O problema não é mesmo as pessoas terem iate, ou terem luxo, mas se ter o "luxo do luxo do luxo", enquanto tem as pessoas vivendo sem ter onde morar[...]
Volto a falar: as pessoas viverem "no luxo do luxo do luxo" enquanto outras não tem onde morar não é problema, o problema é as pessoas não terem onde morar. Achar imoral uma pessoa viver bem enquanto a outra vive mal é um mero axioma coletivista, e só faz sentido para quem não é individualista (que também é adepto de axiomas, diga-se de passagem).
A sociedade é um coletivo.
O estado é fundamentalmente uma organização coletiva para garantir o bem-estar desse coletivo -- de todos os indivíduos. A dicotomia, tomada ao absoluto, é falsa.
Uma empresa é também uma organização coletiva, na qual, de forma similar, poderá ser ideal ter investimentos num padrão "progressivo", dar mais recursos a setores deficientes (a fim de saná-los e torná-los mais lucrativos) e menos nos setores já em condições perfeitas, mesmo que esses sejam os mais lucrativos.
Uma casa ou construção deverá ser também comumente integrada de forma que problemas em áreas em mau estado possam eventualmente afetar áreas bem preservadas, de forma que investimento em reformas deva se dar também "progressivamente" a fim de melhorar o todo.
Esse tipo de priorização "coletivista" será ainda mais necessariamente o caso com o estado, que não pode, ao menos não sob critérios humanitários atuais (mais ou menos explícitos em legislação ou constituição), simplesmente "desativar" parte da sociedade por dar prejuízo, o que poderia ser considerado o ideal na organização de uma empresa, e talvez até aceitável para a engenharia de uma casa, por mais bizarro que isso fosse sob o ponto de vista de valor do imóvel.
Mais polícia para onde tem menos policiamento e mais criminalidade, mais exército para fronteiras mais invadidas e despatrulhadas.
Estou falando de "ideais", de metas. Problemas podem sempre surgir do que quer que se imagine, e daí se imaginar que o ideal seria que todos fossem ermitões freelancers, o que provavelmente estará desconsiderando problemas potenciais também.
-- e achar que impostos progressivos são uma "injustiça", um ataque de ódio violento aos ricos desamparados, que destruirá a economia porque o Gerard Depardieu vai mudar para outro país.
Ricos já pagam mais impostos que pobres, individualmente. Diminuir o imposto sobre o consumo é a melhor maneira de ninguém se sentir injustiçado. E dá até para pensar num imposto de renda negativo para pessoas de baixa renda.
Pagam mais em absoluto, mas muito menos com relação ao total pessoal, sendo simplesmente incomparável a situação de quanto sobra para custear as necessidades e investir em algo que permita melhorar de vida.
E vai variar um bocado de país em país.
https://www.theatlantic.com/business/archive/2012/08/very-sad-graph-how-much-americans-have-left-to-spend-after-essentials-today/260606/#