Autor Tópico: Imagens políticas  (Lida 187108 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3900 Online: 11 de Junho de 2018, 18:28:10 »
Me pareceu implícito que Taleb está argumentando que os EUA são melhores que a Europa ou França especificamente, devido aos burocratas do estado legislarem em causa própria, consolidando-se numa casta, ficando sugerido que nos EUA não haveria o problema, ou não na mesma dimensão. Não só isso é duvidoso, como também há outros fatores estruturais análogos ou até "homólogos" que contribuem para a situação ser objetivamente pior nos EUA, como políticas segregacionistas, e sistema de saúde muito ineficiente/custoso, o que parece não ser o caso na França, especialmente no que tange o sistema de saúde.

Eu sinceramente não entendi o problema técnico (não estou dizendo que não há, apenas não entendi mesmo), e ainda me parece que a fixação em picos de flutuação é tremendamente menos informativa, se comparada a tendências de longo prazo, seja inter-geracional ou ao longo da vida das pessoas. Especialmente sem saber exatamente o que conta para essas flutuações. Vender uma casa, fazer empréstimos/endividamento? E ainda tem o aspecto de riqueza versus renda. Pessoas como os Steve Jobs da vida, que podem ter renda de só um centavo, mas são ricos a ponto de poderem nem trabalhar por anos. Não dá para ignorar também a desigualdade de riquezas, ignorar os padrões de longo prazo, e dizer que está tudo bem se uma grande parte das pessoas em algum momento, por pouco tempo, poderá se encontrar bem alto ou bem baixo na distribuição de renda especificamente. Isso parece ser tão caricatural quanto achar que há uma estratificação absolutamente rígida.





(Com base no artigo citado por Taleb)

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https://www.nytimes.com/2015/04/11/business/economy/middle-class-but-feeling-economically-insecure.html


Economic Roller Coaster
Most Americans move in and out of the middle class at different points in their lives. By the time they have turned 60, almost 80 percent have drawn on unemployment insurance or welfare, or have fallen below the poverty level for at least a year. By contrast, more than 30 percent have received an exceptionally high income for one year or more. Many have experienced both extremes.



The Changing Nature of Middle-Class Jobs
The types of jobs that pay middle-class wages have shifted since 1980. Fewer of these positions are in male-dominated production occupations, while a greater share are in workplaces more open to women.



The Shrinking American Middle Class
The share of the American population that is middle income has been shrinking for several decades. Until fairly recently, that was because more people were entering a higher-income bracket. Now it’s for the opposite reason.




Citar
What Percent Are You?
Enter your household income and see how you rank in 344 zones across the country.

https://archive.nytimes.com/www.nytimes.com/interactive/2012/01/15/business/one-percent-map.html








http://www.pewresearch.org/fact-tank/2015/12/10/5-takeaways-about-the-american-middle-class/






Offline -Huxley-

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3901 Online: 11 de Junho de 2018, 23:17:56 »
Por que é mais informativa essas estatísticas sobre porcentagem de pessoas (físicas ou jurídicas) que, em algum momento, atingiu o topo, ou, porcentagem de pessoas que, em algum momento, deixaram o topo? Simples, se há boa mobilidade descendente, é sinal de que o acaso ou a competição de mercado anda derrubando fortes. Ser relativamente ruim nisso, aí sim, é comprometedor para uma nação. E não ter valor de coeficiente Gini relativamente alto. O coeficiente Gini de forma alguma pode ser considerado indicador de desenvolvimento, exceto para quem crer erradamente que o processo de multiplicação desigual de riqueza necessariamente implique um jogo de soma zero (pode até ser, mas quando a mobilidade descendente é baixa e o capitalismo de compadrio é forte).
« Última modificação: 11 de Junho de 2018, 23:39:25 por -Huxley- »

Offline JJ

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3902 Online: 12 de Junho de 2018, 08:13:30 »
Eu não sou técnico, nem meta-técnico. De modo geral o que um leigo faz é se orientar pelo que parece ser mais consensual, em vez de apostar em algum excêntrico aleatório ou famoso.
Ora, mas isso leva a um terrível paradoxo. Seria mais especialista quem tem mais prestígio na academia. E se for a academia quem julga os que mais tem mais prestígio na academia, isso é o mesmo que dizer que "Tudo que vem da academia é bom". Isso está para a ciência o que a versão da moral religiosa de "Tudo que vem de Deus, é bom" (como no caso da obediência de Abrãao ao ordenamento do sacrifício do filho Isaque feito por Jeová) está para a ética. Se decidirmos apenas por confiar numa autoridade da academia, então qualquer coisa que vier desta fonte é necessariamente BOM.   
Correto. Autoridades da academia dizem que  a  evolução é uma verdadeira e  uma BOA teoria científica. Mas, não é qualquer coisa que venha desta(s) fonte(s) (academia(s)) que seja necessariamente BOM (ou correto ou verdadeiro).

Correto.


Então,  podemos e devemos duvidar que a evolução seja correta e/ou verdadeira e/ou uma  BOA  teoria.

Errado.

Você pode duvidar se ela é correta e ou boa.

Mas a sua crença é irrelevante para demonstrar isto.

As evidências e sua interpretação, dentro do arcabouço, é que devem dizer se ela é ou não boa.


Também temos que é a academia quem julga os que mais tem mais prestígio na academia, e isto é algo incorreto e ruim,  o correto e BOM é que  sejam pessoas comuns do povo,  que devem julgar quem  deve ter mais prestígio na academia.

Errado.

A população não tem a menor condição técnica para avaliar a qualidade dos trabalhos dos cientistas.

Isto não é o equivalente a escolhas bobas e fúteis feitas pela massa ignara, como times de futebol ou programas de auditórios.



Então, parece que as seguintes críticas:


"Seria mais especialista quem tem mais prestígio na academia. E se for a academia quem julga os que mais tem mais prestígio na academia, isso é o mesmo que dizer que "Tudo que vem da academia é bom". Isso está para a ciência o que a versão da moral religiosa de "Tudo que vem de Deus, é bom" (como no caso da obediência de Abrãao ao ordenamento do sacrifício do filho Isaque feito por Jeová) está para a ética. "




Não tem bom fundamento.




Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3903 Online: 12 de Junho de 2018, 13:01:16 »
Por que é mais informativa essas estatísticas sobre porcentagem de pessoas (físicas ou jurídicas) que, em algum momento, atingiu o topo, ou, porcentagem de pessoas que, em algum momento, deixaram o topo? Simples, se há boa mobilidade descendente, é sinal de que o acaso ou a competição de mercado anda derrubando fortes.

