba prejudicando tanto homens quanto mulheres, no caso de homens, muitos inocentes são injustamente condenados e punidos, no caso de mulheres, muitas realmente vitimadas tem sua denuncia desacreditada e arquivada.

O que acho que deveria ser feito para diminuir o número de falsas acusações e os efeitos negativos que elas provocam, é primeiramente, o respeito ao Art. 5º da CF, que prevê a presunção da inocência como um direito de todo cidadão acusado de um crime que ele pode muito bem não ter cometido, ou seja, nada de medidas "protetivas" que possam puni-lo injustamente antes que alguma prova mais contundente a favor da acusação seja apresentada.

Segundo, a punição mais severa daqueles que sejam autores de falsa acusações como essas, esta punição deve partir do Estado, não necessitando que a vitima abra e custei por conta própria, um processo contra a(o) autor(a) das falsas acusações contra ele, como é feito hoje. A acusadora ou acusador deveria estar ciente que caso ela ou ele tenha feito uma falsa acusação, caso provado ela ou ele sofreria estas punições, o que provavelmente a(o) faria pensar duas vezes antes de levar adiante uma acusação como essa.

Terceiro, campanhas sensacionalistas, abusivas e perigosamente generalistas como aquelas que afirmam sem medo que todo homem é um estuprador em potencial, que estica o significado de estupro para coisas como sexo consensual mais desagradável para a mulher, ou caricias entre namorados quando o outro não está tão afim, que classifica cantadas de rua como exemplos de assédio e sinal de um estupro/estuprador eminente, que pintam somente as mulheres como vitimas e somente os homens como agressores, estas devem serem evitadas, desaconselhadas, contestadas e/ou pelo menos não receberem apoio por parte do governo.

Acho que medidas como as de cima trariam resultados positivos, para ambos os lados.

Abraços!
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Offline Skeptikós

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #192 Online: 18 de Setembro de 2014, 16:50:03 »
E em termos de diminuição de estupros reais, quais são as principais idéias masculinistas?
Existem muitos grupos que se denominam masculinistas, os mais radicais apresentam como proposta ações como a implementação da prisão perpétua, ou da pena de morte e/ou castração como medidas punitivas que teriam como objetivo, antes de punir, coagir através do medo da punição severa, aquele com tendências de estuprador, à evitar cometer o crime.

Eu não acho que sejam medidas eficazes e/ou justas.

Alguns acreditam a educação moral é o melhor caminho, mas esta educação moral não deve ser aplicada da forma que o é hoje, fazendo parecer que somente os homens estupram, e mais, que todos eles são estupradores em potencial, que seus comportamentos tipicamente masculinos devem serem suprimidos, por que podem "assustar" as mulheres.

Eu concordo mais com estes, que defendem a educação moral.

E na minha opinião, devemos ir além no quesito de punição e reabilitação, a condenação para crimes de estupro já são severos o suficiente. Logo, acho que o que falta não é punição aos condenados por crimes de estupro, e sim reabilitação, tratamentos que possam leva-lo a não desejar mais praticar o estupro, aqueles que se reabilitarem comprovadamente segundo relatórios periciais, deveriam após algum tempo (após terem terminado de cumprir a pena estabelecida) ganharam novamente o direito a liberdade, aqueles que se mostrarem estupradores patológicos incuráveis (perigosos ainda para viverem em sociedade) continuaram presos (Sendo este, o único caso onde eu estou inclinado a aceitar como viável a condenação a prisão perpétua).

Abraços!
« Última modificação: 18 de Setembro de 2014, 16:52:14 por Skeptikós »
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #193 Online: 18 de Setembro de 2014, 17:40:55 »
Alguns acreditam a educação moral é o melhor caminho, mas esta educação moral não deve ser aplicada da forma que o é hoje, fazendo parecer que somente os homens estupram


A proporção de estupros por homens e mulheres é igual? Se pode ser considerada "histérica" a preocupação com estupro de mulheres por homens, como se adjetivaria o inverso?


Citar
e mais, que todos eles são estupradores em potencial, que seus comportamentos tipicamente masculinos devem serem suprimidos, por que podem "assustar" as mulheres.

O problema é que pode haver alguma sobreposição entre estupro e o que uns vêem como "comportamentos tipicamente masculinos", e como complicação adicional, uma necessidade exacerbada de demonstrar masculinidade está associada a perfis de estupradores.


