Autor Tópico: Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio  (Lida 9285 vezes)

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Offline AlienígenA

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #375 Online: 03 de Março de 2018, 18:16:39 »
Essa notícia está desatualizada. Ela se refere ao período anterior à venda pelo governo e foi tirada de uma reportagem de março de 2017 (um ano atrás). Pode ser vista aqui: https://www.google.com.br/amp/s/www.infobae.com/america/america-latina/2017/03/08/la-policia-uruguaya-reconocio-que-la-ley-de-la-marihuana-no-disminuyo-el-narcotrafico-en-el-pais/%3FoutputType=amp-type

Não conheço esse infobae para dizer alguma coisa, mas todas as notícias em espanhol seguem essa (e mesmo a do site que você postou). O curioso é que n' El País não consigo encontrar algo assim. Em uma reportagem d' El País ele ainda informa que, como a política ainda não estava totalmente implementada não teria como fazer algumas associações. Além disso, ele, o chefe de polícia, apresenta motivos para aumento de apreensões.

https://www.elpais.com.uy/informacion/policia-percibe-aumento-mercado-negro-cannabis.html de 2016

https://www.google.com.br/amp/s/elpais.com/internacional/2017/07/01/america/1498915815_792114.amp.html de julho de 2017, posterior ao do infobae

Acho, mas não tenho certeza, que a notícia original devia ter sido essa, de janeiro de 2016:

www.elpais.com.uy/informacion/policia-pesar-regular-varia-comercio-clandestino-marihuana.html

Essa é uma informação importante. Pesquisando aqui encontrei informações conflitantes. Estamos reféns dos vieses.

Offline AlienígenA

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #376 Online: 03 de Março de 2018, 18:42:42 »
" Boa parte dos crimes não são cometidos por gente pobre" mas é óbvio que acontece.

Meu pai era representante comercial e boa parte dos clientes dele estava dentro do favelão do Heliópolis.

Gente honestissima diga-se a verdade, sempre pagavam no ato da entrega e em dinheiro.

Entrei lá um monte de vezes e nunca tive qualquer problema.

Considere os índices de furtos, assaltos, latrocínios - fora das comunidades.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #377 Online: 03 de Março de 2018, 20:27:26 »
" Boa parte dos crimes não são cometidos por gente pobre" mas é óbvio que acontece.

Meu pai era representante comercial e boa parte dos clientes dele estava dentro do favelão do Heliópolis.

Gente honestissima diga-se a verdade, sempre pagavam no ato da entrega e em dinheiro.

Entrei lá um monte de vezes e nunca tive qualquer problema.

Considere os índices de furtos, assaltos, latrocínios - fora das comunidades.

É outro ponto, já comentei o caso aqui antes.

Lá dentro ninguém rouba nada por ordem do dono da boca.

Como eu disse, os comerciantes eram honestissimos mas os noias não roubam nada lá dentro, só soube de um caso de roubo a uma lojista.

Depois de três dias os caras apareceram para devolver tudo porque foram obrigados.




Offline AlienígenA

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #378 Online: 03 de Março de 2018, 22:16:44 »
" Boa parte dos crimes não são cometidos por gente pobre" mas é óbvio que acontece.

Meu pai era representante comercial e boa parte dos clientes dele estava dentro do favelão do Heliópolis.

Gente honestissima diga-se a verdade, sempre pagavam no ato da entrega e em dinheiro.

Entrei lá um monte de vezes e nunca tive qualquer problema.

Considere os índices de furtos, assaltos, latrocínios - fora das comunidades.

É outro ponto, já comentei o caso aqui antes.

Lá dentro ninguém rouba nada por ordem do dono da boca.

Como eu disse, os comerciantes eram honestissimos mas os noias não roubam nada lá dentro, só soube de um caso de roubo a uma lojista.

Depois de três dias os caras apareceram para devolver tudo porque foram obrigados.

Sim, as comunidades tem uma dinâmica própria - sei bem como funciona. Como o Estado não chega até lá, a solução é manter o Estado o mais distante possível para não atrapalhar os "negócios", não só o tráfico, mas o contrabando, o comércio de produtos do furto e roubo e por aí vai - numa espécie de contrato social. Os crimes internos são punidos internamente - e como a lei é severa, funciona. Frequento desde a infância duas favelas de BH, onde tenho amigos e sinto mais segurança lá do que no meu bairro. Como fora o Estado é ineficiente, aqui corro muito mais risco de sofrer assaltos, por exemplo. Quem não conhece, pensa que favela é terra de ninguém. Pelo contrário. Exceção talvez seja o caso do Rio de Janeiro. Confesso que lá não sei como funciona.
« Última modificação: 03 de Março de 2018, 22:19:29 por AlienígenA »

Offline AlienígenA

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #379 Online: 03 de Março de 2018, 22:32:09 »
E completando, sim, minha impressão é que a maior parte das pessoas são éticas. Alguns poderiam dizer que não, já que fazem vista grossa. Só que na ausência do Estado vigora a lei do silêncio. Quem quebra é silenciado. Não há muita opção.

