Este desconsolo de JJ, de Peter Joseph, etc não tem fundamentação real. Vejamos:
Todas as grandes corporações, e também os que as suportam, e que são as elites em todos os seus segmentos, dependem em última análise do suado salário do zé povinho.
Toda a riqueza do mundo está permanentemente girando a economia, na produção e na comercialização. Até o capital acumulado nos paraísos fiscais são investimentos financiando o trabalho e a produção.
Se o sr. zé trabalha na fabricação de um iate de luxo, que será vendido a um milionário, há que se considerar que desde a produção dos insumos até à venda ao consumidor final, o dinheiro percorreu todos os degraus que separam as classes econômicas.
Os governos através da arrecadação de impostos, tributos, taxas, etc fará a previsão de seu orçamento que incluirá também os investimentos na infra estrutura social (educação, saneamento, segurança,etc).
Inobstante, todo o gargalo econômico (insatisfação, desigualdade social) não se encontra no acúmulo dos bens ou no luxo dos ricos como muitos pensam, pois em última análise isto é positivo.
O problema está na sua má aplicação pelo Estado.
Então, paremos com o mimimi e vamos "comer, rezar e amar"!
O mundo tá bem justo ? Ou será que essa percepção é apenas mais uma variação da:
Falácia do Mundo Justo
Para esse post, resolvi escolher uma das minhas falácias favoritas, a famosa "Falácia do Mundo Justo", que é responsável por destruir de uma vez por todas não só a ideia de "karma", como também a de que uma vítima mereceu qualquer que seja a tragédia que aconteceu com ela e a da "meritocracia" da forma como é entendida hoje*.
Segue o trecho do livro:
O EQUÍVOCO: pessoas que estão perdendo no jogo da vida devem ter feito algo para merecer isso.
A VERDADE: os beneficiários da sorte geralmente não fazem nada para merecê-la e as pessoas más geralmente se safam sem sofrer consequências.
Uma mulher sai para ir a um clube usando salto alto e uma minissaia sem calcinha. Ela fica bêbada e erra o caminho para casa. Termina perdida em um bairro barra-pesada. Acaba sendo violentada.
Ela pode ser culpada de alguma forma? Foi culpa dela? Ela estava pedindo por isso?
As pessoas geralmente dizem sim para as três perguntas em estudos que fizeram esses questionamentos depois de apresentar cenários parecidos. Quando você ouve sobre uma situação que espera que nunca aconteça com você, tende a culpar a vítima, não porque é uma pessoa terrível, mas porque quer acreditar que é inteligente o suficiente para evitar o mesmo destino.
Você aumenta a quantidade de responsabilidade que a vítima pode ter, algo que nunca faria. A verdade, no entanto, é que estupro raramente tem algo a ver com mau comportamento por parte da vítima. Normalmente, o estuprador é alguém conhecido, e não importa o que a vítima está usando ou fazendo. O estuprador é sempre o culpado, mas a maioria das campanhas de conscientização é voltada para mulheres, não homens. A mensagem se resume a: “Não faça algo que poderia levá-la a ser violentada”.
É comum na ficção que os caras maus percam e os caras bons ganhem. É assim que você gostaria de ver o mundo – justo e seguro. Na psicologia, a tendência a acreditar que é assim que o mundo funciona chama-se falácia do mundo justo.
Mais especificamente, esta é a tendência a reagir a terríveis infortúnios, como falta de moradia ou vício em drogas, acreditando que as pessoas nessas situações devem ter feito algo para merecê-la. A palavra-chave aqui é merecer. Essa não é uma observação de que as más escolhas podem levar a resultados ruins. A falácia do mundo justo ajuda a construir um falso sentido de segurança.
Você quer se sentir no controle, então assume que, enquanto evitar o comportamento ruim, não terá problemas. Sente-se mais seguro quando acredita que as pessoas que se comportam mal terminam na rua, ou grávidas, ou viciadas ou violentadas.
Em um estudo de 1966, de Melvin Lerner e Carolyn Simmons, 72 mulheres assistiram a uma mulher resolver problemas e receber choques elétricos quando errava. A mulher estava, na verdade, fingindo, mas as pessoas que estavam assistindo não sabiam disso. Quando foi pedido que descrevessem a mulher recebendo os choques, muitas das observadoras a desvalorizaram. Elas repreendiam seu caráter e sua aparência.
Disseram que ela mereceu.
Lerner também deu uma aula sobre sociedade e medicina, e percebeu que muitas estudantes pensavam que os pobres eram somente pessoas preguiçosas que queriam esmolas.
Então, realizou outro estudo com dois homens resolvendo quebra-cabeças. No final, um deles recebeu aleatoriamente uma grande soma de dinheiro. Aos observadores foi dito que o prêmio era completamente aleatório. Mesmo assim, quando foi pedido a eles que avaliassem os dois homens, eles disseram que quem recebeu o prêmio era mais inteligente, mais talentoso, melhor em resolver os quebra-cabeças e mais produtivo.