Mesmo supondo que isso seja algo bom, ainda deverá requerer mais do que simplesmente "acontecer", sem qualquer atenção aos parâmetros, ou não? O cume do topo tem um tamanho bem pequeno, em tese me parece perfeitamente possível que fosse ocorrer flutuações mesmo que eles devam seu lugar no ápice e um pouco mais imediatamente abaixo às custas de fortes proteções de mercado, que dificultam muito a ascensão de outros.

E isso ainda pode ser talvez mais insignificante se o analisado são pessoas físicas (se não me engano, era o caso), sendo que essa análise deixa de fora a riqueza, que é o fator mais importante no que tange a mobilidade e qualidade de vida.


Citar
Ser relativamente ruim nisso, aí sim, é comprometedor para uma nação. E não ter valor de coeficiente Gini relativamente alto. O coeficiente Gini de forma alguma pode ser considerado indicador de desenvolvimento, exceto para quem crer erradamente que o processo de multiplicação desigual de riqueza necessariamente implique um jogo de soma zero (pode até ser, mas quando a mobilidade descendente é baixa e o capitalismo de compadrio é forte).

Gini é um critério de desenvolvimento (IDHi), não creio que isso tenha como fundamento a noção de que desigualdade de riqueza seja necessariamente uma soma zero, embora o que cada um pensa possa variar. Além de talvez haver intrinsecamente um risco maior disso (oligarquia) quanto maior for a desigualdade, também há uma série de correlatos negativos com desigualdade, incluindo maior pobreza. Talvez isso seja em algum ponto até algo meio circular, mas não deixa de ser uma correlação verdadeira e não-espúria (a circularidade elimina isso, mesmo que reduza o quão informativa é a correlação).


http://hdr.undp.org/en/content/reducing-inequality-can-significantly-improve-human-development


Offline Agnoscetico

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3904 Online: 12 de Junho de 2018, 22:32:44 »

Offline -Huxley-

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3905 Online: 12 de Junho de 2018, 23:58:52 »
Por que é mais informativa essas estatísticas sobre porcentagem de pessoas (físicas ou jurídicas) que, em algum momento, atingiu o topo, ou, porcentagem de pessoas que, em algum momento, deixaram o topo? Simples, se há boa mobilidade descendente, é sinal de que o acaso ou a competição de mercado anda derrubando fortes.

Mesmo supondo que isso seja algo bom, ainda deverá requerer mais do que simplesmente "acontecer", sem qualquer atenção aos parâmetros, ou não? O cume do topo tem um tamanho bem pequeno, em tese me parece perfeitamente possível que fosse ocorrer flutuações mesmo que eles devam seu lugar no ápice e um pouco mais imediatamente abaixo às custas de fortes proteções de mercado, que dificultam muito a ascensão de outros.

E isso ainda pode ser talvez mais insignificante se o analisado são pessoas físicas (se não me engano, era o caso), sendo que essa análise deixa de fora a riqueza, que é o fator mais importante no que tange a mobilidade e qualidade de vida.


Citar
Ser relativamente ruim nisso, aí sim, é comprometedor para uma nação. E não ter valor de coeficiente Gini relativamente alto. O coeficiente Gini de forma alguma pode ser considerado indicador de desenvolvimento, exceto para quem crer erradamente que o processo de multiplicação desigual de riqueza necessariamente implique um jogo de soma zero (pode até ser, mas quando a mobilidade descendente é baixa e o capitalismo de compadrio é forte).

Gini é um critério de desenvolvimento (IDHi), não creio que isso tenha como fundamento a noção de que desigualdade de riqueza seja necessariamente uma soma zero, embora o que cada um pensa possa variar. Além de talvez haver intrinsecamente um risco maior disso (oligarquia) quanto maior for a desigualdade, também há uma série de correlatos negativos com desigualdade, incluindo maior pobreza. Talvez isso seja em algum ponto até algo meio circular, mas não deixa de ser uma correlação verdadeira e não-espúria (a circularidade elimina isso, mesmo que reduza o quão informativa é a correlação).


http://hdr.undp.org/en/content/reducing-inequality-can-significantly-improve-human-development



Como entendi nada dos dois primeiros parágrafos, apesar de ter lido e relido, vou responder somente o terceiro.

Bem, eu não vi a evidência de que a correlação seja não-espúria no quote acima; ela simplesmente foi afirmada. Para fazer isso, a negação de existência de epifenômeno, seria preciso acrescentar a dimensão tempo na análise da associação das variáveis (e melhor ainda seria ver também a taxa de variação das variáveis). Thomas Piketty ficou famoso ao mostrar dados da desigualdade econômica nos EUA e nos países europeus. Segundo ele (ver artigo da Wikipedia sobre a "Kuznets curve"), houve a diminuição da desigualdade em 1930-1950 relatada pelo economista Simon Kuznets, mas desde 1950, a desigualdade atingiu novamente os níveis anteriores à Segunda Guerra Mundial. O crescimento veloz do PIB capita é um fenômeno relativamente recente na história mundial, coisa de 1950 para cá. Assim, segundo essa lógica de associação, pelo menos nos países desenvolvidos, o aumento no nível de desigualdade estaria associado ao aumento no nível do PIB per capita no pós-1950.
« Última modificação: 13 de Junho de 2018, 00:27:07 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3906 Online: 13 de Junho de 2018, 10:51:59 »
Quis dizer que o topo da renda é algo análogo a uma corrida de cavalos, onde em um segundo qualquer, vai ter algum vencendo por um nariz, mas no passo seguinte, na movimentação do corpo, já pode perder essa dianteira. Esse "ruído" deve ser maior quão menor for o "topo" considerado. Então você não pode fazer uma análise superficial com um "zoom" elevado e concluir que haja a "estrutura" ou padrão que considerado ideal em termos de "competitividade", que nem sei se algo que faz muito sentido falar em termos de renda individual (o analisado no artigo citado por Taleb) e mobilidade social. Especialmente embaixo.

A correlação inicialmente citada do site "visualizing economics" é entre riqueza e distribuição de renda. Deve ser em algo quase inevitável que, quanto mais rica for a economia, melhor seja a distribuição de renda. Esse deve ser um "sintoma" de uma economia eficiente, ou, vice-versa, distribuição de renda ser tão mais desproporcional quanto menos eficiente for a economia, e logo a riqueza total tem também tendência a ser menor. Seja lá qual for o mecanismo exato, me parece duvidoso que riqueza e sua distribuição possam ser fatores completamente independentes.









http://freakonomics.com/2012/01/19/is-higher-income-inequality-associated-with-lower-intergenerational-mobility/





http://www.hamiltonproject.org/charts/the_relationship_between_income_inequality_and_social_mobility






http://matthewspaur.com/2014/09/04/on-fairness-the-relationship-between-income-inequality-and-economic-growth/







https://www.atkearney.com/web/global-business-policy-council/article?/a/when-rising-tides-only-lift-yachts-addressing-the-challenge-of-inequality





http://mechonomic.blogspot.com/2012/02/paradox-of-income-inequality-among.html

Offline -Huxley-

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3907 Online: 13 de Junho de 2018, 23:29:01 »
Quis dizer que o topo da renda é algo análogo a uma corrida de cavalos, onde em um segundo qualquer, vai ter algum vencendo por um nariz, mas no passo seguinte, na movimentação do corpo, já pode perder essa dianteira. Esse "ruído" deve ser maior quão menor for o "topo" considerado. Então você não pode fazer uma análise superficial com um "zoom" elevado e concluir que haja a "estrutura" ou padrão que considerado ideal em termos de "competitividade", que nem sei se algo que faz muito sentido falar em termos de renda individual (o analisado no artigo citado por Taleb) e mobilidade social. Especialmente embaixo.

