Os primeiros microscópios simples, limitados à ampliação de uma única lente, foram construídos na metade do século XV e utilizados inicialmente para investigar o mundo dos insetos.Por causa da dificuldade em produzir vidro puro na época, as lentes dos microscópio distorciam as imagens e contornavam-nas com halos e espectros de cores.
Em 1590, o holandês Hans Janssen e o seu filho, Zacharias, planejaram o primeiro microscópio. Era composto por uma objetiva de lente convexa e uma lente (de luneta) côncava, conforme relatou Galileu Galilei em 1609.
Outro holandês, Anton van Leeuwenhoek (1632-1723), trabalhava numa loja de tecidos e, nas horas vagas, fazia experiências com vidro moído para produzir lentes. Usava o microscópio para observar os fios e depois passou a examinar a anatomia dos menores animais conhecidos. Ele produziu microscópios tão eficientes que estabeleceu, praticamente sozinho, o ramo da microbiologia. Aos poucos, ele convenceu uma comunidade científica bastante cética que uma importante teoria da época, a da geração espontânea (a crença de que organismos vivos podem originar de matéria inanimada), era uma grande palermice.
Larvas não nasciam da carne podre, nem moscas da areia, nem enguias dos bancos lodosos dos lagos; estas criaturas reproduziam-se por ovos colocados pela fêmea e fertilizados pelo macho. Leeuwenhoek também é considerado o primeiro a realizar descrições precisas dos glóbulos vermelhos (para espanto dos fisiologistas da época), das bactérias que habitam a boca e os intestinos dos seres humanos (para horror da população) e da forma e locomoção do espermatozóide humano.
Porém, as pessoas ainda morriam de septicemia, não relacionada às bactérias; estas eram visualizadas nos microscópios, mas não havia a associação de sua proliferação com a febre e a morte.
Foi o médico húngaro Ignaz Philip Semmelweis (1818-1865) que, em 1846, comprovou a íntima relação da febre puerperal com os cuidados médicos. Ele notou que os médicos que iam diretamente da sala de autópsia para a de obstetrícia tinham odor desagradável nas mãos. Semmelweis pressupôs que a febre puerperal que afetava tantas parturientes fosse causada por “partículas cadavéricas” transmitidas da sala de autópsia para a ala obstétrica por meio das mãos de estudantes e médicos. Por volta de maio de 1847, ele insistiu que estudantes e médicos lavassem suas mãos com solução clorada após as autópsias e antes de examinar as pacientes da clínica obstétrica (A. T. FERNANDES; M. O. V. FERNANDES; RIBEIRO FILHO, 2000; TRAMPUZ; WIDMER, 2004). No mês seguinte após esta intervenção, a taxa de mortalidade caiu de 12,2% para 1,2% (MACDONALD, 2004).
Já os microscópios eletrônicos permitem o estudo mais detalhado da estrutura interna da célula, podendo proporcionar aumentos de 5 mil e 100 mil vezes.
No microscópio eletrônico de transmissão há, em vez de luz, um feixe de elétrons que atravessa o material biológico, produzindo a imagem. Já o microscópio eletrônico de varredura por meio também de elétrons, estuda-se detalhes de superfícies de objetos sólidos. O material deve ser desidratado e recoberto com uma fina camada de metal. Com a movimentação de um feixe de elétrons, a superfície do material é captada por um sensor e então há uma interpretação computadorizada dessa superfície. Estes são os dados nos quais se baseiam os cientistas em diversas experiências; são, apesar de sua tênue existência, passíveis de observação.
No lado oposto, temos os telescópios de espectro, que varrem o espaço constantemente, como no Alma, no Chile, e antes que se especule sobre o nome, Alma é a sigla em inglês para Grande Conjunto Milimétrico de Atacama (Atacama Large Milimeter Array) que está localizado no platô Chanjantor, a 5 mil metros de altitude. O Alma é composto por 66 antenas, com diâmetros que variam de 7 a 12 metros, estuda as radiações interestelares; os receptores são os olhos do Alma, são os dispositivos usados para medir a radiação coletada pelos telescópios. Eles usam semicondutores resfriados a uma temperatura de -269°C para levar as informações das antenas até o supercomputador que gere o conjunto de telescópios.
Isto posto, gostaria de salientar que à ciência não cabe comprovar, demonstrar, ou admitir o sobrenatural, por áreas distintas e não correlatas. Exigir comprovação científica de fenômenos “paranormais” e afins é estupidez.
Portanto, ao final das contas, ficaremos nós de um lado com nossas descobertas científicas, permitindo aos amputados controlar próteses com o cérebro, como faziam com os membros originais, enquanto do outro lado temos as “terapias holísticas que canalizam o chi, permitindo a captação das forças cósmicas para auxiliar nos processos de cura.”