Volto a insistir...é necessário um experimento que não dependa de médiuns. Qualquer manifestação que passe pela intermediação do médium pode ser questionada. Os "espíritos" devem oferecer provas sem uso de intermediários ou com o uso de intermediários não humanos como dirigir o comportamento de um cão, por exemplo. Ficaria satisfeito se um espírito fosse capaz de colocar fingerprints inteligentes numa Câmara de Bolhas.
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A questão é definir bem o que se quer comprovar e a referência principal pelo que parece é a DE. Logo é um experimento espírita que exclui a rigor coisas do tipo saci pererê, fadas, gnomos, projeção astral, visão remota etc apesar de vinculadas direta ou indiretamente à existência teórica de um plano espiritual. Note que O EXPERIMENTO TAMBÉM NÃO AVALIA A "INTELIGÊNCIA" DA "ENTIDADE" INVESTIGADA e isso no campo da espiritualidade abre a porteira para uma miríade de criaturas que já frequentam o esoterismo/ocultismo e que podem se apresentar como hipóteses alternativas se não fosse considerada a DE como referência. Quero dizer que a hipótese de um elemental é tão válida quanto a de um espírito ou de um unicórnio cor de rosa na ausência da limitação do escopo da investigação.
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O Giga, surpreendentemente, rechaça o desafio aos espíritas, de comprovarem que seus alegados espíritos comunicantes estão mesmo em comunicação!
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Conquanto seus argumento sejam lógicos, e concordo com boa parte deles, parece entender que testagens desse tipo seriam inócuas, improdutivas: MESMO QUE PRODUZISSEM APONTAMENTOS DE ANOMALIA NÃO EXPLICADA!
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A afirmação de que o experimento não avalia a inteligência do espírito remeteu-me a conversa havida há alguns anos, em que igualmente expressava repúdio a ideia, aparentemente, sem intenção de examiná-la melhor. Conquanto a proposta, realmente, não seja prova de QI, indiretamente leva em conta a inteligência do imaginado comunicante. Por exemplo, ao se requerer do espírito que leia o conteúdo de um texto postado em local inacessível aos experimentadores e do qual não tenham conhecimento do conteúdo, para que haja retorno o ente tem que ter inteligência ao menos em nível humano. A não ser que se admita que sacis-pererês, unicórnios, elementais... tenham domínio da leitura, tais entidade podem ser descartadas como comunicantes nas experiências propostas...
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A seguir reproduzo o que fora conversado em antanho (chiii, agora é que o Fenrir me crucifica!), para ouvir e sonhar:
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-DE VOLTA AOS IDOS DE 2017-
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MONTALVÃO: Ontem postei resposta ao Giga e, inexplicavelmente, sumiu! Estou refazendo, caso apareça em duplicidade antecipo pedido de perdão.
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Primeiramente, não se trata de verificar se espíritos existem, mas se mortos comunicam com vivos: conquanto tenha similaridade é bem diferente. A existência de uma dimensão espiritual, onde vivem almas dos mortos e, talvez, outras entidades é, em princípio, imperscrutável. A não ser que se abrisse uma janela entre as dimensões (supondo-se que existam essas dimensões) que possibilitasse acesso pesquisativo.
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GIGAVIEW: O dado resultante dessa verificação, que deve ser analisado como possível evidência é uma "comunicação" e não há como garantir com fidedignidade, mesmo com 100% de sucesso de acerto, se o que foi comunicado veio de mortos, de ETs, de seres multimensionais, do saci pererê, do próprio médium, de falhas de controle ou dentre outras fontes possíveis.
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MONTALVÃO: Tudo bem que não haja como garantir 100% a fonte real de onde provenha a comunicação. Isso não altera o escopo do experimento, que é testar alegações espiritistas de que mortos estão presentes e comunicantes. Se o teste for bem sucedido aí se amplia a investigação para conferir se podemos falar em espíritos, demônios, ets...
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O intento é obter demonstração objetiva, universalizável, de que há comunicação, caso ocorresse. Em vez de ficar-se na avaliação indefinida das provas subjetivas dos espiritistas, busca-se resultado concreto que permita análise concreta do obtido.
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Então, leva-se em conta as peculiaridades dos espíritos, descritas pelos próprios mediunistas, e se as põe sob escrutínio, conferindo se respondem conforme o esperado. Se não respondem, fim de papo: fica estabelecido que mortos, ainda que vivos, não comunicam, e as pseudocomunicações são explicáveis por outras vias, e os adeptos da mediunidade deixariam de abanar suas provas subjetivas, tipo: “o médium falou coisas que não poderia conhecer de modo algum”. Ou, caso surjam “espíritos” que atendam ao teste, parte-se para investigação aprofundada, a fim de definir o que realmente está em ação.
