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Deus existe? (Qualquer Deus)

Absolutamente sim
Absolutamente não
Talvez
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Autor Tópico: Pergunta aos teístas do forum.  (Lida 11095 vezes)

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Offline Brienne of Tarth

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #50 Online: 16 de Setembro de 2015, 14:25:49 »
Seguinte:

Uma das grandes descobertas científicas do século passado foi a confirmação de que o universo está em expansão, conforme previsto pela Teoria do Big Bang. Foi algo tão importante que os engenheiros que a fizeram ganharam o Nobel de Física.
A Teoria do Big Bang, resultado da Teoria da Relatividade aplicada ao universo, causou uma comoção no início, sendo rejeitada pela comunidade científica e ganhando alguns inimigos importantes, como o astrofísico Fred Hoyle que, numa tentativa de ridicularizá-la, criou o nome “Big Bang”.
Apesar de bem aceita hoje, a Teoria do Big Bang tem os seus problemas. Ela explica de forma satisfatória o universo como está agora, e explica também os últimos 13 bilhões de anos, mas o problema é quando você avança mais ainda em direção ao passado e encontra um beco sem saída: a singularidade.
Não tem como evitar uma singularidade no passado, pelo menos não utilizando a Teoria da Relatividade.
Recentemente, alguns físicos, trabalhando com a relatividade e a mecânica quântica, acabaram chegando a um modelo (ainda mais incompleto que o Big Bang) em que não há uma singularidade.
Os cientistas Ahmed Farag Ali, da Universidade de Benha, Egito, e Saurya Das, da Universidade de Lethbridghe em Alberta, Canada, não estavam procurando resolver o problema da singularidade, mas de casar a relatividade com a mecânica quântica. Sem querer, acabaram criando uma nova teoria em que não há singularidade, em que o universo é eterno.
O trabalho deles parece bem complexo. A dupla estava analisando as ideias do físico teórico David Bohm, que estava explorando a substituição de geodésicas clássicas (o menor caminho entre dois pontos em uma superfície curva é chamada de geodésica) por trajetórias quânticas. Estas curvas foram aplicadas a equações quântica criadas nos anos 1950 pelo físico indiano Amal Kunar Raychaudhuri.
Usando as equações de Raychaudhuri corrigidas para a mecânica quântica, Ali e Das derivaram equações de Friedmann também corrigidas para a mecânica quântica. Estas equações de Friedman descrevem a expansão e evolução do universo dentro do contexto da Relatividade Geral.
Se você ainda está me acompanhando, aí vai mais algumas coisinhas: o novo modelo, além de não prever uma singularidade no Big Bang, também não prediz uma singularidade do tipo “big crunch” (o oposto do Big Bang). E ainda dispensam a energia escura.
O modelo descreve o universo como sendo preenchido por um fluido quântico, e neste caso um fluido feito de grávitons, partículas que não tem massa e que são mediadoras da força da gravidade. E só para não ficar muito nas nuvens, outro trabalho relacionado mostra que os grávitons podem formar um condensado de Bose-Einstein.
Essa nova hipótese tem o potencial de resolver o problema da singularidade, e ao mesmo tempo explicar a matéria escura e a energia escura. No entanto, os físicos planejam examiná-la com mais rigor antes de fazer afirmações baseadas nela.





http://phys.org/news/2015-02-big-quantum-equation-universe.html
GNOSE

Offline Larissa

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #51 Online: 16 de Setembro de 2015, 14:26:39 »
E, desculpem a impropriedade.
não é 3×1080 m2  :vergonha:
.
na verdade é 3×1080 m3 de espaço
O desejo de salvar a humanidade é quase sempre um disfarce para o desejo de controlá-la.
— H. L. Menckel

Offline Sergiomgbr

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #52 Online: 16 de Setembro de 2015, 14:31:32 »

R - O homem precisa de algo em que se apoiar, afinal, perante sua pequenez. Talvez isso me motive a levantar a questão aqui presente.
E "Deus" é esse/o "apoio"? Em que sentido? Ainda não ficam as mesmas perguntas a serem respondidas? De onde veio "Deus", o que "ele" quer de nós, e outras? Será mesmo que a possibilidade de um deus mudaria a condição do ser humano? "Deus" só serve para dar autoridade aos autoritários.
Se apegar a deus é se apegar a figura paterna e protetora e a maioria das pessoas não consegue se libertar desta necessidade.
.
Acho que, se ele existir, não temos a menor ideia do que ele seja.
Não? Pensa bem, se "ele" existir a gente já não fez toda a ideia do mundo, que é "ele" e que é "Deus(seja lá o que isso for)?


Acho que ele, se existir, quer que vivamos nossa vida  e cuidemos uns dos outros.
Tá vendo? Para nomearmos algo como deus, é por que queremos sempre algo e algo desse algo.

Mas aí penso numa pobre criança que vem com um defeito genético como o da menina Sofia e me pergunto q tipo de papai do céu é este e qual o objetivo de um todofuderoso criar esse tipo de aberração.

