Grupo do PT critica alianças de Lula com apoiadores do impeachment: “Petista não vota em golpista”POR FÁBIO GÓIS | 06/11/2017 17:11
CATEGORIA(S): CRISE BRASILEIRA, ELEIÇÕES 2018, NOTÍCIAS, OUTROS DESTAQUES
Reprodução/Facebook Renan Calheiros
Lula em Alagoas, onde os Calheiros mantêm as rédeas da política estadual
O grupo Democracia Socialista, tendência mais à esquerda do Partido dos Trabalhadores, divulgou comunicado contra a estratégia política de alianças que o ex-presidente Lula tem realizado com vistas às eleições presidenciais de 2018. Como este site mostrou no último sábado (4), o PT, com o ex-presidente Lula à frente dos acordos, tem articulado parcerias com o “golpista” PMDB – como os próprios petistas chamam o ex-aliado – em pelo menos seis estados.
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Intitulada “Nota pública contra a aliança com golpistas” (íntegra abaixo), a mensagem faz menção às resoluções que o próprio PT anunciou, em julho, durante seu 6º Congresso Nacional. “Em Alagoas, assim como em outros Estados, é preciso reconstruir o PT com independência de classe, ao lado dos movimentos sindicais e populares, com programa e alianças de esquerda”, diz a tendência petista, em referência à aliança regional entre Lula e o grupo político do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder político de um clã que inclui seu filho, o governador alagoano Renan Filho (PMDB). Ambos tentam a reeleição.
Partícipe do processo de fundação do PT, a Democracia Socialista foi criada em 1979 e se diz orientada pela “construção de um partido socialista, democrático, internacionalista, feminista e anti-racista, ecossocialista, defensor da ética pública e do republicanismo”. Nasceu como agrupamento político de inspiração marxista e atuou de maneira independente até 1986, quando virou tendência ideológica interna no PT. Fazem parte da corrente nomes como o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rosseto, o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont e os deputados federais Afonso Florence (BA), Pepe Vargas (RS) e Luizianne Lins (CE).
Alianças de ocasiãoAs parcerias em questão são firmadas em um momento de crise do PT em tempos de Operação Lava Jato – a legenda perdeu 60% das prefeituras nas eleições de 2016 e só reelegeu um prefeito, Marcus Alexandre, que comandará a capital Rio Branco (AC) até 2020. Na esteira do impeachment de Dilma Rousseff, uma decisão do Diretório Nacional do PT proibiu formalmente alianças do partido com legendas que apoiaram o que os petistas chamam de “golpe”.
Mas petistas influentes têm defendido a derrubada da proibição.
É o caso do ex-prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho, presidente estadual do PT em São Paulo. Já o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), diz que há conversas informais nos estados onde os dois partidos têm boa relação política, mesmo depois dos traumas do impeachment.A aliança entre petistas e “golpistas” é vista com simpatia pelos dois lados: Lula quer candidatos fortes nos estados para impulsionar sua candidatura ao Palácio do Planalto; já para o PMDB, em alguns estados, é importante não contrariar a popularidade do ex-presidente. No Nordeste, Lula chega a ter mais de 50% das intenções de voto.
Leia a íntegra da nota:
No 6° Congresso Nacional do PT definimos:
“A política de alianças, incluindo as coalizões eleitorais, deve aglutinar quem partilhe de uma perspectiva anti-imperialista, anti-monopolista, anti-latifundiária e radicalmente democrática. Aponta para um governo encabeçado pelo PT, Lula presidente, com partidos, correntes e personalidades que estabeleçam compromisso programático dessa natureza. A consolidação de uma esquerda anti-sistema, com clara identidade de projeto, constitui elemento central de nossa orientação política.”
A DS teve imenso papel na construção das resoluções do 6° Congresso e tem enorme responsabilidade em defendê-las. Precisa estar unida nesse combate.
Em Alagoas, assim como em outros Estados, é preciso reconstruir o PT com independência de classe, ao lado dos movimentos sindicais e populares, com programa e alianças de esquerda.
Para a DS, petista não vota em golpista, não apoia governos golpistas e não participa de governos golpistas.
Grupo de Trabalho Nacional da Democracia Socialista
http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/grupo-do-pt-critica-aliancas-de-lula-com-apoiadores-do-impeachment-%E2%80%9Cpetista-nao-vota-em-golpista%E2%80%9D/