Mas claro que seria "deus", talvez não fosse exatamente compatível com o conceito de deus que criou tudo mais não foi criado. Mas seria deus
Mas não seria a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas.
Não, mas isso não quer dizer nada. Não é porque não seria compatível com esse deus, que estaria errada a lógica.
Logo se afirma-se que "tudo tem uma causa", e se deus existe e é a causa de tudo "depois" dele, ele também teria que ter, seja isso condizente ou não com alguma tradição. É pura lógica.
Me explique que lógica é esta? Esta é a estrita visão de uma criatura, de algo que foi criado. Por que o criador também deve ser criado? Um grande artista que cria obras geniais não é o resultado de algum outro artista, mas é o próprio criador de sua arte.
O que geralmente se argumenta é que para tudo há uma causa. Não que "tudo foi criado". Isso pretende ser a conclusão, de um estupro da lógica enfiando um criador como causa primeira que não precisa de causa.
Se a causa de um grupo de coisas é um criador, isso não isenta o próprio criador de necessitar uma causa, se fosse para realmente seguir a lógica proposta. Que aliás, já é quebrada quando propõe-se que tudo tem uma causa, menos a primeira causa. Esculhamba tudo de vez quando se sugere que essa causa é um deus.
Se ao concluir-se isso vão ter que buscar o deus de deus de deus... não afeta nada a suposta realidade, ela não é determinada por esse tipo de problema que causaria para nós. E a causa de deus nem precisaria ser outro deus.
Se Deus possuir uma causa, não será mais deus (ou Criador), mas haverá algo acima de Deus. Se houver algo acima de Deus, Deus não será a causa primária, mas sim, a causa causada. Estamos vendo Deus sob o prisma da causa primordial, única, essencial e causadora de todas as causas.
Se alguém cria, é um criador, não interessa se também foi criado ou causado.
Vou tentar resumir o ponto todo: propõe-se inicialmente que tudo tem uma causa. Okay. Daí não tem como se afirmar a necessidade de uma causa primeira. Nesse caso, se existe um deus, como causa de um monte de coisas, ele não é esse deus como você está definindo. O seu deus é que deveria ser eliminado como possibilidade lógica, e não a lógica toda, salvando esse conceito de deus.
Não pode-se alegar a necessidade de uma causa primeira apenas porque você defende uma definição de deus que é a causa primeira.
E se deixamos a lógica de tudo precisar de causa para lá, e assumimos que há a necessidade de uma causa primeira, ela não tem por lógica que ser algum deus.
Dizer "não, peraí; tudo tem uma causa, menos deus", é totalmente arbitrário, sem lógica nenhuma. Poderia-se substituir "deus" aí por qualquer coisa que se inventasse que não tivesse causa, poderia ser "a causa primeira misteriosa", que não necessariamente é "tipo um cara".
Deus não é um cara. Você é um cara, eu sou um cara. Deus é a Fonte, o Princípio, a Causa Primordial. É atemporal, imaterial, incogniscível.
"tipo um cara", no sentido que em vez de ser como fogo ou eletricidade, ou como tempo, geralmente supõe-se ter uma personalidade, ser um tanto parecido como uma pessoa. De forma bem mais "forte" do que um "mar enfurecido", ou um "vento tranqüilo" são parecidos com pessoas em fúria ou tranqüilidade.
Isso é parte do conceito de deus mais do que ser fonte, principio, causa primordial, atemporal, imaterial, incogniscivel.
Aliás, se é incogniscível, como pode-se afirmar que é a causa primortidal, atemporal e imaterial, além de que tem algo análogo à uma mente humana? Na verdade não dá, é pura invenção.