Citar
The authors note that all of these characteristics are present in Homo sapiens.
The review of non-human species also yields the following regularities:

  • Forced copulation is something males do to females.
  • Forced copulation does not appear to be an anomalous behavior generated by such unusual conditions as overcrowding,captivity, or poor health.
  • Males tend to target fertile females.
  • Forced copulation sometimes leads to insemination, fertilization, and offspring.
  • Males in most species do not engage exclusively in forced copulation; males that engage in forced copulation are generally also seen courting females at other times.
  • Some males are more likely than others to engage in forced copulation, and some are more successful at it than others.



The authors conclude that across species “forced copulation. is a tactic used by some males under some conditions to increase reproduction.”3

When Lalumiere and colleagues focus their scientific analysis on Homo sapiens, what do they find?

  • Rape is more common when the women to be raped are devalued and the perceived costs of rape are low.
  • Men who are more likely to devalue women and who incur or perceive lower costs for exhibiting sexual coercion are more likely to rape.
  • Rape and sexual coercion appear to be part of a general anti-social tendency.
  • Generally, rapists are not sexually deprived in terms of access to sexual partners, and they appear to seek short-term and frequent sexual relationships to a greater extent than men who do not engage in sexual coercion.
  • The use of sexually coercive tactics is likely part of a host of other mating and antisocial tactics used by antisocial men to create sexual opportunities and increase their number of sexual partners.
  • Rapists are characterized by high mating effort and antisociality.
  • There is strong phallometric evidence that many rapists are sexually different from men who do not commit rape.
  • Rape is very rarely associated with life-threatening injury in peacetime and sometimes results in pregnancies.
  • Under many circumstances men pursue mating opportunities when the cost of doing so is low, reproductive consequences notwithstanding.
  • Although the research limitations support only provisional conclusions, there is little evidence that most rapists are particularly affected by mental disorders (other than paraphilia and/or antisocial personality disorder) or brain damage.


http://gregdeclue.myakkatech.com/causes%20of%20rape.pdf

Nessa descrição acho que há alguma ênfase num tipo mais "anormal", mas se não me engano, outras tipologias ou exposições maiores da mesma colocam o estuprador oportunista como bastante comum também, em especial na adolescência. Seria acho que só parte do espectro de "psicopatologia funcional"; a maior parte dos "psicopatas" não são criminosos do tipo de filmes slasher, só gente com pouca empatia pelos outros e um senso de auto-importância elevado demais. Ao mesmo tempo, há gradações, "espectro", sem caracterização plena. A distinção entre "comportamentos tipicamente masculinos" e preâmbulos de um estupro, ou estupro em si, vão ficar ainda mais borrados nesses casos.


O mesmo artigo ainda lança uma perspectiva bastante pessimista sobre o que se sabe quanto reabilitação.

Offline Skeptikós

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #194 Online: 19 de Setembro de 2014, 12:42:47 »

Alguns acreditam a educação moral é o melhor caminho, mas esta educação moral não deve ser aplicada da forma que o é hoje, fazendo parecer que somente os homens estupram
A proporção de estupros por homens e mulheres é igual?
Eu não disse que os números sejam iguais, o que eu fiz foi contestar a mensagem comumente divulgada que reforça o entendimento de senso comum de que somente os homens estupram. Este entendimento é falso, visto que existem registros (e não são poucos) de mulheres estupradoras:

# Mulheres que estupram (outras mulheres)
# Mulheres que estupram crianças
# Mulheres que estupram homens

Continuar a fortalecer a ideia de que somente homens estupram, e a negar que seja possível existir mulheres estupradoras, só intensificará a discriminação de gênero para com os homens, e a impunidade que mulheres estupradoras recebem, por não terem acusações contra elas levadas a sério.

Se pode ser considerada "histérica" a preocupação com estupro de mulheres por homens, como se adjetivaria o inverso?

O inverso da forma como foi colocado não é histeria por que é coerente, existem mulheres que estupram, acima temos exemplos que sustentam este entendimento, diferentemente da ideia de que sexo consensual desagradável para a mulher seja estupro, e/ou que cantadas de rua (indesejadas) sejam assédio sexual que pode eminentemente levar ao estupro. Tanto a definição de estupro quanto a de assédio sexual não sustentam esta alegação absurda, e aquilo que uma crença errônea como esta instalada na população geral pode provocar, não fica muito longe de um estado generalizado de histeria-paranoica.

