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Minha questão é: Quem são os políticos e partidos com mais condição e interesse para combater essa atual guinada conservadora/religiosa na política brasileira?
Ou, de forma mais abrangente: quem pode representar os interesses dos céticos e humanistas em nosso país?
Caro Lakatos, eu acho que existem alguns exageros nesse texto, como chamar essa ala realmente conservadora de ULTRA conservadora ou dizer que agora demos uma guinada às masmorras quando temos representantes dos desmatadores, ou “da bala” sendo eleitos.
Ora, essa distorção de termos provoca erros obrigatórios nas discussões.
Veja, o texto também pontua que o EC precisa desses ultra conservadores para se manter ali, firme.
Na verdade, alinhemos alguns pontos:
1)A pauta do desmatamento não esteve nas últimas propostas de eleição presidencial, de forma coerente, pragmática e transparente.
2)Tem gente famosa “de esquerda” e “de direita”, ou não ligada tão diretamente às atividades políticas mas que se conecta a ela, que se beneficia diretamente de grandes fazendas e, por consequente, do eterno conflito indígena.
3)As condições criadas para o “lobby das armas” tem origem não interna no congresso, mas na realidade violenta do país.
4)Pautas sobre a utilização de drogas, ou não, só serão utopicamente discutidas nesse país, enquanto se tem níveis de educação lastimáveis, meio “retrógados” mesmo.
5)o ULTRA conservadorismo talvez seja melhor representado nos moldes oriente-médio ou similares. Se é esse, brasileiro, que representa algo ultra conservador, nós temos um ultra-conservadorismo meio light então.
6)Meio osso dizer que A América Latina avança, no contexto do presente artigo, quando quem vai bem por aqui não é exatamente o oposto, politicamente falando, do que se oporia ao conservadorismo.
7) O EC se mantém, onde está, com o suporte de vários representantes de pontas diferentes do espectro político, incluindo "esquerdistas" famosos, que precisam retroativamente do suporte do EC para não cair também.
Isto posto, entendo que não houve qualquer guinada, mas sim ou uma manutenção dos caminhos meio tortos que já vinham historicamente sendo tomados, ou uma caída da cortina mentirosa que levou muita gente a acreditar que estávamos vendo conquistas sociais duradouras e sustentáveis sem precedente, ou uma resposta natural ao tom histérico que muito discurso veio tomando.
Parto para tentar responder a sua pergunta agora, mas sem entender que houve guinada. Os políticos e partidos brasileiros com mais condição de combater essa frente religiosa são, até agora, inexistentes ou por já falhar consistentemente em levar a frente essa missão, ou por fazerem parte do mesmo bolo obrigatoriamente, quando não há pauta exatamente sendo defendidas por partidos “com representação séria e efetiva” que não as deles mesmos, da manutenção de poder e mamata.
Talvez o NOVO represente alguma luz no fim do túnel, ainda a ser confirmada. Que provavelmente, do ponto de vista humanista, não se dará tão direta e caricatamente como se espera, mas que por (tentar) garantir o avanço econômico do país, vai novamente criar condições para que as transformações sociais ocorram de modo sustentável.
A parte disso, eu não vejo qualquer entidade séria o suficiente pra levar a frente “os interesses dos céticos e humanistas em nosso país”. Agrupamentos populares podem existir com essas intenções, mas infeliz e fatalmente lhes falta poder para prosseguir, o que vai surgir daqui, no máximo, serão os grupos mais radicais e violentos tentando dar uma solução na coisa, mas que por muitos dos defensores de causas “humanistas” não vai ser interpretado como algo certamente positivo.