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GIGAVIEW: Quando você considera "a comunicação com mortos", convém perguntar que tipo de morto será o seu alvo. Parece que você está focando apenas uma dentre outras possibilidades igualmente extraordinárias e se fechando numa visão tendenciosa kardecista espiritóide do mundo dos mortos QUE VOCÊ SUPÕE SER IMPERSCRUTÁVEL ANTES MESMO DE SER COMPROVADA ou que existam outras dimensões que acomodem os mortos comunicantes.
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MONTALVÃO: O fato é que, mundo espiritual, exista ou não, é realmente inacessível à pesquisa, pois, até aqui não há caminho conhecido que permita chegar até ele. Certamente haverá quem discorde, alegando que EQMs, EFCs, facultam o acesso, mas se levar em conta essas imaginadas vias de acesso cai-se novamente no subjetivismo.
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Conseguindo-se a demonstração de que os mortos de fato comunicam, após descartadas as hipóteses concorrentes, a dimensão dos espíritos ficaria provada em decorrência, mas primeiro é preciso obter a confirmação buscada. Infelizmente para os crentes na mediunidade, o que seria resposta fácil de ser obtida, pois bastaria que o espírito desse sinal concreto de estar presente, encontra as maiores resistências justamente da parte dos que seriam os maiores interessados em fundamentar seguramente suas crenças: médiuns e crentes.
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GIGAVIEW: Não lhe passa pela cabeça que talvez o "modelo" do morto rosacruz exija um experimento com arranjo diferente para ser "comunicado"? Ou o teosófico, ou o budista-tibetano ou até mesmo o católico no extremo que nega totalmente a possibilidade de comunicação, apesar de os mortos estarem "vivos" no paraíso (ou no inferno).
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MONTALVÃO:Isso não é problema: contextos diferentes arranjos diferentes. A proposta que defendo é versátil justamente por ser adaptável a qualquer alegação de entidade mística comunicante. É claro que se estivermos testando alegações espiritistas trabalharemos com a configuração espiritista da espiritualidade.
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Se um católico, ou outro, defende o mundo espiritual, mas sem comunicação, aí se trata de um dado de fé, não há meios de conferir, passa a ser, como diz o Arduin, ASQ: acredite se quiser.
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GIGAVIEW: Partindo da possibilidade da existência de um "comunicante" espiritual kardequiano, deve também considerar a hipótese dos espíritos brincalhões, de elementais da wicca, de gênios no islamismo esotérico ou até mesmo de anjos e outros seres da hierarquia astral que podem burlar ou impedir o experimento resultando em dados falsos comunicando-se como se fossem mortos. Como você terá a certeza que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa? Vê como se complica a coisa?
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MONTALVÃO: Aí estaria misturando tudo: se estou investigando alegações espíritas tenho que me ater ao contexto espírita e assim por diante. A ideia é averiguar se os espíritos comunicantes, em situações controladas, são capazes de se mostrarem presentes, independentemente de a posteriori verificar-se que há comunicação mas provinda de outra fonte. O importante é ter, em primeiro momento, a confirmação de que no meio mediúnico alguma coisa incomum acontece, além de fraudes, ilusões, fabulações dissociativas...
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Parafraseando Descartes: não importa que um demônio me engane, que um anjo se passe pelo espírito de morto, que um gênio safado simule ser o que não é, de qualquer modo uma entidade não-física estaria comunicando e a comunicação intermundos restaria confirmada, cabendo a seguir burilar a descoberta para definir o que de fato “comunica”...
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GIGAVIEW: O que quero dizer é que o que importa é o registro de uma anomalia verificada com sucesso e a partir daí deve-se investigar a natureza do fenômeno. Não importa num primeiro momento quem ou o que se comunica. Com o tempo a ciência resolverá essa questão.
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MONTALVÃO: Neste ponto, falamos a mesma língua, talvez com enfoques diferentes. Minha proposta em nada entra em choque com o que disse.
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Em verdade, dificilmente (e põe difícil nisso) os mediunistas aceitariam verificações objetivas de suas crenças. Se aceitassem já estariam por aí brandindo provas de que os mortos estão presentes. Isso vem desde o tempo de Kardec, quando a Scientific American deafiou médiuns a demonstrarem em contato com espíritos, até oferecendo prêmio a quem se saísse bem, e todos fracassaram. Rivail explicou como pôde o fracasso e, depressinha, deu o assunto por encerrado. Para quem não conhece ponho ao final o texto.