Certamente  não faria essa pergunta se não fosse dirigida a algo que fosse nomeável como "Deus". Não é mesmo?
« Última modificação: 16 de Setembro de 2015, 14:36:30 por Sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Sergiomgbr

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #53 Online: 16 de Setembro de 2015, 14:33:20 »
Conheço o conceito de Deus da lacunas e, de fato, não se sustenta. Mas, pense bem. O universo teve um início. Ele não poderia ser infinitamente antigo ou o dia de hoje jamais chegaria. E nada = 0 pensar q 0 gerou 3×1080 m2 de espaço

3×1080 m2 de espaço  = infinito?
Se teve um início não pode ser infinito.
E por que não? A gente não começa a contar 1,2,3,... sem ter um número final?
« Última modificação: 16 de Setembro de 2015, 14:38:14 por Sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Skorpios

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #54 Online: 16 de Setembro de 2015, 14:44:02 »

Nah, o meu já ultrapassou esses atravessadores, ele diz que sempre deturpam o que ele fala, como nessas brincadeiras de telefone sem fio; ele resolveu se comunicar comigo cara a cara, todas as sexta feiras, depois da meia noite, e conversamos até amanhecer o dia, ele sempre me conta uma piada nova. :biglol:

Posta lá no tópico das piadas, que está meio parado... :wink:

Offline Johnny Cash

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #55 Online: 16 de Setembro de 2015, 15:04:51 »
Johnny,
Por exemplo:
Se eu marcasse um encontro com você para daqui no último dia do infinito, este dia jamais chegaria pois o infinito é inalcançável.
hoje, +1,+2,+3,+4,+5,+6,+7,...--->[ad infinitum]
.
O mesmo ocorreria se o passado corresse infinitamente para traz e tivéssemos que esperar o dia de hoje para nosso encontro.
[ad infinitum]<-----7,-6,-5,-4,-3,-2,-1, hoje.
.
Ou seja, caso o tempo fosse infinito e não houvesse um começo, o dia de hoje não seria nada mais que um paradoxo, pois ele jamais chegaria. Então o universo teve de ter um início.
[ad infinitum]<---- -7,-6,-5,-4,-3,-2,-1,hoje1,2,3,4,5,6,7, ---->[ad infinitum]
.
Me fiz entender?

Não, pois, o dia de hoje existe independente de onde o universo se inicia, acaba ou se nunca nasceu. O dia de hoje pode ser encontrado na linha de tempo, dividida em dias, a partir de marcos referenciais, até mesmo sendo citado como "dia de hoje".

Você somar a partir do infinito, você só chega novamente no infinito, realmente, e tem razão em dizer que é impossível chegar ao fim do infinito. Até por definição.

Em suma você está comparando alhos com bugalhos. Acha que pq é impossível chegar no fim de algo sem fim, que não se pode localizar um ponto específico X. Não há essa obrigatoriedade.

Uma corda esticada, de comprimento infinito, pode ter várias de suas partes indicadas e nomeadas e cada uma delas pode ter sua distância conhecida a partir de outras partes também conhecidas e mapeadas.

Offline Barata Tenno

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #56 Online: 16 de Setembro de 2015, 19:22:37 »
E acho que existe uma confusão de espaço com tempo aí....
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Johnny Cash

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #57 Online: 16 de Setembro de 2015, 20:09:36 »
Nope. Só foi dado exemplo utilizando figuras de espaço pra (tentar) demonstrar que independente de lidar com algo que tenha dimensões infinitas, a infinitude não é o que vai impedir de se encontrar um ponto específico dentro desse algo, desde que seu referencial não seja o infinito em si.

Básico.

Offline Gigaview

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #58 Online: 16 de Setembro de 2015, 20:31:01 »

Larisssa, a texto abaixo pode esclarecer algumas de suas dúvidas. Boa leitura.

../forum/topic=16023.100.html#msg324781
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Larissa

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #59 Online: 16 de Setembro de 2015, 22:19:32 »
Nope. Só foi dado exemplo utilizando figuras de espaço pra (tentar) demonstrar que independente de lidar com algo que tenha dimensões infinitas, a infinitude não é o que vai impedir de se encontrar um ponto específico dentro desse algo, desde que seu referencial não seja o infinito em si.

Básico.

Você fala inglês?
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Offline Larissa

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #60 Online: 16 de Setembro de 2015, 22:20:26 »

Larisssa, a texto abaixo pode esclarecer algumas de suas dúvidas. Boa leitura.

../forum/topic=16023.100.html#msg324781
Obrigada. Amanhã lerei o conteúdo com a devida vênia.
O desejo de salvar a humanidade é quase sempre um disfarce para o desejo de controlá-la.
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Offline El Elyon

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #61 Online: 17 de Setembro de 2015, 03:59:36 »
Citar
Essa não foi uma pergunta provocativa. Foi uma indagação séria. Eu de fato quero entender alguns porquês do ponto de vista teísta. Talvez seja ingenuidade minha expor sem as firulas que ela merece para não parecer provocação ateísta. Só quero entender o motivo de um "criador" criar tanta dor.

Eu dei uma lista de 6 tipos possíveis de divindades que podem explicar de maneira mais ou menos satisfatórias. Mas respondendo de maneira mais direta (estou escrevendo "Ele" como conveniência linguística):

1. Ele não se importa conosco. Pressupor que o Criador de Todo o Cosmos tem a humanidade ou algum subgrupo dela por algum suposto atributo único-e-especial (Autoconsciência, Fé, Prática Ritual, ser membro de um Grupo Étnico) é somente uma manifestação da imensa húbris humana. Talvez o Criador apenas queira observar seu "Jardim de Formigas' crescendo.

2. O ato de Criação foi doloroso por si só. Antes da Criação, Deus existia em sua Plenitude. Ao realizar seu pleno poder de Criação, Deus também criou algo "Não-Deus", algo distinto de si, sem a identidade e características de si próprio. Assim o sofrimento foi introduzido ao cosmos, e se tornou algo da sua natureza. Essa visão é encontrada em alguns ramos esotéricos hindus, judaicos, cristãos gnósticos e não tão distinta do livro God's Debris do Scott Adams.

3. Não muito dissimilar ao (2), o nosso Universo se originou através de um sacrifício divino - seja através da morte em combate de uma divindade por outra (Marduk eliminando Tiamat), seja por um autossacrifício (Purusha). Assim sendo, a própria Criação do Cosmo e da Humanidade assegura a existência da dor e do sofrimento.
"As long as the Colossus stands, Rome will stand, when the Colossus falls, Rome will also fall, when Rome falls, so falls the world."

São Beda.

