Analisando as propostas mais comuns para reforma política, é possível dizer quais são mais ou menos "bolivarianas", vejamos:
1- Financiamento público de campanha política.
Esta talvez seja a mais bolivariana das propostas, ao menos nos moldes atualmente propostos. Por quê? Por que cria um círculo vicioso onde os partidos atualmente no poder irão receber dinheiro público para a campanha, enquanto os que estiverem fora não recebem nada e ainda ficam proibidos de arrumar financiamento via doações privadas. Ou seja, cria as condições para a perpetuação indefinida no poder dos partidos já instalados.
Como ela deixaria de ser bolivariana? Se os recursos fossem distribuídos por sorteio, rodízio ou qualquer outro meio que desse chance aos partidos de fora de terem acesso a recursos para campanha. Um outro meio seria uma padronização da campanha eleitoral, com um teto baixíssimo de gastos, o que faria os recursos "sobrarem" para o uso de mais partidos.
2- Fim da reeleição.
É um projeto anti-bolivariano por natureza. Nem precisa explicar.
3- Voto Distrital.
É um projeto que dá maior visibilidade aos parlamentares, permitindo uma maior fiscalização e avaliação dos mesmos pelos eleitores. É um projeto não-bolivariano.
4- Voto em lista fechada.
Ao contrário do anterior, ele tira dos eleitores a escolha sobre a ordem dos parlamentares eleitos, entregando-a aos caciques dos partidos. Por ser um projeto que reduz o poder de escolha dos eleitores (que teriam que escolher entre alguns poucos "pacotes" montados por alguns caciques), é bolivariano.
Os item 1 (financiamento público) unido ao 4 (voto em lista fechada) formaria um poderosíssimo "combo" bolivariano, pois os partidos já instalados no poder teriam recursos para a campanha, não teriam muitos concorrentes (que seriam impedidos de obter financiamento de fora) e ainda escolheriam as pessoas que ficariam no topo da lista, que acabariam sendo reeleitas indefinidamente. Junte-se a isso uma cláusula de barreira, e teríamos praticamente um regime oligárquico.