Se o acaso sozinho fosse capaz de produzir espontaneamente esse estado (rotatividade dos ricos), então não veríamos vários exemplos de países alcançarem uma condição semelhante a do "estado absorvente".

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3908 Online: 13 de Junho de 2018, 23:33:32 »
E de que informação se dispõe quanto a isso?

Oligarquias e cartéis tem seus membros todos sempre em uma hierarquia rígida, não havendo flutuação de renda entre eles?

Ou mesmo entre as rendas de marajás na burocracia estatal ou capitalistas compadres?

Offline -Huxley-

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« Resposta #3909 Online: 13 de Junho de 2018, 23:35:24 »

A correlação inicialmente citada do site "visualizing economics" é entre riqueza e distribuição de renda. Deve ser em algo quase inevitável que, quanto mais rica for a economia, melhor seja a distribuição de renda. Esse deve ser um "sintoma" de uma economia eficiente, ou, vice-versa, distribuição de renda ser tão mais desproporcional quanto menos eficiente for a economia, e logo a riqueza total tem também tendência a ser menor. Seja lá qual for o mecanismo exato, me parece duvidoso que riqueza e sua distribuição possam ser fatores completamente independentes.









http://freakonomics.com/2012/01/19/is-higher-income-inequality-associated-with-lower-intergenerational-mobility/





http://www.hamiltonproject.org/charts/the_relationship_between_income_inequality_and_social_mobility






http://matthewspaur.com/2014/09/04/on-fairness-the-relationship-between-income-inequality-and-economic-growth/







https://www.atkearney.com/web/global-business-policy-council/article?/a/when-rising-tides-only-lift-yachts-addressing-the-challenge-of-inequality





http://mechonomic.blogspot.com/2012/02/paradox-of-income-inequality-among.html

Não vi qualquer coisa que demonstre essa necessidade de não haver distribuição desigual do sucesso e partilha equitativa do fracasso. Especialmente quando se incorpora a dimensão tempo na análise da associação das variáveis mencionadas, que é um dos principais mecanismos para desmascarar a validade de alegação de causalidade.

Offline Buckaroo Banzai

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« Resposta #3910 Online: 13 de Junho de 2018, 23:44:50 »
Estes gráficos não estão aí para embasar nada, só coisas que me pareceram interessantes.

Antes da linha horizontal é o meu achismo quanto a validade/não-espureidade (?) do gráfico de "visualizing economics". Outra analogia seria correlacionar aquecimento global com carros ou com tempo transcorrido de casa ao trabalho pelas pessoas. Ainda que algo muito mais indireto do que a concentração de CO2 na atmosfera, não deve poder ser totalmente desconexo disso, mesmo que não vá apresentar uma correlação que se diga, "minha nossa, como é direta e linear essa correlação". Mas tal como CO2 não será totalmente desconexo de carros, riqueza/desenvolvimento também não deve ser totalmente aleatório com relação a distribuição de renda.

Um dos gráficos calha de ser num texto ou artigo argumentando por dois padrões de correlação, inclusive. Um caso de "paradoxo de Simpson", talvez.

Offline -Huxley-

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3911 Online: 14 de Junho de 2018, 12:18:48 »
E de que informação se dispõe quanto a isso?

Oligarquias e cartéis tem seus membros todos sempre em uma hierarquia rígida, não havendo flutuação de renda entre eles?

Ou mesmo entre as rendas de marajás na burocracia estatal ou capitalistas compadres?

Os tipos não se dividem em imobilidade descendente rígida-infalível e mobilidade descendente plena. Há um continuum entre eles. Mas dá para inferir que padrão pertence a quem quando se consegue distinguir não turvamente os dois tipos.

Nos países em que há mais algo da tríade obscura - rent-seeking, patrocínio político ou captura regulatória- , existem ferramentas de exploração autossustentáveis (embora não perfeitamente) e os poderosos tem mais chance de permanecerem ou se tornarem ainda mais poderosos; ademais, isso seria reforçado por forças concentrativas como o efeito "o-vencedor-leva-tudo" do Extremistão. Em países que conseguiram mais sucesso em se livrar desse círculo vicioso, a sorte desempenha um papel muito importante em deixar ninguém seguro no topo: ela tem grande poder para promover novatos ex-anões e derrubar gigantes. Isso foi explicado em detalhes por Taleb em A Lógica do Cisne Negro no capítulo 14, seção "Ninguém está seguro no Extremistão" e de forma menos detalhada por mim no tópico do CC "Como ficar rico em dez passos".

Se você supõe que o lado mais próximo do estado não absorvente é algo produzido tipicamente pela rent-seeklândia, o lado mais próximo do estado absorvente seria produzido tipicamente por quem? Pela sociedade que teve mais sucesso em se livrar da tríade obscura?  Isso contraria a lógica guiada pelas observações já mencionadas. Um país com capitalismo com mercado relativamente desobstruído teria mais dificuldade de produzir estado absorvente. E o papel da sorte nos mercados explicaria isso.
« Última modificação: 14 de Junho de 2018, 16:00:01 por -Huxley- »

Offline -Huxley-

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3912 Online: 14 de Junho de 2018, 12:26:15 »
mesmo que não vá apresentar uma correlação que se diga, "minha nossa, como é direta e linear essa correlação".

Difícil entender essa conjunção concessiva "mesmo que" quando foi afirmado isso:

Deve ser em algo quase inevitável que, quanto mais rica for a economia, melhor seja a distribuição de renda.

E riqueza é uma variável de distribuição escalável. Correlação é um conceito que tem pouca ou nenhuma importância nesse domínio.
« Última modificação: 14 de Junho de 2018, 12:46:29 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3913 Online: 14 de Junho de 2018, 17:39:43 »
E de que informação se dispõe quanto a isso?

Oligarquias e cartéis tem seus membros todos sempre em uma hierarquia rígida, não havendo flutuação de renda entre eles?