Offline Criaturo

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #62 Online: 17 de Setembro de 2015, 07:42:00 »
http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/noticia/2015/09/apos-parada-caraiaca-bebe-sofia-morre-nos-eua.html
.
Por que D'us permitiria isso???? Cadê a bondade e sabedoria divina???

A bondade é um conceito humano relativo ela não se encontra presente na mecânica da vida, nem nos milhares de cães mortos pela estrada, nem nos torturados e mortos pelo câncer, por um motivo o outro todos nós iremos morrer.
bom , ha sabedoria na morte, sim! Ela não é um castigo, antes uma necessidade, mal grado indesejada por nós mas,  sem ela novas vidas seriam impedidas  pela falta de espaço  espaço físico do planeta, ou seja se ninguém morresse não abririam-se vagas para novas vidas, alem do mais como seria a vida eterna neste planeta? Não envelheceríamos? Não precisaríamos trabalhar para comer?
interessante que este tipo de pensamento proselitista ateu é injusto, ou ilógico ja que os prazeres humanos poderiam pender a balança para uma suposta bondade divina, principalmente porque , existem em maior numero do que as dores, alem do que nascem bem mais pessoas do que morrem.
Deus não premia nem castiga  isso é coisa de humanos, Deus é o necessário a existência.
existência é igual a  ciência, sem nenhuma ciência sem existência.

Amo sofia mas, ela parece fugir de mim, de tão longe faz o meu amor platônico.

Offline Criaturo

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #63 Online: 17 de Setembro de 2015, 08:06:52 »
Citar
Essa não foi uma pergunta provocativa. Foi uma indagação séria. Eu de fato quero entender alguns porquês do ponto de vista teísta. Talvez seja ingenuidade minha expor sem as firulas que ela merece para não parecer provocação ateísta. Só quero entender o motivo de um "criador" criar tanta dor.

Eu dei uma lista de 6 tipos possíveis de divindades que podem explicar de maneira mais ou menos satisfatórias. Mas respondendo de maneira mais direta (estou escrevendo "Ele" como conveniência linguística):

1. Ele não se importa conosco. Pressupor que o Criador de Todo o Cosmos tem a humanidade ou algum subgrupo dela por algum suposto atributo único-e-especial (Autoconsciência, Fé, Prática Ritual, ser membro de um Grupo Étnico) é somente uma manifestação da imensa húbris humana. Talvez o Criador apenas queira observar seu "Jardim de Formigas' crescendo.

2. O ato de Criação foi doloroso por si só. Antes da Criação, Deus existia em sua Plenitude. Ao realizar seu pleno poder de Criação, Deus também criou algo "Não-Deus", algo distinto de si, sem a identidade e características de si próprio. Assim o sofrimento foi introduzido ao cosmos, e se tornou algo da sua natureza. Essa visão é encontrada em alguns ramos esotéricos hindus, judaicos, cristãos gnósticos e não tão distinta do livro God's Debris do Scott Adams.

3. Não muito dissimilar ao (2), o nosso Universo se originou através de um sacrifício divino - seja através da morte em combate de uma divindade por outra (Marduk eliminando Tiamat), seja por um autossacrifício (Purusha). Assim sendo, a própria Criação do Cosmo e da Humanidade assegura a existência da dor e do sofrimento.

Larissa talvez esteja sendo um pouco injusta não poderia tentar rever seu ponto de vista assim:
"Só quero entender o motivo de um "criador" criar tanto prazer ?"
A morte existe  fato, nascem mais do que morrem fato, assim "beneficia-se" a maioria!


El Elyon

1) não se importa , apenas queira observar ? Só observarmos  aquilo com que nos importamos.
2) um deus antropomórfico, criado segundo a imagem e semelhança humana,  mas concordo com isso :"algo distinto de si, sem a identidade e características de si próprio." em ../forum/topic=28862.0.html
3) este terceiro argumento embasa o segundo de que Deus teria criado algo individualizado de si a saber a raça humana, também concordo que a os sentimentos dor/prazer são necessários a "criação" e manutenção da existência humana, portanto se "puder ria se não chore,mas por favor continue sendo humano"
Quanto ao "sacrifico divino" segundo minha visão seria ter que dividir sua Ciência absoluta ao nivel da ignorância humana, unica possibilidade para poder simular personalidades humanas distintas da sua. ::)
aloha


existência é igual a  ciência, sem nenhuma ciência sem existência.

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Offline Larissa

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #64 Online: 17 de Setembro de 2015, 09:44:24 »
Seguinte:

Uma das grandes descobertas científicas do século passado foi a confirmação de que o universo está em expansão, conforme previsto pela Teoria do Big Bang. Foi algo tão importante que os engenheiros que a fizeram ganharam o Nobel de Física.
A Teoria do Big Bang, resultado da Teoria da Relatividade aplicada ao universo, causou uma comoção no início, sendo rejeitada pela comunidade científica e ganhando alguns inimigos importantes, como o astrofísico Fred Hoyle que, numa tentativa de ridicularizá-la, criou o nome “Big Bang”.
Apesar de bem aceita hoje, a Teoria do Big Bang tem os seus problemas. Ela explica de forma satisfatória o universo como está agora, e explica também os últimos 13 bilhões de anos, mas o problema é quando você avança mais ainda em direção ao passado e encontra um beco sem saída: a singularidade.
Não tem como evitar uma singularidade no passado, pelo menos não utilizando a Teoria da Relatividade.
Recentemente, alguns físicos, trabalhando com a relatividade e a mecânica quântica, acabaram chegando a um modelo (ainda mais incompleto que o Big Bang) em que não há uma singularidade.
Os cientistas Ahmed Farag Ali, da Universidade de Benha, Egito, e Saurya Das, da Universidade de Lethbridghe em Alberta, Canada, não estavam procurando resolver o problema da singularidade, mas de casar a relatividade com a mecânica quântica. Sem querer, acabaram criando uma nova teoria em que não há singularidade, em que o universo é eterno.
O trabalho deles parece bem complexo. A dupla estava analisando as ideias do físico teórico David Bohm, que estava explorando a substituição de geodésicas clássicas (o menor caminho entre dois pontos em uma superfície curva é chamada de geodésica) por trajetórias quânticas. Estas curvas foram aplicadas a equações quântica criadas nos anos 1950 pelo físico indiano Amal Kunar Raychaudhuri.
Usando as equações de Raychaudhuri corrigidas para a mecânica quântica, Ali e Das derivaram equações de Friedmann também corrigidas para a mecânica quântica. Estas equações de Friedman descrevem a expansão e evolução do universo dentro do contexto da Relatividade Geral.
Se você ainda está me acompanhando, aí vai mais algumas coisinhas: o novo modelo, além de não prever uma singularidade no Big Bang, também não prediz uma singularidade do tipo “big crunch” (o oposto do Big Bang). E ainda dispensam a energia escura.
O modelo descreve o universo como sendo preenchido por um fluido quântico, e neste caso um fluido feito de grávitons, partículas que não tem massa e que são mediadoras da força da gravidade. E só para não ficar muito nas nuvens, outro trabalho relacionado mostra que os grávitons podem formar um condensado de Bose-Einstein.
Essa nova hipótese tem o potencial de resolver o problema da singularidade, e ao mesmo tempo explicar a matéria escura e a energia escura. No entanto, os físicos planejam examiná-la com mais rigor antes de fazer afirmações baseadas nela.





http://phys.org/news/2015-02-big-quantum-equation-universe.html

Muito interessante!!!
Vou procurar saber mais sobre estas teorias.
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Offline Larissa

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #65 Online: 17 de Setembro de 2015, 09:48:00 »
Conheço o conceito de Deus da lacunas e, de fato, não se sustenta. Mas, pense bem. O universo teve um início. Ele não poderia ser infinitamente antigo ou o dia de hoje jamais chegaria. E nada = 0 pensar q 0 gerou 3×1080 m2 de espaço

3×1080 m2 de espaço  = infinito?
Se teve um início não pode ser infinito.
E por que não? A gente não começa a contar 1,2,3,... sem ter um número final?
O universo pode ser infinito para o futuro mas jamais para o passado. Ao menos dentro da configuração de tempo deste universo.
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Offline Larissa

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #66 Online: 17 de Setembro de 2015, 10:08:23 »
Johnny,
Por exemplo:
Se eu marcasse um encontro com você para daqui no último dia do infinito, este dia jamais chegaria pois o infinito é inalcançável.
hoje, +1,+2,+3,+4,+5,+6,+7,...--->[ad infinitum]
.
O mesmo ocorreria se o passado corresse infinitamente para traz e tivéssemos que esperar o dia de hoje para nosso encontro.
[ad infinitum]<-----7,-6,-5,-4,-3,-2,-1, hoje.
.
Ou seja, caso o tempo fosse infinito e não houvesse um começo, o dia de hoje não seria nada mais que um paradoxo, pois ele jamais chegaria. Então o universo teve de ter um início.
[ad infinitum]<---- -7,-6,-5,-4,-3,-2,-1,hoje1,2,3,4,5,6,7, ---->[ad infinitum]
.
Me fiz entender?

Não, pois, o dia de hoje existe independente de onde o universo se inicia, acaba ou se nunca nasceu. O dia de hoje pode ser encontrado na linha de tempo, dividida em dias, a partir de marcos referenciais, até mesmo sendo citado como "dia de hoje".

Você somar a partir do infinito, você só chega novamente no infinito, realmente, e tem razão em dizer que é impossível chegar ao fim do infinito. Até por definição.

Em suma você está comparando alhos com bugalhos. Acha que pq é impossível chegar no fim de algo sem fim, que não se pode localizar um ponto específico X. Não há essa obrigatoriedade.

Uma corda esticada, de comprimento infinito, pode ter várias de suas partes indicadas e nomeadas e cada uma delas pode ter sua distância conhecida a partir de outras partes também conhecidas e mapeadas.
Você mesmo deu a resposta: é impossível chegar ao fim de algo sem fim, da mesma forma que é impossível começar algo sem começo. E é exatamente isso o que um passado infinito é.
O primeiro dia, ou mesmo qualquer dia dia do futuro cujo o passado seja infinitamente longo  jamais chegará.
O livro Think do autor Simon Blackburn explica melhor essa questão.
A versão em português está aqui
https://www.gradiva.pt/?q=C/BOOKSSHOW/753

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Offline Barata Tenno

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #67 Online: 17 de Setembro de 2015, 11:59:00 »
To falando que tem gente  confundindo espaço e tempo....
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Offline Larissa

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #68 Online: 17 de Setembro de 2015, 13:03:09 »
To falando que tem gente  confundindo espaço e tempo....
Tá falando de mim?
O desejo de salvar a humanidade é quase sempre um disfarce para o desejo de controlá-la.
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Offline Pasteur

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #69 Online: 17 de Setembro de 2015, 13:05:39 »
To falando que tem gente  confundindo espaço e tempo....
Tá falando de mim?

Ele tá falando do Johnny.

Offline Larissa

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #70 Online: 17 de Setembro de 2015, 13:12:27 »
Ah bem...já estava pensando em como ser mais clara... :wink:
O desejo de salvar a humanidade é quase sempre um disfarce para o desejo de controlá-la.
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Offline Johnny Cash

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #71 Online: 17 de Setembro de 2015, 13:14:43 »
Johnny,
Por exemplo:
Se eu marcasse um encontro com você para daqui no último dia do infinito, este dia jamais chegaria pois o infinito é inalcançável.
hoje, +1,+2,+3,+4,+5,+6,+7,...--->[ad infinitum]
.
O mesmo ocorreria se o passado corresse infinitamente para traz e tivéssemos que esperar o dia de hoje para nosso encontro.
[ad infinitum]<-----7,-6,-5,-4,-3,-2,-1, hoje.
.
Ou seja, caso o tempo fosse infinito e não houvesse um começo, o dia de hoje não seria nada mais que um paradoxo, pois ele jamais chegaria. Então o universo teve de ter um início.
[ad infinitum]<---- -7,-6,-5,-4,-3,-2,-1,hoje1,2,3,4,5,6,7, ---->[ad infinitum]
.
Me fiz entender?

