Mas então dê um exemplo de utilidade de qq. tradição religiosa esotericamente falando...
Se não exemplificar fica difícil a gente analisar o que se passa dentro do seu pensamento não externalizado, certo
O usuário
montalvão me fez exatamente a mesma pergunta em um outro tópico, então vou reaproveitar minha resposta:
"Qual a 'utilidade' da Arte? da Moral? da Virtude? da Beleza? do Bem? 'Utilidade' é um termo muito frio, morto, calculado. O que é útil e inútil? O que ajuda a mover a máquina do nosso regime socioeconômico é útil? Ou é inútil? Novas fórmulas, produtos, tecnologias, são úteis? Sempre? Quando penso nisso, toda a atividade humana não me parece essencialmente diferente do comportamento animal. As mais avançadas tecnologias nos elevam, na melhor das hipóteses, ao nível de "superchimpanzé". O reino do verdadeiro espírito, do verdadeiro artista, do santo, do filósofo, é raramente alcançado. Por que tão poucos? Por que a história do mundo e da humanidade não é uma história de progresso e realização, mas uma fútil e infindável adição de zeros? Nenhum grande valor se estabeleceu, os gregos há 3000 anos atrás eram tão avançados quanto somos. Quais são essas barreiras que impedem as pessoas de chegarem sequer perto de seu real potencial?"Utilidade é um termo que me causa, pessoalmente, muita angústia, posto que hoje em dia tudo é
mercadológico e as coisas são avaliadas por esse
pragmatismo morto que não deixa espaço algum para Realizações do verdadeiro potencial humano e experiência integral das diversas dimensões do homem. Reitero mais uma vez sobre o hábito absolutamente recorrente (e quase infindável) da tentativa metafórica de usar aparelhos auditivos para enxergar, isto é, tentar aplicar uma ferramenta para um fim que é contrário à sua própria natureza, o que é exatamente o caso da tentativa de se pressupor quaisquer entidades, realidades, comunicações ou objetividades a partir de experiências pessoais, internas e intransferíveis. No caso do eSoterismo, o caminho é justamente o contrário, isto é, se houver qualquer coisa externa (como símbolos, ideias ou o que for), estes é que são meios para o acesso do interno, ou seja, autoconhecimento por excelência.
Lembrando também que não tenho o menor intuito de transformar ninguém aqui em religioso ou crente (o que nem sequer sou!) pois acredito que o que serve para um pode muito bem não se adequar aos outros e a única coisa com a qual realmente me ocupo é com o
preconceito e
condicionamento dos
maus ateus, sendo essa a causa dos meus constantes ataques ao ateísmo arrogante e mal raciocinado. Se alguém estiver livre de
condicionamentos e
preconceitos, com uma mente esclarecida, que siga o caminho que lhe convier, posto que é isso - o esclarecimento - o que realmente importa, e não rótulos vãos e "pacotes ideológicos" pré-formatados.
Assim fica evidente que devemos ponderar sobre as alegações e manter aquelas que tenham outros indícios que não sejam unicamente experiências pessoais.
Corretíssimo! Peço apenas que leia o tópico, para que não fique fora de contexto.
Sendo assim, você me permite medi-lo com a mesma régua que usa para medir os outros. Não se traça condicionamentos a partir de meia dúzia de respostas a um discurso dúbio, com o propósito de confundir, isso serve apenas para reforçar um viés já previamente adotado. O materialista ou mau ateu, como preferir, e o crente vulgar, cumprem apenas a função que você delegou a eles – promover seu conforto intelectual. Tudo o que você vai conseguir com isso é reforçar os estereótipos que trás na bagagem, projetando nos outros sua própria imagem para condenar o que não encontra reflexo.
Não entendi:
- Qual viés já previamente adotado?
- Qual função eu deleguei?
- Qual conforto intelectual?
- Quais estereótipos eu trago na bagagem?
O esoterismo é o primo rico do exoterismo, mais esnobe, mas com o mesmo DNA.
