A violência doméstica não é praticada somente contra mulheres, e a diferença de casos de ataques contra mulheres não são tão absurdamente maiores em comparação a cometida contra homens como geralmente mostrado pelas estatísticas que passam na TV.
O artigo abaixo trata do problema nos EUA, já que no Brasil acho que provavelmente nenhum estudo preocupado com os homens tenha sido realizado, até mesmo nos EUA a dificuldade encontrada para dar a devida atenção aos homens é grande, poucos estudos foram realizados até então, mas os poucos que já foram revelam números muito diferentes do que aqueles apresentados pelas estatísticas (influenciada por motivações feministas) vigentes:
A violência doméstica contra homens
Como todo o escândalo que a mídia fez sobre a traição de Tiger Woods, um aspecto interessante da história acabou passando batido: como milhões de outros homens, Tiger Woods era – alegadamente, pelo menos – vítima de violência doméstica por parte de suas mulheres. Além do custo brutal em danos físicos e psicológicos, a violência doméstica contra homens significa um grande prejuízo econômico que prejudicam a própria vítima, a sociedade e até mesmo a nação.
Na grande maioria das vezes, as autoridades e os cidadãos comuns enxergam a violência doméstica como um crime cometido por homens contra suas mulheres. Consequentemente, praticamente todos os recursos em propaganda e medidas legais são concentrados em programas que somente apóiam as mulheres.
Um problema ignoradoSó que mais de 200 estudos baseados em levantamentos feitos em casos de agressão doméstica demonstram que as agressões são mútuas. Na verdade, praticamente todas as evidências apontam que praticamente 50% de todos os casos de violência doméstica envolvem troca de agressões e os outros 50% são igualmente divididos entre homens e mulheres que são agredidos covardemente por seus parceiros.
Parte da razão que este problema é totalmente ignorado é por causa que a cultura geral prega que um homem que apanha é “fraco” ou “maricas”. Um bom exemplo é o caso de Barry Willians: recentemente, a ex-estrela do seriado Brady Bunch (no Brasil, era conhecida como A Família Sol-Lá-Si-Dó)
denunciou e processou a mulher com que vivia, porque ela o agrediu fisicamente, roubou 29 mil dólares de sua conta bancária , tentou até esfaqueá-lo e repetidamente fez ameaças de morte.
Seria difícil imaginar algum programa de tv fazendo chacota de uma mulher que passase por tamanho sofrimento, mas o programa
E! Online aproveitou a oportunidade para tirar sarro de Willians, comparando o evento com vários trechos de episódios do seriado Brady Bunch. Parecido com isso, quando o Saturday Night Live tinha um quadro em que um Tiger Woods apavorado era seguidamente agredido por sua mulher e não recebeu crítica alguma por isso,
mas o programa foi bastante criticado por ter sido insensível com o problema de violência doméstica que a cantora Rihanna sofreu.
Falta de estudosAs vezes é impossível ignorar o problema, como quando o caso termina em morte – como
no caso do ator Phil Hartman – mas as causas tendem a ser explicadas como problemas mentais da parceira, aliviando a carga de culpa da assassina. O mesmo pode ser dito do caso Andrea Yates, em que muitos especialistas vieram afirmar como um
“marido insensível” pode levar uma mulher a matar.
Muitas informações sobre o caso de violência doméstica contra homens são anedóticas, principalmente por causa da falta de estudos sobre este problema. Mesmo com muitas organizações que foram criadas voltadas a este problema, a única fonte de recursos a estas organizações é o Departamento de Justiça dos EUA, que deixa a responsabilidade da administração dos recursos para a Secretaria da Violência contra a Mulher.
Por anos, o Departamento de Justiça americano
recusou explicitamente a patrocinar estudos que investigassem a violência doméstica contra os homens. De acordo com especialistas na área, o Departamento de Justiça recentemente concordou em financiar os estudos sobre o problema, desde que os pesquisadores também investigassem sobre a violência contra a mulher.
O primeiro estudo americanoAs pesquisadoras Denise Hines e Emily Douglas recentemente terminaram o primeiro estudo americano que cientificamente determina o impacto social e mental da violência doméstica contra os homens. Algo a se destacar é que este estudo não foi patrocinado pelo Departamento de Justiça dos EUA, mas pelo Instituto Nacional de Saúde Mental. Isso demonstra não apenas que os pesquisadores que se propõem a pesquisar sobre o tema são ignorados, mas que a violência doméstica contra os homens não é considerada um crime, mas sim um problema de saúde mental.
Esta “descriminalização” da violência doméstica contra os homens afeta os resultados das pesquisas. Enquanto estudos baseados em levantamentos dos casos descobriram que homens e mulheres cometem violência doméstica em números muito semelhantes, estudos baseados em criminalidade mostram que as mulheres têm muito mais probabilidades de serem as vítimas. Esta incoerência começa a fazer sentido quando se considera que a violência de homem contra a mulher tende a ser visto como um crime, enquanto a violência da mulher contra o homem é visto de forma mais benigna.
Um estudo recente envolvendo 32 nações mostrou que mais de 51% dos homens e 52% das mulheres acham que é certo uma mulher bater em seu marido em determinadas situações. Em comparação, somente 26% dos homens e 21% das mulheres consideram certo que há momentos que é certo um marido bater em sua esposa. Murray Straus, criador da Escala de Identificação de Conflitos (Conflict Tactics Scale, ou CTS) e um dos autores do estudo, explica esta discrepância: “nos nunca vemos homens como vítimas. Sempre vemos mulheres como mais vulneráveis do que os homens.”
