O fator fundamental aqui não é mais gente consumindo do mesmo, mas a DIVERSIDADE de produtos.
Maior diversidade de produtos e serviços significa maior numero de empresas e empregos.
O fundamental ainda é a gradação de predisposição de consumo, que não se divide simplesmente em "pobres que compram só umas duas ou três coisas" e "ricos que compram toda uma diversidade de coisas". Isso e as implicações por trás disso, uma "troca" da gradação "de cima para baixo" de satisfação de luxos, pela satisfação das necessidades básicas, "de baixo para cima", prevenindo as diversas mazelas sociais decorrentes de serem insatisfeitas.
As mazelas sociais da pobreza não são fruto da riqueza, muito pelo contrario a riqueza ajuda a elimina-las.
Nunca disse que as mazelas sociais da pobreza são frutos da riqueza (tentativa de espantalho ou vício de pensamento); uma distribuição menos heterogênea de riquezas, de acordo com a utilidade marginal decrescente da mesma, ajuda a reduzí-la. Não por destruir a riqueza, mas por, por definição, reduzir a pobreza.
O problema central discutido aqui é que o mercado de luxo é justamente um dos agentes que cria a diversidade de empregos perdidos com a industrialização.
A industrialização elimina empregos que acabam sendo transferidos para outras áreas, o que inclui o mercado de luxo.
Se formos eliminar o mercado de luxo essas grandes corporações, industrias, as grandes franquias e o agronegócio geram riqueza suficiente para atender o mercado de massa, mas fazem isso de modo ultra eficiente, gerando poucos empregos.
Espantalho, não estou dizendo, ou sugerindo nada que emplique em "vamos acabar com mercados de luxo", "vamos reduzir a diversidade de indústrias e negócios".
Diversos dos países com mais altos IDHs do mundo, também com as economias mais livres do mundo, têm há décadas políticas de redistribuição de renda (mesmo usados como poster-boys do "anarco-capitalismo"), ao mesmo tempo em que sua riqueza absoluta só aumentou, junto com a diversidade de indústrias e mesmo segmentos de luxo. Qualquer redução que esses mercados tenham tido como compensação de maior satisfação das demandas mais básicas não deve ter tido efeitos absolutos piores para a qualidade de vida e para a economia. Requer um esforço hercúleo se convencer que sim, é melhor um país mais repleto de miseráveis e pobres, com os mais ricos, mais ricos ainda, do que com uma distribuição de riquezas menos desigual, satisfazendo melhor às necessidades mais básicas da população em, sem ao mesmo tempo haver perda significativa do outro lado, devido à utilidade marginal decrescente.
É o mais próximo possível que existe de "almoço grátis": a mesma riqueza vale absolutamente, objetivamente, mais em um lugar do que outro; porém é a realidade econômica, não "almoço grátis".
Hayek e Friedman não eram a favor da destruição de mercados de luxo e da diversidade de indústrias.
Veja como em nações ricas como os EUA ou países da Europa é possível sustentar uma população muito mais saudável vivendo, por exemplo, de artesanato, do que aqui.
Um cenário econômico pode ser tal que há todo um segmento que subsiste de produzir ítens absolutamente supérfluos, como ovos Fabergé. Essa viabilidade não implica que o cenário seja absolutamente melhor do que um em que parte do que seria essa riqueza estivesse comprando comida, abrigo, roupas.
Distribuição diferente dessa riqueza também não implica na extinção de trabalho de pessoas que tivessem esse tipo de produção; no máximo, e não necessariamente, menor viabilidade da dependência exclusiva dele. Teoricamente, poderiam até lucrar mais por trabalho por serem então ítens mais exclusivos.
Num mundo sem pianos, sem joias, sem lanchas, sem jetskies, etc... Temos um cenário onde poucas grandes corporações podem produzir produtos para o consumo de massa.
A diversidade de items cria nichos de mercado onde essas grandes corporações se quer podem atuar. Uma empresa que trabalha com restauração, outra com porcelana pintada a mão, etc, são atividades que demandam riqueza e não podem existir sem os ricos.
Substituir isso por produtos similares de consumo de massa não permite o mesmo numero de empresas atuando, pois uma só empresa com maquinário industrial pode produzir em massa o dobro daquilo que feito a mão era produzido por 20 empresas.
Esse espantalho é mais ou menos como se eu colocasse que você dissesse que é economicamente mais eficiente que os pobres morressem de fome e doenças, gerando trabalhos no setor público de enterros para indigentes, e que a criminalidade associada a pobreza estimula o desenvolvimento da indústria de segurança e seguradoras.
Corolário da sua posição seria de qualquer forma que, quanto mais se conseguisse espremer dos mais pobres, para os mais ricos, enfiar a faca e torcer, se aproveitando ao máximo de qualquer inelasticidade da demanda, melhor estaria a economia, justamente pelo mesmo motivo. Esse dinheiro iria para os ricos, que estimulariam indústrias mais diversas e chiquérrimas.
Sua leitura do descrito é que obviamente está distorcida por considerar que existe qualquer coisa errada com o consumo de luxo e do suposto supérfluo.
NÃO, eu não disse isso, isso está tão difícil de ser interpretado do que eu disse que é difícil não imaginar que seja só tentativa de espantalho mesmo.
Não tem problema algum inerente ao luxo; ele é apenas,
por definição, menos essencial, do que a satisfação de necessidades básicas, prioritárias.
Ter a satisfação de necessidades básicas como prioritárias é o mais racional tanto em nível individual, quanto para efeitos estendidos por toda a sociedade.
O cenário ideal está justamente no enriquecimento dos mais pobres para que se engorde cada vez mais o mercado de luxo.