Não, pois, o dia de hoje existe independente de onde o universo se inicia, acaba ou se nunca nasceu. O dia de hoje pode ser encontrado na linha de tempo, dividida em dias, a partir de marcos referenciais, até mesmo sendo citado como "dia de hoje".

Você somar a partir do infinito, você só chega novamente no infinito, realmente, e tem razão em dizer que é impossível chegar ao fim do infinito. Até por definição.

Em suma você está comparando alhos com bugalhos. Acha que pq é impossível chegar no fim de algo sem fim, que não se pode localizar um ponto específico X. Não há essa obrigatoriedade.

Uma corda esticada, de comprimento infinito, pode ter várias de suas partes indicadas e nomeadas e cada uma delas pode ter sua distância conhecida a partir de outras partes também conhecidas e mapeadas.
Você mesmo deu a resposta: é impossível chegar ao fim de algo sem fim, da mesma forma que é impossível começar algo sem começo. E é exatamente isso o que um passado infinito é.
O primeiro dia, ou mesmo qualquer dia dia do futuro cujo o passado seja infinitamente longo  jamais chegará.
O livro Think do autor Simon Blackburn explica melhor essa questão.
A versão em português está aqui
https://www.gradiva.pt/?q=C/BOOKSSHOW/753



Mas quem falou que tem que ter um primeiro dia?

Assumindo que o tempo nunca tenha se iniciado, e sempre houve/foi, onde estamos agora? Ou não há como se posicionar nesse tempo?

O grande problema é ter o infinito, ou o não início como referencial.
« Última modificação: 17 de Setembro de 2015, 13:17:33 por Johnny Cash »

Offline Larissa

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #72 Online: 17 de Setembro de 2015, 13:20:32 »
O "primeiro dia" é só uma referência neste caso. Nenhum dia do futuro jamais chegaria a ocorrer. O futuro precisa de um ponto de partida para acontecer. Um 1o momento e daí para frente.
Dá uma olhada neste vídeo aqui:
O desejo de salvar a humanidade é quase sempre um disfarce para o desejo de controlá-la.
— H. L. Menckel

Offline Johnny Cash

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #73 Online: 17 de Setembro de 2015, 13:38:24 »
O "primeiro dia" é só uma referência neste caso. Nenhum dia do futuro jamais chegaria a ocorrer. O futuro precisa de um ponto de partida para acontecer. Um 1o momento e daí para frente.
Dá uma olhada neste vídeo aqui:


Larissa, você continua dizendo que houve um início, um primeiro dia, e o problema no meu argumento seria que esse dia inicial estaria anterior ao infinito e não há como estarmos num ponto pós-infinito. Ou seja, você toma algo anterior ao "não-início" como início.

Percebe o erro aí? Eu estou dizendo que não há obrigatoriedade lógica de início. O tempo pode sempre ter sido, nunca ter se iniciado. Embora também possa ser que tenha se iniciado. Ainda não sabemos.

A ideia de se partir do presente ao passado e ter sempre mais momentos passados não é impossível por qualquer princípio lógico ou físico. Bem como a ideia de se partir de qualquer momento no passado e chegar ao presente não é impossível. O problema é considerar o não-início como um ponto definido distante infinitamente do agora.


Veja, algo que eu já tinha lido há tempo:

Citar
É ontológicamente perfeitamente possível que o tempo não tenha tido um começo e que se extenda indefinidamente para o passado. Se tal se deu ou não é uma questão a ser decidida por analise dos dados observacionais. O argumento Kalam não procede porque ele diz que, se o tempo fosse infinito para o passado, então nunca se passaria um tempo suficiente para vir do início dos tempos até o presente e, como estamos no presente, por absurdo, o tempo não poderia se extender infinitamente para o passado. Há um erro neste argumento que é o de considerar que teria havido um tempo zero, infinitamente afastado para o passado. Não é isto que se diz ao considerar um tempo infinito para o passado. Isto significa que não houve tempo inicial nenhum. Por mais que se vá para o passado, sempre haveriam momentos anteriores. Pois bem, tal coisa não é vedada por nenhum princípio físico ou filosófico. Nem a segunda lei da termodinâmica que apenas diz que o tempo flui no sentido em que o estado global do universo posterior seja mais provável que o anterior. A diferença pode ser infinitesimal e a entropia (que é proporcional ao logarítimo da probabilidade) e nunca diminui, pode tender assintoticamente a zero quando o tempo tendesse para menos infinito.
Ao que parece, contudo, pelos dados observacionais, de fato, o tempo teve um instante zero, antes do qual ele não existia (e, logo, não havia “antes”). É fácil entender a ausência da passagem do tempo, pois ele só passa porque existem variações no estado do Universo. Se tudo estacionasse, o tempo não mais passaria. Isto é, o tempo é função da dinâmica do conteúdo do Universo. Se esse conteúdo não existir, não passa também o tempo. Ou seja, não havendo nada, também não há tempo (nem espaço, mas isto não está sendo discutido aquí).
No entanto há que se considerar outra coisa. Da mesma forma que não é vedado considerar que o tempo sempre existiu (e, portanto, o Universo, já que só há tempo no Universo), também é possível que o tempo tenha tido um começo, antes do qual não havia nada, nem tempo, nem espaço, nem conteúdo do Universo, nem mesmo vazio. Nesse tempo zero teria surgido, sem causa, o conteúdo do Universo, o espaço para contê-lo (já que não existe vazio no Universo) e o tempo para que ele evolua (já que o tempo não passa se nada mudar). Isto é importantíssimo que fique bem claro: não é necessário que toda ocorrência tenha uma causa. O princípio da causalidade é um preconceito que advém de um raciocínio indutivo, baseado na constatação do dia a dia dos fenômenos acessíveis à escala de tempo e de dimensões próximas ao ser humano. Basta um único contra-exemplo para derrubar um raciocínio indutivo. Nas escalas do extremamente pequeno e do extremamente grande, tanto em termos de espaço quanto de tempo, eventos se dão normalmente sem que possuam causa, isto é, que não sejam efeitos. Por exemplo, a emissão de luz por átomos excitados (a excitação é condição e não causa), devido à interação eletromagnética, o decaimento radioativo, devido à interação fraca e a produção de par partícula e anti-partícula, devido à interação forte, por flutuações do vácuo (que não é vazio). Na verdade, o determinismo e a causalidade são aparências que se dão em virtude da “lei dos grandes números” das probabilidades, no caso de eventos ocorridos com coleções de inúmeras partículas, como os corpos macroscópicos.
Kalam não é o nome de uma pessoa e sim das escolas de ensino religioso muçulmano. O denominado “argumento Kalam” era ensinado nessas escolas como uma prova de existência de Deus, semelhante à prova do “motor primo” de Aristóteles, também defendida por Tomás de Aquino. O que o argumento Kalam acrescenta ao motor primo é o fato de que se poderia arguir que uma alternativa à necessidade de uma causa primeira seria a eternidade do Universo para o passado. Provando que o Universo não poderia ser eterno para o passado se concluiria que, por ter tido um começo, teria que ter uma causa, extrínseca a ele (pois não existia) que se identificaria com Deus.
Dizer que algo “não faz sentido” é outro preconceito advindo de nossas concepções humanas sobre a estrutura da realidade. Os eventos que eu mencionei realmente não possuem causa, e não apenas têm uma causa não detectada. Não há problema nenhum em que o Universo tenha surgido sem nada precedente que o tenha causado (isto é o que se quer dizer quando se fala em “surgir do nada”). Quando um átomo está excitado e elétrons estão em níveis superiores de energia, esta condição possibilita que possam cair para níveis mais baixos, emitindo fótons. No entanto não há mecanismo nenhum que desencadeie esta queda e ela pode se dar ao fim de qualquer tempo ou nunca. A única informação que se tem é sobre a média estatística do tempo de decaimento (vida média) ou do tempo em que metade de uma população tenha decaído (meia vida). Realmente a natureza não é causal e nem determinística. Isto é o seu comportamento intrinseco, que a Mecânica Quântica veio descrever em seu modelamento matemático e que Einstein, por exemplo, por preconceito, não admitia. Outros físicos, como David Bohm, para citar um bem proeminente, também não conseguiram admitir a incausalidade, mas ela é um fato incontestável, a que temos que acostumar e que, juntamente com a relatividade do tempo e do espaço, foram as maiores implicações que a Física legou à Filosofia no início do século XX.
Um dos problemas da Filosofia, depois que se livrou das amarras da religião, é ainda estar presa às amarras do homem, de que precisa também se libertar para ser uma disciplina que procura refletir sobre a realidade tal qual é, e não como o homem a concebe. Mas não é fácil.
Não é logico que o tempo tenha que preceder o conteúdo do Universo. Primeiro porque a natureza não tem compromisso nenhum com a lógica, que é um construto humano para disciplinar o pensamento. A natureza absolutamente não é lógica. Mas, mesmo dentro da lógica, nada há que indique alguma precedência para o tempo. Uma análise lógica, pelo contrário, mostra que o tempo é uma ocorrência advinda das mudanças de estado do Universo. O conceito newtoniano de tempo e espaço absolutos e apriorísticos não tem guarida no atual estágio de conhecimento científico.
Não há dúvida de que somos nós, humanos, os observadores da realidade e, para complicar, somos também parte dela. Mas, como na Teoria da Relatividade – que busca justamente achar o que não seja relativo – o que importa é compreender a realidade de forma independente do observador, humano ou não. Para isto, é claro, tem-se que entender os mecanismos humanos de percepção da realidade para, justamente, abstrair-se deles.