Ou mesmo entre as rendas de marajás na burocracia estatal ou capitalistas compadres?

Os tipos não se dividem em imobilidade descendente rígida-infalível e mobilidade descendente plena. Há um continuum entre eles. Mas dá para inferir que padrão pertence a quem quando se consegue distinguir não turvamente os dois tipos.

Nos países em que há mais algo da tríade obscura - rent-seeking, patrocínio político ou captura regulatória- , existem ferramentas de exploração autossustentáveis (embora não perfeitamente) e os poderosos tem mais chance de permanecerem ou se tornarem ainda mais poderosos; ademais, isso seria reforçado por forças concentrativas como o efeito "o-vencedor-leva-tudo" do Extremistão. Em países que conseguiram mais sucesso em se livrar desse círculo vicioso, a sorte desempenha um papel muito importante em deixar ninguém seguro no topo: ela tem grande poder para promover novatos ex-anões e derrubar gigantes. Isso foi explicado em detalhes por Taleb em A Lógica do Cisne Negro no capítulo 14, seção "Ninguém está seguro no Extremistão" e de forma menos detalhada por mim no tópico do CC "Como ficar rico em dez passos".

Se você supõe que o lado mais próximo do estado não absorvente é algo produzido tipicamente pela rent-seeklândia, o lado mais próximo do estado absorvente seria produzido tipicamente por quem? Pela sociedade que teve mais sucesso em se livrar da tríade obscura?  Isso contraria a lógica guiada pelas observações já mencionadas. Um país com capitalismo com mercado relativamente desobstruído teria mais dificuldade de produzir estado absorvente. E o papel da sorte nos mercados explicaria isso.

Todas essas colocações teóricas não trazem qualquer informação direta sobre quanto os EUA estaria de fato no lado "bom" da coisa pela flutuação de renda dos mais ricos estar no padrão "bom" comparado a um ruim, ou com a França em particular estaria dentre os ruins. Desconfio que os EUA seja de longe um dos países onde mais é investido em lobby, e com maior captura regulatória.

Ao mesmo tempo, o quanto quer que a França seja de fato pior em mobilidade descendente daqueles no topo (o que nem necessariamente é medido pelo artigo citado por Taleb*), acho que essa não é a medida mais importante. Os estados maiores têm maior qualidade de vida, menor desigualdade, e menor mobilidade social de baixo para cima. Parece haver uma espécie de "desespero" ideológico em tentar afirmar uma dissociação completa em distribuição de riqueza e desenvolvimento/riqueza absoluta. Parece bem contra intuitivo que uma demanda efetiva maior não vá tender a ser correlacionada também com maior riqueza.

Novamente, mesmo que não haja uma correlação direta de causalidade, em algo parece necessariamente ser como correlação entre altura e peso. Você até pode ter pessoas extremamente altas e magras, e pesadas e baixas, mas em algum nível altura vai praticamente implicar em peso. De forma similar, maior riqueza ao todo deve em algum momento implicar em maiores chances de distribuição das mesmas, e esta deve ser um índice de saúde da economia. Devem ser exceções bem pouco "recomendáveis" economias onde há extrema riqueza concentrada de maneira extrema. Aliás, o Brasil-zil-zil já está entre os líderes nesse quesito.
:brasil:




* não só é limitado a renda individual/pessoa física, como despreza riqueza, e não sei o quanto não apresenta ainda essa flutuação de que falei inicialmente, os mais ricos sempre "no páreo", ainda que alternando.











http://money.cnn.com/2013/12/09/news/economy/america-economic-mobility/index.html








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Growth spells last longer in more equal countries. A 10 percentile increase in equality (represented by a change in the Gini index value from 40 to 37) increases the expected length of a growth spell by 50 percent. Percentage changes in GDP growth spell length are shown as each factor moves from 50th to 60th percentile and all other factors are held constant. Income distribution is measured by the Gini coefficient.[31]

https://en.wikipedia.org/wiki/Gini_coefficient

Offline -Huxley-

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3914 Online: 15 de Junho de 2018, 00:24:12 »
E de que informação se dispõe quanto a isso?

Oligarquias e cartéis tem seus membros todos sempre em uma hierarquia rígida, não havendo flutuação de renda entre eles?

Ou mesmo entre as rendas de marajás na burocracia estatal ou capitalistas compadres?

Os tipos não se dividem em imobilidade descendente rígida-infalível e mobilidade descendente plena. Há um continuum entre eles. Mas dá para inferir que padrão pertence a quem quando se consegue distinguir não turvamente os dois tipos.

Nos países em que há mais algo da tríade obscura - rent-seeking, patrocínio político ou captura regulatória- , existem ferramentas de exploração autossustentáveis (embora não perfeitamente) e os poderosos tem mais chance de permanecerem ou se tornarem ainda mais poderosos; ademais, isso seria reforçado por forças concentrativas como o efeito "o-vencedor-leva-tudo" do Extremistão. Em países que conseguiram mais sucesso em se livrar desse círculo vicioso, a sorte desempenha um papel muito importante em deixar ninguém seguro no topo: ela tem grande poder para promover novatos ex-anões e derrubar gigantes. Isso foi explicado em detalhes por Taleb em A Lógica do Cisne Negro no capítulo 14, seção "Ninguém está seguro no Extremistão" e de forma menos detalhada por mim no tópico do CC "Como ficar rico em dez passos".

Se você supõe que o lado mais próximo do estado não absorvente é algo produzido tipicamente pela rent-seeklândia, o lado mais próximo do estado absorvente seria produzido tipicamente por quem? Pela sociedade que teve mais sucesso em se livrar da tríade obscura?  Isso contraria a lógica guiada pelas observações já mencionadas. Um país com capitalismo com mercado relativamente desobstruído teria mais dificuldade de produzir estado absorvente. E o papel da sorte nos mercados explicaria isso.

Todas essas colocações teóricas não trazem qualquer informação direta sobre quanto os EUA estaria de fato no lado "bom" da coisa pela flutuação de renda dos mais ricos estar no padrão "bom" comparado a um ruim, ou com a França em particular estaria dentre os ruins. Desconfio que os EUA seja de longe um dos países onde mais é investido em lobby, e com maior captura regulatória.

Ao mesmo tempo, o quanto quer que a França seja de fato pior em mobilidade descendente daqueles no topo (o que nem necessariamente é medido pelo artigo citado por Taleb*), acho que essa não é a medida mais importante. Os estados maiores têm maior qualidade de vida, menor desigualdade, e menor mobilidade social de baixo para cima. Parece haver uma espécie de "desespero" ideológico em tentar afirmar uma dissociação completa em distribuição de riqueza e desenvolvimento/riqueza absoluta. Parece bem contra intuitivo que uma demanda efetiva maior não vá tender a ser correlacionada também com maior riqueza.

