Lamentável essa proposta.
Nem li as postagens mas só sei que concordo com o Barata que é uma coisa babaca querer expulsar os pobres para ficar com o que se acredita que seja a parte rica da União.
Uma posição moralmente medíocre mas também, para aqueles que não se importam com o detalhe da moralidade, muito burra. Burra e ignorante.
Não estou chamando ninguém de burro ou ignorante. Pessoas inteligentes fazem e dizem coisas burras e todos ignoramos a maior parte de tudo que há para saber.
É burrice porque a pujança econômica de São Paulo, que não é a mesma nos estados do Sul, não resulta da sua auto-suficiência. Muito pelo contrário. SP precisou e precisa importar matéria prima para suas indústrias, precisou da imigração para crescer, precisa muito da energia que ele não é capaz de produzir e conta com esse imenso mercado de mais de 200 milhões de pessoas para manter sua economia. E logo irão precisar também da água que eles não têm.
É ignorância histórica: se quiserem saber como seria o Brasil caso tivesse se fragmentado em províncias como a América Espanhola é só dar uma boa olhada na prosperidade dos nossos vizinhos. E eles parecem ter mais ou menos esperança no futuro do que o Brasil?
Como estaria o que seriam hoje os
Estados Desunidos se cada uma das 13 colônias tivesse formado um país independente? Lincoln sabia, porque arriscou tudo em uma guerra que mais matou americanos até hoje para não perder o que seria o "nordeste" deles. Ou seja, o sul.
Já o nosso Sul poderia não ter feito parte do Brasil, mas eles lutaram para fazer parte do Brasil. Apenas o riograndenses e pernambucanos lutaram para serem brasileiros. A imigração alemã pode ter turvado um pouco o bom senso por lá, porque antes parece que percebiam claramente que sozinhos não chegariam a ser mais que um reles Uruguai.
Com todo respeito ao Uruguai. E também aos gaúchos, é claro.
É até engraçado que gente que se inflama para dizer que o imperialismo americano e inglês em nada contribuiu para nosso subdesenvolvimento, ao mesmo tempo quer atribuir todas as suas mazelas a Alagoas ou ao Rio Grande do Norte.
Existem estados pagadores e recebedores de impostos. Pagadores que são aqueles que pagam mais que recebem, e recebedores o oposto. Mas os 3 maiores pagadores são, pela ordem, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Todos os outros vêm muito, muito atrás.
E além do Distrito Federal não apenas estados do Sul e Sudeste são pagadores. Também Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minhas Gerais e Pernambuco.
https://robertolbarricelli1.wordpress.com/2013/11/30/impostos-estados-pagadores-x-estados-recebedores/Mas reparem na segunda tabela deste link que o lucro dos estados recebedores não chega a 10% dos impostos retidos pela União dos estados pagadores. Logo é uma mentira que os estados pagadores estejam carregando nas costas os mais pobres no Brasil.
Porém, só raciocinando muito além dessa contabilidadezinha de mercearia, é que se pode enxergar o benefício que todos nós recebemos ao pertencer a um país com o tamanho e os recursos do Brasil. Na verdade todos nós, tanto pagadores quanto recebedores, recebemos muito mais da existência dessa união. Com todos os problemas que realmente existem.
É evidente que o Paraguai sozinho jamais teria construído uma das maiores usinas hidrelétricas do mundo. E muito menos o Paraná sozinho! O Sul quer mesmo abrir mão do pré-sal? Porque dos royalties fizeram questão. Querem abrir mão do maior ativo do século 21 que será a floresta amazônica? Vão querer ter abrido mão das maiores regiões do mundo com capacidade de produção de bio-combustível renovável quando petróleo for escasso e absurdamente caro? E do maior parque eólico do mundo e que ainda por cima pode produzir kwh de energia com menor custo que em qualquer outro lugar do mundo? Os rio grandenses, mas os do norte, um dia ainda iriam rir muito de tamanha estupidez.
Se os nossos industriais e produtores agrícolas reclamam com razão que o "custo Brasil" é alto, imagine então o quanto não seria este custo se um governo federal, mesmo corrupto e incompetente, não tivesse construído a maior e mais integrada estrutura de transportes, portos, telecomunicações e energia de toda a América Latina. Porque mesmo corrupto e incompetente esta foi uma simples consequência de sermos um país.
Seria muito interessante e didático para as obtusidades separatistas, se pudéssemos comparar com o custo, por exemplo, da integração econômica entre Uruguai, Argentina e Chile. Que não possuem sistemas de transportes integrados, nem de energia e telecomunicações. E ainda há o custo das tarifas de importação e exportação, o custo da burocracia para o comércio exterior, as dificuldades impostas às empresas pelas diferentes legislações, impossibilidade para alocar a mão de obra onde esta por ventura for abundante e barata para regiões de outro país que possam necessitar dessa mão de obra para o seu desenvolvimento, como foi o caso para São Paulo. O mesmo, é claro, também é verdadeiro para o trabalho técnico e especializado.
Sem contar que Chile e Argentina ainda vivem em pé de guerra por questões territoriais que nunca se resolvem.
Na Argentina, Chile e Uruguai existem empresas nacionais como a Petrobras, a Vale do Rio Doce, a Embraer e a Avibras, entre outras? Por quê? Algum destes países alcançou o nosso nível de industrialização? Nossas empreiteiras corruptoras estão entre as melhores empresas de engenharia do mundo! Talvez vocês não saibam mas empreiteiras brasileiras constroem até nos Estados Unidos, e sem propina! Vencendo concorrências e licitações.
