Obviamente Mozart não foi criado ou causado por sua obra. Mas ele teve também uma causa. Não interessa se ele não foi inventado, ou se tem outra natureza.
Ok. Mas tomemos Mozart à razão de sua obra (o que serviria de analogia à Criação em relação ao seu Criador). Você certamente concordará que à visão de sua obra, Mozart é incausado. Ela, a obra, não compreenderá Mozart, pois não encontrará nele nada que lembre a ela mesma. Mozart se torna imcompreensível para a sua obra, mas ela sabe que nela mesma há uma essência de Mozart (Imaginação, Inspiração, Métrica, Ritmo, etc.).
Eu não consigo continuar a partir do momento que uma obra musical foi antropomorfizada...
Tudo bem, mas isso não é uma conclusão necessária de "tudo tem uma causa", nem de "há uma causa primária". É só uma definição de deus, que você força a ser compatível com as duas coisas, por definição, não por lógica.
Como citei anteriormente, se tomarmos em ordem inversa todos os efeitos e todas as causas, indubitavelmente chegaremos a um efeito e a uma causa iniciais, não há como fugir disto.
Há sim. Isso só faz sentido se você assume que há sempre menos causas que efeitos, aí regredindo haveria uma causa primeira.
Não acho que seja sempre verdade que há menos causas que efeitos, ou que a proporção de causas e efeitos seja constante, de forma que não é inevitavel a conclusão de uma causa inicial.
Se tudo tem uma causa, não há causa primeira "absoluta".
Este "tudo" a que você se refere são efeitos. Sim, todo efeito tem uma causa. A isto chamamos Causalidade.
Eu não consigo imaginar uma seqüência de causa e efeito que não apresente uma primeira causa e um primeiro efeito...
Vou tentar fazer uma analogia.
Essa linha:

------------------------------>
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
Essas setas dos dois lados simbolizam que a linha continua infintamente para os dois lados. O número anterior é a "causa" do número seguinte, mas não há necessariamente um "primeiro número", digamos, -32423425544.
Não existe uma primeira causa nem um primeiro efeito. A uma reta traçada assim não tem um "ponto inicial" em algum lugar no universo além do papel ou da tela.
Então deus não precisa ter uma consciência? É só uma causa primordial, pode ser uma entidade física, materialista, que apenas causou tudo?
É óbvio que uma causa primordial que desencadeou todo um Universo de energia e matéria - e vida - tem que ter necessariamente consciência e inteligência.
Pode até parecer óbvio, mas não necessariamente está correto. Kepler achava que as crateras lunares eram sinal de inteligência. A Terra parece "obviamente" chata. O Sol "obviamente" gira ao redor da Terra.
Aquelas plantas carnívoras que tem "bocas" parecem até ter um sistema nervoso para detectar quando a mosca pousa dentro dela.
Fora isso, se a complexidade do universo necessita inteligência como sua causa, novamente a inteligência, que é uma coisa complexa, necessitaria de inteligência para ter sido criada. Concluindo uma sucessão infinita de deuses se formos realmente nos importar com a lógica acima de definições de deuses.
Se a definição de deus é mais importante que a lógica, aí não tem o que conversar. A lógica tem que ceder, e pode-se inventar qualquer devaneio arbitrário, como "não, esse deus é complexo mas nesse caso a complexidade não necessita de uma outra inteligência criadora anterior" (contrariando a lógica de que a causa inicial precisaria ser inteligente porque o seu efeito é complexo), ou "essa inteligência não é comlexa, é extremamanete simples" (devaneio, sem qualquer base)
É uma definição bem "fraca" de deus, bem diferente do tradicional, onde deuses sempre tem personalidades.
Isto é antropoformismo.
Sim deuses são em todas definições antropomorfizados, inclusve nesse sua, ao dizer que tem inteligência e consciência.
"causa primeira" é só uma causa, qualquer que tenha sido, com as propriedades de ocasionar tudo que a sucedeu.
E para isto não é necessário uma tremenda inteligência?
Não mais do que para qualquer outra causa "do meio", precisa-se de menos inteligência. A condensação não precisa ser inteligente para causar a chuva, por exemplo.
Dizer que essa causa é de alguma forma uma "inteligência", e que é "suprema", e que essa inteligência não tem causa, é um atentado à lógica,
A lógica humana é falha. Lembre-se da obra de Mozart tentando decifrar o seu criador.
...isso não têm lógica alguma
e se é assim, se a lógica não vale nada, a causa inicial foi um pudim de morango.