Offline JJ

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #380 Online: 04 de Março de 2018, 09:06:35 »
E completando, sim, minha impressão é que a maior parte das pessoas são éticas. Alguns poderiam dizer que não, já que fazem vista grossa. Só que na ausência do Estado vigora a lei do silêncio. Quem quebra é silenciado. Não há muita opção.



O mercado negro do comércio de entorpecentes impõe o império do medo.



Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #381 Online: 04 de Março de 2018, 09:11:45 »
E completando, sim, minha impressão é que a maior parte das pessoas são éticas. Alguns poderiam dizer que não, já que fazem vista grossa. Só que na ausência do Estado vigora a lei do silêncio. Quem quebra é silenciado. Não há muita opção.



O mercado negro do comércio de entorpecentes impõe o império do medo.




Como poderiam acabar com o tráfico dentro da Rocinha ou do Heliópolis mesmo que a venda fosse legalizada?

O comerciante vai abrir a lojinha e o dono da boca vai ficar calado?

Offline JJ

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #382 Online: 04 de Março de 2018, 09:14:57 »
Fator Brasil, país onde o pessoal complica o que é fácil, estraga o que está bom, conserta o que não precisa conserto, paga caro por algo barato e só cria algo se for para ter mais um ninho de ratos.

Faz três dias que tento explicar algo tão simples mas ninguém entende.



Parece que você quer dizer que acredita que não existe possibilidade  de boas mudanças.   É direito seu acreditar que não existe.  Mas, outras pessoas podem acreditar e pensar diferente.  As coisas mudam, por exemplo, em 2010 o Lula era praticamente um  Rei,  hoje é quase um presidiário.  Outro exemplo, muita gente não acreditava que seria possível tirar a Dilma via impeachment, o MBL (e outras pessoas) acreditaram. E por fim ela foi tirada.


Fé não é argumento. Cada um pode acreditar no que bem quiser, mas o negócio aqui é argumentar, embasar a fé. E os argumentos do Arcanjo são pertinentes. Cabe a você demonstrar como fazer a descriminalização das drogas funcionar no Brasil, com todas as suas falhas funcionais, sem ter que antes corrigi-las. Mostrar quais fatores te fazem acreditar que seguiremos os passos de Portugal e não do Uruguai.



Ah é ?  Só que você está esquecendo o detalhe de que o Arcanjo não está utilizando nenhuma pesquisa científica para fundamentar os argumentos/crenças dele.  Ele está utilizando informação  de  mídia eletrônica comum e também o senso comum deles.  Ou seja  está  usando  mais ou menos o mesmo que eu. Entretanto, temos a realidade de que  essa "guerra às drogas"   declarada pelo Nixon  é um grande fiasco, o proibicionismo gera um enorme desperdício de recursos e de vidas humanas.  Além de ser uma clara afronta  a liberdade individual.




Offline JJ

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #383 Online: 04 de Março de 2018, 09:47:26 »
E completando, sim, minha impressão é que a maior parte das pessoas são éticas. Alguns poderiam dizer que não, já que fazem vista grossa. Só que na ausência do Estado vigora a lei do silêncio. Quem quebra é silenciado. Não há muita opção.
O mercado negro do comércio de entorpecentes impõe o império do medo.

Como poderiam acabar com o tráfico dentro da Rocinha ou do Heliópolis mesmo que a venda fosse legalizada?

O comerciante vai abrir a lojinha e o dono da boca vai ficar calado?


Sendo legalizada haverá muitos e muitos outros pontos de venda  em  locais  fora da Rocinha ou do Heliópolis.  Inclusive se fosse para ser algo bem de acordo com o princípio da   liberdade do indivíduo, não deveria haver nenhum obstáculo legal para se comprar via  internet.  Deste modo não seria possível tentar manter um monopólio de  venda de drogas legais.


A venda das drogas legais tabaco e álcool já mostra isso. Pense,  se os traficantes do mercado negro de drogas são tão poderosos como você acredita que sejam, então porque é que eles não usam a força bruta e os superpoderes deles para estabelecer  monopólios de venda de tabaco e de bebidas alcoólicas ?



 :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?:



« Última modificação: 04 de Março de 2018, 09:49:47 por JJ »

Offline JJ

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #384 Online: 04 de Março de 2018, 09:53:21 »


O poder econômico dos comerciantes de drogas ilegais surge e se mantém justamente porque este comércio é criminalizado.