Quanto maior e mais saudável o mercado de luxo melhor para a economia.
Só se consegue isso enriquecendo os pobres. Precisamos engordar o mercado de luxo através de CRIAÇÃO de renda NOVA, ao invés de reduzi-lo através de redistribuição de renda.
A redistribuição de riquezas para os mais pobres não é destruição delas, mas uma das formas mais baratas, quase mágica, de criá-la (ou mesmo "tapar seus vazamentos", já que a pobreza estrutural, cíclica, comumente é associada a fatores que a destroem), devido ao fato econômico da utilidade marginal decrescente da riqueza.
Na verdade o mais próximo de destruição de riquezas é mesmo o consumo de luxo, em bens ou serviços que absolutamente, objetivamente, valem menos do que a satisfação de necessidades essenciais, e cuja insatisfação produz conseqüências incomparativalente mais deletérias, seja em termos humanitários ou de produção de riquezas, do que a "insatisfação" de demandas no lado extremo oposto do espectro essencial-supérfluo.
Novamente, o luxo tem o seu papel; muito do que se tornou algo comum em algum momento na história foi um ítem de luxo, ou ainda é, em economias primitivas ou extremamente subdesenvolvidas. Uma distribuição de riquezas que satisfaça melhor as necessidades mais básicas da população e todos os benefícios humano-econômicos inerentes a isso não implica na eliminação ou redução significativa do luxo, isso é possível devido à utilidade marginal decrescente da riqueza.
A "engorda" dos mercados, tautologiacamente, tende a ser maior com mais dinheiro nas mãos daqueles com maior propensão ao consumo, ainda que naturalmente esta engorda seja dos mercados no lado essencial no espectro essencial-supérfluo, que são, de qualquer forma, aqueles que mais empregam em absoluto. Não deve ter países de proporçoes continentais na história que construíram sua riqueza na produção massiva de ítens de luxo pela maior parte da população, mesmo que fosse para exportação. O mais próximo disso são os "sweat shops" produzindo ítens preponderantemente baratos, exportados para diversos países.
O nicho de luxo sempre será restrito, proporcional a quantidade de pessoas ricas, que tenderá sempre a ser dramaticamente menor do que as camadas gradativamente menos ricas. Os nichos de luxo são algo praticamente irrelevante para o grosso da economia, apenas uma fina cauda da distribuição da produção de qualquer economia, e que não deve ser de qualquer forma significativamente afetada senão por políticas redistributivas extremas, nas linhas advogadas por comunistas, não por Hayek, Friedman*, e praticadas nas economias mais livres e prósperas do mundo.
(* ainda são mais radicais do que eu seria; duvido da viabilidade (e eficiência) de renda mínima incondicional, é algo que deve funcioanr melhor pautado por pobreza, como a bolsa-família e similares)
A pobreza nunca é benéfica para a economia. A riqueza essa sim beneficia a economia, por isso mesmo combate-la só atrapalha a economia e por consequência os mais pobres.
Pois bem, a redistribuição de riquezas não é um "combate" a ela, de maneira alguma; é sua aplicação de acordo com prioridades racionais, de maneira que objetivamente reduz a pobreza, incomparavelmente mais do que se investida em ovos Fabergé e etc.
O problema é que essa transferência de renda não só atrapalha a poupança e o investimento necessários para a criação de mais empregos, como ela tem o efeito já citado, que num caso menos extremo não elimina, mas vai reduzir o numero de empresas nos nichos do mercado de luxo.
Acho que não há evidência disso, é só mantra padrão de anti-redistributivismo, proveniente da generalização "as pessoas agindo de acordo com seus interesses individuais geralmente conduzem à melhor alocação de recursos, logo daí virá invariavelmente a melhor alocação de recursos".
Não há eliminação da poupança daqueles que têm o que poupar, e poupança raramente será depois esbanjada em empregos para "suprir" a uma demanda inexistente.
Se há redistribuição de renda, a renda que seria poupada termina sendo consumida de modo vulgar por quem não cria renda e não sabe criar renda...
É auto-evidente que transferir renda de quem sabe criar riqueza, para as mãos de quem não sabe criar e apenas consome a riqueza criada por outros, é um modo pior de alocar recursos.
As evidencia disso abundam, mas a própria logica mostra isso de modo inequívoco.
Quem sabe alocar melhor os recursos, o rico que criou a renda ou o pobre ou o politico que não sabe de onde aquilo vem?
Hahahaha, isso já está ficando parecido com aquela "caricatura" que eu fiz ao fim do último post! Lei de Poe, sempre a lei de Poe!
"Ovos Fabergé são alocação melhor de recursos do que comida para a família, os pobres são ignorantes não tem suas prioridades direito." "A indústria de ítens como ovos fabergé é mais significativa à economia do que a de ítens básicos mais úteis e acessíveis, do que a da gradação de indústrias que compõem a vasta maior parte da economia".
Só falta finalizar que a mortalidade associada à miséria e pobreza são mesmo formas eficazes de reduzí-la.
Quer saber, isso é uma perda de tempo. Dogmatismo puro, só repetição de chavões com defendendo uma conclusão que é o ponto de partida de todo o raciocínio.
uma parcela maior da população tendo satisfeita suas necessidades básicas, gerando menos externalidades negativas decorrentes do cenário anterior
Que externalidades negativas do cenário anterior?
Acho que isso é a coisa mais tragicômica que já li. Bizarro.
(Mas curiosamente vai se aproximando da continuidade à paródia-lei-de-Poe que imaginei, mazelas associadas a pobreza serem coisas positivas ao "eliminá-la" quando não incentivam a produtividade...)