Novamente, mesmo que não haja uma correlação direta de causalidade, em algo parece necessariamente ser como correlação entre altura e peso. Você até pode ter pessoas extremamente altas e magras, e pesadas e baixas, mas em algum nível altura vai praticamente implicar em peso. De forma similar, maior riqueza ao todo deve em algum momento implicar em maiores chances de distribuição das mesmas, e esta deve ser um índice de saúde da economia. Devem ser exceções bem pouco "recomendáveis" economias onde há extrema riqueza concentrada de maneira extrema. Aliás, o Brasil-zil-zil já está entre os líderes nesse quesito.
:brasil:




* não só é limitado a renda individual/pessoa física, como despreza riqueza, e não sei o quanto não apresenta ainda essa flutuação de que falei inicialmente, os mais ricos sempre "no páreo", ainda que alternando.











http://money.cnn.com/2013/12/09/news/economy/america-economic-mobility/index.html








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Growth spells last longer in more equal countries. A 10 percentile increase in equality (represented by a change in the Gini index value from 40 to 37) increases the expected length of a growth spell by 50 percent. Percentage changes in GDP growth spell length are shown as each factor moves from 50th to 60th percentile and all other factors are held constant. Income distribution is measured by the Gini coefficient.[31]

https://en.wikipedia.org/wiki/Gini_coefficient

É engraçado, se for verdade que os EUA são um dos países de maior lobby do mundo, então eles tem paradoxalmente os ricos lobistas mais bonzinhos ou incompetentes do mundo. Pois, além de deixarem os EUA como um dos países de maior liberdade econômica do mundo (talvez diminuída recentemente com Obama), defenderam coisas que permitiram mobilidade descendente lá maior do que na França e outros países europeus - e aqui menciono indicador de insegurança na permanência no topo do ranking do endinheiramento.   

E, como já disse, correlação é um conceito que tem pouca ou nenhuma importância nesse domínio de distribuição escalável. Se você medir a correlação entre os pares de variáveis "escaláveis", tal medida provavelmente apresentará uma instabilidade grave; dependerá do período em que foi computada. Isso pode significar fracasso do teste de causalidade ou simplesmente erro de amostragem na cauda longa.

Isso não é o mesmo que tentar afirmar uma dissociação completa em duas ou mais variáveis de algum processo. Os dados exibidos simplesmente são insuficientes para corroborar qualquer coisa ou simplesmente a associação entre as variáveis mencionadas não tem importância para entendermos como chegamos até aqui e por que as desigualdades de desenvolvimento entre os países do mundo persistem.

Ah, claro. Desigualdade econômica é um índice de saúde da economia, sobretudo o coeficiente Gini. Fui na Wikipédia em português e vi dados interessantíssimos do Banco Mundial. Os avançadíssimos Bangladesh, Burundi, Níger e Afeganistão tem coeficiente Gini menor do que os paupérrimos e atrasados EUA, Hong Kong, Cingapura, Reino Unido e Suíça. Na Wikipedia (em inglês), outro dado interessante. O coeficiente Gini do Mundo, além de apresentar padrão de aumento no período 1820 a 2005 (*), tem um valor muito maior do que o da média dos seus países-componentes. Aberração similar foi mencionada por Taleb em relação a Europa/países europeus componentes no seu artigo do Medium. Algo que não causaria surpresa em quem desconfia dos métodos falhos usados.

* Ano/Coeficiente Gini do Mundo

1820   0.43
1850   0.53
1870   0.56
1913   0.61
1929   0.62
1950   0.64
1960   0.64
1980   0.66
2002   0.71
2005   0.68

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Gini_coefficient
« Última modificação: 15 de Junho de 2018, 08:52:43 por -Huxley- »

Offline JJ

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3915 Online: 15 de Junho de 2018, 09:00:35 »

Parece que a concentração de renda e riqueza é uma coisa muito legal e positiva.  :ok:


Temos que quanto  quanto maior a concentração de renda e riqueza, melhor será a economia de um país ou do mundo.


Temos também que a maior concentração possível de renda e riqueza é a concentração de toda a renda e riqueza nas mão de uma única pessoa na Terra. 


Então, podemos concluir que  a melhor política economica possível será a que levar à máxima concentração de  renda e riqueza possível,  ou seja a que levar à concentração de toda a  renda e riqueza nas mãos de uma única pessoa no mundo (ou pelo menos nas mãos de uma família (pequena) no mundo).


« Última modificação: 15 de Junho de 2018, 09:50:17 por JJ »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3916 Online: 16 de Junho de 2018, 12:31:59 »

É engraçado, se for verdade que os EUA são um dos países de maior lobby do mundo, então eles tem paradoxalmente os ricos lobistas mais bonzinhos ou incompetentes do mundo. Pois, além de deixarem os EUA como um dos países de maior liberdade econômica do mundo (talvez diminuída recentemente com Obama), defenderam coisas que permitiram mobilidade descendente lá maior do que na França e outros países europeus - e aqui menciono indicador de insegurança na permanência no topo do ranking do endinheiramento.

As coisa não são esse mar de rosas, além de ter vários pontos duvidosos simplesmente dados como fato.

Um estudo publicado no fim do ano passado por pesquisadores da Universidade de Princeton sugere, após análise de quase 2 mil decisões políticas das últimas décadas, que os fatores preponderantes no rumo dessas decisões são interesses corporativos, enquanto o interesse do "cidadão médio" e de grupos sociais têm relevância pequena ou insignificante.

O fato em si eu acredito que não seja grande novidade, mas é a primeira vez que vejo isso sendo suportado por um estudo baseado em estatísticas e com expressiva quantidade de dados.

Análise de um blog de opinião:

Citar
A democracia morreu, agora é oficial

A democracia americana não existe mais — e a brasileira vai pelo mesmo caminho. Estudo publicado pela Universidade de Princeton avaliou mais de 1800 novas legislações aprovadas entre 1981 e 2002 e concluiu o que era até aqui apenas uma forte sensação: os super ricos, e ninguém mais, decidem o destino do país criando leis que os beneficie – e a despeito do que quer, ou do que é melhor, para a maioria: é o que se chama de oligarquia, ou mais exatamente “oligarquia corporativa”, um sistema que concentra o poder (e a elaboração de novas leis) nas mãos de uma elite milionária.

“O ponto central que emerge de nossa pesquisa”, disseram os autores Martin Gilens e Benjamin I. Page, “é que elites econômicas e grupos organizados que representam o interesse de corporações têm substancial impacto nas políticas criadas pelo governo americano, enquanto o interesse da população tem pouquíssima ou nenhuma influência”.

Em outras palavras, os super ricos compraram o direito de legislar.