Não é verdade que a entropia sempre cresça em um sistema isolado e sim que ela não diminua. Nos processos reversíveis ela permanece constante. O Universo poderia ter passado por um estágio, anterior ao big bang (se ele já existisse antes) em que toda mudança de estado fosse reversível.
Como eu descrevi em tópico anterior, não há impedimento do tempo ser eterno para o passado e, mesmo assim, estarmos no presente. Não é preciso haver uma contagem desde um instante inicial. Este pode nunca ter existido. Mas, mesmo que o tempo seja infinito, isto não esgota a ocorrência de todos os eventos possíveis, pois o infinito do tempo é o do contínuo (alef 1), enquanto o dos possíveis eventos é o dos subconjuntos contínuos, que é alef 2 (o conjunto de todas as possíveis funções) que é um infinito de ordem superior ao contínuo.
É certo que a natureza não é lógica e que o critério de verdade é a evidência e não a lógica. À medida, contudo, que o comportamento da natureza for sendo desvendado, mister se faz adaptar a lógica para que dê conta dos fatos. Assim surgiram as lógicas policotômicas e difusa, por exemplo. Outra coisa é que a lógica não garante a veracidade de coisa alguma, mas apenas a validade do raciocínio. Se ele for aplicado a premissas falsas, as conclusões, apesar de válidas, serão falsas. Todavia muito do que se diz ser lógico, absolutamente não o é, independente de ser verdadeiro ou falso. Tal é o caso, por exemplo, do princípio da causalidade, que poderia até ser verdadeiro (mas não o é), mas, absolutamente, não é lógico.
Quanto à questão da causa e do começo, vamos analisá-la. Uma vez que causa não é uma necessidade, então o Universo não precisa ter causa (mesmo que tenha) seja ele eterno ou não, para o passado. Considerando que tenha tido uma causa, no entanto, mister se faz que tenha tido um começo, pois, se não o teve, e os eventos se sucederam uns causando os outros, nenhum deles foi causa de todos, pois sempre houve um que lhe tenha antecedido e o causado. Então o Universo, que é o conjunto de tudo, incluindo os eventos, não teve causa, caso tenha sido eterno para o passado. Por outro lado, se ele teve um começo, poderia ter tido uma causa, mas, como antes do começo ele não existia, esta causa lhe seria extrínseca. Mas, como o Universo é o conjunto de tudo, nada lhe é extrínseco, logo teve que começar sem causa. Então, seja ele eterno ou finito, não pode ter tido causa. Se é eterno ou finito, para o passado, é questão de investigação observacional.
Na verdade a expansão do Universo se deu a partir de uma condição de densidade muito grande mas não infinita, isto é, não houve singularidade nenhuma. Pode ser que esta condição já existisse sem que passasse tempo, uma vez que era todo o Universo e não estaria sofrendo alteração de estado. Admitindo a descrição aleatória como válida, pode-se considerar que, sem razão alguma, ocorreu uma alteração no estado, caracterizada pela subita expansão. Nisto deu-se o surgimento do tempo e, daí, vem toda a história do big bang. É perfeitamente admissível uma explicação sem porquê, pelo menos este inicial. O objetivo maior da ciência é explicar “como” tudo ocorre, podendo também achar porque, caso haja. Mas não precisa haver.
Realmente o tempo só se move para o futuro (os modelos que consideram a possibilidade de volta ao passado, como o do Novello, assim o fazem indo para o futuro em uma curva tipo tempo fechada, mais ou menos como o toro do Caio). Mas isto não significa que ele tenha que ter tido um começo (não estou dizendo que não tenha tido, mas sim que poderia não ter tido sem inconsistência nenhuma, isto é, o argumento Kalam é falso). Repito: uma eternidade para o passado não significa um começo infinitamente distante, mas sim a ausência de um começo. Isto não inviabiliza a existência do presente.
Quanto às teorias de Everett, Bohm, Multiversos etc., tratam-se de conjecturas, elas sim, infalseáveis e meramente especulativas. Para todos os efeitos, o Universo é único. Quanto à incausabilidade e o indeterminismo, eles são perfeitamente falseáveis e os experimentos os confirmam.
Certamente nada pode estar localizado no infinito, seja ele temporal ou espacial, porque o infinito não é um ponto de coordenadas específicas. Infinito é apenas um símbolo que diz que aquela grandeza é maior do que qualquer valor que se possa imaginar. Dizer que o Universo seja eterno para o passado não é dizer que o momento de sua criação se localiza em menos infinito e sim que não houve criação nenhuma, isto é, que ele sempre existiu. Se houve uma criação, então sim, ela tem que se situar a um tempo finito no passado. Mas é possível que não tenha havido criação e nem surgimento incriado. Se isto parece ininteligível não o é mais do que supor a existência de um Deus eterno e incriado. Pode? Se pode para Deus, porque não para o Universo? Note-se que absolutamente não estou dizendo que o Universo seja eterno para o passado e sim que poderia ser, sem problema de ordem física e nem metafísica. Se é ou não é questão de investigar com base em dados observacionais. Por tudo que tenho conhecimento, não é, ou seja, houve um começo, no qual o tempo iniciou e quando surgiu o espaço e seu conteúdo. Note: ter surgido também não significa ter sido criado por algo extra-universal. Nada impede que tenha surgido do nada. Exatamente isto!
Algo que não tem causa não tem porquê. Não há explicação para uma ocorrência incausada. Ela acontece de modo fortuíto, ao acaso, sem motivo, sem razão. O preconceito está em supor que seja preciso se ter um motivo para cada evento. Há os que os têm e os que não os têm. Isto é normal na natureza, especialmente nos eventos elementares, isto é, experimentados pelos constituintes básicos do Universo, no nível mais profundo de redução. À medida que se eleva o nível de complexidade da ocorrência, então vão surgindo interações entre os eventos elementares que fazem com que possa se considerar relações de causa e efeito. No nível básico, tudo é aleatório. O acaso pode tudo e não tem explicação.
Como se pode ter certeza disto? Simplesmente não se tem. Aliás, certeza é algo impossivel de se ter, a respeito de qualquer coisa. A ciência não trabalha com certezas, mas com fortes indícios. Assim é muito mais plausível admitir-se a incausalidade do que a existência de causas ocultas. Mas nada do que a ciência propõe é garantido. É assim mesmo. Tudo é provisório e é preciso acostumar-se com esta postura. A ciência busca a verdade, isto é, descrições que tenham aderência ao comportamento da realidade, mas nunca sabe se a possui, apenas que dela se aproxima.
