Autor Tópico: Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer  (Lida 12573 vezes)

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Offline Rlionsan

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #75 Online: 03 de Dezembro de 2015, 01:27:12 »
Já que deixaram de lado a outra discussão, que, de fato, estava saindo do tema :vergonha:, sobre o link a seguir, será que vai ter gente querendo usar venenos de alguns sapos do Amazonas?

http://ceticismo.net/2015/12/01/veneno-de-sapo-e-promessa-de-remedio-contra-o-cancer-cade-as-manifestacoes/

Aliás, em algumas experiências pessoais sobre isso, é triste observar que diversas pessoas não têm o mínimo de noção de que um debate não é uma discussão cheia de gritos e baixarias. Parece ser sempre a mesma conversa de "a indústria farmacêutica esconde a cura", e de que "funcionou com fulano de tal".
Tem uma dissertação do Meneguelo (que ainda estou lendo) que dizem, que ao aumentar a dose em ratos, todas as cobaias morreram, mas ainda não acabei de ler para saber se é verdade:

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/82/82131/tde-12022008-135651/pt-br.php

Li (rapidamente) a tese do Meneguelo, e ele diz que a mortalidade aumentou nos animais que receberam a dose mais alta de fosfoetanolamina.  Me chamou a atenção não haver no texto uma tabela com a taxa de mortalidade em cada grupo. Essa ausência, em um estudo deste tipo, é peculiar.  Afinal de contas, a taxa de mortalidade é um dos resultados mais importantes na avaliação de uma droga contra câncer. Se eu encontrasse algo assim em um estudo patrocinado pela indústria farmacêutica minha primeira impressão seria a de que alguém estaria querendo desviar a atenção da mortalidade.

Offline antoniosiman

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #76 Online: 06 de Dezembro de 2015, 04:06:56 »
 artigo publicados com experiencia em humanos
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15109009

Offline Rlionsan

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #77 Online: 06 de Dezembro de 2015, 05:44:02 »
artigo publicados com experiencia em humanos
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15109009
Este artigo é em humanos, mas não envolve a administração da fosfoetanolamina para tratar câncer.  Os pesquisadores mediram a quantidade de fosfoetanolamina e de fosfocolina naturalmente presentes em células tumorais, e verificaram que esta quantidade é um razoável preditor da resposta que o tumor terá ao tratamento.  Ao que parece, quanto mais fosfoetanolamina e fosfocolina nas células tumorais, pior a resposta ao tratamento (quimioterapia, provavelmente).  Como o link só dá acesso ao resumo da publicação, não dá para ir mais a fundo.

Offline Pregador

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #78 Online: 07 de Janeiro de 2016, 10:54:13 »
Esse negócio de "tribunal privado" é uma das idéias mais estranhas que eu já vi. Como funcionaria esse tipo de coisa? Haveria uma "policia privada" para obrigar os condenados a cumprir a lei? E como, no final, isso não acabaria virando o maldito Estado todo de novo?

É estranha mas já existe. Câmaras de arbitragem. Fora que o direito internacional é meio anarquista, não existe um governo mundial.

Mas é tanta bobagem dita nesse tópico sobre um assunto que nem leram, desisto de falar sobre isso. Desisto de explicar para quem tem preguiça de ler livros e artigos, material disponível na internet é vasto e acessível.

Não é estranha não e é muito comum no resto do mundo. O Brasil é que tem uma cultura estatista. Litígios societários, sobre ações, empresariais, etc. normalmente são resolvidos nas grandes cortes arbitrais internacionais, muito mais eficientes que qualquer tribunal. Pense, um juiz precisa saber todo o direito, o quê obviamente é impossível. Ele sabe um pouco de tudo, algumas coisas mais, mas raramente tem uma ultra especialização em dado assunto. Na arbitragem as partes escolhem por livre acordo o árbitro e as regras do processo. Num litígio empresarial as partes podem escolhem um renomado professor de direito ou de economia empresarial como árbitro. Com certeza sua sentença será muito melhor fundamentada e racional do que a de um juiz estatal de uma comarca qualquer, que não tem como atingir essa especialização de conhecimento. A sentença arbitral tem o mesmo valor e força que uma decisão judicial.