Não é difícil perceber como o Brasil, depois de mais de uma década de políticas sociais espetaculares, começa a tomar esse caminho: os super ricos, financiado bancadas no Congresso e no Senado, dão as cartas cada dia mais e mais.

A PL 4330, conhecida como a PL da terceirização (que feriria a CLT vigente hoje e permitiria a sub-contratação sem limites por parte de uma empresa) é apenas uma numa lista de tantas outras leis que já passaram, e que ainda virão por aí, a fim de beneficiar o super rico e prejudicar todos os demais.

O estudo americano também tira a máscara de uma das maiores mentiras contadas ao mundo pelos Estados Unidos: a de que as guerras em que eles se metem têm o objetivo de levar a democracia para nações torturadas pelo totalitarismo. Que democracia? E o que é a oligarquia corporativa se não uma forma privada de totalitarismo?

Se os pesquisadores de Princeton não tivessem jogado a luz da ciência no que era uma verdade subjetiva até aqui, ainda assim teríamos que nos questionar: Que tipo de democracia sólida espiona seus cidadãos? Por que, por exemplo, o sistema de espionagem sobre os cidadãos implantado por Stálin na Russia choca até hoje, mas o sistema americano, em todos os aspectos mais controlador do que o stalinista, como revelou Snowden, é amplamente aceito?

Por que o fato de o governo americano espionar seus cidadãos a rigor para fins comerciais, e trocar com as corporações informações sobre eles, não causa revolta? Por que a psicopatia de Stálin, e Mao, que assassinaram milhares e milhares, é considerada uma aberração, mas a campanha terrorista de drones de Obama (outro efeito colateral da oligarquia) que assassina inocentes em doses diárias, é aceita?

O ambientalista John Cobb, em seu livro “The Collapse of Democratic Nation States” diz que a criação dos bancos privados foi o começo do fim da democracia no mundo. “Bancos podem criar dinheiro e, assim, emprestar mais dinheiro do que eles de fato têm em riqueza. Esse controle sobre a criação do dinheiro dá aos bancos controle sobre os interesses da população. Nos Estados Unidos, Wall Street toma a maioria das decisões importantes creditadas a Washington”, escreve Ellen Brown em artigo para o site truth-out citando Cobb.

E como se não bastasse cuidar da elaboração de novas leis que as beneficiem, as grandes corporações preparam, com a ajuda de Obama, o derradeiro golpe na democracia: a aprovação do TPP, ou Trans-Pacific Partnership, acordo que o New York Times dessa semana, em artigo assinado, elogia fortemente. O acordo comercial, conduzido em segredo absoluto entre 12 nações, prevê que as mega-corporações terão oficialmente mais poder do que as nações, ou poder sobre as nações.

O contrato do TPP, que teve partes vazadas pelo WikiLeaks, reza, entre outras coisas, que uma corte supra-nacional será criada para regular as transações e que as mega-corporações poderão processar nações e exigir indenização do contribuinte (escrevi sobre isso aqui). Se o TPP for aprovado, as mega-corporações estarão oficialmente acima das leis, e isso se refere a regulações ambientais inclusive.

Podemos seguir listando exemplos de como e por que o sistema deixou de ser democrático. Ou de como, nas palavras de Noam Chomsy, a relação entre o capitalismo existente hoje e a democracia é uma só: a contradição.

Há alguns meses o preço do petróleo no mundo despencou à metade. Nos Estados Unidos, as quatro companhias de aviação que controlam todo o mercado, e cuja maior despesa de longe é o combustível, não repassaram a economia a seus usuários e não diminuíram nem em centavos o preço das passagens — e que sirva de argumento contra aqueles que dizem que a livre competição entre empresas sempre beneficia o consumidor.

Até porque está longe de ser “livre” se apenas quatro empresas (comandadas por uma dúzia de pessoas cada) regem imperialmente um mercado que serve milhões de pessoas. E agora, claro, elas estão prestes a orgulhosamente reportar lucros estratosféricos, como contou em seu programa de rádio no dia 5 de abril o professor de economia Richard Wolff.

Os interesses de quem um sistema como esse está protegendo? O de milhões de usuários do sistema aéreo de transporte, (que, a propósito, recentemente e sem serem consultados, salvaram da falência uma dezenas de bancos privados), ou o dos poucos acionistas e diretores dessas empresas?

É assim, comprando o direito de legislar, que os super ricos concentram mais e mais dinheiro em suas mãos, acentuando a desigualdade. Nos Estados Unidos, essa economia idolatrada pelo pessoal da direita brasileira, 91% das ações estão na mão de 10% da população.

Outra mentira sobre a qual é preciso falar é a da suposta recuperação da economia americana.

Olhar números como o do índice de desemprego, que vem caindo, é olhar superficial e tendenciosamente.

Primeiro porque a estatística não considera aqueles que simplesmente pararam de procurar um emprego, e são milhões, e depois porque mesmo os que estão empregados na verdade estão, em grandes quantidades, sub-empregados: são trabalhadores do Wall-Mart, McDonald’s, Burger King etc, que recentemente começaram a se organizar em sindicatos e a fazer greves em busca de salários decentes e de condições de trabalho dignas.

No sul da califórnia, colhedores de morangos estão em greve há dias – uma greve ignorada pela imprensa corporativa – por receberem seis ou sete dólares por dia (por dia!) de trabalho, debaixo do sol e de temperaturas altíssimas, sem condições de higiene e sem alimentação adequada, como já reportado por inúmeras instituições humanitárias. Já a empresa para a qual trabalham, a Driscoll’s, não se cansa de reportar lucro (o salário-mínimo nos Estados Unidos é de 7,25 dólares por hora).

Mais um exemplo da falsa recuperação: No ano passado, 1.2 milhão de moradias foram a leilão, seus donos colocados na rua por não conseguirem pagar as hipotecas. Em 2006, na iminência do estouro da bolha, foram 700 mil casas. Mas, claro, no começo do ano um apartamento foi vendido em Manhattan por 100 milhões de dólares (350 milhões de reais), a transação imobiliária mais cara da história do Estado de Nova York. São cenários que ajudam a mostrar como o sistema está doente.

Diante do atual estado de coisas acho que ate Adam Smith, o rock-star dos neoliberais, admitiria que o capitalismo estrangulou. Nas palavras de Smith: “nações que não conseguem distribuir riqueza não são players no poder global”. Ou, nas do escritor e jornalista americano Nathan Schneider: “Nenhuma forma de legislação pode ser legítima se ela não ajuda minorias e os menos privilegiados”.

http://blogdamilly.com/2015/04/08/a-democracia-morreu-agora-e-oficial/

Matéria de um site americano:

Citar
Princeton Study: U.S. No Longer An Actual Democracy

A new study from Princeton spells bad news for American democracy—namely, that it no longer exists.

