Essa conversa de "latente" também é bullshit porque fica subentendido que a vida, inteligência, a consciência já existiam mais estavam ocultas, encobertas, não aparentes, sabe-se lá como, onde e porque...
Pense em uma semente. Você discordaria se eu dissesse que a árvore existe de forma latente na semente? Aristóteles chamava isso de Ato e Potência - Ato é a manifestação presente do ser (por exemplo, a semente, o que ela é agora) e Potência é a existência latente daquilo (a árvore que ela virá a ser).
A solução lógica é considerar a vida, a inteligência, a consciência, etc apenas como possibilidades dentre zilhões de possibilidades de interações caóticas.
Contradição intrínseca. Só de haver "possibilidades", essas interações não são caóticas. Possibilidades implicam caminhos de desenvolvimento. Rumos que a coisa pode tomar. E só da coisa "poder tomar rumos" já implica em não ser absolutamente absurda e random. Não sei se você está me entendendo, até porque neste ponto eu mesmo estou achando difícil expressar meu insight, mas é algo como - mesmo se fosse tudo absolutamente random e caótico, o simples fato da vida ter VINDO A SER implica haver "rumos de desenvolvimento" para o jogo de forças caóticas, senão ele não poderia vir a ser nada. Alguma "lógica" no universo precisa estar implícita para isso.
Mesmo que essa probabilidade tenha sido tão baixa a ponto de beirar o impossível ela foi real, tanto que estamos aqui e não faz sentido recorrer ao sobrenatural para buscar explicações.
Pois é. Acontece que a única forma de não recorrer ao sobrenatural é recorrer ao natural, como estou tentando fazer, só que sua tendência a negar qualquer vestígio de inteligência é tão prepotente que você, ao invés de cético, vira um crente invertido inclinado a preferir o absurdo e o randômico só para continuar vivendo num paradigma onde nada tem sentido.
Falando assim, fica parecendo que o universo é perfeito. Já discutimos isso antes.
O universo não é perfeito e nem imperfeito. Perfeição e imperfeição são abstrações absurdas e sem existência objetiva. Ao invés de criar a partir de nós um "senso de perfeito" e tentar aplicar ao universo, deveríamos observar o cosmo como ele já é e tomar isso como referência objetiva da realidade. Sem falar que uma coisa só pode ser perfeita ou imperfeita dentro de um ponto de vista. Se você acha imperfeito o Sol engolir a Terra daqui a uns bilhões de anos, vai estar achando só porque acaba com o seu lar. Entretanto, de um ponto de vista cósmico, essa suposta "imperfeição" não faz sentido. Existem doenças causadas por bactérias. O ser humano acha o universo imperfeito por existirem bactérias que podem lhe causar doenças. A bactéria acha o universo imperfeito porque existem remédios e vacinas que vão aniquilá-la, etc. O universo só pode ser imperfeito do ponto de vista de uma consciência não-cósmica, do ponto de vista da perspectiva efêmera e limitada de um ente manifestado.
Aqui você diferencia a consciência individual daquilo que você chama de "consciência em si" que é universal e inerente ao universo.
A consciência individual é a manifestação material, que pode ser maior ou menor, deste fenômeno em Potência da Consciência Cósmica, que é a propriedade inerente à energia, aos átomos, etc, de manifestarem a consciência.
Diz que a consciência individual depende do cérebro e que a consciência universal não depende.
Desenhe um círculo. Tudo que você fez foi fechar a circunferência, correto? Delimitar. Tudo que é manifestado é delimitado, porque precisa ter forma. Se tem forma, tem início e fim, tem limite. Os entes individuais podem manifestar, mais ou menos (de acordo com sua desenvoltura) em si mesmos o fenômeno cósmico da consciência. Toda vez que a consciência se manifesta, precisa ser de forma limitada, porque manifestação pressupõe limite.
No primeiro caso estamos no ambiente dos fenômenos naturais - uma consciência que depende da fisiologia de funcionamento do cérebro; no segundo caso entramos num terreno metafísico/sobrenatural de uma consciência universal que encarna/reencarna etc e tal.
Já era de se esperar que o uso do termo "reencarnar" fosse causar dissonância cognitiva. Mas o fato é o seguinte - se a consciência é um fenômeno natural, não podemos pensar nela como se fosse diferente toda vez que acontece. "AH, a consciência do Criaturo, a consciência do Gorducho, a consciência do Gigaview..."... não. Você já deve conhecer a teoria das formas/ideas de Platão, correto? Então. Existe algo, uma forma/idea que reconhecemos toda vez que falamos da consciência. Essa forma/idea que encontramos quando falamos da consciência de pessoas diferentes, ou seres de outras espécies, ou até de outros reinos, é o "fenômeno por si" da consciência. Esse fenômeno por si aparece e desaparece, acontece e desacontece de novo e de novo, e, neste sentido, reencarna. Você vê a si mesmo como um fenômeno natural? Imagino que sim, correto? Até porque você dispensa a atuação de divindades, e só te resta a natureza. A consciência em si (que é o que estou chamando de consciência cósmica) é esse fenômeno natural que acontece por meio dos diversos entes manifestados. Nossas ilusões sensoriais e psicológicas nos induzem a tomar este fenômeno como "nosso". Mas se este fenômeno (que estamos vivenciando agora) pode ser produzido por átomos, por reações, por eletricidade, então isso significa que átomos, reações e eletricidade possuem a capacidade natural de produzi-lo (vão dizer que estou dizendo algo óbvio. Sim, estou dizendo algo óbvio, tão óbvio quanto dizer que 1+1=2, até porque 2 já está latente no 1+1, mas é preciso dizê-lo para percorrer um caminho do raciocínio. Estou desde o início falando de coisas óbvias para tentar demonstrar o caminho que minha lógica percorre). Se átomos, reações moleculares e eletricidades, que são o fundamento do cosmo, possuem a capacidade natural de produzir consciência, então ela é uma potência universal (uma latência cósmica). E olha que o que estou defendendo é muito mais simples do que supor um jogo absurdo de forças caóticas que vem a calhar de tomar todo um rumo de desenvolvimento que origina vida e consciência, como no artigo que você postou.