Citar
e mais, que todos eles são estupradores em potencial, que seus comportamentos tipicamente masculinos devem serem suprimidos, por que podem "assustar" as mulheres.
O problema é que pode haver alguma sobreposição entre estupro e o que uns vêem como "comportamentos tipicamente masculinos", e como complicação adicional, uma necessidade exacerbada de demonstrar masculinidade está associada a perfis de estupradores.
Sim, é preciso definir que tipo de comportamentos tipicamente masculinos sejam aceitáveis, me limito a comportamentos como abordar mulheres com interesse sexual, pois é da natureza do macho ser aquele que inicia a aproximação sexual (como uma cantada de rua por exemplo, não um estupro de fato).

Impedir e/ou regular a forma de homens  abordarem mulheres na rua sob o perigo de caso eles desrespeitarem esta regra arbitrária, eles poderem serem presos ou multados, rotulando-os ainda como assediadores de mulheres e/ou estupradores em potencial, os colocando no mesmo balaio dos verdadeiros criminosos sexuais, isso eu acho um absurdo, e também uma supressão de um comportamento tipicamente masculino.

Outros exemplos de comportamentos tipicamente masculinos que estão sendo suprimidos (proibidos) incluem por exemplo os meninos terem sido proibidos de mijarem de pé numa escola na Noruega (país extremamente feminista), na Suécia (outro país referência em feminismo) lei semelhante já esta em tramitação para fazerem o mesmo com os meninos suecos. Querem obrigar os meninos a mijarem sentados, por que isso é mais civilizado, PQP.

Nos EUA, em algumas escolas, brincadeiras como policia-ladrão, lutinha, entre outras brincadeiras tipica de meninos estão sendo proibidas e trocadas por brincadeiras mais sensíveis (afeminadas) como casinha, exercícios de demonstrar seus sentimentos (mesmo contra a vontade dos meninos) e etc. Pow, não preciso nem comentar.

Sou contra esta supressão dos comportamentos masculinos, e não hesito em afirmar que obriga-los a fazerem o que não querem, fazendo os fazerem coisas mais "sensíveis" por que estas coisas não "assustam" ou são consideradas mais normais pelas meninas, é um absurdo, é  proibir o homem de se comportarem como homem (ou segundo sua natureza masculina).

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #195 Online: 19 de Setembro de 2014, 15:31:27 »
http://www.ambito-juridico.com.br/site/n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8487

"Quebrando tradição secular de nosso Direito Penal brasileiro, a Lei Ordinária Federal n. 12.015, de 07 de Agosto de 2009, publicada no Diário Oficial da União do dia 10 do mesmo mês e ano, promoveu profunda e inédita alteração no Art. 213 do Código Penal, e, de quebra, revogando o Art. 214 do mesmo Diploma.

Eis as alterações:

“Estupro:

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

§1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.

§2º Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos”.

Para uma melhor compreensão da inovação legislativa trazida à baila, transcreve-se, também, a redação originária do dispositivo incriminador acima, que era vazada nestes termos seguintes:

 “Estupro:

Art. 213 - Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça:

Pena - reclusão, de seis a dez anos”.

De um simples cotejo da redação dos dispositivos legais reproduzidos, a originária e a agora vigente, percebe-se, claramente, que a elementar do tipo do delito de Estupro, que revelava o seu sujeito passivo, “mulher”, foi substituída pela expressão “alguém”.

Revelando que, em vista disto, o sexo do ofendido será indiferente para a caracterização do crime de Estupro. Que, agora, como visto, pode ser cometido tanto contra a mulher, como também contra o homem.

A própria revogação do Art. 214 do Código Penal, deslocando parte de suas elementares para o delito do Art. 213 desse mesmo Diploma repressivo, qual seja, “ato libidinoso”, sob o mesmo e único nomem juris de “Estupro”, não desafia qualquer dúvida ao intérprete.

A revogação do Art. 214 não deixará ao desamparo jurídico-penal aquela vítima do cancelado delito de Atentado Violento ao Pudor, que consistia no constrangimento violento à prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal. Uma vez que tanto a conjunção carnal não consentida, assim como qualquer “outro ato libidinoso” forçado, através da violência ou da grave ameaça, restaram tutelados em um único dispositivo penal, sem importar em hipótese de abolitio criminis.