Asking "[w]ho really rules?" researchers Martin Gilens and Benjamin I. Page argue that over the past few decades America's political system has slowly transformed from a democracy into an oligarchy, where wealthy elites wield most power.

Using data drawn from over 1,800 different policy initiatives from 1981 to 2002, the two conclude that rich, well-connected individuals on the political scene now steer the direction of the country, regardless of or even against the will of the majority of voters.

"The central point that emerges from our research is that economic elites and organized groups representing business interests have substantial independent impacts on U.S. government policy," they write, "while mass-based interest groups and average citizens have little or no independent influence."

As one illustration, Gilens and Page compare the political preferences of Americans at the 50th income percentile to preferences of Americans at the 90th percentile as well as major lobbying or business groups. They find that the government—whether Republican or Democratic—more often follows the preferences of the latter group rather than the first.

The researches note that this is not a new development caused by, say, recent Supreme Court decisions allowing more money in politics, such as Citizens United or this month's ruling on McCutcheon v. FEC. As the data stretching back to the 1980s suggests, this has been a long term trend, and is therefore harder for most people to perceive, let alone reverse.

"Ordinary citizens," they write, "might often be observed to 'win' (that is, to get their preferred policy outcomes) even if they had no independent effect whatsoever on policy making, if elites (with whom they often agree) actually prevail."

http://talkingpointsmemo.com/livewire/princeton-experts-say-us-no-longer-democracy

Abstract do artigo original:

Citar
Testing Theories of American Politics: Elites, Interest Groups, and Average Citizens

Martin Gilens and Benjamin I. Page

Abstract

Each of four theoretical traditions in the study of American politics—which can be characterized as theories of Majoritarian Electoral Democracy, Economic-Elite Domination, and two types of interest-group pluralism, Majoritarian Pluralism and Biased Pluralism—offers different predictions about which sets of actors have how much influence over public policy: average citizens; economic elites; and organized interest groups, mass-based or business-oriented.

A great deal of empirical research speaks to the policy influence of one or another set of actors, but until recently it has not been possible to test these contrasting theoretical predictions against each other within a single statistical model. We report on an effort to do so, using a unique data set that includes measures of the key variables for 1,779 policy issues.

Multivariate analysis indicates that economic elites and organized groups representing business interests have substantial independent impacts on U.S. government policy, while average citizens and mass-based interest groups have little or no independent influence. The results provide substantial support for theories of Economic-Elite Domination and for theories of Biased Pluralism, but not for theories of Majoritarian Electoral Democracy or Majoritarian Pluralism.

http://journals.cambridge.org/action/displayAbstract?fromPage=online&aid=9354310


Offline -Huxley-

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3917 Online: 16 de Junho de 2018, 17:48:27 »
A diferença entre o lobismo dos países mais ricos como os EUA e coisas como o Brasil, é que no primeiro caso, no extremo topo, os lobistas especialistas ficam com o troco. Os que tiveram a maior recompensa em termos de criar empresas com maior valor mercado do país foram os inovadores da "criação destrutiva": Jeff Bezos, Steve Jobs, Bill Gates, Larry Page, Mark Zuckerberg, etc. Dados interessantes de Taleb em A Lógica do Cisne Negro: das quinhentas maiores empresas americanas em 1957, quarenta anos depois apenas 74 faziam parte do grupo da Standard and Poor´s 500. Poucas haviam desaparecidos em fusões, o resto encolheu ou faliu. No segundo caso (Brasil e assemelhados), os lobistas são tão poderosos que são, em grande parte, responsáveis pelos dados macroeconômicos do crescimento pífio da produtividade do país. A Operação Lava Jato que o diga.
« Última modificação: 16 de Junho de 2018, 20:37:42 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3918 Online: 17 de Junho de 2018, 14:21:52 »
Muita coisa se passou desde 1957 para cá:

Citar
https://www.theatlantic.com/business/archive/2015/04/how-corporate-lobbyists-conquered-american-democracy/390822/

[...] That lawyer was soon-to-be Supreme Court Justice Lewis F. Powell Jr., whose now-famous “Powell Memorandum” is a telling insight into the frustration that many business leaders felt by the early 1970s. Congress had gone on a regulatory binge in the 1960s—spurred on by a new wave of public-interest groups. Large corporations had largely sat by idly, unsure of what to do.

In 1972, against the backdrop of growing compliance costs, slowing economic growth and rising wages, a community of leading CEOs formed the Business Roundtable, an organization devoted explicitly to cultivating political influence. [...]

By the early 1980s, corporate leaders were “purring” (as a 1982 Harris Poll described it). Corporations could have declared victory and gone home, thus saving on the costs of political engagement. Instead, they stuck around and kept at it. Many deepened their commitments to politics. After all, they now had lobbyists to help them see all that was at stake in Washington, and all the ways in which staying politically active could help their businesses.

[...]

As one lobbyist told me (in 2007), “Twenty­-five years ago… it was ‘just keep the government out of our business, we want to do what we want to,’ and gradually that’s changed to ‘how can we make the government our partners?’ It’s gone from ‘leave us alone’ to ‘let’s work on this together.’” Another corporate lobbyist recalled,“When they started, [management] thought government relations did something else. They thought it was to manage public relations crises, hearing inquiries... My boss told me, you’ve taught us to do things we didn’t know could ever be done.”

As companies became more politically active and comfortable during the late 1980s and the 1990s, their lobbyists became more politically visionary. For example, pharmaceutical companies had long opposed the idea of government adding a prescription drug benefit to Medicare, on the theory that this would give government bargaining power through bulk purchasing, thereby reducing drug industry profits. But sometime around 2000, industry lobbyists dreamed up the bold idea of proposing and supporting what became Medicare Part D—a prescription drug benefit, but one which explicitly forbade bulk purchasing—an estimated $205 billion benefit to companies over a 10-year period.

[....]

When I surveyed corporate lobbyists on the reasons why their companies maintained a Washington office, the top reason was “to protect the company against changes in government policy.” On a one-to-seven scale, lobbyists ranked this reason at 6.2 (on average). But closely behind, at 5.7, was “Need to improve ability to compete by seeking favorable changes in government policy.”

[...]



Citar


https://journalistsresource.org/studies/politics/finance-lobbying/the-influence-of-elites-interest-groups-and-average-voters-on-american-politics

The study’s key findings include:

  • Compared to economic elites, average voters have a low to nonexistent influence on public policies. “Not only do ordinary citizens not have uniquely substantial power over policy decisions, they have little or no independent influence on policy at all,” the authors conclude.
  • In cases where citizens obtained their desired policy outcome, it was in fact due to the influence of elites rather than the citizens themselves: “Ordinary citizens might often be observed to ‘win’ (that is, to get their preferred policy outcomes) even if they had no independent effect whatsoever on policy making, if elites (with whom they often agree) actually prevail.”



