A informação que tenho é que tal relação causal inequívoca nunca foi provada. É a isto que eu me referi quando disse que havia FÉ.
"Fé" que maior preço reduz compras? Sério?
Não, FÉ que qualquer SM faça sempre aumentar de forma inequívoca o desemprego total numa economia.
E quem por acaso teria essa fé? Pode citar tal afirmação?
A coisa mais próxima disso seria apenas que o desemprego e informalidade sempre serão maiores do que se custasse menos para empregar.
Mas isso é diferente de dizer que, havendo SM, há desemprego devido a ele. E duvido que alguém mesmo com apenas um entendimento básico da coisa fosse achar que fosse um fator tão preponderante e "magico", que, em qualquer nível que fosse estabelecido, fosse determinante predominante do desemprego (SM magicamente cria uma tendência ao desemprego num boom econômico, ou reverte uma crise ao ser abolido).
Porque não sequer faz sentido a partir dos princípios de como a coisa funciona. É meramente um preço "tabelado" da mão-de-obra; entre o preço tabelado e o que seria um preço natural da mesma mão-de-obra pode haver qualquer distância, teoricamente o SM poderia estar até
abaixo do que a maioria da menor faixa salarial ganha, e então esse tabelamento só poderia causar desemprego, ainda mais generalizado, por mágica.
Mas talvez haja mesmo quem faça essa afirmação, o que talvez seja o mesmo erro fundamental de achar que se "refuta" a relação entre preço e demanda efetiva/compra (ou demanda de mão-de-obra especificamente, excepcionalmente*) com observações de aumento dos empregos formais em paralelo com aumentos no SM (a diferença seria uma visão simplista do mecanismo teórico, e negligência dos fatos, em vez de vice-versa). Desconfio que esse erro seja o mais comum, achar que a ausência de correlação predominante indique não haver correlação causal, ou que seja na direção oposta, tal qual pode aparentar na superfície, "cum hoc, ergo propter hoc".
* eu fico curioso com como a mão-de-obra poderia ser algo excepcional no que se refere a oferta e demanda. Talvez se considere ser suficientemente alta a inelasticidade? Mas ela deverá ser no mínimo aproximadamente tão elástica quanto o desemprego máximo já registrado. Apostando nessa inelasticidade (aqui sim, com algum grau de fé), aumenta-se o custo da produção, e isso deverá ser repassado aos preços, se não conseguirem cortar custos em algum outro ponto (ou mesmo fazer os empregados serem mais produtivos, trabalharem mais, por menos). Imagino que isso tenda a afetar principalmente o preço das coisas que o estrato econômico que se intencionaria beneficiar mais consome. Se isso é contornado ao cortar lucros, então o efeito deve ser mais indireto, retardando o crescimento das empresas a conseqüente criação de mais empregos, mais tarde/ em longo prazo.
E num nivel mais "micro" ainda valeria a lógica que mencionei antes: seria preferível o governo dar dinheiro a quem já não está tão pobre, e nada a quem está mais pobre, do que aquilo que teríamos como priorização lógica da coisa, ajudar mais a quem precisa mais, e progressivamente menos. Também acho difícil imaginar como isso poderia ser de alguma forma o melhor a se fazer. Mesmo que se imaginasse algum efeito positivo "isolado" dessa concentração de renda, no caso do SM, ainda teriam os outros efeitos decorrentes de aumentar os custos de produção, que poderiam contrabalançar. Intuitivamente deve ser o contrário: quanto mais pobre, menos a pessoa pode economizar, e logo, mais tenderá a "aquecer a economia" com o pouco que ganhar, por ter que pagar pelas necessidades básicas. Será que a economia ou aumento nos gastos além das necessidades básicas daqueles já um pouco mais confortáveis acaba tendo um efeito mais benéfico à economia do que a melhor satisfação das necessiadades básicas de outros? Como?
E, tirando o aspecto economico, isso seria moralmente o melhor?
E aproveito para acrescentar :
FÉ que qualquer SM faça sempre diminuir o crescimento de uma economia (pois um dos mais importantes problemas da economia (mas não é o único) é no final das contas a questão do crescimento econômico).
Me parece novamente "fé em espantalhos", pelos motivos expostos acima. Fico curioso com quem teria feito tais alegações. De modo geral não levo austríacos/libertários a sério sem grande desconfiança, por parecer ser uma espécie de culto dogmático de natureza não muito diferente dos comunistas, mas acho que ainda não vi defenderem algo tão tosco. Mas, como disse, bem pode haver, especialmente do lado "popular", como reflexo no espelho da afirmação socialistóide na linha contrária, a favor de coisas como SM de 10k por 4 horas de trabalho diárias e etc. "
Seria bom sim, apenas a burguesia que acha que a ralé tem que continuar sofrendo."