A arbitragem não serve tanto para casos que envolvam direitos subjetivos indisponíveis e fundamentais ou de casos de ordem pública, como, por exemplo, uma ação de adoção ou uma demanda pedindo vaga numa creche públca.
« Última modificação: 07 de Janeiro de 2016, 10:57:19 por Pregador »
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Pasteur

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Offline Brienne of Tarth

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #80 Online: 22 de Março de 2016, 11:54:36 »
Parece ainda só fofoca e especulação, cadê a publicação do estudo?

Laboratório de Oncologia Experimental do Ceará...Nada contra, mas cadê a pesquisa?
As conclusões? É só falar que não e pronto? Igual a falar que sim, e pronto? |( :hein:
GNOSE

Offline Pasteur

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #81 Online: 22 de Março de 2016, 12:07:59 »
Se os caras estão falando que fizeram os primeiros testes e estes não foram bons só nos resta confiar. Eles não vão publicar estudos porque estes estão em fase inicial. Não tem motivo pra achar que estão nos enganando.

Offline Brienne of Tarth

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #82 Online: 22 de Março de 2016, 13:02:59 »
I know, Monsieur Pasteur, não estou duvidando (ainda ou totalmente) de nada, só não vou assinando embaixo, assim como não assinei antes quando todos berravam que a fosfo é a "cura do câncer", acho que precisamos ser apenas cautelosos. :ok:
GNOSE

Offline Fernando Silva

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #83 Online: 23 de Março de 2016, 09:28:40 »
A fosfoetanolamina teria que ser vendida com a bula em branco por falta de informações concretas.

Offline Brienne of Tarth

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #84 Online: 23 de Março de 2016, 12:45:29 »
Tem um relatório do MCTI aqui
GNOSE


Offline SnowRaptor

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Elton Carvalho

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“Na fase inicial do processo [...] o cientista trabalha através da
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Offline Dr. Manhattan

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #87 Online: 05 de Abril de 2016, 18:00:11 »
O pior é ter que ouvir gente, que eu até considero inteligente, ficar defendendo esse sujeito dizendo que ele está sendo perseguido pelo "cartel dos grandes laboratórios."
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Offline SnowRaptor

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #88 Online: 05 de Abril de 2016, 18:02:17 »
O pior é ter que ouvir gente, que eu até considero inteligente, ficar defendendo esse sujeito dizendo que ele está sendo perseguido pelo "cartel dos grandes laboratórios."

Ou que acha que a substância "tem o direito" de passar por "todos" os testes antes de ser descartada.
Elton Carvalho

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #89 Online: 06 de Abril de 2016, 00:51:43 »
E quando a poeira baixar, vão lançar versão homeopática do mesmo princípio, sem quaisquer contra-indicações. :(

Só que essa será apenas "medicina complementar". :(

Rhyan

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #90 Online: 06 de Abril de 2016, 02:19:50 »
Já vão lançar como suplemento alimentar.

- Essa substância cura o câncer!
- UAU!!
- É um suplemento alimentar.
- QUE?

Offline Gigaview

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #91 Online: 06 de Abril de 2016, 07:07:45 »
Ainda não descobriram que o cogumelo do Sol tem essa substância com um nome em japonês muito mais difícil de se pronunciar que esse aí e serve para tratamento preventivo além de fazer bem para as varizes.
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.


Rhyan

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #93 Online: 14 de Maio de 2016, 20:05:04 »
Por mais babaquice que seja essa tal da "pílula do câncer", uma proibição de uso por desesperados seria pior ainda.

