Rapaz, o Leafar voltou... agora acredito em ressurreição! 
Brincadeira Leafar, não leve a mal, seja bem vindo de volta.
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Bem vindo de volta Rafael. Esperava a volta de um ex-espírita, mas parece que você só prestou um pouco mais de atenção em Kant, o que, aliás, me deixa bastante curioso sobre a sua revisão do espiritismo. E aí? Vai compartilhar?
Eu nunca deixarei de ser espírita. Isso é impossível, porque isso seria como abrir mão da minha própria dignidade. O máximo que posso fazer é rever alguns pontos, que pelo menos do meu ponto de vista, não considero fundamentais. Mas é possível que alguns (ou muitos) espíritas não me vejam como espírita, me vejam como um "traidor da causa", como um deles uma vez me rotulou.
A minha revisão do Espiritismo é quanto aos seus supostos aspectos científico e filosófico, que (lendo e entendendo Kant) hoje considero totalmente sem sentido e desarrazoados. Quando eu debatia aqui, apenas desconfiava disso. Agora tenho certeza. O Espiritismo não poderia ser ciência e filosofia e continuar pretendendo o que pretende, ou seja, esperar que os homens o aceitem de livre vontade ao invés de serem obrigados a fazer.
É verdade que Kardec queria (e isso se depreende claramente dos seus comentários e está conforme com o tempo em que vivia) erigir o Espiritismo como ciência e filosofia (ele pretendia ter por provado ou demonstrado muitas coisas que não estavam nem estarão provadas ou demonstradas). Mas os espíritos tinham outros planos, e antes queriam uma fé, uma crença, uma Religião, do que uma Ciência. Se eles quisessem uma ciência, bastaria se mostrarem a todos. E aí todos seriam obrigados a aceitar, gostassem ou não do que estivessem vendo, porque é isso o que a ciência faz, ou seja, com a autoridade da evidência, obriga todos à adesão ao que ela revela, gostem ou não.
Mas eles (os espíritos) não apenas não se mostravam (pelo menos não em condições de serem observados sob os mais rigorosos métodos científicos e de um modo tal que ninguém pudesse mais negá-los), como também diziam que nunca iriam fazê-lo nem permitir que qualquer outro espírito o fizesse. Somente manifestações duvidosas ou cujas evidências fossem incomunicáveis a todos é que eles realizariam.
É claro para mim também hoje (embora há até algum tempo atrás não o fosse) a oposição que faziam os espíritos às tendências cientificistas de Kardec, e frequentemente eles o aconselhavam ou até o forçavam a retornar à trilha religiosa, embora essa não fosse a intenção dele (embora seja bem verdade que mais no fim da vida ele estava mais satisfeito/conformado com isso, embora nunca tenha renunciado por completo ao perfil científico/filosófico do Espiritismo). Os espíritos não interferiram e respeitaram essa tendência dele, mas também não deixaram o Espiritismo sair da sua rota. Do ponto de vista científico e filosófico, o Espiritismo deve se contentar (e isso já é bastante) pela certeza absoluta de que nunca será refutado por ninguém, pois a mesma dificuldade que há para prová-lo há também para refutá-lo. Só de não ter que se preocupar com a possibilidade de refutações já é um consolo e permite dirigir os esforços para outro lado mais útil.
De resto, o Espiritismo é um todo coerente. É uma das poucas religiões existentes (se não a única - e considero aqui o Espiritismo uma consequência e um ramo do Cristianismo) que serve exclusivamente à moralidade e a nenhum outro interesse. E o Espiritismo também tem a vantagem de possuir em si mesmo o dispositivo que permite a sua reforma, que é aquele em que Kardec declara que se o Espiritismo se encontrar errado em algum ponto, ele se reformaria naquele ponto.
É claro que Kardec não está mais vivo para reformar coisa alguma, mas a totalidade dos espíritas, em consenso absoluto (o que é praticamente impossível hoje, mas é pensável em um futuro mais ou menos distante e com uma humanidade mais esclarecida), podem reformar com autoridade a doutrina, senão quanto à letra (porque ninguém pode mudar o que já foi escrito), pelo menos quanto ao espírito.
Maiores informações, neste link:
http://conviccao-espirita.blogspot.com/2013/08/apresentacao-deste-blog.htmlAbs.