A Odebrecht constrói estradas no Texas e tem projetos na Flórida.
http://odebrecht.com/pt-br/negocios/nossos-negocios/odebrecht-engenharia-construcao-internacional-infraestruturaTodas as nossas grandes empreiteiras conseguem contratos no mundo inteiro.
Lista de países onde a empresa de Minas Gerais, Andrade Gutierrez atua:
Alemanha, Angola, Antígua, Argélia, Argentina, Brasil, Camarões, Colômbia, Congo,
Emirados Árabes,
Estados Unidos, Gana, Guiné-Conacri, Guiné Equatorial, Índia,
Líbano, Líbia, Mali, México, Moçambique, Nigéria, Panamá, Peru, Portugal, República Dominicana, Venezuela, Arábia Saudita, Azerbaijão, Bahamas, Bolívia, Catar, Chile, China, Costa Rica, Equador, Espanha, Grécia, Haiti, Irã, Iraque, Mauritânia, Paraguai, Rússia, Santa Lúcia e Ucrânia.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Grupo_Andrade_GutierrezMeu pai foi vice-presidente de uma consultoria de transportes que atuava no mundo inteiro.
Mas... e as empreiteiras do Uruguai?
Não é por sermos pequenos que somos a nona economia do mundo. Os dados que levantei agora são de 2008 mas alguém pode atualizar se quiser:
- Das 25 maiores empresas da América Latina mais da metade são brasileiras.
http://oglobo.globo.com/economia/brasil-tem-13-das-25-maiores-empresas-da-america-latina-em-valor-de-mercado-3637931- No ranking das 500 maiores da AL o Brasil também predomina largamente.
http://www.universitario.com.br/noticias/n.php?i=5235Depois, muito atrás, vem o México. Não por acaso outro país gigante.
Se dividir fosse bom veríamos a Bolívia e o Paraguai no topo dessa lista.
Essa é uma forma muito mais acurada de medir os benefícios para a economia da integração em um grande país. Especialmente um grande país com os recursos invejáveis que o nosso possui. Uma maneira muito mais acurada de avaliar o quanto realmente as economias, os empreendimentos e as empresas de Minas, São Paulo, RJ, etc... ganham com um país como o Brasil. Dá uma ideia muito mais clara do que um estado perde com a
separação do que simplesmente a distorção simplista de contabilizar tributos pagos X tributos repassados.
A União Europeia foi a única solução do empresariado europeu para sair do buraco depois da segunda guerra. Não só isso, o pragmatismo os fez passar por cima de imensas divergências históricas e uma desuniformidade cultural enorme porque era claro que, isoladamente, não mais poderiam competir com os Estados
UNIDOS, que naquela altura respondiam por mais da metade do PIB mundial.
Esse arranjo de livre comércio, maior uniformidade na legislação, integração de sistemas de transporte, telecomunicações e energia, facilidade para a circulação de pessoas e para se obter trabalho fora do seu país em qualquer lugar da União Europeia, depois culminando na adoção de uma moeda única, não só recuperou as economias falidas destes países como levou os europeus a um grau de prosperidade nunca antes experimentado.
Nem mesmo antes, em suas potências coloniais, quando estas podiam sugar recursos "for free" por todo o mundo.
Procurem saber como eram Portugal e Espanha há poucas décadas antes de ingressarem na União Europeia; paisecos de terceiro mundo! Os portugueses vinham em massa para o Brasil para escapar da miséria.
Por que não se discute, ao invés da idiotice do separatismo, que os estados tenham mais autonomia para gerir seus próprios recursos. Já que este parece ser o problema, e não a
União. Se por um lado há estados que pagam muito mais do que recebem ( e só RJ e SP realmente pagam muito ), por outro é verdade que a serparação das economias torna a todos mais pobres. Isso é auto-evidente: a Europa jamais teria saído da falência sem a integração econômica.
Mas estes argumentos econômicos são para os de alma pequena. Como a minha é de bom tamanho tenho muito orgulho e prazer em fazer parte da originalidade dessa maravilhosa experiência cultural e histórica, caótica, vertiginosa e sincrética, promíscua no melhor sentido de uma inédita tolerância social, cultural, racial e religiosa que até então o resto do mundo desconhecia, e que presenteou a nós e aos outros com genialidades e inventividades que só existiram por e para expressar o Brasil.
Falo, naturalmente, de"coisas" como Jorge Amado, Machado de Assis, Aleijadinho e João Cabral de Melo Neto.
Se o mundo tivesse o privilégio de entender Português "Morte e Vida Severina" seria um clássico da literatura mundial, assim como Shakeaspeare ou Tolstoi. Mas diferentemente de Shakeaspeare e Guerra e Paz João Cabral é intraduzível!
Como também os completamente intraduzíveis Ariano Suassuna, Alceu Valença e João Bosco. Além de Vinícius de Moraes, Tom Jobim e a Bossa Nova que foram traduzidos no mundo todo. O samba canção, o chorinho, o xote ,o xaxado e o baião. E Hermeto Pascoal, que é um gênero em si mesmo. Assim como foram os magistrais Novos Baianos.
Oswald de Andrade, a tropicália antropofágica, Caetano, Gil, Bethânia. Chico Buarque de Holanda. As festas de largo, o reizado, a ferveção do frevo, o Clube da Esquina, a banda de pífanos de Caruaru. Chiquinha Gonzaga, Luís Gonzaga, Gonzaguinha e Mané Garrincha!
Cara, esse país é rico demais.
Mas há quem acredite que poderia ter sido mais feliz só com guaranias.