Joelhada no SacoEsta afirmação se torna ainda mais surpreendente quando é considerado o caso do
jogador de futebol americano Warren Moon, do Minnesota Vikings, que aconteceu em 1996. Durante uma discussão com sua mulher, ele tentou segurar sua esposa que lhe havia atirado um castiçal em sua cabeça e acabou recebendo uma joelhada nos testículos. Ele acabou sendo acusado de agressão física e só foi liberado pela justiça depois que sua esposa admitiu que foi ela quem o atacou, e que suas escoriações foram auto inflingidas. Estranhamente, a confissão por parte dela de ter inventado a agressão não resultou em nenhuma ação judicial movida contra ela.
Enquanto o julgamento de Moon atingiu a atenção da mídia para este absurdo, casos como esse são comuns e não recebem a devida atenção. Na verdade, há
estudos que demonstram que se um homem chama a polícia para denunciar uma agressão de sua esposa contra ele, ele tem 3 vezes mais chances de ser preso do que a mulher que estava praticando a agressão.
Esta visão deturpada da violência doméstica que domina o senso comum também afetam os recursos que são disponiblizados para ajudar homens agredidos. Por exemplo, a Linha de Apoio contra a Violência Doméstica atende tanto homens quanto mulheres – é a única linha de atendimento gratuita dos EUA que se especializa em ajudar homens vitimados pela violência doméstica – enfrenta inúmeros problemas e burocracias para conseguir financiamento. No estado do Maine, onde se baseia a sede da Linha de Apoio, a maior fonte de financiamento viria se eles se associassem a Coalizão Para o fim da Violência Doméstica do Maine.
Na corda bambaMas de acordo com o Diretor da Linha de Apoio, Jan Brown, a Coalizão recusa até mesmo a aceitar o programa ter uma chance de se tornar membro, efetivamente negando acesso a finaciamento. Atualmente, 45 voluntários atendem 550 ligações mensaias daonde 80% sao de homens ou de pessoas pedindo ajuda em nome de um homem. Operando com um orçamento de menos de 15 mil dólares anuais, eles tentam prover treinamento intensivo aos seus voluntários e oferece as vítimas um abrigo, comida, passes de ônibus e outros serviços.
Os serviços de abrigo da Linha de Apoio são informais e improvisados, principalmente porque a falta de financiamento torna a construção de um abrigo com melhores condições impossível. Na verdade,
dos 1,200 a 1,800 abrigos que estimam-se que existem nos EUA, apenas um – o abrigo
Valley Oasis que se localiza em Antelope Valley, na Califórnia – provê um serviço completo de abrigo e apoio a homens vítimas de violência doméstica. E, em média,
menos de 10% dos recursos que a Secretaria da violência contra a Mulher disponibiliza são usadas para combater a violência doméstica contra os homens.
Para as vítimas masculinas de violência doméstica, o sistema legal acaba se tornando outra forma de abuso. Como no caso do jogador Moon, homens agredidos acabam sendo presos, mesmo se são eles a chamar a polícia. E mesmo depois da prisão o processo de encarceramento, ordens de restrições de aproximação, ação de divórcio e a custódia dos filhos continuam a deixar os homens em grande desvantagem.
Um alto custoAs ordens de restrição de aproximação são obstáculos particularmente irritantes. A Radar Services, uma organização que monitora essas ordens de restrição, estima que 85% dos 2 milhões das ordens de restrição que são expedidas todos os anos são contra homens. Em muitos estados, o requerimento para conseguir uma ordem de restrição é vago: no
estado do Oregon, por exemplo, uma simples alegação de “medo” de ser agredida já é suficiente para a expedição de uma ordem. Enquanto no
Michigan, é expedido para proteger a família contra “possíveis danos psicológicos”.
Mas não há nada de vago sobre os efeitos das ordens de restrição de aproximação: geralmente expulsam homens de suas casas, negam a eles acessos aos filhos e resultam em gastos finaceiros enormes para milhões de homens que tem que procurar um novo lugar para morar, contratar advogados e pagar outras despesas. Para alguns homens, como Hines e Brown apontam, o sistema legal dá para esposas e namoradas má intencionadas e vingativas ferramentas adicionais para atacar seus parceiros mesmo se o relacionamento já terminou.
Como Straus nota, “a maioria dos recursos [para o combate à violência doméstica] devem ser mesmo dedicado as mulheres. Geralmente elas que são mais agredidas, são mais vulneráveis economicamente e são as que ficam na maioria das vezes com a guarda dos filhos. Mas mesmo assim, homens também tem que contar com mais recursos, não podem ser ignorados.”
Não há dúvidas que a violência doméstica contra os homens podem ser reduzidas; as iniciativas contra a violência dos últimos 40 anos trouxe à luz um crime que era escondido e deu proteção para milhões de mulheres que sofriam de violência de maridos abusivos. O próximo passo é admitir que a violência doméstica não é só um problema feminino ou masculino, mas um problema humano, e uma solução definitiva deve ser tomada para combater a crueldade – e o sofrimento – que ocorrem em ambos os sexos.
Abraços!