  • Regardless of whether a small minority or a large majority of American citizens support a policy, the probability of policy change is nearly the same — approximately 30%.
  • A proposed policy change with low support among economically elite Americans is adopted only about 18% of the time, while a proposed change with high support is adopted about 45% of the time.
  • Interest groups have a substantial impact on public policy. When mass-based and business-oriented interest groups oppose a policy, the probability of its being enacted is only 16%, rising to 47% when they’re strongly favorable. “On the 1,357 proposed policy changes for which at least one interest group was coded as favoring or opposing change, in only 36% of the cases did most groups favor change, while in 55% of the cases most groups opposed change.”
  • Overall, business-oriented groups have almost twice the influence of mass-based groups.
  • While the popular belief is that professional associations and interest groups serve to aggregate and organize average citizens’ interests, the data do not support this. The preferences of average citizens are positively and highly correlated with the preferences of economic elites but not with those of interest groups. Except for labor unions and the AARP, interest groups do not tend to favor the same policies as average citizens. In fact, some groups’ positions are negatively correlated with the opinion of the average American, as in the case of gun owners.
Exemplo disso recente e bastante famoso é o fim da "net neutrality". Fundamentalmente ninguém do povo apóia, só quem cai em ladainha de propagandistas. O responsável por isso nem é alguém eleito, e trabalhava para a Verizon há pouco tempo, uma das empresas oligopolistas beneficiadas.

Trump também colocou como investigador de fraudes em faculdades com fins lucrativos, alguém que foi justamente acusado de fraude nisso. E o chefe da EPA já havia dito que a EPA não deveria existir.

https://www.theatlantic.com/education/archive/2017/08/julian-schmoke-for-profit-colleges/538578/


<a href="https://www.youtube.com/v/CHiicN0Kg10" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/CHiicN0Kg10</a>

<a href="https://www.youtube.com/v/e4tHW9_bb08" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/e4tHW9_bb08</a>








https://www.brookings.edu/blog/fixgov/2017/03/31/vital-stats-corporate-and-labor-pac-spending/





http://voices.washingtonpost.com/ezra-klein/2010/09/why_elections_matter_in_one_gr.html


Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3919 Online: 21 de Junho de 2018, 15:58:32 »
Citar
http://www.krusekronicle.com/kruse_kronicle/2016/01/half-of-global-wealth-owned-by-62-people-how-oxfam-lies-while-telling-the-truth.html



Note that the United States has 10% of the world’s least wealthy people (circle 1). China has none of them (circle 2)! How is that possible? Because the bottom number for wealth at he left side of the chart is not zero. It is a negative number. The middle class American with a mortgage, student loans, and consumer debt totaling more than the value of her home, bank account, and other possessions, is less “wealthy” than a Chinese peasant farmer who owns virtually nothing but also has no debt. The entrepreneur who borrowed a million dollars for his business is even “poorer” than these two. This is who Oxfam is grouping together in its bottom 50% of wealth. It is a meaningless comparison.

[....]



To me, this chart suggests that recent trends in technology and globalization have benefited billions of people who once lived in bare subsistence poverty. There is a small minority of people at the left of the chart who are not being touched by these changes, most of them living in counties with turmoil and failed nation-states. At the extreme right are the owners of capital who have benefited from productivity and expanded trade. Middle class people in developed nations have experienced downward pressure on their wages due to technology and from a burgeoning supply of labor in a global economy. However, living standards are not just a function of wages but also the cost of living. A case can be made that the developed world middle class had improvements in living standards because globalization kept the cost of living lower than it otherwise would have been. That does not show up in this chart. It is more complex than this but I think a chart like this is a better place to begin a discussion.

In short, Oxfam wants to promote a narrative that casts global capitalism primarily as an exploitative enterprise, a zero-sum game where the growth of wealth at the top necessarily means the reduction of wealth at the bottom. The narrative intuitively makes sense. Some version of this thinking is common but it is virtual gospel on the left where the moral compass is directed predominately by equalization rather a robust conceptualization of justice. But it is wrong. It is every bit as ideologically myopic as the "free markets and democracy fixes everything" mantra on the right.

Finally, let me be clear about what I did not say. I did not say I thought that the growing concentration of wealth at the top was good, that there are not masses of people who need substantial improvement in their economic well-being, that global capitalism is an unqualified good, or that there are not profound economic injustices in the world. I did not speak to any of Oxfam's proposed policy solutions. Discernment on economic issues is complex and requires our best efforts at sound analysis if we want to be bring lasting and just change. Oxfam's misuse of the data to support ideologically predetermined policy's does not help. They are telling the truth about the numbers they use, knowing the numbers they use will lead most of us. That is what I'm addressing.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3920 Online: 01 de Julho de 2018, 18:07:29 »


Apesar da adoção do rótulo "socialista democrata", a garota aparentemente é apenas social-democrata mesmo.
Os esquerdistas americanos praticamente acataram a alcunha direitista de "socialistas", mesmo não defendendo socialismo de fato e apontando como exemplos de modelo países que até estão mais alto nos índices de liberdade econômica que os EUA.

Particularmente acho isso temeroso, mostra uma certa ignorância, despreparo, bem como um bom terreno para idéias socialistas propriamente ditas proliferarem.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3921 Online: 11 de Julho de 2018, 11:25:32 »
Vi mais recentemente entrevista com uma das líderes desse grupo de "socialistas democratas", que parece mais definitivamente de fato socialista em vez de apenas social democrata, embora também pareça tentar evitar assustar dizendo isso de maneira bem clara, preferindo se focar em políticas de bem-estar-social.









https://nomoney.failingcnn.com/2017/03/16/fakenews/economy/immigrant-workers-jobs/index.html

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3922 Online: 19 de Julho de 2018, 00:55:46 »


https://www.marxists.org/archive/lenin/works/1920/lwc/

Citação de: wikipedia
"Left-Wing" Communism: An Infantile Disorder (Russian: Детская болезнь "левизны" в коммунизме, Detskaya Bolezn' "Levizny" v Kommunizme) is a work by Vladimir Lenin attacking assorted critics of the Bolsheviks who claimed positions to their left. Most of these critics were proponents of ideologies later described as left communism.

[...]

https://en.wikipedia.org/wiki/%22Left-Wing%22_Communism:_An_Infantile_Disorder

Offline Agnoscetico

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3923 Online: 23 de Julho de 2018, 11:17:25 »

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Imagens políticas
« Resposta #3924 Online: 23 de Julho de 2018, 19:23:07 »
Passado pelo meu watzap.


 

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