Não, meu caro DDV.
"Isso é coisa" de seres humanos intelectualmente normais, com algum conhecimento de biologia e ecologia.
A sua visão é que é anacrônica, semelhante ao dos religiosos, que consideram os humanos como a "criação perfeita".
Talvez seja porque isso nao tem nada a ver diretamente com conhecimentos em biologia e ecologia. Na biologia nao existe isso de "uma vida vale mais que outra" é melhor quem é mais adaptado. Ponto.
A questao nao é essa, é algo puramente humano. Nao é "racional". É o simples fato de que nós tendemos a ter mais empatia pela nossa espécie e por espécies próximas ou que tem algum vinculo com a nossa. Se vamos nessa onda de que "Vidas de animais valem tanto quanto a de humanos!!!" Vamos manter a coerência e considerar a vida das baratas, formigas, e insetos corriqueiros em nossas casas que matamos sem nenhum pingo de remorso, do mesmo valor que a vida de um cachorro e um humano, por exemplo. Nao tem nada de religioso nisso.
Perdoe-me, mas essa visao de que a vida dos animais vale tanto quanto é extremamente enviesada para o lado de animais que tem maior relacao com a gente, ou que possui algum vinculo. Mamíferos, aves, animais de estimacao, grosseiramente só os "fofinhos" da causa.
Sério, vamos lá. Suponha que você está numa situacao inescapável e tenha que escolher quem vai morrer entre dois seres vivos. Quais você salvaria? (Você nao tem nenhuma espécie de vínculo com os dois). Entre
Um humano e um lagarto
Um humano e uma formiga
Um humano e um leao
Um Cachorro e um lagarto
Um humano e uma cobra.
Um humano e um cachorro ou Um humano e um gato(obviamente que eu nao estou interrogando, é só pra reforcar o argumento)
Realmente parece muito mais uma questão de empatia do que algo racional. A questão não é "uma vida valer mais do que a outra" biologicamente, é empatia mesmo. Eu escolheria sem pensar duas vezes para viver um humano em relação a um cachorro, por exemplo (considerando que não conheço nem o humano nem o cachorro). Mas ficaria em dúvida se o cachorro fosse meu ...
E no dia em que descobrirmos que as plantas também tem direitos e a vida animal ou humana não vale mais que a delas, aí ferrou de vez .
Resposta para a questão colocada vocês podem ver aqui :
VEGETARIANISMO ÉTICO
Peter Singer, no início do seu mundialmente famoso livro “Libertação Animal”,
por muitos considerado a Bíblia do vegetarianismo, conta um episódio
passado no Reino Unido em que uma defensora dos direitos dos animais o
convidou para lanchar e conversar sobre o tema da defesa animal, e lhe
serviu sanduíches de fiambre.
Em 1989, 14 anos mais tarde, na edição revista do livro Peter Singer refere
que felizmente hoje em dia os activistas do Movimento de Libertação Animal
e os membros das Associações de Defesa Animal são já todos vegetarianos
e não servem sanduíches de fiambre aos seus convidados.
Embora isso possa ser verdade no Reino Unido, não o é certamente em
Portugal nem em muitos outros países.
Na realidade, muitas (atrevo-me mesmo a dizer a maioria) das pessoas que
simpatizam com a causa da defesa dos animais e é contra as formas de
exploração de que milhões de animais são vítimas às mãos dos humanos,
continua a contribuir para a mais brutal de todas estas formas de exploração,
e que maior sofrimento causa ao maior número de animais em todo o mundo:
a indústria da criação intensiva de animais para alimentação.
Há vários motivos para que seja assim:
a) A maioria das pessoas nunca visitou um matadouro ou uma unidade de
criação intensiva de animais, logo nunca viu (nem ouviu) a agonia
prolongada que constitui a vida das vacas, porcos e galinhas que sofrem
dentro deles, até ao dia em que sofrem uma morte cruel e lenta no
momento do abate.
b) A força do hábito. Quase todas as pessoas são habituadas desde a
infância a comer carne e não só lhes custa a imaginar como poderiam
sobreviver sem ela, como não desejam abandonar o prazer que retiram
das refeições compostas por carnes de animais.
c) As pessoas tendem a simpatizar mais e a sentir mais compaixão pelos
animais que lhes são mais próximos e com quem convivem diariamente
(cães e gatos) do que com aqueles que nunca tocaram ou observaram de
perto. Daí que fiquem chocadas com a criação de cães e gatos para
alimentação em alguns países asiáticos mas não se choquem com a
criação muito mais maciça e brutal de outros mamíferos como as vacas
ou os porcos para o mesmo fim.
A estes motivos acresce um outro, que se prende com o facto de muitas
pessoas se preocuparem com os animais apenas por gostarem deles. Por
sentirem compaixão por eles, por se enternecerem com o olhar desolado dos
cães abandonados com que se cruzam. No fundo, por se sentirem
sentimentalmente ligados a eles.
Gostam mais do seu animal de estimação do que de todos os outros animais
da mesma espécie, gostam mais de gatos do que de cães ou mais de cães
do que de porcos, e dirigem a sua consideração e instinto de protecção
apenas aos animais da sua preferência.
Assim, não baseiam a sua conduta perante os animais em princípios éticos
ou morais, mas nas suas emoções.
Na realidade, todos os animais merecem ser tratados de acordo com o
seu valor intrínseco, independentemente da nossa simpatia por eles.
Devem ser respeitados enquanto indivíduos que são capazes de sentir
dor e prazer, e que por isso não podem ser considerados como meros
instrumentos de satisfação dos nossos interesses. É um princípio de
Justiça básico que assim o exige.
Restante no link (PDF) :
http://www.animaisderua.org/files/vegetarianismo_etico.pdfNo livro de Peter Singer: Libertação Animal, ele discorre mais detalhadamente sobre esta questão.