Uma gigantesca quantidade de pesquisa foi feita desde os estudos de Lerner e a maioria dos psicólogos chegou à mesma conclusão: você quer que o mundo seja justo, então finge que é.
A falácia do mundo justo provavelmente está construída na mente humana. Não importa quão liberal ou conservador você seja, alguma noção dela entra na sua reação emocional quando ouve sobre o sofrimento dos outros.
Em um estudo publicado em 2010, de Robert Thornberg e Sven Knutsen, da Universidade Linkoping, na Suécia, os pesquisadores pediram que adolescentes explicassem o que causa o bullying na escola. Enquanto a maioria dos estudantes disseram que os bullies eram loucos por poder e cruéis, 42% culparam a vítima por ser um alvo fácil.
Pergunte a si mesmo: quando você viu pessoas acossando outras na escola, pensou que as vítimas deveriam se defender? Achou que aqueles que estavam sendo molestados e provocados deveriam aprender a se vestir, como agir de forma mais confiante, como esconder sua nerdice?
Em filmes sobre bullies, o personagem principal sempre precisa aprender a se defender e lutar. Os bullies só aprendem quando a vítima assume sua responsabilidade. A pesquisa diz que ao mesmo tempo em que você sabe que os bullies são os caras ruins, aceita que isso não vai mudar.
O mundo está cheio de caras maus. As vítimas, no entanto, têm o poder de encerrar seu próprio tormento. No mesmo estudo, 21% dos estudantes culpavam a si mesmos – a audiência. Menos ainda disseram que a culpa era da sociedade e da natureza humana. O mundo, a maioria pensava, era justo e honesto, só as pessoas nele – vítimas e bullies – deveriam ser culpadas quando coisas ruins acontecessem.
Você ouviu que tudo o que vai, volta, ou talvez tenha visto uma pessoa receber o que merece e pensou: “Esse é o seu carma”. São as sombras da falácia do mundo justo. É uma droga pensar que o mundo não é justo. Um mundo com o certo de um lado da escala e o mal do outro – que parece fazer sentido.
Você quer acreditar que as pessoas que trabalham duro e se sacrificam chegam na frente, e que aqueles que são preguiçosos e vigaristas, não. Isso, é claro, nem sempre é verdade. Geralmente, o sucesso é bastante influenciado pelo momento em que você nasce, onde cresce, o status socioeconômico da sua família e o acaso.
Todo trabalho duro no mundo não consegue mudar esses fatores iniciais. Aceitar isso não significa que os que nasceram pobres deveriam desistir. Afinal, não fazer nada garante não ter resultados. Em um mundo justo, essa seria a única regra, não importa quais seriam as condições iniciais da sua luta.
O mundo real é mais complicado. As pessoas podem e realmente escapam, mas isso não significa que aqueles que não conseguiram não estão tentando evitar ao máximo as más situações. Se olhar os excluídos e se questionar por que eles não conseguem sair da pobreza e ter um bom emprego como você, está cometendo a falácia do mundo justo. Está ignorando as bênçãos não merecidas da sua posição.
É enfurecedor quando enganadores e ladrões se dão bem na vida enquanto bombeiros e policiais trabalham longas horas por baixos salários. Lá no fundo, você quer acreditar que trabalho duro e virtude levarão ao sucesso, e o mal e a manipulação vão levar à ruína, então você vai em frente e “edita” o mundo para que combine com essas expectativas. Mas, na realidade, o mal geralmente prospera e nunca paga seu preço.
O psicólogo Jonathan Haidt diz que muitas pessoas que não acreditam conscientemente em carma, no fundo ainda acreditam em alguma versão disso, chamando-o do que parecer apropriado em sua própria cultura. Eles veem sistemas como o do bem-estar social ou a ação afirmativa como interruptores do equilíbrio do mundo natural. Os preguiçosos, de acordo com essas pessoas, receberiam o que merecem se o governo não se metesse. O mau carma deles iria destruí-los, mas forças antinaturais impedem. Enquanto isso, como essas pessoas jogam de acordo com as regras, pagam impostos e sacrificam horas de sua vida pelo trabalho, assumem que deve ser por uma razão.
A busca de uma boa vida não pode ser fútil. Os ricos, eles acreditam, devem merecer o que têm. Um dia, todo o bom carma que eles estão gerando vai levá-los ainda mais alto na hierarquia social para se juntar aos outros que têm o que merecem. A falácia do mundo justo diz que a justiça está inserida no sistema, e então eles se enfurecem quando o sistema desequilibra artificialmente a justiça cármica.
http://www.theflooder.com/2016/07/a-falacia-do-mundo-justo-por-david.html