Offline Pasteur

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #94 Online: 16 de Maio de 2016, 18:15:03 »
Por mais babaquice que seja essa tal da "pílula do câncer", uma proibição de uso por desesperados seria pior ainda.

Uma coisa é um desesperado aceitar ser uma cobaia em um estudo de uma substância testada em centros respeitados, outra é alguns pangarés quererem que os desesperados usem essa coisa sem base cientifica nenhuma.


Offline Buckaroo Banzai

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #96 Online: 17 de Maio de 2016, 12:54:38 »
ESTÁ AÍ MAIS UMA AMOSTRA DE DITATORIALISMO DESSE (DES!) GOVERNO ILEGÍTIMO, PASSANDO POR CIMA DO DECRETO DA PRESIDENTA LEGÍTIMA DEMOCRATICAMENTE ELEITA.




Por mais babaquice que seja essa tal da "pílula do câncer", uma proibição de uso por desesperados seria pior ainda.

Legalização do golpe em desesperados JÁ!

Até quando esse governo tirano babá vai continuar proibindo as pessoas de explorar economicamente aos desesperados? Sem liberdade econômica, o empreendedor tem menores chances de prosperar e gerar empregos. Os moribundos desesperados poderiam ser fonte de renda e riqueza para muitos, revertendo para toda a sociedade na medida em que aqueles que lucram com seu desespero eventualmente compram bens e serviços de outros. Sem isso, o sofrimento deles é em vão.

Rhyan

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #97 Online: 19 de Maio de 2016, 01:00:36 »
Por mais babaquice que seja essa tal da "pílula do câncer", uma proibição de uso por desesperados seria pior ainda.

Uma coisa é um desesperado aceitar ser uma cobaia em um estudo de uma substância testada em centros respeitados, outra é alguns pangarés quererem que os desesperados usem essa coisa sem base cientifica nenhuma.

A liberdade individual está acima disso. Sua opinião, que é a mesma que a minha e creio que esteja correta, não pode ser colocada a frente da liberdade de alguém que queira usar uma substância pelo motivo que for.

Offline Muad'Dib

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #98 Online: 19 de Maio de 2016, 07:55:47 »
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2016/05/1771778-sem-aval-da-anvisa-pilula-do-cancer-nao-vai-para-o-sus-diz-ministro.shtml

Melhorou...
Por lei somente substâncias com aval da Anvisa podem integrar o RENAME. Nosso ministro da saúde não é dos melhores, provavelmente nem sequer leu a lei 8080.

Citar
A liberdade individual está acima disso. Sua opinião, que é a mesma que a minha e creio que esteja correta, não pode ser colocada a frente da liberdade de alguém que queira usar uma substância pelo motivo que for.

Os que estão desesperados para tomar a fosfoetanolamina são justamente pessoas que estão absurdamente fragilizadas física e emocionalmente pelo câncer. Ai vêm uma enxurrada de idiotas na internet e começa a fazer uma campanha completamente sem fundamento e claramente desinformacionista sobre o assunto. Gente desesperada se agarra em qualquer coisa.

Não sei se é um exercício de liberdade pessoal.

Offline JJ

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Re:Sobre a fosfoetanolamina como "cura" (tratamento) para o câncer
« Resposta #99 Online: 19 de Maio de 2016, 10:21:28 »
BBC
19/05/2016 07h24 - Atualizado em 19/05/2016 07h28

Como a lei da ‘pílula do câncer’ uniu Congresso dividido e foi aprovada em tempo recorde
Em sessões marcadas por discursos emocionados, deputados e senadores ignoraram alertas de comunidade científica; veja os argumentos apresentados para liberar uso de fosfoetanolamina.

Rafael Barifouse
BBC Brasil, Sao Paulo


Em meio às divisões que marcaram a crise política e o processo de impeachment, uma lei foi aprovada de forma quase unânime por deputados e senadores de todos os partidos: a que libera o uso da fosfoetanolamina sintética por pacientes com câncer.

