Falarei sob meu ponto de vista. Não sei o que pensa o Libertário sobre essas questões.
Pelo conjunto da obra dos inúmeros posts libertários
De fato tenho feito uma defesa do anarquismo. Não sei se de forma agressiva ou indelicada, mas é fato. No entanto, imaginei que, sendo CC um fórum diferenciado, o tema poderia ser discutido em níveis, digamos, mais radicais, sem gerar muitos problemas, principalmente no relacionamento entre os foristas. Parece que houve algum exagero de parte a parte e a discussão saiu da exposição do tema para o sarcasmo e, às vezes, indelicadeza.
Estou revendo minha postura e tentarei melhorar como debatedor.
Afinal de contas, você quer o fim do Estado ou não? Sai de cima do muro .
Imagino que o Libertário queira isso mas, como disse na introdução da resposta, não posso afirmar por não saber o que se passa na cabeça dele.
Quanto a mim, sim! Eu quero isso. Mas sei como é difícil, quase impossível. Quero o fim do Estado como quero fazer uma viagem espacial: é possível, alguns conseguem, mas
eu não tenho os meios e nem
o apoio necessário (e uma pancada de outros pré-requisitos) para conseguir. Mas vou morrer querendo
Falando sério, afinal de contas, qual é o papel do Estado em uma suposta sociedade anarco capitalista? Porque eu sempre achei que não existiria Estado nenhum, mas pelo jeito não é isso.
Sim, não é isso. Como eu já escrevi antes, não há ilusões quanto a isso. Imagine um Estado tão mínimo (se é que isso é possível) que sua atuação seja tão discreta, restrita e pontual que este passaria desapercebido. Em um livre mercado, seria como mais uma empresa cuidando de assuntos específicos e com pouquíssima (ou nenhuma) interferência na vida do indivíduo. Algo como o que está nessa artigo (que parece utópico e inocente - ou não):
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=34O Libertário fez um desabafo noutro tópico dizendo que tudo o que ele escreve cai automaticamente, na visão dos foristas, em anarquismo. Eu em particular, mesmo argumentando com liberais aqui (como eu), também vi resistência em certos pontos quando expus idéias e propostas dos próprios liberais, não de anarquistas. Daí fiquei sem entender! Por exemplo, quando se fala de monopólio na anarquia as pessoas não se preocupam por existir monopólio com o Estado, mas identificam prontamente que isso será uma fatalidade no anarquismo. Independente do fato de não ter como saber (é um exercício de adivinhação) se ocorrerá, não causa estranheza que se admite tal fatalidade com o Estado? Daí se coloca argumentos contestando que o livre mercado favorece o monopólio, argumentos de minarquistas, e prontamente o rótulo de utópico é apresentado, identificando na argumentação um viés anarquista. Isso, no mínimo, é estranho.
Mas, voltando ao Estado, sob minha ótica sempre defenderei que
i) Imposto é roubo e
ii) Estado é agressão (pra não dizer OCRIM). São princípios anarquistas! E se são verdade, qual a postura lógica imediata? Desejar o fim de ambos! Isso faz de mim um anarquista, ponto. Mas conseguir isso é diferente de desejar. E a vida me ensinou muito bem que querer, poder e ter são coisas muitíssimo diferentes.
Existem pensadores e autores anarquistas, os Libertários radicais. São liberais como qualquer outro liberal, com a diferença no fato de que os minarquisatas veem a necessidade de um Estado mínimo e os anarquistas não veem necessidade de um Estado. No mais, é tudo muito parecido, para não dizer igual.
Depois dessa ladainha todo, e respondendo objetivamente sua pergunta: eu acredito que, mesmo para um futuro Estado mínimo, a postura, idéias e propostas anarquistas podem e devem se usadas como meio, mesmo que o Estado nunca deixe de existir um dia. Ou até ficar do tamanho de que trata o artigo "linkado" acima.
Liberdade, ainda que tardia!
Saudações