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Offline JJ

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #385 Online: 04 de Março de 2018, 09:57:53 »
De forma semelhante  um tal Cachoeira construiu o seu poder  controlando  jogos  proibidos/criminalizados  aqui em Goiás.   Acabe com a criminalização destes jogos ( e não imponha muita regulação, quanto menos regulação mais fácil será para aumentar a concorrência no setor, e assim dificultar o surgimento e a manutenção de oligopólios),  e assim o poder do Cachoeira irá diminuir de forma significativa.


Será que é difícil de entender isso ?


 :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?:




« Última modificação: 04 de Março de 2018, 10:02:26 por JJ »

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #386 Online: 04 de Março de 2018, 10:12:03 »
E completando, sim, minha impressão é que a maior parte das pessoas são éticas. Alguns poderiam dizer que não, já que fazem vista grossa. Só que na ausência do Estado vigora a lei do silêncio. Quem quebra é silenciado. Não há muita opção.
O mercado negro do comércio de entorpecentes impõe o império do medo.

Como poderiam acabar com o tráfico dentro da Rocinha ou do Heliópolis mesmo que a venda fosse legalizada?

O comerciante vai abrir a lojinha e o dono da boca vai ficar calado?


Sendo legalizada haverá muitos e muitos outros pontos de venda  em  locais  fora da Rocinha ou do Heliópolis.  Inclusive se fosse para ser algo bem de acordo com o princípio da   liberdade do indivíduo, não deveria haver nenhum obstáculo legal para se comprar via  internet.  Deste modo não seria possível tentar manter um monopólio de  venda de drogas legais.


A venda das drogas legais tabaco e álcool já mostra isso. Pense,  se os traficantes do mercado negro de drogas são tão poderosos como você acredita que sejam, então porque é que eles não usam a força bruta e os superpoderes deles para estabelecer  monopólios de venda de tabaco e de bebidas alcoólicas ?



 :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?:





Perfeito, sua solução para acabar com o tráfico é abrir muitos pontos de vendas de drogas.

Os caras não tem o poder que imagino? Interessante pensar assim mesmo sabendo que os caras até financiam campanhas eleitorais, compram juízes, bancam escolas de samba, controlam o jogo do bicho...

Ainda bem que eles não tem o poder todo que imagino.

Porque não controlam o comércio de bebidas? Talvez seja mais fácil comprar cocaína boliviana pura e misturar com farinha que ter o trabalho de fazer, engarrafar e vender cerveja.


Offline JJ

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #387 Online: 04 de Março de 2018, 10:20:11 »

Os caras não tem o poder que imagino? Interessante pensar assim mesmo sabendo que os caras até financiam campanhas eleitorais, compram juízes, bancam escolas de samba, controlam o jogo do bicho...

Ainda bem que eles não tem o poder todo que imagino.




Entenda:


Não tem o poder que você imagina que eles  tenham  de   forma          independente       da  existência  da criminalização  deste comércio.


Este poder que você citou (e que é fácil encontrarmos notícias sobre isso)        depende         de   que  este   comércio   seja   mantido   criminalizado.


« Última modificação: 04 de Março de 2018, 10:30:34 por JJ »

Offline JJ

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #388 Online: 04 de Março de 2018, 11:02:10 »

Perfeito, sua solução para acabar com o tráfico é abrir muitos pontos de vendas de drogas.



Pelo visto o seu  interesse e desejo primordial nessa questão é  tentar   impedir  ,  usando   o monopólio da força Estatal,    que  pessoas  possam  exercer livremente o seu direito de escolha  de comprarem e de usarem ou não comprarem e não usarem  certas   substâncias químicas .

O seu interesse primordial não é o de retirar poder  dos agentes que atuam no mercado negro / mercado criminalizado.



Offline AlienígenA

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #389 Online: 04 de Março de 2018, 11:29:24 »
Fator Brasil, país onde o pessoal complica o que é fácil, estraga o que está bom, conserta o que não precisa conserto, paga caro por algo barato e só cria algo se for para ter mais um ninho de ratos.

Faz três dias que tento explicar algo tão simples mas ninguém entende.



Parece que você quer dizer que acredita que não existe possibilidade  de boas mudanças.   É direito seu acreditar que não existe.  Mas, outras pessoas podem acreditar e pensar diferente.  As coisas mudam, por exemplo, em 2010 o Lula era praticamente um  Rei,  hoje é quase um presidiário.  Outro exemplo, muita gente não acreditava que seria possível tirar a Dilma via impeachment, o MBL (e outras pessoas) acreditaram. E por fim ela foi tirada.


