https://pt.wikipedia.org/wiki/Pobreza
Espantalho... Minha pergunta simplesmente se dava no quesito que se nao há como pagar pelo servico, como dizer que 95% da populacao tem acesso a ele? A estatísticca é propositalmente inútil?
E onde está a fonte de que os chilenos nao conseguem pagar pelo saneamento e água? A única coisa que eu achei foi uma materia da folha que tinha a exata mesma frase que a pessoa colocou em seu post. Apenas uma regiao.
Espantalho seria atacar algo difernete do que você argumentou, e não só dar uma resposta (pobreza).
É um artifício de lobbies e políticos "privatistas" dizer que a população "tem acesso" a um serviço, significando que, 'se eles puderem pagar, teriam então acesso," fazendo então na prática uma situação onde toda a população pode "ter acesso" e apenas uma minoria ter usufruto. Não sei se é o que tentam frasear aí, mas era o artifício usado em argumentações contrárias a maior universalização da saúde nos EUA.
Não sei se é factual isso sobre a situação de parte do Chile, não duvido que seja, e não esperava que fosse o país inteiro.
Acho que, em tese, isso que vira lucro privado, poderia ser subsídio para as regiões mais carentes, numa administração sem fins lucrativos.
Considerando que a esmagadora maioria do consumo é privado, quase tudo é lucro privado aqui. E esse "lucro privado" é utilizado para consumo que eventualmente gera arrecadacao em impostou e /ou investimento o que. Isso é semelhante a dizer que devemos "proteger a indústria nacional" colocando cotas de importacao porque o produto estrangeiro vira "lucro privado".
Acho que não existe analogia, mas talvez seja só porque eu não sou contra a entrada de mais empresas completamente estrangeiras.
O problema de "lucro privado" aqui não é algo inerente ao lucro de modo geral, mas apenas em contraste com o que poderia ser uma organização de recursos/investimentos sem fins lucrativos, voltada ao atendimento da população, até independentemente do lucro.
Se lucro é o objetivo, este não se dá necessariamente em melhor atender a população. Na verdade a maneira mais simples de se aumentar os lucros é aumentar os preços. Isso é especialmente eficiente se a demanda pelo produto ou serviço é bastante inelástica, como é o caso desses serviços.
Então em um caso se tem gente que pode simplesmente estar espremendo a população e não gerando empregos com seu consumo (curva de Engel), versus algo que não tem essa meta, mas de fato o atendimento à população, onde a arrecadação/pagamento em tese teria maiores chances de ser investido de volta em algo para o atendimento da população. Não é legalmente ganho dos mais ricos, para comprarem super-carros, iates, ou o que for, coisas cuja eventual geração de empregos não irá compensar a perda.
Telefonia, especialmente celular, é algo que não tende tanto a monopólio quanto saneamento. Naturalmente exige da iniciativa privada maior esforço em oferecer melhores serviços e em inovar, ao menos tanto quanto agências reguladoras não dificultarem a entrada de novos competidores.
Já em situações com tendência monopolista em necessidades básicas a iniciativa privada pode ser bastante perversa. O vídeo é apenas um trecho de poucos minutos do programa, e não ele inteiro:
Aqui no Brasil é Oligopólio, nao exatamente prejudica o "acesso" ao produto. É lógico que os custos sao altos para a populacao e o servico é ruim, mas ainda se mostra superior ao comando estatal nesse caso. Existe alguma coisa na MP que deixe margem para um oba oba sem regulacao? Ou existem regulacoes previstas para esta atuacao da iniciativa privada para prevenir eventuais abusos?
Não sei, esperava ver discussão nesse sentido.
Não considero que seja inerentemente um crime, só não é necessariamente a melhor saída, pode ter como principais beneficiários as empresas e não a população, e mesmo chegar até a comportamentos moralmente deploráveis (no caso, nem tanto quanto no mercado de habitação), ainda que não tecnicamente criminosos.
Talvez com regulamentação adequada possa se prevenir o pior, ou mesmo ter algo de alguma forma potencialmente melhor do que apenas uma atuação estatal direta se dando de maneira "ideal," que também não é algo que inspira grande otimismo.
A populacao, atualmente, já é a menor beneficiada com os servicos. "nao ser necessariamente a melhor saída" é uma proposicao válida para qualquer coisa. A questao é que alguma coisa tem que ser mudada, quem se opoe a MP em geral só fica dizendo "Nao mercadorizem água!!!" aparentemente tá tudo bem do jeito que tá ou entao está tudo melhorando ao ponto de que em algum momento da história o acesso vai ser universalizado. Mesmo que o resultado nao seja exatamente barato, só o fato de TER nas regioes que NAO TEM hoje já pode ser suficiente para causar externalidades positivas óbvias com o acesso a saneamento básico para a populacao. Essencialmente criando um custo para água, porém com um maior acesso, há inúmeros bônus com relacao a saúde/educacao e etc e o estado pode ter mais dinheiro para tratar de outros assuntos que nao trata bem hoje pela falta de dinheiro/capacidade.
Eu não discordo que em teoria PODE ser melhor haver privatização ou abertura à iniciativa privada começar "do zero" onde for o caso (aparentemente já podiam fazer isso, se entendi), especialmente se isso é comparado com "NADA," mas isso é argumentavelmente um espantalho; não haver uma rede maior não significa que as pessoas achem que está bom assim, que não deva ser expandido.
Mas também pode em tese piorar, vendendo as empresas a preço de banana para quem quer só lucrar com uma demanda muito inelástica, que não precisa ampliar os serviços (a menos que for assim estipulado nos moldes de concessão, acho). É uma fonte de renda passiva dada de presente a grupos/indivíduos já ricos (que provavelmente querem lucrar mais e não fazer filantropia), que poderia estar sendo fonte de recursos para ampliar o atendimento à população.
Acho que de modo geral o ideal talvez fosse o estado maximizar terceirização de projetos e administrações "PPPs,", para não ir aumentando o número de funcionários públicos, se beneficiando das vantagens da iniciativa privada (inclusive de certa forma criando competitividade onde não haveria, em concorrências para licitações), junto com "performance bonds." Parece o melhor dos dois mundos.
Mas se perguntar para potenciais empreendedores no ramo, certamente preferirão desfrutar com exclusividade de monopólios em vez de terem que se submeter a concorrências regulares, de poderem ser 'demitidos" quando as forças de mercado não teriam poder de fazê-lo, etc.