Acho que eles não devem fazer nenhuma alegação muito dispar do que sugere qualquer não-austríaco sobre o tema.
Esse desemprego dos menos qualificados não é bem numa "faixa" exata, mas numa gradação, já que as pessoas que ganhassem um pouco acima tenderiam a ou requerer aumentos proporcionais no salário, ou a preferir trabalhos em posições inferiores para ganhar quase o mesmo. Então os efeitos não são limitados aos que recebem apenas SM, mas se propaga, elevando os custos de produção e emprego, e assim aumentando a inflação, que por sua vez também deve contribuir com desemprego um pouco mais generalizado em algum grau.
Poderia indicar artigos científicos (publicados em um periódicos científicos com boa credibilidade no meio científico) que comprovadamente relacionem o valor do salário mínimo de qualquer país com o nível de desemprego geral na economia do país ??
Não tenho acesso a "periódicos científicos de qualidade", posso recomendar livros de economistas que você provavelmente não vai ler, mas prefiro artigos de economistas respeitados como Thomas Sowell falando sobre o tema para o publico leigo.
“Encarando a verdade sobre o salário mínimo” – um artigo fundamental de Thomas Sowell
Traduzo abaixo o artigo de Thomas Sowell sobre a polêmica do salário mínimo [ver meu texto “Bill Gates e o salário mínimo“] e as trapaças intelectuais da esquerda para posar de boazinha.
O autor de “Os intelectuais e a sociedade” já alertava na página 68 de seu livro que “Talvez o terreno mais fértil para geração de equívocos sobre a questão da renda seja dado pela prática, amplamente adotada, de confundir categorias estatísticas com seres humanos de carne e osso”.
Esse tipo de confusão, também ligeiramente esmiuçado aqui, é um daqueles sobre o qual todo jovem esquerdista deveria lançar luz com a lâmpada de Sowell, em vez de cair como um patinho no discurso populista e demagógico que dele se alimenta. Segue o artigo:
As palavras parecem carregar muito mais peso do que os fatos para aqueles esquerdistas que argumentam como se as leis de controle de alguéis [saiba mais – aqui] realmente controlassem aluguéis e as leis de controle de armas realmente controlassem armas.
É inútil mostrar a eles que as duas cidades americanas onde as leis de controle de aluguéis existiram por mais tempo e com mais força – Nova York e San Francisco – também são as duas cidades com as médias mais altas de aluguel.
Tampouco faz o menor efeito sobre eles mostrar evidências, de ambos os lados do Atlântico, de que enrijecer as leis de controle de armas não reduz crimes com armas, incluindo assassinato. Não é incomum que os crimes com arma aumentem quando as leis de controle de armas são enrijecidas. Aparentemente, os criminosos armados preferem vítimas desarmadas.
Leis de salários mínimos são outro tema em que as palavras parecem carregar grande peso, o que leva à suposição desprovida de fatos de que tais leis vão fazer os salários aumentarem até o mínimo legalmente especificado. Há décadas, vários estudos indicam que as leis de salário mínimo criam desemprego, especialmente entre os trabalhadores mais jovens, menos experientes e menos qualificados.
Quando você está desempregado, seus salários são zero, independentemente do que a lei do salário mínimo especifica.
Tendo acompanhado as polêmicas sobre as leis de salário mínimo por mais de meio século, fico sempre surpreso com a quantidade de maneiras que existem para se ignorar o óbvio.
Um argumento desacreditado que apareceu pela primeira vez em 1946 voltou recentemente à tona em um debate televisionado sobre salários mínimos. Uma pesquisa recente com empregadores questionou se eles iriam demitir trabalhadores se o salário mínimo aumentasse. Dois terços dos empregadores disseram que não o fariam. Isso foi bom o bastante para um defensor do salário mínimo.
Infelizmente, as consequências das leis de salário mínimo não podem ser previstas com base em declarações de empregadores sobre suas intenções. Tampouco se pode determinar as consequências de uma lei de salário mínimo, mesmo após o fato, perguntando aos empregadores o que eles fizeram.
O problema com as pesquisas, ao lidar com uma questão empírica como esta, é que você só pode pesquisar sobreviventes.
Cada empresa sobrevivente em uma indústria pode ter tantos funcionários quanto tinha antes de um aumento do salário mínimo – e, ainda assim, se os custos de trabalho adicionais levaram à sobrevivência de menos empresas, ainda pode haver uma redução do emprego na indústria, a despeito de quais tenham sido os resultados dos sobreviventes.
Há muitas outras complicações que tornam um estudo empírico dos efeitos do salário mínimo muito mais difícil do que possa parecer.
Dado que o emprego varia por muitas razões para além de uma lei do salário mínimo, em qualquer momento determinado os efeitos desses outros fatores podem compensar os efeitos das leis de salário mínimo. Nesse caso, o emprego poderia subir depois de um aumento específico do salário mínimo – mesmo que ele suba menos do que teria subido sem esse aumento.
Defensores dos salários mínimos podem se apossar de estatísticas coletadas em circunstâncias particularmente estranhas para declarar que eles agora “refutaram” o “mito” de que os salários mínimos causam desemprego.
No entanto, apesar de tais anomalias, certamente não é por acaso que os poucos lugares no mundo industrial que não tiveram lei do salário mínimo, como Suíça e Cingapura, mantiveram consistentemente taxas de desemprego baixas, em torno de 3 por cento. A revista “The Economist” uma vez noticiou: “Desemprego na Suíça se aproximou pela primeira vez em 5 anos de uma alta de 3,9% em fevereiro.”
Certamente não é por acaso que, durante a última administração, em que não havia salário mínimo federal – a administração de Calvin Coolidge -, o desemprego variou de uma alta de 4,2 por cento para uma baixa de 1,8 ao longo de seus últimos quatro anos.
Certamente não é por acaso que, quando a lei federal do salário mínimo permaneceu inalterada durante os 12 anos em que a inflação tornou a lei sem sentido, a taxa de desemprego juvenil entre os negros – até mesmo durante o ano de recessão de 1949 – era, literalmente, uma fração do que foi ao longo dos anos posteriores durante os quais a taxa do salário mínimo foi elevada várias vezes para acompanhar a inflação.
Quando palavras triunfam sobre fatos, você pode acreditar em qualquer coisa. E o ensinamento da patota esquerdista em nossas escolas e faculdades é o caminho da menor resistência.
Tradução: Felipe Moura Brasil (VEJA):
http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/.
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Fonte: National Review.
Leia também: Bill Gates e o salário mínimo.