Fé não é argumento. Cada um pode acreditar no que bem quiser, mas o negócio aqui é argumentar, embasar a fé. E os argumentos do Arcanjo são pertinentes. Cabe a você demonstrar como fazer a descriminalização das drogas funcionar no Brasil, com todas as suas falhas funcionais, sem ter que antes corrigi-las. Mostrar quais fatores te fazem acreditar que seguiremos os passos de Portugal e não do Uruguai.



Ah é ?  Só que você está esquecendo o detalhe de que o Arcanjo não está utilizando nenhuma pesquisa científica para fundamentar os argumentos/crenças dele.  Ele está utilizando informação  de  mídia eletrônica comum e também o senso comum deles.  Ou seja  está  usando  mais ou menos o mesmo que eu. Entretanto, temos a realidade de que  essa "guerra às drogas"   declarada pelo Nixon  é um grande fiasco, o proibicionismo gera um enorme desperdício de recursos e de vidas humanas.  Além de ser uma clara afronta  a liberdade individual.

Você não está entendendo o ponto. Eu concordo com você que essa guerra está perdida. E que o único jeito de acabar com ela é a descriminalização. Só que tem que haver de fato vontade para isso. O problema é que a classe política brasileira, ao menos, a que está aí, não está interessada em solucionar problemas - ela é, em sua maioria, populista - sobrevive graças aos problemas e parte, dela, inclusive, acredita-se, seja financiada pelo tráfico e outras organizações criminosas. E se tem algo em que nossa classe política é competente é em vender soluções que não só não resolvem problemas, mas com frequência criam mais. Esse é o ponto do Arcanjo e não requer pesquisa científica. Ele só está encarando nossa realidade como ela é, enquanto você está ignorando isso. Veja, por exemplo, os índices de aprovação à essa intervenção - apesar da forma como foi feita, a toque de caixa, sabe-se lá com que intenção, sem qualquer planejamento, como ficou evidente. Faltou pouco para o interventor falar literalmente, já na primeira entrevista, que tudo não passava de populismo. Povo que só vê o que quer está disposto a aceitar qualquer coisa.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #390 Online: 04 de Março de 2018, 12:22:00 »

Perfeito, sua solução para acabar com o tráfico é abrir muitos pontos de vendas de drogas.



Pelo visto o seu  interesse e desejo primordial nessa questão é  tentar   impedir  ,  usando   o monopólio da força Estatal,    que  pessoas  possam  exercer livremente o seu direito de escolha  de comprarem e de usarem ou não comprarem e não usarem  certas   substâncias químicas .

O seu interesse primordial não é o de retirar poder  dos agentes que atuam no mercado negro / mercado criminalizado.




E pelo jeito vc ainda acredita que o estado conseguiria administrar a venda de drogas sem fazer com que ela se torne outra fonte de renda para gente como nossos ilustres parlamentares como o Cabral.

Como se um dos nossos honestissimos parlamentares, alguns já envolvidos com o tráfico, não continuariam a vender a droguinha deles, comandar os pontos de venda legais e ter em um caixa dois, caixa três,  caixa quatro para financiar campanhas.

Continue sonhando.

Até consigo imaginar uma estatal comandada pelo Dirceu contabilizando cada carreirinha vendida e pagando os justos impostos.


Offline Pedro Reis

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #391 Online: 04 de Março de 2018, 23:45:47 »
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EUA e Uruguai comemoram efeitos da legalização da maconha

Califórnia espera gerar 7 bilhões de dólares aos cofres públicos com a legalização; no Uruguai, liberação do uso recreativo diminuiu lucro do tráfico
por Redação

Entre 2011 e 2014, a guerra às drogas custou aos cofres públicos brasileiros R$ 3,6 bilhões. Em contraste a isso, um estudo divulgado pela Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados avaliou que a legalização da maconha no Brasil movimentaria, por ano, de R$ 5,7 bilhões, gerando arrecadação tributária próxima de R$ 5 bilhões.

Para além dos gastos e projeções financeiras que suscitam o debate do tema, o saldo da proibição chama atenção para dois indicativos no Brasil:


28 mil homicídios apenas no primeiro semestre de 2017 (155 assassinatos por dia, cerca de seis por hora nos Estados brasileiros), em sua maioria associados ao tráfico;
E a falência do sistema penitenciário, que possui a terceira maior população carcerária do mundo, com 726 mil presos.

Na contramão desse caminho sem expectativa, o mundo amanheceu no dia 1º de janeiro de 2018 com uma notícia que deve transformar a questão da legalização da maconha, ao menos nos Estados Unidos - pioneiro tanto na política proibicionista, que em 1937 deu início à fracassada campanha de combate à erva, quanto no recente processo de liberação do consumo.

O maior mercado de maconha do mundo

Na última segunda-feira, o Estado da Califórnia anunciou o início da venda de cannabis para fins recreativos, se tornando, assim, o maior mercado legal de maconha no mundo. Por lá, estima-se que os negócios gerem faturamento anual de pelo menos 7 bilhões de dólares.