Tão natural quanto uma consciência que não precisa de cérebro, "cósmica", inerente ao universo? Que encarna e reencarna em diversos níveis de manifestação, cérebros, entes, mundos, do átomo ao vegetal, animal, homem e adiante?
Nasce um cachorro. O fenômeno da consciência "começou" com o nascimento deste cachorro? Não. A consciência "dele" (manifestação limitada) começou? Sim. Mas por que consideramos "dele"? Porque se processa no cérebro dele, porque recebe estímulo dos sentidos dele, porque está na perspectiva e nas experiências dele. O que estou chamando desta consciência cósmica é este fenômeno em si universal em potência latente da consciência. Ele antecede e sucede ao cachorro. A "consciência de cachorro" não, é uma "encarnação" limitada do mesmo, como todos os entes sencientes o são.
Q.E.D.
o que é isso?
ahhh...não precisa baixar o nível. Nervosinho desse jeito você nunca será aceito como iniciado em nenhuma das ordens que guardam os segredos do universo e nem alcançará a iluminação.
...VOU ATÉ FICAR CALADO. ANTES QUE EU LEVE CARTÃO E SÓ ME RESTE O FÓRUM DO ALQUIMISTA.
And what is true of photons is true of all denizens of the sub-microscopic world: atoms, electrons, neutrinos, everything. The universe is fundamentally unpredictable, fundamentally random.
Já parou para pensar que talvez seja assim porque este sub-micro está ali simplesmente porque precisa estar, para justificar o macro, ao invés do contrário? Em outras palavras - a galera costuma pensar que vai encontrar uma interação fundamental sub-micro que justifica todos os desenvolvimentos e interações macro. O que não ousam questionar é - e se o micro está ali pura e somente como uma "desculpa" para o macro? E se for o macro que justifique o micro, e não o contrário? Por exemplo - o pixel compõe a imagem, a imagem precisa do pixel, então ele tem que existir só para compor a imagem. Mas a galera quer encontrar algo "no pixel" que justifique a imagem, ao invés do contrário.
Evidentemente o impossível não é uma possibilidade, logo tudo que existe, existe porque é possível. Ou em outras palavras porque é uma possibilidade inerente à estrutura do universo.
Perfeito. Só de haver essas possibilidades, você não concordaria comigo que o universo possui rumos de desenvolvimento?
O universo poderia ter surgido, evoluído e chegado a seu fim sem que nenhuma máquina a vapor viesse a existir.
Mas não o fez. Assim como não chegou ontem, e assim como não vai chegar amanhã. E nós continuaremos aqui, nascendo, crescendo, envelhecendo e morrendo, e repetindo o ciclo sem entender porquê.
Uma "coisa" em si mesma, que de alguma maneira não muito bem explicada, estaria emaranhada na própria estrutura do universo.
De maneira não muito bem explicada? Se você não concordar que a consciência está emaranhada na estrutura do universo, vai ter que dar a ela uma origem supra-cósmica, divina ou anômala. O que estou dizendo é a coisa mais racional e sensata aqui, mas estou sofrendo dissonância só por usar termos como "cósmico", "energia", "encarnação", entre outros que despertam gatilhos na cabeça dos céticos, fazendo-os ir a extremos só para negar o óbvio.
imagine a possibilidade de existirem infinitos universos como este.
Só que não existem.
Vida e consciência podem e devem estar ausentes na maioria destes universos
Só que não estão.
assim como existem bilhões de planetas sem vida na nossa galáxia.
Isso é o que a gente pensa.
também poderia não ter jamais acontecido na Terra
só que aconteceu. Você tem que me fazer especular e imaginar para mostrar a suposta invalidez estrutural do meu argumento. Eu, do outro lado, só tenho que fazer vocês observarem e reconhecerem as coisas como são.
Como você aplicaria esta sua filosofia que enxerga um sentido para a vida na transcendência de nossas existências individuais, a estes possíveis infinitos universos completamente desertos de vida e inteligência?
Sem observadores, estes universos inteiros permaneceriam em estado latente, quântico, ondulatório e imanifesto. Um universo só pode vir a reconhecer a si mesmo, a interagir consigo mesmo, a perceber a si mesmo e a manifestar a si mesmo por meio da vida e dos entes manifestados. E, para quem rejeita divindades e espíritos, a única opção é nós sermos manifestações do universo itself.