Meu caro Montalvão; as opiniões de Kardec são formatadas pelo ambiente e cultura de sua época. A crença da existência de vida em Marte e Júpiter era comum e motivou autores na saga de Ficção Científica.
O Texto que você colou acima é exatamente uma das opiniões de Kardec.
No início da obra o pp Kardec esclarece que suas opiniões seriam destacadas em fonte diferente daquela com a resposta dos Espíritos, evitando o erro de autoria..
Nunca antes pude reconhecer que estivesse com tanta razão quanto agora! As opiniões de Kardec, REALMENTE, são frutos do conhecimento de sua época! O que mostra que a DE não é DE, se é que me entende, mas elaboração humana, demasiadamente humana...
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Sua defesa é a de que a vida em Marte e Júpiter seria mera opinião do patriarca! Não atina o despautério?
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Bastasse conferir o intróito e veria a "erronia": "SEGUNDO OS ESPÍRITOS"... Kardec não está opinando, mas expressando aquilo que a espiritualidade teria lhe revelado!
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E mesmo que a vida em Marte, Júpiter, Vênus, Lua... fosse apenas opinião de Kardec, por que os espíritos não o corrigiram, informando-lhe que estava equivocado? Assim evitar-se-ia as bobagens que vieram decorar a codificação!
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E quanto ao restante? "Todos os orbes agasalham vida!", esta é a doutrina. Vai dizer que tal coluna também é opinativa? Embora seja componente do ESE?
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Seja como for, está em bom caminho: vai acabar tendo que, por si mesmo, reconhecer que a DE, como qualquer outra idealização religiosa, é especulação... meramente opinativa...
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Quanto a ser obra humana, um pouquinho de boa vontade mostra que não é assim. Tanto que no início, e já falei sobre isto várias vezes, Kardec ressalta que suas opiniões têm destaque e corpo e tipo diferentes para não serem confundidas com as respostas dadas pelos espíritos. Mas não adianta falar, não é?
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Claro que adianta falar: da discussão nasce a luz...
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Deveria noticiar em que parte do LE Kardec ressalta que a opinião dele é só dele e os espíritos não têm responsabilidade sobre ela... Fica a afirmar isso, como se resolvesse todas as dificuldades, mas sequer cita o texto!
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Você está defendendo a transcendentalidade da obra, naquilo que considera sabedoria e debitando a Rivail as falhanças, porém deixa de lado outra enorme fragilidade que apontei: o dogma da pluralidade dos mundos habitados, que desde há muito se mostrou insustentável. Como explica essa escorregada do mundo maior? Ou vai dizer que também foi só opinamento do codificador?
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Outra coisa que faz de conta não ver e que destaquei: Kardec não disse “acreditar” que houvesse vida em Marte, Saturno, Júpiter, Lua, etc., nada disso, ele foi bem claro: “SEGUNDO OS ESPÍRITOS...”, quer dizer, estava explanando aquilo que a espiritualidade lhe passara. Inclusive, descreveu minuciosamente como seria a vida em vários orbes do sistema solar! Kardec não expressou uma mera crença, mas se pronunciou como quem tivesse conhecimento de causa, conhecimento este que lhe fora ditado por autoridades desencarnadas!
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Agora, há um ponto que ou não sabe ou não quer mencionar: os espíritos garantiram a Kardec que o LE só seria por eles liberado após conferirem o conteúdo inteiro! O que, certamente, incluiria os opinamentos pessoais do patriarca. Em outras palavras: se constou na obra é porque fora aprovado pelas esferas superiores!
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Confira:
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“Este livro é o repositório de seus ensinos. Foi escrito por ordem e mediante ditado de Espíritos superiores, para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, isenta dos preconceitos do espírito de sistema.
Nada contém que não seja a expressão do pensamento deles e que não tenha sido por eles examinado. Só a ordem e a distribuição metódica das matérias, assim como as notas e a forma de algumas partes da redação constituem obra daquele que recebeu a missão de os publicar.
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Em o número dos Espíritos que concorreram para a execução desta obra, muitos se contam que viveram, em épocas diversas, na Terra, onde pregaram e praticaram a virtude e a sabedoria. Outros, pelos seus nomes, não pertencem a nenhuma personagem, cuja lembrança a História guarde, mas cuja elevação é atestada pela pureza de seus ensinamentos e pela união em que se acham com os que usam de nomes venerados.
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Eis em que termos nos deram, por escrito e por muitos médiuns, a missão de escrever este livro:
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“Ocupa-te, cheio de zelo e perseverança, do trabalho que empreendeste com o nosso concurso, pois esse trabalho é nosso. Nele pusemos as bases de um novo edifício que se eleva e que um dia há de reunir todos os homens num mesmo sentimento de amor e caridade.
Mas, antes de o divulgares, revê-lo-emos juntos, a fim de lhe verificarmos todas as minúcias. .
“
Estaremos contigo sempre que o pedires, para te ajudarmos nos teus trabalhos, porquanto esta é apenas uma parte da missão que te está confiada e que já um de nós te revelou.
(Livro dos Espíritos – Prolegômenos)
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Portanto, meu caro, até as opiniões de Kardec passaram pelo crivo da espiritualidade. Se espíritos sábios não sabiam que o sistema solar, com exceção da Terra, é deserto de vida inteligente, e se arriscaram em descrever a inexistente rotina dos alienígenas, de duas uma: ou Kardec foi logrado por demônios, consequentemente o ensino é imerecedor de confiança, ou a codificação é obra humana! Escolha a que prefere...