Desde o início do processo de legalização, EUA arrecadam bilhões com o mercado legal da maconha

As primeiras lojas a comercializar a erva, e produtos relacionados ao consumo desde a última segunda-feira, receberam filas de clientes já na madrugada do primeiro dia do ano. A legalização, que acontece em cidades como Oakland, se expandirá para cerca de dez condados - entre eles o de Los Angeles, o mais populoso do país - e passa a receber solicitações de distribuição e venda.

Além da Califórnia, a venda de maconha para uso recreativo é legal nos Estados do Alasca, Colorado, Nevada, Oregon e Washington. Deve contar com a adesão, em breve, de mais dois estados: Maine, onde o uso pessoal é permitido, e Massachusetts que dá início ao processo em julho.

Maconha na farmácia e redução do tráfico no Uruguai 

Resultados divulgados pelo governo uruguaio no início de dezembro apresentam os primeiros efeitos da legalização da maconha. Aprovada em 2014, a comercialização ainda é recente no país vizinho - teve início apenas em julho de 2017.

Quase seis meses depois da renovação na política de drogas do país, o narcotráfico teve queda de 18% em suas atividades. Em entrevista recente à revista Galileu, a ativista Mercedes Ponce de León comemora os primeiros resultados. Para ela, os números “mostram, enfim, que a distribuição da cannabis em farmácias, feita pelo Estado, é um método de eliminar o mercado do narcotráfico”.

A abertura para o uso recreativo redefiniu a relação dos uruguaios com a maconha. Um em cada seis opta pela compra da erva legalmente e quase 28 mil pessoas já se cadastraram no programa estatal de distribuição. Do total, 63% recorrem à venda em farmácias; enquanto o restante dedica-se ao autocultivo ou frequenta clubes cannábicos espalhados pelo país.

Offline JJ

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #392 Online: 05 de Março de 2018, 10:26:57 »

Perfeito, sua solução para acabar com o tráfico é abrir muitos pontos de vendas de drogas.

Pelo visto o seu  interesse e desejo primordial nessa questão é  tentar   impedir  ,  usando   o monopólio da força Estatal,    que  pessoas  possam  exercer livremente o seu direito de escolha  de comprarem e de usarem ou não comprarem e não usarem  certas   substâncias químicas .

O seu interesse primordial não é o de retirar poder  dos agentes que atuam no mercado negro / mercado criminalizado.


E pelo jeito vc ainda acredita que o estado conseguiria administrar a venda de drogas sem fazer com que ela se torne outra fonte de renda para gente como nossos ilustres parlamentares como o Cabral.


Em qual post eu mostrei acreditar que o Estado conseguiria administrar a venda de drogas ?

Eu sequer apoio que o Estado tenha qualquer administração na venda de drogas !

Eu apoio que o Estado fique quase que completamente fora disso, eu  tolero que o Estado cobre impostos (baixos ou no máximo medianos).

O livre mercado é que deve cuidar da administração na venda de drogas  (são os consumidores e os produtores e comercializadores é que devem livremente cuidar disso).


Como se um dos nossos honestissimos parlamentares, alguns já envolvidos com o tráfico, não continuariam a vender a droguinha deles, comandar os pontos de venda legais e ter em um caixa dois, caixa três,  caixa quatro para financiar campanhas.

Aqui você fez uma estranha salada, mas vamos lá:

1)  Se  um parlamentar pode ter  ações da Souza Cruz e/ou da Ambev (ou outros fabricantes de cigarros e/ou bebidas alcoólicas) ,  e/ou um  bar  e vender  bebidas alcoólicas e cigarros , e/ou um supermercado e vender  bebidas alcoólicas e cigarros. Porque é que um parlamentar não poderia ter (após a atividade ser legalizada) ações de um fabricante de outro tipo de droga e/ou ter um estabelecimento que vendesse outras drogas além das drogas tabaco e álcool ?   


2)  Se   alguns  parlamentares X Y Z  já   vendem a droguinha deles, e comandam   pontos de venda ilegais ,   no que é que  a  legalização  iria piorar esta questão  ?   


Continue sonhando.

Até consigo imaginar uma estatal comandada pelo Dirceu contabilizando cada carreirinha vendida e pagando os justos impostos.


Eu não dei a entender em momento algum que gostaria que fosse criada alguma estatal para isso. Isto seria algo que iria completamente contra a  ideologia  liberal. 

Se tal absurdo ocorresse  não se deveria jogar a culpa na implantação  da liberação e legalização do comércio das outras drogas.  A culpa mais uma vez seria das pessoas que apoiam a interferência do  Estado na economia.