O que, provavelmente, despertará grande perplexidade na comunidade jurídica nacional, será a definição do que agora seja “conjunção carnal”. A expressão “outro ato libidinoso” prevista na parte final do novo Art. 213, ao contrário do que se possa imaginar, não facilitará uma imediata solução para o impasse criado pela Lei n. 12.015/2009.

Se a expressão “conjunção carnal” fosse unicamente reveladora da cópula vaginal, ou seja, a introdução do pênis na cavidade vaginal da mulher, não seria necessária a outrora presença da elementar “mulher” na redação original do Art. 213 do Código Penal. É regra principiante em Direito que a Lei não contém expressões inúteis. Se a tão-só introdução do pênis na cavidade vaginal da mulher, mediante violência ou grave ameaça, traduzisse a definição de conjunção carnal para a configuração do Estupro, bastaria que o tipo do Art. 213 enunciasse “constranger à conjunção carnal”, como, mutatis mutandi, faz o vigente Art. 123 do Código Penal, que tipifica o crime de Infanticídio (Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após), sem fazer menção ao sexo de seu sujeito ativo (agente), uma vez que só a mulher pode estar “sob a influência do estado puerperal”.

Poderá se argumentar que a elementar “mulher”, insculpida na redação originária do Art. 213, consistiu em expressão baldada proposital, necessária para a consolidação do que seja conjunção carnal para o legislador de 1940, repudiando, assim, sua extensão ao coito anal. E que sua presença no atualíssimo Art. 213, do modo como redigido, já possui sua definição precisa (conjunção carnal = cópula vaginal), descartando-se, hoje, a necessidade da complementação do núcleo “constranger” pela partícula “mulher”, evitando-se, por esse modo, a redundância de palavras. Reservando-se cientificamente o coito anal para a elementar da prática de “outro ato libidinoso” disposta no final da nova redação do Art. 213. Estupro, assim, seria espécie de violação da dignidade sexual, tendo a conjunção carnal (cópula vaginal) e a prática de ato libidinoso diverso (coito anal) como suas subespécies. Preservando-se, assim, toda a dogmática penal do Século passado, mas, em vista disto, tolerando agora a possibilidade da continuidade delitiva do Art. 71 do Código Penal (crimes da mesma espécie).

Outros poderão alegar que o legislador de 1940, mesmo concebendo a possibilidade do coito anal configurar a conjunção carnal, optou por tutelá-lo juridicamente sob outra rubrica, a do “Atentado Violento ao Pudor”, revelando o sincero desprezo e aversão da época às livres práticas homossexuais. Desejando, destarte, deliberadamente, o legislador da época que a cópula vaginal e o coito anal recebessem tratamento apartado. Afinal, extinguia-se a punibilidade pelo casamento do agente com a vítima mulher, nos crimes contra os costumes, e não pela existência de relação homoafetiva entre homens, a revelar a repulsa do legislador da época ao coito homossexual consentido, entre vítima e o seu ofensor do sexo masculino, mesmo posteriormente ao delito e com coabitação harmoniosa, que não se convertia em causa de extinção da punibilidade, muito menos por política criminal. Assim, para alguns, enquanto no ordenamento jurídico positivo brasileiro não for expressamente reconhecida e tolerada as práticas homossexuais, principalmente pela regulamentação e reconhecimento do casamento entre homens, deverá ser temporariamente desprezada pela jurisprudência e doutrina a concepção de coito anal como conjunção carnal, tendo este que provisoriamente ser tutelado semanticamente pela elementar “outro ato libidinoso”, quando perpetrado através de violência ou grave ameaça. Tudo, até nova e já aguardada legislação inovadora, quando, assim, a prática de coito anal mediante violência e grave ameaça deverá ser deslocada para a elementar da conjunção carnal.