Cápsulas de fosfoetanolamina produzidas desde os anos 90 no Instituto de Química de São Carlos (Foto: Cecília Bastos/USP Imagem)
Cápsulas de fosfoetanolamina produzidas desde os anos 90 no Instituto de Química de São Carlos (Foto: Cecília Bastos/USP Imagem)

Sancionada pela presidente afastada Dilma Rousseff em 14 de abril, a legislação é criticada pela comunidade científica por autorizar a chamada "pílula do câncer" sem que estudos clínicos tivessem comprovado sua eficácia - até o momento, foram realizados só estudos com animais, que indicaram que a substância não é tóxica.


Duas visões: a “pílula do câncer” deve ser liberada no Brasil?

A lei é polêmica. Especialistas ouvidos pela BBC disseram que, ao aprová-la, o Congresso pode estar pondo em risco a saúde da população e abriu precedentes para a liberação de outras substâncias não testadas pelo Legislativo sem aprovação dos órgãos competentes.

Para outros, entretanto, o Congresso acabou dando voz aos pacientes, dando-lhes conforto e esperança e respondendo à suposta morosidade dos órgãos que aprovam remédios.

Duas visões: a “pílula do câncer” deve ser liberada no Brasil?

Agora, a lei será analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Nesta quinta-feira, a Corte apreciará uma ação movida pela Associação Médica Brasileira que diz que a lei é inconstitucional por violar a regulamentação vigente sobre o uso de medicamentos no país.

Já a Câmara dos Deputados e o Senado enxergaram, em março, a questão por uma ótica totalmente oposta: em ambas as Casas, parlamentares defenderam se tratar de uma lei "pela vida" e que confere esperança e dignidade a pacientes em estágio terminal. Em discursos carregados de emoção, pediram sensibilidade a seus pares por já terem enfrentado casos de câncer em suas famílias.

Sob estes argumentos, o projeto tramitou com uma velocidade excepcional no Congresso. Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, órgão que auxilia sindicatos sobre questões legislativas, leis aprovadas em 2013 levaram em média cinco anos da proposição à sanção presidencial e, em 2014, nove anos.
Por sua vez, o PL 4639/16 passou pela Câmara e pelo Senado em questão de dias, e foi aprovada por unanimidade.

Com urgência e emoção

O projeto de lei foi elaborado por um grupo de deputados federais no qual estão, lado a lado, parlamentares que normalmente se encontram em polos opostos das disputas políticas, como os petistas Adelmo Carneiro Leão (MG) e Arlindo Chinaglia (SP) e os deputados Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) e Jair Bolsonaro (PP-RJ).

Apresentado no plenário da Câmara em 8 de março, o projeto foi apreciado no mesmo dia, graças a dois acordos entre líderes partidários. Primeiro, para que tramitasse em regime de urgência. Depois, para que a oposição abrisse mão da obstrução da pauta, imposta na época até que o STF se manifestasse sobre os ritos de votação do impeachment.

No fim daquele dia, em uma sessão extraordinária com duração de 2h15, o projeto passou por todas as etapas na Câmara: foi discutido, avaliado por um relator e três comissões - Constituição e Justiça e de Cidadania, de Finanças e Tributação e Seguridade Social e Família - e, finalmente, votado.
Em meio ao breve debate feito naquela sessão, alguns deputados pediram a palavra para se manifestarem a favor da lei, muitas vezes com discursos apoiados em relatos e experiências pessoais.

"Se você ou algum familiar estivesse com câncer e alguém dissesse que água de bateria na veia cura, todo mundo tomaria", disse Eduardo Bolsonaro. "A fosfoetanolamina é muito melhor que isso. Há o relato de pessoas que tomaram apenas a pílula e melhoram (...) Meu avô morreu em virtude de um câncer de pulmão e, hoje, não pode, infelizmente ter acesso a fosfoetanolamina."
"Voto 'sim' em homenagem à minha mãezinha, que morreu de câncer", disse o deputado Moroni Torgan (DEM-CE).