« Última modificação: 05 de Março de 2018, 10:33:53 por JJ »

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #393 Online: 05 de Março de 2018, 19:42:53 »
Colega, o que vc acha que vai acontecer de verdade se legalizarem drogas?

1) Cobrarão impostos honestos para ter um produto acessível a ponto de acabar ou diminuir o tráfico?

2) O dono da boca vai respeitar a lei ao invés de queimar o lojista em uma pilha de pneus?

3) Nossos ilustres parlamentares envolvidos em todo tipo de sujeira não farão uma lei especialmente frouxa para facilitar a vida dos antigos financiadores de campanhas?

4) O Imorales não vai aproveitar para mandar todo tipo de drogas permitidas ou não?

5) Aprovarão um mercado realmente livre sem regulamentação alguma como existe com outros produ....perai....não  existe mercado realmente livre no Brasil, esqueça essa.

6) Todos viverão felizes para sempre consumindo sua droguinha de modo responsável como nossos motoristas fazem com suas biritinhas?

Todos nós sabemos como a venda legal de birita acabou com os crimes relacionados a brigas entre pinguços e mortes no trânsito porque sendo legal todos se tornaram responsáveis com seu consumo.




Offline Brienne of Tarth

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #394 Online: 05 de Março de 2018, 20:19:32 »
Mas se há um mercado realmente liberal à primeira vista é o das drogas ilícitas: você vende o que quer para quem quiser comprar, quando e onde quiser e puder, o "poder público" finge que controla e os contribuintes fingem que seus impostos ajudam, é tudo muito democrático.

Os defensores da regulamentação, e não "liberação", argumentam da necessidade de envolver o Estado em uma atividade que se auto regula: se o Zé das Couves vende maconha com barata e pó com mármore, o risco é de quem compra, já que compra quem quiser, quem não pode pagar mais caro numa droga de boa qualidade, mas se o drogado é um peso para a sociedade, a quem interessa sua saúde?

Gostaria de ver esse argumento de "cada um consome o que quiser e o Estado não deve interferir" justificando quando produtos de consumo livre são adulterados para fugirem de fiscalizações: será que os artifícios usados para burlar leis sanitárias, por exemplo, seriam uma justa tentativa de escapar do controle do governo, esse injusto ladrão?
GNOSE

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #395 Online: 05 de Março de 2018, 20:25:48 »
Mas se há um mercado realmente liberal à primeira vista é o das drogas ilícitas: você vende o que quer para quem quiser comprar, quando e onde quiser e puder, o "poder público" finge que controla e os contribuintes fingem que seus impostos ajudam, é tudo muito democrático.

Os defensores da regulamentação, e não "liberação", argumentam da necessidade de envolver o Estado em uma atividade que se auto regula: se o Zé das Couves vende maconha com barata e pó com mármore, o risco é de quem compra, já que compra quem quiser, quem não pode pagar mais caro numa droga de boa qualidade, mas se o drogado é um peso para a sociedade, a quem interessa sua saúde?

Gostaria de ver esse argumento de "cada um consome o que quiser e o Estado não deve interferir" justificando quando produtos de consumo livre são adulterados para fugirem de fiscalizações: será que os artifícios usados para burlar leis sanitárias, por exemplo, seriam uma justa tentativa de escapar do controle do governo, esse injusto ladrão?

Que comércio mais desregulamentado e livre existe que a Cracolandia em São Paulo, onde o pessoal consome todo tipo de droga durante o dia ou a noite, a vinte metros de um carro da policia que não pode intervir?

O melhor exemplo de consumo livre que existe.


Offline Fabrício

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #396 Online: 06 de Março de 2018, 08:44:07 »
Citação de: Brienne
Gostaria de ver esse argumento de "cada um consome o que quiser e o Estado não deve interferir" justificando quando produtos de consumo livre são adulterados para fugirem de fiscalizações: será que os artifícios usados para burlar leis sanitárias, por exemplo, seriam uma justa tentativa de escapar do controle do governo, esse injusto ladrão

Bem, de minha parte eu acredito que as drogas mais leves, como a maconha, por exemplo, deveriam ser liberadas, mas não defendo que estejam totalmente livres da fiscalização estatal. Não acho que o caminho seja o Estado interferir diretamente na cadeia de produção de maconha (fundando a Maconhobrás, por exemplo) mas, uma vez que as drogas tenham sido liberadas, sejam fiscalizadas como qualquer outro produto.
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Offline AlienígenA