Ainda, certa doutrina vanguardista e inovadora, ou mesmo mais liberal, poderá aduzir que a Lei n. 12.015/2009 promoveu verdadeira ruptura com os costumes e concepções da homofóbica sociedade brasileira de 1940. E que a expressão “conjunção carnal” não deverá ser desvendada pela Medicina Legal ou pelo Direito, eis que sua complexa definição seria algo poético, relativo ao sentimento do belo e agradável, ou mesmo compreendida dentro do espírito fantasioso dos românticos. O que na sociedade contemporânea livre e plural de hoje, salva de preconceitos, deverá elastecer a expressão conjunção carnal, traduzindo-a a todo tipo de penetração íntima profunda entre amantes. Acabando por reservar à elementar “outro ato libidinoso” a outras práticas que não a cópula vaginal e o coito anal, como, p. ex., o sexo oral, o coito inter femora, a masturbação, os toques e apalpadas nas genitálias, os contatos voluptuosos, a contemplação da lascívia, dentre outras.

Como se vê, a Lei n. 12.015/2009 trará pontuais indagações ao seu intérprete. Mas, de toda sorte, extinto o delito de Atentado Violento ao Pudor, deslocada sua expressão “ato libidinoso” para o novo Art. 213 do Código Penal, tudo sob a mesma rubrica de “Estupro”, concluímos que, hoje, o homem também pode ser “estuprado”. Revelando, aí, ligeiro concurso formal, tratado no Art. 70 do Código Penal, uma vez que teremos dois bens jurídicos violados, mediante uma só ação do agente, quais sejam, a liberdade sexual da pessoa e, também, a língua portuguesa."




http://ceticismo.net/2009/08/07/uma-nova-atrocidade-na-africa-o-estupro-de-homens-por-homens/
Me perdoem a antiguidade da notícia (2009) mas servirá como exemplo.

"Eram cerca de 23h quando homens armados invadiram o barraco de Kazungu Ziwa, encostaram um facão ao seu pescoço e o fizeram baixar as calças. Ziwa é um homem pequenino, com altura de apenas 1,38 metro. Tentou reagir, mas diz que foi rapidamente dominado.

“Depois, eles me estupraram”, conta. “Foi horrível, fisicamente. Fiquei atordoado. Meus pensamentos se dispersaram”.

Por anos, as colinas densamente arborizadas e os lagos de águas claras e profundas do leste do Congo têm servido de cenário a atrocidades. Agora, parece que surgiu mais um problema que vem ganhando intensidade: o estupro de homens por homens.

De acordo com organizações assistenciais como a Oxfam e Human Rights Watch, com funcionários da ONU e com representantes de diversas organizações assistenciais congolesas, o número de homens estuprados aumentou fortemente nos últimos meses, como resultado de operações militares conjuntas empreendidas por Congo e Ruanda contra as forças rebeldes na região, que resultaram em violência atroz contra civis.

Os trabalhadores de organizações assistenciais encontram dificuldade para explicar a alta súbita no número de casos de estupro contra homens. A melhor resposta, dizem, é que a violência sexual contra homens representa ainda outra maneira de os grupos armados humilharem e desmoralizarem comunidades congolesas, forçando-as a se submeter.

As Nações Unidas já definem o leste do Congo como principal foco mundial de estupros, e a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton deve conversar com sobreviventes ao visitar o país, na semana que vem.

Centenas de milhares de mulheres sofreram agressões sexuais por parte dos diversos grupos armados que infestam as colinas, e no momento a área está atravessando um de seus mais sangrentos períodos em anos.

As operações militares conjuntas envolvendo forças do Congo e Ruanda, vizinhos e até recentemente ferozes inimigos, tinham por objetivo eliminar o problema dos rebeldes na região da fronteira entre os dois países e dar início a uma nova era de paz e cooperação. As esperanças cresceram depois da rápida captura de um general renegado que havia derrotado forças do governo congolês e ameaçava marchar contra a outra metade do país.

Mas as organizações assistenciais afirmam que as manobras militares causaram horrendos ataques para vingança, e mais de 500 mil pessoas terminaram expulsas de suas casas; dezenas de aldeias foram queimadas e centenas de seus moradores massacrados, entre os quais crianças pequenas arremessadas às chamas.

E a culpa não está sendo atribuída apenas aos rebeldes. De acordo com grupos de defesa dos direitos humanos, soldados do exército congolês estão executando civis, estuprando mulheres e recrutando aldeões como carregadores de sua comida, munição e equipamento, pelas trilhas das selva. Isso muitas vezes representa uma marcha da morte, em meio a uma das mais belas paisagens tropicais africanas, que serve de cenário a uma guerra devastadoramente complicada já há mais de uma década.

