E o que é semântica? Coisa desimportante para o Criso. Cabe aos outros entenderem que por queijo ele, na verdade, queria dizer ônibus! É claro! Aí não é justo.
É de propósito que eu faço isso, para que a vagueza de definição obrigue a fala dos ateus-materialistas a evidenciar as associações intrínsecas que carregam consigo com relação à experiência mística e a ideia de sacralidade.
As coisas tem um nome por um motivo - permitir a comunicação
Mas mesmo quando os conceitos são definidos, ainda assim, cada um, quando escuta, e quando diz, se refere a toda uma subjetividade e bagagem psicológica própria. Por isso, prefiro deixar abstrato, para traçar os condicionamentos do interlocutor.
Substituamos, portanto, experiência mística por experiência contemplativa, intuitiva e pessoal - até aqui tudo certo
Na verdade, até séculos atrás o nome utilizado para o que chamamos hoje de "experiência mística" era
contemplatio, já distinguindo da forma exterior e vulgar da religiosidade de massa de imagens e práticas externas. Leia as minhas últimas respostas anteriores ao Fred, onde expliquei a diferença entre misticismo e religiosidade vulgar (eXoterismo). De preferência, leia até todas as respostas que dei a todos aqui no tópico, porque vai te poupar de perguntas que ia acabar fazendo e fazer entender minhas intenções.
mas do sagrado já complica. O termo refere-se a algo que merece veneração ou respeito religioso por estar associado a divindades
Assim é para você - é isso o que tenho repetido desde o início. Se a definição de "experiência mística" é a de uma "experiência pessoal e intransferível", logo não há um "mapa do misticismo" ou de qualquer "realidade comum objetiva espiritual" mas, pelo contrário, a experiência mística é o próprio autoconhecimento por excelência, é o indivíduo e sua própria relação com o que ele toma como sagrado.
Com toda a sinceridade, sem a menor intenção de ofender - apenas buscando um esclarecimento, não sei se o seu intuito é despertar os maus ateus
Na verdade, é mais sacudir, até porque poderia ser até presunçoso da minha parte achar que posso "despertar" alguém. Acontece que vejo neste fórum um grande potencial - respeito, argumentos, debates alto nível... entretanto, pairam sobre ele as mesmas imagens caricatas de sempre de deuses abraâmicos e comunicações espiritistas (não à toa, já que é o que permeia o imaginário religioso de nossa sociedade). Entretanto, essa é a própria barreira que impede este fórum de dar um passo além na elaboração de conceitos mais nobres e elevados da filosofia e do misticismo, como, para citar alguns, a Anima Mundi, o Logos, a Contemplatio, o Maya, entre outros. Esse tipo de conversa mais elaborada é impossível, porque a imagem de "sagrado" e "místico" no arcabouço mental da maioria daqui não vai além daquelas visões toscas e completamente estereotipadas de espiritismo, judaico-cristianismo, new age, pseudociência, etc. Há um
preconceito generalizado, e as pessoas acham que isso é inerentemente antagônico à postura cética, quando não é, aquelas visões caricatas é que são, e entendo o preconceito arraigado dos usuários daqui, posto que vivem em uma sociedade ignorante e supersticiosa, cercado de certos modelos recorrentes de crendice e pseudociência. É impossível falar verdadeiramente de Misticismo,
Schopenhauer, Spinoza, Hesse, Sidarta, Gnose, Bhagavad Gita, entre outros, com pessoas que não conseguem se desvencilhar dessas cenas recorrentes das manifestações vulgares que já marcaram e cristalizaram negativamente sua concepção de transcendência.
Talvez até uma ideia caricata - saber que o amor ou ódio são consequência de reações químicas no cérebro, não impede ninguém de amar ou odiar e vivenciar em toda sua intensidade as sensações, deixando-as fluir ou dominando-as, mas é uma informação útil para darmos as coisas sua real dimensão
Aparentemente, muitos daqui, mesmo sabendo que a experiência mística acontece dentro da mente, não são exatamente pessoas que optam por não te-la ou ignorá-la (como os bons ateus), mas condicionados incapazes de obter ou às vezes até conceber isso.
No segundo, bom, vai ser difícil chegar a um denominador comum, porque o que para você é fundamental, para os maus ateus é superficial. Eles trocam a Verdade pelo conhecimento, o Sagrado pelo ideal, o Transcendental pelo elementar
A superficialidade, na verdade, se encontra dentro deles, pela maneira como concebem religiosidade, sacralidade e misticismo.
"ah, mas as pessoas religiosas são crédulas, ignorantes, supersticiosas, e acreditam em alucinações e fábulas!!"- Problema delas. Você não precisa ter o mesmo conceito de sagrado que elas. Ao ter, o único que sai prejudicado disso é você.
ironia:
"As pessoas leem Crepúsculo, logo, Literatura é um bullshit não-confiável"
"As pessoas escutam Latino, logo, Música é péssimo para sua percepção do mundo"