O deputado Caio Narcio (PSDB-MG) disse ter perdido sua mãe para o câncer, que ele chamou de "doença do milênio". "Só quem tem alguém com uma doença dessas em casa sabe o que é o sofrimento. Mesmo que fosse 1% de possibilidade, já valeria a pena."

Já o deputado Celso Russomano (PRB-SP) deu um depoimento sobre seu pai, que tinha câncer. "Ele respirava por aparelhos, começou a tomar a fosfoestanolamina e saiu da cama. Mas o pouco medicamento que tínhamos acabou, e sua fabricação parou. Em alguns dias, ele começou a piorar e foi a óbito."

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) contou na sessão já ter perdido seis irmãos e um sobrinho por conta da doença: "Gostaria muito que eles tivessem tido a oportunidade de ter esperança de algo que pudesse amenizar as suas partidas".

Pressão social

Outros parlamentares defenderam que a lei dá esperança a quem sofre de câncer e serve como uma resposta a uma demanda vinda da sociedade.

"Não vamos discutir a questão técnica. Isso não é para nós", disse o deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF). "A Câmara não pode ficar de costas para a opinião pública. Assim mostraremos à sociedade que a Câmara pensa, sim, no cidadão. Queremos plantar uma semente de esperança."
A deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ) fez um pronunciamento parecido: "Não vamos salvar as pessoas do câncer, mas vamos lhes dar alguma esperança, alguma possibilidade de resolver o problema."

Em meio a este debate, houve uma voz dissonante. O deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) defendeu em plenário que "a maneira como se encaminha o tema é extremamente perigosa de fazer ciência".

"Nós estamos reduzindo este debate a quem é a favor e contra a cura do câncer. A ciência é feita de pesquisa, de resultados. Não se pode liberar uma substância sem saber seu efeito colateral, qual é a dosagem para uma criança, para um idoso, para uma mulher", disse Mandetta.

'Quem tem câncer tem pressa'

Seu posicionamento não foi suficiente para barrar o avanço do projeto: todos os blocos e partidos se manifestaram a favor da aprovação. Não houve uma votação nominal - em que cada deputado se posiciona individualmente -, mas simbólica, em que o presidente da Casa pede que aqueles contrários ao projeto se pronunciem. Sem qualquer gesto significativo contra, a lei seguiu para o Senado.

"Foi uma matéria bastante estudada em audiências públicas e por um grupo de trabalho. Está sendo debatida desde outubro do ano passado, e a substância é alvo de 20 anos de pesquisas. Os estudos mostram que não é tóxica. E a população clamava por isso", diz à BBC Brasil a relatora do projeto, a deputada Leandre Dal Ponte (PV-PR), sobre a celeridade da tramitação na Câmara, e para quem a aprovação da lei vai pressionar para que os estudos clínicos da fosfoetanolamina sejam realizados.
"O câncer mata milhares de pessoas todos os anos, e quem tem câncer pode tudo, menos esperar. É justo negar o acesso a fosfoetanolamina, diante de relatos que mostram que ela no mínimo prolonga a vida das pessoas?"

Um dos principais autores do projeto e médico fisiologista, Leão (PT-MG) defende à BBC Brasil a aprovação da lei mesmo sem a comprovação da eficácia da fosfoetanolamina.

"Não estamos pulando etapas, porque não é algo que foi descoberto hoje. Se ninguém estivesse usando, aí sim. Mas a substância está em nosso cotidiano há 15 anos, sem haver um relato de prejuízos por conta do seu uso", afirma o deputado.

"Como médico, não posso receitar, porque não é considerado medicamento, mas não teria dúvida nenhuma de indicar para amigos ou familiares com câncer. Eu mesmo usaria diante de uma situação tão dramática."

'Ceifador de esperanças'

Ao chegar ao Senado, como projeto de lei da Câmara nº 3 de 2016, a proposta também tramitou rapidamente, ainda que menos rapidamente do que na Câmara.