“De uma perspectiva humanitária e dos direitos humanos, as operações conjuntas são desastrosas”, disse Anneke Van Woudenberg, pesquisadora da Human Rights Watch.

Os casos de estupro de homens ocorreram em uma área de centenas de quilômetros de extensão e podem incluir centenas de vítimas. A Associação dos Advogados dos Estados Unidos, que opera uma clínica de tratamento de violência sexual em Goma, diz que mais de 10% dos casos que a unidade atendeu em junho envolviam homens.

Brandi Walker, que trabalha para uma organização de assistência no hospital de Panzi, perto de Bukavu, diz que “em todo lugar onde vamos, homens também estão sendo estuprados”.

Mas ninguém conhece o número exato. Os homens do Congo, como os de qualquer outro lugar, relutam em apresentar denúncias. Diversos que o fizeram contam que foram imediatamente rejeitados em suas aldeias, e se tornaram figuras solitárias e ridicularizadas, apelidadas derrisoriamente de “esposas do mato”.

Desde que foi estuprado, semanas atrás, Ziwa, 53 anos, demonstra pouco interesse pela veterinária, seu trabalho há anos. Caminha mancando (sua perna esquerda foi esmagada no ataque), usando um jaleco branco de laboratório no qual a palavra “veterinário” aparece grafada em tinta vermelha, e carrega com ele algumas poucas pílulas do tamanho de bolachas, que usa para tratar de ovelhas e cachorros.

“Basta pensar no que aconteceu para que eu me sinta cansado”, diz.

O mesmo vale para Tupapo Mukuli, que disse que foi segurado de barriga para baixo no chão e estuprado por um grupo de homens em sua plantação de mandiocas, sete meses atrás. Mukuli agora é o único paciente homem internado na enfermaria para vítimas de estupro no hospital de Panzi, que abriga centenas de mulheres em recuperação de ferimentos sofridos quando foram estupradas. Muitas delas tricotam roupas e fazem cestas de palha, para tentar ganhar algum dinheiro enquanto seus corpos se curam.

Mas Mukuli fica de fora.

“Não sei fazer cestas”, diz. Por isso, passa seus dias sentado sozinho em um banco.

Os casos de estupro contra homens são apenas uma fração dos que envolvem mulheres. Mas, para os homens envolvidos, dizem os trabalhadores assistenciais, a recuperação se prova ainda mais difícil.

“A identidade masculina está vinculada a poder e controle”, diz Walker.

E em um lugar no qual a homossexualidade é considerada tabu, o estupro acarreta dose adicional de vergonha.

“As pessoas riem de mim”, diz Mukuli. “Na minha aldeia, dizem que não sou mais homens, que os rebeldes no mato me transformaram em mulher deles”.

E os trabalhadores aqui dizem que a humilhação é ocasionalmente tão severa que as vítimas masculinas de estupro só procuram os serviços médicos caso estejam sofrendo de problemas graves de saúde, como inchaço na barriga ou sangramento contínuo.

E há ocasiões em que nem mesmo isso é suficiente. Van Woudenberg contou que dois homens cujos pênis foram amarrados com cordas morreram dias mais tarde, porque tiveram vergonha de procurar ajuda. Os casos de castração também parecem estar em altas, e mais homens vítimas desse tipo de ataque estão surgindo nos hospitais.

No ano passado, a epidemia de estupros no Congo parecia estar se atenuando um pouco, com menos casos denunciados e alguns dos estupradores capturados e condenados. Mas hoje parece que aquele modesto prenúncio de lei e ordem foi completamente apagado.

Da forma pela qual os moradores da região descrevem a situação, a temporada de caça aos civis está aberta. Muhindo Mwamurabagiro, uma mulher alta e graciosa com braços longos e fortes, explicou que estava caminhando para o mercado com amigas quando foram subitamente cercadas por um grupo de homens nus.

“Eles nos seguraram pelo pescoço, nos jogaram no chão e nos estupraram”, ela contou.

Pior, diz: um dos estupradores era morador de sua aldeia.

“Eu gritei: você é o pai de Kondo. Conheço você. Como pode agir assim?”

