Se não houver consenso sobre o que é "liberal", para a discussão, pelo menos, não há progresso no debate. Sem falar no consenso, também, sobre o que é "ser humano", "pessoa", "assassinato", "aborto" e outros.
Parece que há gente que vai mudar de posição para se incluir dentro (ou fora) do grupo Liberal, por conta de associação a outros conceitos e grupos.
A legalização do aborto deve passar sempre por linhas meio tortas frente ao espectro ideológico. Em alguma intensidade, ela reforça aspectos da tutelagem estatal, como oferecendo cuidado bancado pela sociedade às que desejem abortar, entre outros pontos, por outro lado retira o poder do estado em determinar como as pessoas devem lidar com "questões internas" (dependendo do que se entende também por "questão interna").
Eu entendo que não há problema em interromper, sob condições controladas, a gestação humana, por decisão dos (quase) pais, independente de quais sejam as razões. Entendo também que o serviço deve ser feito bancado estritamente pelos próprios pais, quando as razões não são relacionadas a, por exemplo, condições ruins de desenvolvimento fetal que levariam à geração de adulto incapaz ou àquelas que ameacem grave e diretamente a saúde da mãe. Em países quem ainda há gente habitando palafitas, como é o caso do brasil, acredito que o governo rico deva, por ora, bancar os serviços de/para aborto nos casos de vínculo direto à saúde.
Também entendo que interromper a vida de um feto não é o mesmo que interromper a vida de um humano adulto-já-nascido-e-auto-consciente.