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Desse modo, cai por terra um dos esteios do espiritismo, aliás dois: a alegada faceta científica da doutrina e a coluna-mestra, que é a comunicação entre mortos e vivos. Então, ante alegações de que médiuns e espíritos fizeram isso e aquilo basta indagar: o suposto espírito deu prova (concreta, objetiva) de presença? Se sim por favor, mostre essas provas...
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GIGAVIEW: Não podem. Enquanto houver a necessidade de um médium servindo de intermediário sempre persistirá a dúvida, por mais remota que seja, e certamente a hipótese mais econômica, que a comunicação se estabeleceu com o médium que obteve as informações através de algum meio extra-sensorial, excluída evidentemente a hipótese de fraude.
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MONTALVÃO:Não vejo porque a hipótese extrassensorial seria mais econômica. A paranormalidade, embora deixe o assunto na esfera terrena, traz consigo tantos complicadores quanto a hipótese espírita. Além disso, nenhuma telepatia ou clarividência daria respostas ao nível que se requereria dos supostos espíritos.
A PES, caso exista, é “força” tão branda, tão tênue e de ocorrência esporádica que sequer cabe ser levada em conta em experimentos que afiram a presença de espíritos comunicantes.
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Considere o Ganzfeld, tido o melhor caminho perquiritivo da telepatia, o que se obtém nele? Parcos resultados, miúdos indícios, que mais dúvidas geram que esclarecimentos. O mesmo se pode dizer de experiências com imaginados clarividentes.
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Se os mortos ditam recados e até livros aos vivos esperar-se-ia fossem capazes de ler algumas linhas de publicativo postado em local inacessível aos olhos humanos, principalmente se levarmos em conta que a literatura mediúnica confirma que enxergam muito bem, nada obstante as casuísticas objeções do Sandro. Mas, mesmo que se acate o argumento da cegueira a proposta é adaptável a outras formas de experimentação.
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Por outro lado, nenhum clarividente seria capaz de ler algumas frases num livro oculto, a não ser por fraude, mas aí não seria clarividência, sim fraude...
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O que se precisa levar em conta é o seguinte: espíritos seriam inteligências desencarnadas, ávidos por se comunicarem com os vivos. Então, a coisa mais fácil deste mundo seria obter deles confirmação de presença, porque se os de cá errassem a forma de requerer essa confirmação, eles orientariam o modo correto de obtê-las, desde que de forma objetiva, óbvio: cartinhas psicografadas e outros subjetivismos não servem.
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E este é o equívoco alegativo do Sandro quando retruca que não posso exigir que o fenômeno se adapte às “minhas” exigências. O “fenômeno espírito comunicante” seria um ente consciente, dotado de inteligência e ansioso por se manifestar entre os vivos (mesmo que entre eles houvesse brincalhões e espíritos-de-porco), portanto, apto a dar mostras de sua presença.
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O fato de a comunicação ser intermediada por médium não seria problema. Seria, e será problema para os espíritas tentarem explicar o motivo de os espíritos, tão versáteis em manifestações subjetivas, falharem dramaticamente quando deles se requer prova objetiva. O sucesso seria indicação de que algo, em princípio um espírito, se manifesta; o fracasso demonstração clara de que médiuns não se articulam com desencarnados e a comunicação inexiste.
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GIGAVIEW: A única abordagem que poderia dar certeza é comunicação livre de intermediários, como tenta a transcomunicação eletrônica o problema é que ela é baseada em bullshit e utiliza intensivamente todo tipo de bobagem pseudocientífica que não lhe confere um pingo de credibilidade.
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MONTALVÃO: Concordo que a transcomunicação nada de produtivo acrescenta às alegações mediúnicas, por isso não faço menção a ela quando falo da proposta de espíritos se mostrarem objetivamente.
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COMPLEMENTANDO: qual em 2017, o Giga advoga que a abordagem aceitável seria um morto se apresentar puro, sem porta-vozes. Isso bate com a queixa do Jung:
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“Queremos que os espíritos se materializem nas ruas, mercados botecos, dizendo: eis-nos aqui... vejam, somos reais... Tudo bem; sabem qual seria o resultado disto?”
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Sem a intermediação do médium no experimento como se “convocaria os espíritos”? Vamos juntar as mãos em evocação às almas desencarnadas para que cooperem?
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A participação do médium não me parece que conspurcaria a experiência. Facilmente se pode eliminar que o sujeito simule estar canalizando espírito por alguma habilidade (ou malandragem), desde que em verificação controlada. O uso de talentos do médium em simulações é comum nas provas espíritas: psicografias, psicofonias, etc.
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Ao tempo em que surpreende a objeção do Giga à proposta, em nada espanta a rejeição dos espíritas a reptos desse tipo: no fundo sabem, e temem, que se a crença for concretamente aferida ruirá fragorosamente...