Não posso ter certeza de que não existem universos paralelos e nem de que existem. Então suponho que não existem, pois só tenho acesso a este. A existência deles, em sua própria concepção, é inverificável. É mais ou menos como o caso de Deus. Não posso garantir que exista ou não exista, mas não tenho comprovações de que exista. Então suponho que não exista. Esta é a hipótese nula, válida até que seja derrubada. Não se precisa provar que Deus não existe, mas sim que existe, pois não é evidente que exista. Tal é o estágio dos universos paralelos.
Só uma observação: se algo é um efeito, então tem causa, por definição. O que ocorre são eventos que não são efeitos. É possível que alguns eventos dos quais não se identifica a causa a possuam e isto venha a ser identificado no futuro. O que não se pode é considerar que a existência de causa seja uma necessidade. Não é! Não há argumento nenhum que exija causa para um evento. Isto é puro preconceito, advindo do senso comum. E como é uma conclusão obtida por raciocínio indutivo, não é logicamente necessária. É como as leis físicas, que valem enquanto não se descobre um fato que as contrarie. Então têm que ser corrigidas.
Produção de par de partícula e anti-partícula não é surgimento do nada, pois o vácuo não é vazio. Ele contém campos que possuem energia e outros atributos. Certamente tudo o que existe no Universo surgiu de partículas e anti-partículas que foram produzidas por flutuações do campo primordial, que era o único constituinte dos instantes iniciais da expansão. Mas não era nada e nem vazio. A questão ainda não explicada é a do surgimento desse campo ultra-concentrado, do qual tudo veio. Ou ele já existia antes que o tempo começasse a passar (o que se deu com o início da expansão) ou ele surgiu nesse momento. Neste caso a condição anterior era de inexistência de qualquer coisa: espaço, tempo, radiação, campos, matéria, com todos os seus atributos, como energia, carga elétrica, spin etc., inclusive as leis físicas. Isto é que se dá o nome de nada. Nada não é algo que exista. É só uma palavra para indicar a inexistência total. Até de Deus, que, aliás, continua não existindo.
Pois bem, o surgimento de tudo, sem que houvesse algo que lhe precedesse, é o que se chama surgir do nada, sem razão e nem propósito. Isto é perfeitamente admissível e é uma explicação muito mais plausível do que a suposição da interveniência de um agente extra-natural. A alternativa é de que tudo sempre existiu, mesmo que de outra forma. Se surgir do nada é difícil de se admitir, eternidade passada também o é.
Os números naturais, pares, ímpares, inteiros e racionais têm cardinalidade alef 0. Os reais e suas ênuplas, como os complexos e os quaternions, bem como seus abertos, além das matrizes, tensores e formas diferenciais numéricas, têm cardinalidade alef 1. O espaço das funções e dos funcionais, das matrizes, tensores e formas funcionais, tem cardinalidade alef 2. O conjunto potência do conjuto das funções (o conjunto de seus subconjuntos) tem cardinalidade alef 3, e assim por diante. O conjunto das possíveis ocorrências, como é o conjunto dos subconjuntos de ênuplas de números reais, tem cardinalidade alef 2, e portanto não pode haver uma função bijetora de domínio real que o tenha como contradomínio. Assim nem num tempo infinito em um espaço infinito (tetradas de números reais) seria possível que se dessem todas as ocorrências passiveis de se ter com os sub-sistemas do Universo.
consideração de que o presente atual ainda não existia em momentos passados que temos na memória, podemos inferir que haverão momentos futuros. Então, de nossa percepção e do cotejo das percepções de outros sujeitos, pode-se ver que existe algo objetivamente fora de mim, que é a sucessão de eventos a que chamamos tempo, e que ela prosseguirá além do presente momento. De fato, toda percepção que tenho da ocorrência de eventos fora de minha mente é a de eventos que já ocorreram, pois a informação sobre eles chega a mim com uma velocidade finita (no máximo a da luz). Na verdade a coordenatização do tempo pode ser feita em uma semi-reta apontada para o passado, cuja origem sempre está colocada no momento presente e que, continuamente, é acrescida dos momentos imediatamente transferidos para o passado. Pode ser que ela se extenda indefinidamente ou que seja um segmento com um ponto terminal no instante em que o tempo passou a existir. O que precisa ficar claro, contudo, é que essa sucessão existe independente de observadores que a contemplem. Isto é, mesmo que não hajam consciências para perceber o tempo, seu fluxo se dá do mesmo modo. Outra coisa é que não há meios de se definir, para todos os referenciais, uma única superfície (de Cauchy, se pensarmos em condições de contorno para equações diferenciais) global que seja o lugar geométrico de todos os eventos (pontos do espaço-tempo) situados no mesmo instante, por exemplo, o presente. Isto é, o que é presente para mim pode estar no futuro ou no passado de outro observador que se mova em relação a mim.
O conteúdo substancial básico do Universo é simplesmente um vasto campo, que preenche todo o vácuo (não existe vazio no Universo). Este campo, primordialmente indiferenciado, fez surgir, em suas flutuações, pares de partículas e anti-partículas, que são suas quantizações. Ao se aniquilarem elas produziam fótons (que são suas próprias anti-partículas), que consistem na radiação de fundo, até hoje observada. Como a densidade de energia do campo era grande, híperons se formaram. Como há uma assimetria na meia-vida da matéria e da antimatéria, pelo decaimento, alguma matéria não foi aniquilada e constitui tudo o que sobrou. Assim, tanto a matéria (férmions, isto é, quarks e leptons) como a radiação são provenientes desse campo do vácuo, que ainda existe mas já não é indiferenciado, estando principalmente na forma de fótons virtuais (campo elétrico) e os outros campos. O gravitacional, contudo, resiste às tentativas de unificação (a não ser que a teoria M seja comprovada, ou a teoria dos laços quânticos), e me parece que ele seja realmente dado pela geometria do espaço-tempo, não se constituindo em uma interação mediada por campo.

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« Última modificação: 17 de Setembro de 2015, 13:40:38 por Johnny Cash »

Offline Sergiomgbr

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Re:Pergunta aos teístas do forum.
« Resposta #74 Online: 17 de Setembro de 2015, 16:46:56 »

Deus não premia nem castiga  isso é coisa de humanos, Deus é o necessário a existência.
Mas é claro que "Deus" ou premia ou castiga, ou não importaria que seu nome fosse "Deus".
A gente não questiona se o Universo ou o Cosmos ou a Realidade premia ou castiga.
Até onde eu sei eu não sei.

 

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