Entre os dias 9 e 17 de março, foi analisado e aprovado pelas comissões de Assuntos Sociais e de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática. Chegou ao plenário no dia 22, onde novamente foi colocado em regime de urgência e se abriu uma exceção para ser votado no mesmo dia.

O regimento do Senado determina que, após o requerimento de urgência, a votação deve ocorrer após a realização de duas sessões, o chamado "interstício", como argumentou o senador Cássio Cunha Linha (PSDB-PB), mas outros líderes defenderam e que o tema era delicado e deveria ser apreciado naquele dia.
"Minha experiência é a de milhões de brasileiros. Minha mãe morreu com câncer no cérebro. Eu sei exatamente o que é isso", disse o senador Magno Malta (PR-ES).

O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) afirmou se tratar de uma situação de emergência: "É muito difícil você falar para um paciente terminal de câncer que ele não vai ter mais acesso àquilo que ele estava esperando. Porque várias pessoas deram testemunho que, ao tomarem o medicamento, que não é um medicamento ainda, apresentaram melhoras."

Diante dos apelos, Lima cedeu: "Não sou um ceifador de esperanças, nunca fui. Se há um entendimento, todos os líderes de que o interstício deve ser suprimido eu não vou me opor à votação de uma matéria tão importante". Novamente, foi feita uma votação simbólica, e o projeto foi aprovado apenas 16 dias após ter sido apresentado na Câmara - e levou outros 23 dias até ser sancionado por Dilma.

'A próxima vítima'

Ao fim da sessão, o senador Ivo Cassol (PP-RO), um dos principais defensores da lei na Casa, fez um longo discurso para agradecer o empenho dos colegas para "dar alento e esperança" a pacientes com câncer.

Ele chamou a pílula do câncer de "descoberta do século" e argumentou que ainda não havia passado por testes clínicos, porque laboratórios farmacêuticos e oncologistas não teriam interesse na sua comercialização.

Criticou a Anvisa e sua política de aprovação de medicamentos contra o câncer. "Do jeito que está, é uma vergonha nacional. Aprovou dois medicamentos que têm um efeito mínimo no tratamento de câncer, mas a um preço astronômico. Aí, sim, a Anvisa aprova."

Argumentou em prol das mulheres, que são "mais passíveis de câncer", segundo ele: "Tenho amigos que, por causa do câncer, se escondem, especialmente as mulheres, porque elas têm cabelo comprido. Os homens são carecas. Está aqui o Júnior, meu assessor, que é careca. Se amanhã tivesse um câncer, não teria problema, mas as mulheres não são carecas. Perdem cabelo, perdem a autoestima."

Disse ter recebido muitos pedidos pela aprovação da lei e testemunhado casos em que a substância deus bons resultados. "Recebo por dia de 200 a 300 e-mails. Conheço mais de 30 pessoas. Tenho o depoimento de mais de 100 pessoas que fizeram uso. O resultado é fenomenal. Quem garante que amanhã não será alguém da nossa família? Quem garante que amanhã não seremos nós a próxima vítima?"

E anunciou: "Estou aqui defendendo a liberação desse medicamento do câncer. Mas é só esse? Não, gente! Se amanhã aparecer outro lá pelas matas amazônicas, vamos utilizar! Se vier da Mata Atlântica, vamos utilizar. Se vier outro composto, vamos utilizar! Por que não, gente?"

Procurado pela BBC Brasil, o senador Cassol preferiu não conceder entrevista sobre o tema. Disse por meio de sua assessoria que está "muito chateado" com a declaração feita pelo Ministério da Saúde de que a pílula só será distribuída no SUS com aprovação da Anvisa e que trabalhará para reverter esta decisão.


http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/05/como-lei-da-pilula-do-cancer-uniu-congresso-dividido-e-foi-aprovada-em-tempo-recorde.html

 

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