Uma mãe congolesa afirmou que um soldado da força de paz da ONU estuprou seu filho de 12 anos. Um porta-voz das Nações Unidas disse não estar informado sobre esse caso específico, mas que haviam de fato surgido algumas novas alegações de abuso sexual contra as forças de paz estacionadas no Congo, e que uma equipe de investigação havia sido enviada ao país para tratar dos casos, no final de julho.

Os profissionais de saúde congoleses estão se exasperando. Muitos defendem uma solução política, e não militar, e dizem que as potências ocidentais deveriam exercer mais pressão sobre Ruanda, que muitos acusam de preservar sua estabilidade ao exportar a violência para o lado de lá das fronteiras do país.

“Compreendo que o mundo se sinta culpado pelo que aconteceu em Ruanda em 1994″, disse Denis Mukwege, o diretor médico do hospital de Panzi, em referência ao genocídio naquele país. “Mas será que o mundo também não deveria se sentir culpado pelo que está acontecendo hoje no Congo?”"

A violência sexual é uma forma de dominação; é considerada pelos povos mais primitivos como maneira eficiente de impor-se aos demais pela humilhação.
Aquele que é estuprado jamais esquece. Jamais perdoa.

Não podemos usar de eufemismos quando se trata de violência sexual, mas caberá sempre ao juiz a palavra derradeira; se há diferença entre o estuprador de menores de idade e o "galã" mais assanhado, somente baseado nos autos de um processo se pode decidir. Nem sempre o mais certo, nem sempre o mais justo, pois somos falhos e estamos evoluindo, mas pelo menos não estamos como países onde o estupro é sistêmico, seja em homens ou em mulheres.

GNOSE

Offline Buckaroo Banzai

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #196 Online: 19 de Setembro de 2014, 18:28:26 »
Todos sabem que não são só homens que estupram, o que não impede de se ter esse foco no problema em vez de se falar apenas de todas as possibilidades de estupro, sempre que for se falar sobre estupro.

Essa necessidade de ênfase no estupro por mulheres acaba parecendo uma espécie de tu quoque "de categória".

A preocupação com excentricidades de escolas singulares de algum lugar do mundo se alastrarem globalmente por dominação mundial feminista é sim paranóia, do mesmo naipe das paranóias feministas de ver mensagens subliminares patriarcais/estuprais em tudo. Ou, algo como um temor de se alastrar auto-flagelação praticada em alguma escola super-religiosa de algum outro canto. Pode haver toda uma variação de grau nisso, mas de modo geral não é motivo para histeria. As crianças ainda podem brincar do que os pais deixarem, fora da escola, onde a escola se exime da responsabilidade por acidentes físicos, e dos problemas em preveni-los ao mesmo tempo em que permite essas brincadeiras.

Uma versão "feminista" da coisa faria um escarcéu com o fato de recentemente, crianças já terem que ter tido seu testículo removido por brincadeiras dos meninos de darem tapas no saco um do outro, que isso tem que parar, colocando isso como uma espécie de ritual de emasculação e humilhação patriarcal barbárico que só implica em custos médicos para condições que não precisavam ter ocorrido.


Quanto às cantadas, provavelmente só os mais sem-noção vão ter que realmente se preocupar.

Offline Skeptikós

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #197 Online: 20 de Setembro de 2014, 02:20:02 »
É, talvez você esteja certo, pode ser que eu também esteja supervalorizando estes fatos que selecionei/citei.

No entanto, sobre cantadas, ainda não concordo com a criminalização das mesmas, e continuo achando um absurdo qualquer medida deste tipo, seja por aqui no Brasil, ou mesmo la longe na Europa.

Abraços!
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Skeptikós

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Re:A cultura do estupro na visão de Christina Hoff Sommers.
« Resposta #198 Online: 22 de Setembro de 2014, 17:00:02 »
Mulher admite ter acusado falsamente o próprio pai de tê-la estuprado quando ela tinha onze anos. A mulher alegou haver acusado o pai falsamente porque estava frustrada com o divórcio dos pais. O pai estava na cadeia desde 2001. A mulher não será processada porque, segundo os promotores, "eles não querem desestimular as vítimas de estupro a denunciarem seus agressores" (????)

<a href="https://www.youtube.com/v/4sI5PEGgac0&amp;noredirect=1" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/4sI5PEGgac0&amp;noredirect=1</a>
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Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar


 

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