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #397 Online: 06 de Março de 2018, 10:22:17 »
Eu sou favorável a descriminalização do uso e comercialização de toda e qualquer substância, restando ao Estado regulamentar, fiscalizar e punir os crimes decorrentes disso, além de investir em campanhas de conscientização, transferindo o problema da área de segurança para a de saúde, pois como vastamente demonstrado, a criminalização é não apenas ineficaz como também prejudicial, criando problemas adicionais, como o tráfico, não apenas de drogas, mas também de armas. Posto isso, tenho sinceras dúvidas sobre a capacidade do Estado brasileiro de fazer qualquer mudança significativa em qualquer área sem uma ampla reforma do sistema. A segurança pública não se encontra no caos que está por causa do tráfico de drogas e/ou armas, esse não é um problema exclusivamente nosso, e sim sua dimensão, devido a ineficiência sistema em todos os níveis. Não há segurança sequer para fazer negócios - o que é fundamental na questão da comercialização tanto das drogas quanto das armas. Que motivos temos para supor que haverá uma regulamentação realmente eficiente, capaz de amenizar o problema? E ainda que haja, que motivos temos para supor que haverá uma fiscalização eficiente para fazer funcionar essa regulamentação? E por fim, que motivos temos para supor que haverá a devida punição? Por isso insisto que o que precisamos antes, urgentemente, é discutir reformas jurídica, penal, prisional, tributária, entre outras, para que qualquer proposta possa realmente surtir os efeitos desejados.

Offline Pedro Reis

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #398 Online: 06 de Março de 2018, 13:46:28 »

Gostaria de ver esse argumento de "cada um consome o que quiser e o Estado não deve interferir" justificando quando produtos de consumo livre são adulterados para fugirem de fiscalizações: será que os artifícios usados para burlar leis sanitárias, por exemplo, seriam uma justa tentativa de escapar do controle do governo, esse injusto ladrão?

Essa comparação não pode ser usada nem para desmerecer o ponto de vista dos libertários econômicos.

Sim, creio que essa tribo excêntrica dos libertários defenderia mesmo que o Estado não deva interferir em nenhum tipo de relação comercial, mas no caso de um produto adulterado sem aviso ao consumidor, ele evidentemente não está consumindo o que quer. É justamente o oposto: ele NÃO está consumindo o que quer porque está sendo enganado por quem praticou a fraude.

Portanto não há uma verdadeira analogia entre o que você está dizendo e a liberação com restrições da comercialização das drogas, que não é em nada diferente da venda "liberada" de uma outra droga chamada álcool. Que é "liberada" mediante restrições ( não ser vendida a menores, não poder dirigir após o consumo, etc... ) mas a lei determina que o consumidor deve adquirir exatamente o que está discriminado no rótulo da garrafa.

Mas acho que um verdadeiro libertário não defenderia nem a regulamentação das drogas, mas sim o fim da proibição. Pura e simplesmente.

Eu pessoalmente não sou adepto do libertarianismo e nem enxergo o problema dessa forma assim tão simplista, como sendo uma questão de direito inalienável do cidadão fazer o que bem entende com o próprio corpo. Para mim ao cidadão deve mesmo ser permitido fazer qualquer coisa da sua própria vida, mas este direito é sempre limitado pelo direito dos outros: se o que você faz com a sua vida afeta também a vida de terceiros, então você tem responsabilidade sobre o que está causando, e a sociedade não só pode como é obrigada a coibir comportamentos que ameacem a segurança ou bem estar da coletividade.

Well... não precisa ser da "coletividade", basta que ameace a segurança ou bem estar de mais alguém.

Mas antes de prosseguir no meu raciocínio é preciso aqui fazer uma ressalva: esse tipo de argumento não pode ser deformado para disfarçar uma mentalidade fascista de alguns, que se sentem particularmente confortáveis vivendo em uma sociedade com determinados padrões e uma determinada moral, e por isso se acreditam no direito de impor estes padrões e esta moral a todos os demais, com o argumento inaceitável de que qualquer desvio ( daquilo que arbitrariamente estabelecem como normal ) é uma ameaça à coletividade.

O fascista abusaria do princípio de que "o seu direito termina quando começa o do outro" com o capcioso raciocínio de que, se ele não gosta e se sente incomodado com pessoas com o cabelo pintado de verde, então é legítimo proibir que cada um tenha o seu próprio cabelo com a cor que quiser, se isso incomoda o bem estar de alguém que não goste dessa cor. E assim ele quer que pensem que cercear o direito de alguém ter uma aparência que desagrada ao fascista é a mesma coisa que proibir que motoristas sejam uma ameaça dirigindo embriagados.

O que existe de errado nessa absurda comparação é que a raiz do incômodo do fascista reside na sua própria intolerância, na sua natureza autoritária desejando impor suas conveniências aos outros e se sentindo frustrado quando tal não acontece. Mas é um argumento tão idiota que poderia ser usado pelas pessoas de cabelo verde se dizendo no direito de exigir que outros também não as desagradem sendo morenos.