Como esnobe? O esoterismo é simples, interior e contemplativo. Aliás, pelo contrário, as
teologias, pompas, autoafirmações, fanatismos e religiões estabelecidas são todas manifestações exteriores e crenças literais, o oposto de esoterismo por definição.
Faz apenas tentar disfarçar sua origem com uma camada de maquiagem, dando um toque de requinte ao que é vulgar,
Pelo contrário! As religiosidades externas é que são o toque de vulgaridade ao que é não "requintado", mas interior, filosófico e simples! Elas sempre surgem depois, a partir de mistificações, mitificações, superstições, popularizações e externalizações. A religião, manifestação e
Xterna surge justamente depois, como institucionalização moral e política.
Nasceu, historicamente, como um movimento de reação ao materialismo – da necessidade de buscar um lugar especial para ocupar em um universo mecânico, indiferente às nossas necessidades – tão e somente distanciando-se da imagem da religiosidade vulgar – o primo pobre. Tudo é vaidade! Quem nunca?
Quê??? Como assim? A ideia de um universo mecânico e materialista só veio muitos, muitos séculos depois. Do que você está falando? Que absurdo! Muito pelo contrário! O Taoísmo Filosófico, por exemplo, nos ensina que "Para o Tao, todos os seres são como cães de palha", ou seja, que não ocupamos nenhum lugar especial em um universo que se preocupe com nossas necessidades! Para Gautama, por exemplo, acreditar que temos uma alma ou que o mundo gira em torno de nós é uma das ilusões fundamentais! E tudo isso você está chamando de poluidor da mente! Por que? Em minha tese, é porque você cristalizou interiormente uma associação muito ruim de sagrado com as péssimas experiências que teve ou com as manifestações exteriores e vulgares, e um conflito interno se estabelece ao ter que admitir que há, na história do sagrado, muito de esclarecedor, virtuoso, belo e inspirador! Da mesma forma há também, na história da Ciência, muito de trágico, desumano, fútil e imoral. Ou seja, a questão aqui não é trocar "Ciência" por "Misticismo" (
JAMAIS!) muito menos se converter de ateu em crente (
PIOR AINDA, REGRESSÃO!) mas simplesmente não ter mais nenhum condicionamento e preconceito, ou seja, ser capaz de avaliar cada proposição isoladamente, cada tradição, cada ensinamento, cada prática! Tornar-se alguém esclarecido, sem comprometimento com um "pacote ideológico" que dita o que você deve repudiar.
Tomar como sagrado traduz bem o real significado de misticismo – quer dizer pegar para si o que é alheio. Isso com frequência serve mais como um empecilho para o autoconhecimento do que o contrário. Só quando desmistificamos o próprio conceito em si é que nos permitimos realmente refletir sobre valores, esmiúça-los para descobrir por nossa própria conta e risco o que os motivam e, em consequência, o que os tornam mais ou menos elevados. Já não havendo o que tomar, sagrado torna-se um conceito vazio.
O que você falou é exatamente o que estou propondo!
Tudo isso é apenas requinte. Serve apenas para poluir a razão. A sofisticação do raciocínio dispensa rebuscamentos.
Como??? Schopenhauer é requinte?? Sidarta Gautama polui a razão? Justamente alguém que ensinou o ceticismo, questionou as tradições e autoridades religiosas, questionou a noção de divindades, questionou a ideia de "Alma", desmistificou todas aquelas crenças e práticas exteriores, e isso é poluição? SPINOZA e HESSE servem para POLUIR a mente? Não é possível. Você não está tendo mais compromisso com a pesquisa. Só pode ter decidido discordar
a priori e estar caçando discordâncias onde
nem existe. Para quê isso? Para não reformular sua ideia de sagrada e entender que existem, sim, ideias e práticas muito mais elevadas, sábias e enriquecedoras do que essa religiosidade supersticiosa e caricata que nos cerca?
Talvez apenas não tenham necessidade dessa pompa.
A pompa está justamente nas práticas externas, nas teologias, nas imagens, em todas as coisas eXotéricas por definição.