Mas não é por causa da minha intolerância ou autoritarismo que o motorista bêbado me ameaça. Pois ele pode atropelar tanto o fascista como a pessoa mais tolerante do mundo. Não é por causa da minha intolerância que a festa na casa do vizinho até as 5 da manhã não me deixa dormir. É por causa do som alto mesmo!

Enquanto que evidentemente os bêbados não poderiam dizer que motoristas sóbrios colocam suas vidas em risco. E nem meu vizinho festeiro pode alegar que o meu silêncio atrapalha o seu sono.

Portanto, com apenas um pouco de boa vontade e bom senso, podemos aplicar de forma honesta esse princípio básico de que "o direito de cada um termina quando começa o do próximo", para balizar até onde pode ir o direito do cidadão.

Sob a ótica deste princípio, na minha opinião, é que deve ser examinada a questão do direito de consumir drogas.

Embora fumar a primeira pedra de crack possa ser uma questão de escolha pessoal, há o risco de, a partir desse primeiro uso, a pessoa se tornar dependente. E um dependente de crack não é mais dono da sua própria vontade e nem das suas ações: até a Madre Tereza viciada em crack vai roubar e matar se for preciso para satisfazer sua compulsão.

Então proibir o uso de crack não é diferente da necessidade de proibir que pessoas dirijam sob efeito de bebidas alcoólicas.

Porém, para além dessa discussão difícil sobre o direito ou não de cada um consumir o entorpecente que quiser, que passa por avaliar o quanto a difusão do uso de cada determinada substância possa ser prejudicial à sociedade, existe a questão do pragmatismo na abordagem do problema.

Vamos supor que os melhores argumentos demonstrem que é perfeitamente justo que o Estado proíba o consumo e a comercialização de qualquer tipo de droga... Aí eu te pergunto: de que vão valer estes argumentos se na prática se mostrar impossível estabelecer a proibição?!

Pior ainda se a proibição inócua causar efeitos colaterais sociais mais danosos até que o próprio consumo de drogas.

Essa é a realidade que vivemos hoje no Brasil:

- Em lugar algum, em tempo algum, foi possível proibir que pessoas fizessem uso de substâncias que produzem estados alterados de consciência. Mesmo países com recursos infinitamente maiores que o nosso e que investiram o que puderam na política de erradicação das drogas apenas viram o consumo crescer, década após década.

- A proibição, além de não surtir efeito nenhum, sobrecarrega o sistema penitenciário e o trabalho da atividade policial.

- A proibição não diminui o custo social do tratamento aos viciados, mas dificulta oferecer tratamento.

- A proibição implica em gastos estratosféricos dos contribuintes para impor uma política de combate às
drogas que não está conseguindo combater coisa nenhuma!

- A proibição implica em deixar de arrecadar bilhões em impostos.

- A probição é agente de corrupção.

- E o pior de tudo: a proibição gera o comércio ilegal que criou o poder econômico de facções de delinquentes que, por conta desse poder econômico, atingiram um grau de periculosidade e organização inimagináveis.

Esse é apenas parte do preço que se paga por essa política que finge proibir o uso de drogas. Vale a pena perder tanto e nada ganhar, só porque alguns acham que é moralmente correto proibir que as pessoas usem drogas?

Ou, levando-se em consideração que as pessoas vão continuar consumindo drogas não importa o que esteja escrito no Código Penal, a sociedade deveria tentar alguma outra coisa?

Porque, na pior das hipóteses, não se perde nada em tentar. O máximo que pode acontecer é que uma nova política na abordagem do problema das drogas não surta os efeitos esperados. Mas como a atual abordagem não surte efeito nenhum e ainda causa um estrago terrível, que justificativa racional pode ser dada para que não se tente alguma coisa diferente?

Offline AlienígenA

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Re:Governo decide fazer intervenção na Segurança Pública do Rio
« Resposta #399 Online: 06 de Março de 2018, 15:53:58 »
Só um adendo, Pedro. Longe de poder dizer que domino o assunto, mas faz algum tempo venho me inteirando sobre o libertarianismo e, embora, deva admitir, não me pareça viável sua aplicação prática, isto é, a extinção do Estado - por outro lado, cada vez mais me identifico com sua ética. Está equivocada essa sua impressão de libertinagem. A tese basilar é o princípio da não agressão, do qual deriva o direito a liberdade e propriedade. Trocando em miúdos, só é aceitável a agressão em resposta a uma agressão anterior, isto é, à invasão da sua liberdade e propriedade, no mais amplo sentido. Justamente como citado por você: se o que você faz com a sua vida afeta também a vida de terceiros, então você tem responsabilidade sobre o que está causando, e a sociedade não só pode como é obrigada a coibir comportamentos que ameacem a segurança ou bem estar da coletividade. E eu acrescentaria ainda que você deve ressarcir o dano causado.

 

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